segunda-feira, 25 de abril de 2011

POÇOS 2022

Prever o futuro é uma tarefa ingrata. Como será o amanhã? Bola de cristal, jogo de búzios, cartas, tarô e “futurólogos” de plantão consultam os astros para as previsões. Não temos, infelizmente, este contato com os deuses para responder à seguinte pergunta: Como estará Poços de Caldas em 2022 nos seus 150 anos de vida?
Então, ao invés de pensarmos em previsões, que tal refletir sobre provisões? Estaremos, hoje, provendo a cidade para o futuro?
Sem a pretensão de esgotar o assunto e baseado na premissa de que “não são as respostas que movem o mundo e sim, as perguntas”, vamos questionar apenas alguns tópicos sobre a cidade e nortear estas reflexões através de algumas citações, em negrito e itálico, contidas no Plano Diretor, que, em nossa visão, deveria ser a “bíblia” do administrador público. Como se sabe, o Plano Diretor é “o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana, visando ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”. O de Poços de Caldas foi elaborado em 1992 e recebeu revisão em 2006.
Como estará Poços de Caldas em 2022 nos seus 150 anos de vida?
Meio ambiente- Terá sido resolvido o problema do “lixão” a céu aberto? E o lixo radioativo na mina da Nuclebrás? Como estaremos tratando o lixo tecnológico? Teremos água para todos? Os nossos mananciais estarão preservados? O esgoto gerado terá 100% de tratamento? Teremos a sustentabilidade necessária para a devida qualidade de vida de todo o nosso ecossistema? Segundo o que determina o Plano Diretor: “o município deverá ser preparar para responsabilizar-se pela gestão ambiental de seu território, aprimorando a legislação, investindo em capacitação de sua equipe técnica e assumindo o processo integral de licenciamento ambiental dos empreendimentos”.
Transportes – O transporte coletivo será prioridade? Haverá infraestrutura viária adequada para sustentar veículos e pedestres? Estará implantado, como sinaliza o Plano Diretor de 1992, o Plano de Macro Sistema Viário? O nosso aeroporto estará recebendo vôos regulares? Terá sido solucionada a questão do monotrilho? “Alem dos efeitos positivos sobre a mobilidade, os corredores de transporte coletivo podem se constituir em eixos estruturadores da cidade, item de especial importância para Poços de Caldas,quando associadas a políticas de hierarquização viária, uso e ocupação do solo, contribuindo para o ordenamento do espaço urbano e a qualidade de vida dos moradores”.
Turismo- A cidade estará ocupando o seu devido lugar no mercado turístico? Teremos qualidade de serviços assegurada em todo o nosso trade turístico: Secretaria de Turismo, rede hoteleira, bares e restaurantes, centro de convenções, feiras, eventos, pontos turísticos, turismo receptivo...? Teremos o trem turístico em operação? Pontos sugeridos pelo diagnóstico: “Qualificação e diversificação da rede hoteleira; a diversificação do perfil dos turistas; manutenção e recuperação das edificações históricas; a valorização do termalismo; o aprimoramento dos serviços e produtos oferecidos aos turistas; a melhoria da infra-estrutura das atrações turísticas e a melhoria dos sistemas de informações e divulgação turística da cidade”.
Habitação- Haverá moradias suficientes para atender aos mais de 170 mil habitantes em 2022? Teremos creches, ônibus, áreas de lazer, postos de saúde, água e esgoto, energia elétrica para todas as residências? “Definição de uma política urbana capaz de agir sobre o mercado imobiliário e de subsidiar moradia para os segmentos de mais baixa renda”.
Claro, são muitos outros questionamentos, como os que se referem ao Distrito Industrial e a geração de empregos, a saúde, a segurança, que seria impossível abordar neste limitado artigo. Nem seremos ingênuos para não refletir sobre a dependência política e econômica de qualquer cidade ao Estado e à Federação, que interferem diretamente no desenvolvimento de uma comunidade. Porém, como determina o Plano Diretor é “imprescindível adotar medidas norteadoras que possibilitem conciliar desenvolvimento com propostas preservacionistas”. Assim, tudo o que (im) plantarmos hoje, colheremos amanhã. Em outras palavras, “o plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória”. O que estamos plantando hoje?
Por tudo e como mineiro que somos, cabe perguntar hoje sobre a Poços de Caldas de amanhã: Oncotô? Proncovô?Doncovim?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sembustível

