A você que
traz nas ruas da face, as rugas do tempo.
Você que muito
pouco ouve e muito poucos o ouvem também.
Que tem tanto
a dizer, mas se aquieta em meio a tantas vozes que não sabem o que dizem.
A você que caminha
lento e soluça de solidão nas manhãs de domingo.
Que tanto já
viu e hoje ninguém mais vê.
Que ainda
espera e, por vezes, se desespera de tanto esperar.
A você que
plantou as sementes ou não teve sequer um chão pra plantar.
Que vive de
recordações e de quem ninguém se recorda mais.
Você que vive
em asilo ou no exílio de um lar.
Você que
muito doou e hoje vive na espreita do verbo doar.
Que revela
no olhar o sorriso do primeiro encontro,
o último
abraço de um grande amigo,
a lágrima e o riso,
o canto e o
desencanto de viver.
Uma única
palavra:
Perdão!