quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Carta para Zara

Dizem que o destino tem o poder de provocar encontros. Talvez tenha sido isto. Na verdade eu nunca havia pensado seriamente em te encontrar.  E isto aconteceu inicialmente através de uma mensagem virtual e uma foto tua. Devo confessar que embora tenha te achado muito bonita pela fotografia, sinceramente não estava muito motivado, pois internamente sabia que irias mudar a minha rotina e não estava disposto a abrir mão dos meus hábitos. De qualquer maneira tomei coragem e fui te conhecer.  Ao sermos apresentados pude notar que estavas muito debilitada e me informaram que já tinhas sofrido muito, conseqüência de pessoas que não te deram o devido valor. Por outro lado, houve uma empatia espontânea, como se já nos conhecêssemos há tempos e decidimos, sem necessitar de uma única palavra, apenas pelo olhar, que um iria fazer parte da vida do outro. Caminharíamos juntos dali pra frente.
Hoje já faz quase seis anos que convivemos e tua amizade e fidelidade têm sido muito importantes. Quando a tristeza bateu em minha porta e  me senti “num mato sem cachorro”, ou mesmo  “um cachorro caído de um caminhão de mudança”, tu estiveste ali ao meu lado, sem cobranças, sem exigências e tua companhia me acalmou.  Quando a alegria fez morada em meus dias, e me senti como se fosse um poodle de madame, lá estavas a dividir comigo as vitórias.
Alguns amigos me questionaram a razão de escrever esta carta, já que certamente nunca irás ler. Não importa. Sobre isto fiz até uma piadinha boa pra cachorro dizendo que, pelo menos (ou pelos mais), “o Rot vai ler”.  Horrível né?
Bem, continuando, confesso que ainda me espanto ao perceber a alegria nos teus olhos quando sentes minha presença, pois, sinceramente, não acho que tenha feito tanto por ti, a não ser retribuir um pouco da tua atenção. Vives a querer me agradar e mesmo quando não estou muito para brincadeiras, animais minha existência e insistes em me mostrar que a melhor coisa da vida é dar um passeio pelas ruas em um dia de sol. E lá vamos nós outra vez!
Claro que, por vezes, temos nossas desavenças, mas, passado alguns momentos, nos tornamos ainda mais próximos.  Tudo porque, na verdade, sei que sou “um osso duro de roer” e tens uma verdadeira paciência de cão para me suportar.

Vou terminando por aqui estas mal traçadas linhas te dizendo que, apesar de todos estes anos e de nossa feliz convivência, é importante ressaltar uma coisa, que não sei se irás gostar, porém, todos comentam e é a mais pura verdade: Tu és uma cachorra!