Convenhamos, antigamente era muito mais fácil abastecer o carro. Primeiramente, não tínhamos muitas opções: era gasolina ou óleo diesel. Hoje, você tem a possibilidade do carro flex, ou seja: carro a gasolina, a álcool e agora também o “carro a pato”. Ou seja, adivinha quem paga o pato? Outra coisa é que antes a bomba servia apenas para colocar combustível no seu veículo. Hoje, ela é utilizada no Brasil para “explodir” o seu orçamento. Estranho é que a Petrobrás continua afirmando que o “petróleo é nosso”. Imagina então, se fosse “deis”? Em relação a este imbróglio, penso em enviar uma carta ao presidente da Petrobrás, o Gabriólio, quer dizer, Gabrielli, assim como fez, décadas atrás, o escritor Monteiro Lobato ao ex-presidente Getúlio Vargas, pois não consigo entender o que acontece com o preço dos combustíveis no Brasil. A cada momento, surgem notícias da descoberta de novos poços de petróleo, porém, chegamos realmente “ao fundo do poço” pelo preço cobrado. A coisa está tão feia que dias atrás ao chegar a um posto, o frentista me perguntou:- Enche o tanque? Respondi:- Enche apenas o pneu, por favor. Aliás, quem enche o tanque hoje em dia no Brasil, são apenas as donas de casas mais simples que enchem o tanque de roupa suja.
Outra coisa que não dá para entender é que somos pioneiros na produção do etanol. Etanóis!!! Apesar disto, o preço do álcool subiu tanto que tem gente abastecendo o carro com garapa. Temos ainda, além do “preção”, a questão do pré-sal. Segundo especialistas, o Brasil tem uma das maiores reservas de pré-sal do mundo. Será que é por isto que o preço dos combustíveis está mais “salgado”?
O jeito agora é gastar a sola do sapato ou andar de ônibus, já que o automóvel está se transformando em um “alto imóvel” e “sembustível”.
Mas, ao invés de criticar, vamos propor soluções e assim, venho dar a minha modesta contribuição, sinalizando novas utilizações para peças existentes nos automóveis:
Amortecedor – Peça de borracha em formato de dentadura que será utilizada pelo condutor do veículo, juntamente com a correia dentada, para amortecer a dor no momento de pagar o combustível.
Anéis – Será dada preferência aos de diamante e pedras preciosas que serão aceitos pelos postos como parte do pagamento. Aceitam-se também anéis de noivado e de formatura.
Bucha – Também chamada de supositório e que dispensa maiores explicações.
Caixa de Direção – Popularmente conhecida como “cofrinho” adaptada ao lado do volante, a ser utilizada como depósito de moedas e dos anéis.
Câmbio – Conhecido também como porta malas, utilizado para guardar objetos, animais ou outros pertences que possam ser utilizados como “moeda de troca” no pagamento. Faltou dinheiro? Pague com sacos de laranja, cachorrinhos de pelúcia ou guarda-chuvas.
Escape- Conhecido também como “Eject”. Peça propulsora do condutor do veículo. Não tem como pagar?Aperte o eject.
Injeção-Peça em formato de agulha que deve ser aplicada na veia do condutor toda vez que este ficar nervoso na hora do pagamento. Apresentação em três sabores : Maracujá, morfina e “sossega leão”.
Junta – Peça acoplada do lado da caixa de direção. Faltou dinheiro no caixa? Junta as contribuições dos parentes, agregados, caronas e similares.
-Vela- Peça colocada ao lado do santo de devoção do condutor.
Tentou de tudo, utilizou todas as peças e ainda assim, faltou dinheiro para pagar o frentista?
Acende a vela e reze.

