Ao longo dos
últimos anos acompanhamos como todo cidadão brasileiro a infindável seqüência
de corrupções, desmandos e descasos existentes nos pais, como células malignas
em metástase se multiplicando pelo corpo de nossas instituições públicas.
Pensávamos:
até quando iremos suportar? Até quando ficaremos apáticos e letárgicos?
Contudo, no
ano passado, pudemos assistir incontáveis manifestações de pessoas que saíram
às ruas para protestar, exigindo mudanças urgentes por um Brasil mais ético,
mais íntegro, com maior dignidade para todos.
Pensávamos:
a indiferença está se findando. A sociedade, finalmente, está reagindo.
No decorrer
dos fatos fomos testemunhas de imagens das prisões de ocupantes de cargos de
liderança no governo que traíram a confiança do povo brasileiro, aproveitando
de suas funções para, verdadeiramente, saquear os cofres públicos em benefícios
pessoais e partidários.
Pensávamos:
estamos felizmente higienizando a nação e iniciando um novo ciclo.
Passa o
tempo e chegamos hoje ao momento eleitoral para, enfim, validar as mudanças que
tantos brasileiros clamaram.
No entanto,
tudo o que acompanhamos nos últimos anos, o imperativo das mudanças, o combate
à corrupção e aos desmandos, parecem ser coisas do passado. A onda de corrupção,
que não parou com o recente caso da Petrobrás, sinaliza não causar mais tanta
indignação.
As mudanças
urgentes solicitadas por tantos brasileiros parecem dissolvidas no ar com o
discurso do social, com slogans de campanhas, com a construção de imagens no
marketing de um Brasil maravilhoso e na desconstrução orquestrada da imagem de quem
se propõe a apresentar outra forma de governar.
Para milhões
de pessoas, até onde se consegue perceber, estamos no caminho certo, validando
suas intenções de voto pela que denominam de “inclusão social” e pela
existência de uma elite que precisa ser combatida em benefício, dizem eles, dos
mais carentes e na luta de classe que fazem o cidadão acreditar na “queda de braço”, na divisão entre
trabalhadores e patrões, burguesia e proletariado, ricos e pobres, heteros e
homos, brancos e negros, nordeste e sudeste.
Os “ismos” já esquecidos (capitalismo, socialismo, comunismo,
neoliberalismo etc) voltam a integrar a agenda das discussões dos militantes
partidários.
Perguntam:
Será que vocês não percebem? Nos últimos
anos, o Brasil mudou para melhor e ficará melhor ainda com a continuidade.
Para outros
milhões de pessoas, o momento é de incredulidade como se algo de insano
estivesse ocorrendo, como se milhões de brasileiros estivessem anestesiados e
inebriados pelo intangível, pelo imaterial, pelo subjetivo. Estes, então,
tentam alertar, sem sucesso, a existência de “cartões de créditos” que se
fascinam hoje pelo acesso aos bens materiais, no futuro, apresentará uma alta
fatura a ser paga com juros exorbitantes e causar a falência de milhões de
empresas públicas e privadas atingindo diretamente a classe trabalhadora.
Perguntam:
será que não estão vendo que o Brasil caminha para um abismo, para um fosso
social ainda maior?
Assim, entre
estes e aqueles, entre beltranos e sicranos, no exercício da pluralidade e do
saudável conflito de opiniões, cabe compreender que realmente talvez não se
faça “omelete sem quebrar os ovos” e a isto se denomina democracia, onde apenas
um voto poderá definir o futuro do país.
Sobretudo, cabe
a todos os cidadãos torcer para que o Brasil de norte a sul, de leste a oeste,
mostre a sua cara nas urnas, mesmo que ela não seja tão bonita quanto diz o
atual governo e seus militantes partidários e nem tão feia quanto imaginavam
aqueles que exigiam e exigem mudanças urgentes no país.
A hora é
agora.
Mostre-nos, verdadeiramente,
sem maquiagem, qual é a tua cara, Brasil!
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