sexta-feira, 13 de março de 2009

Vende-se jornal ou o Jornal se vende?

Não nos iludimos.O departamento mais importante em uma empresa jornalística é o comercial. Esta premissa não é recente e ninguém é inocente. Porém, hoje, nos parece que ela perdeu, com o perdão da palavra, “o pudor”, e se tornou comum e banal, como os crimes que são publicados, as falcatruas de políticos, os desmandos dos governantes. Talvez a imprensa, por divulgar tantas atrocidades, tanta sacanagem, tenha sido também contaminada pelos mesmos “venenos” que auxiliou a divulgar.
Por que o jornalismo iria ficar de fora, deste “mar de lama”? Somos produtos do meio e o jornalismo, cada vez mais, se torna um produto como outro qualquer.
Em um mercado, onde o número de publicações se amplia a cada dia, em que os diários, os semanários, os “devezemquandários” aparecem a cada momento, a matéria jornalística virou objeto de troca ou de pressão, entre a “empresa jornalística” e os anunciantes.
É um “salve-se quem puder” e se preciso for, fala-se mal ou bem, dependendo de qual valor financeiro está em jogo.
A censura agora não é realizada mais pelos poderes constituídos, o governo, em suas mais diferentes esferas. O mercado hoje é o dono do poder. Assim, a censura vem travestida de “notinhas de rodapé”, e o que importa realmente são as notas reais, ou, em nosso país, os reais em nota.
Ética no jornalismo? “Ora, não me venha com ideologias, com purismos inconsistentes, com discursos acadêmicos. O que está em jogo é a sobrevivência e o que paga a nossa folha de pagamento no final do mês, não são palavras, mas sim, o número de anunciantes que temos”. Alguém aí, vai dizer o contrário?
A informação passou a ser o maior valor que pessoas físicas e jurídicas têm, e aí está o diferencial que tornou a mídia, nestes tempos cibernéticos, o primeiro poder, ou como diz Caetano, ou não...
O poder da mídia, diga-se de passagem, é fruto, mais do que acreditam os donos de empresas e os políticos vaidosos, do que realmente se observa na prática. Quer um exemplo? A mídia, de maneira geral, fala mal do governo Lula, mas ele continua gozando de muito prestígio perante o povo. E a constatação é óbvia: o jornalismo impresso, que se diz formador de opinião, não atinge o povo e a televisão é entretenimento e não veículo de formação de consciência.
Superou-se o poder religioso, pois o dinheiro corrompeu também a religião e a mídia auxiliou a divulgar os pecados cometidos, o que antes só se sabia nos confessionários. Vaidade das vaidades. Superou-se o poder militar, que acomodou-se nos quartéis, nos altos salários dos altos comandos. Para finalizar, já que este artigo não deverá ser mesmo publicado por um jornal, sobra-nos uma certeza: romantismo existe é na literatura. Na vida real, a mídia faz média e a notícia só existe porque jornal vende, ou seria se vende?.