sábado, 9 de abril de 2011

Coração de estudante

Quero falar de uma coisa. Da existência, no meio de tantos jovens, de um coração que pulsa no medo, na insegurança e na mágoa.Fruto dos maus-tratos, da indiferença e do descaso, de um simples apelido, ou quem sabe até, da “gozação” aparentemente inconsequente. E esta “má água”, advinha onde ela anda? Com o passar do tempo, percorre e inunda as veias, infiltra-se nas células, deve estar dentro do peito modificando o semblante e o comportamento.
Este coração pode estar aqui do lado, bem mais perto que pensamos, mas a gente não o escuta. Ele bate silenciosamente, tristemente, descompassadamente.Enquanto outros se explodem de emoção para tudo o que a vida oferece, ele, como bomba-relógio, vai implodindo dia a dia.
Para muitos, bem ali na carteira ao lado, a vida parece ser eterna primavera. Para ele, a folha da juventude teimou em brotar em pleno outono e nasceu assim, amarelada,enfraquecida, e os ventos da discórdia vieram fortes e desviaram seu destino.
Seu sorriso de menino envelheceu cedo e ele tantas vezes se escondeu nas lágrimas de quem se sentia ausente na lista de presença na aula da felicidade.
Mas, renova-se a esperança.
A de que um dia alguém possa ouvir aquele coração com o estetoscópio da compreensão, pois há que se cuidar do broto, prá que a vida nos dê flor e fruto.
Para que em cada coração de estudante germinem os sonhos e floresça a alegria, há que se cuidar da vida de todas as sementes. Há que se cuidar do mundo real e virtual, para que todas as salas, as de aulas e as cibernéticas, sejam locais de paz e harmonia.
É necessário tomar conta da amizade para que se evitem cenas incompreensíveis de violência, inundadas de tanta mágoa. Se faz urgente cuidar para que artérias ainda tão jovens, não sejam obstruidas pelo medo e pelo ódio e possamos assistir apenas histórias de alegria e muito sonho.
Quem sabe assim, ao invés de corpos espalhados no caminho, verdes, plantas, sentimento, folha, coração, juventude e fé.

sábado, 2 de abril de 2011

Vai idade

Quantos anos você tem? Esta pergunta, com formulações diferentes, a gente vai respondendo ao longo da nossa existência. Aos 5 anos, por exemplo, a idade nem conta e como também a gente não sabe contar, só mostra a mãozinha e todo mundo acha lindo. Aos 10, falamos de boca cheia, como quem tivesse tirado uma nota boa. Aos 15, dá uma vontade danada de responder 18 e aos 18, respondemos como se fossemos os donos do mundo. Aos 21, falamos como quem começa a descobrir que, na verdade, o mundo é que é o dono da gente. Aos 25, a gente se cobra, a família nos cobra, o patrão nos cobra e, respondemos a inquisição, com a sensação de sempre estar devendo. Dos 30 até aos 40 anos, como quase ninguém mais se lembra do nosso aniversário, a gente começa a lembrar de quando tinha 05, 10, 15, 18, 21 e 25. Dos 40 para frente, a gente até tenta esquecer, mas todo mundo insiste em lembrar.
A idade não é apenas uma questão cronológica e numérica. Ela nos referencia, nos identifica, nos rotula. Claro, encontramos muitas pessoas (geralmente acima dos 40) que afirmam: “A idade não importa, o mais importante é ser jovem de espírito.” Pode até ser, mas, geralmente, quando uma pessoa fala desta forma, temos uma certeza: a idade começou a pesar no corpo, e aí, o remédio é pensar no espírito. Mas, concordamos: idade não importa... ela exporta, isto sim, deste mundo para o outro. E repare na ironia: a gente só se liga que a idade vai chegando, quando sentimos que começamos a partir.
Passamos ao longo do tempo, do pediatra ao geriatra, do Estatuto da Criança e do Adolescente, para o do Idoso, de muita gente nos cuidando na infância, para muito pouca gente nos cuidando na terceira idade, do sexo ativo para o "sexogenário".
O certo é que “todo mundo quer viver muito tempo, mas ninguém quer ficar velho”. E se uma pessoa não quer que os movimentos fiquem mais lentos, que os problemas de saúde apareçam, só existe uma saída: sair mais cedo. (Vira essa boca prá lá!)
De verdade, o melhor mesmo é viver, como se a idade realmente não tivesse nenhuma importância. Esquecer a idade que temos e aproveitar a vida. “´É a vida, é bonita e é bonita”...
E aqui cabe um testemunho pessoal que valida esta atitude. Ontem, um amigo me perguntou a idade, e como não dou muita importância ao assunto, por um momento, me deu “um branco” e eu fiquei sem saber o que responder.
Será que já estou tendo lapsos de memória? Será que “o alemão” já me pegou? Preciso marcar uma consulta...