sexta-feira, 22 de junho de 2012

O joio e o trigo


Vivemos o período pré-eleitoral e em todo o Brasil passamos a ver, a ler e a ouvir partidos políticos e propagandas de governos manifestando “o que fizeram ou o que estão fazendo pelo povo”. A disputa eleitoral começa a ser mais acirrada e o marketing volta a ser comentado como instrumento importante para a vitória nas urnas.  Vem a pergunta antiga e sempre atual: o marketing pode determinar a vitória nas urnas?
Como profissional da área e, principalmente, estudante permanente no assunto vejo como necessário entender inicialmente que marketing vai muito além da propaganda, sendo ferramenta estratégica de ações diversas. Além disso, vale lembrar a diferença entre marketing político e marketing eleitoral. Em rápidas palavras, o marketing político prega a necessidade de trabalho efetivo junto à população com ações e estratégias de comunicação durante todos os anos de um governo, seja ele federal, estadual ou municipal. Já o marketing eleitoral é aquele realizado meses antes do pleito com um único objetivo: a disputa nas urnas. Sou favorável ao marketing político e também à campanha eleitoral que acontece dias antes das eleições para que o eleitor conheça os candidatos e suas propostas. Mas sou totalmente contrario ao marketing eleitoral principalmente o que se refere às eleições municipais. Justifico. Quem está no governo pode utilizar o espaço na mídia tanto partidário quanto da própria administração para divulgar obras e ações realizadas. Mas, quem é oposição logicamente aposta somente no espaço midiático de utilização partidária caracterizando um desequilíbrio de forças. Se a justiça eleitoral impedisse a divulgação política desde o primeiro dia do ano da realização de um pleito eleitoral poderíamos minimizar alguns excessos que já estamos assistindo, tais como, o uso indevido da máquina pública, a divulgação de obras que nem chegaram a ser realizadas (e nem sabemos se realmente serão), e, impediríamos os truques e recursos de computação gráfica e de audiovisual  que, embora encantem, nem sempre traduzem a realidade.
Já assistimos muitas campanhas eleitorais vencidas ou perdidas e que tiveram o marketing como fator decisivo. Porém, necessário tomar certas precauções no uso inescrupuloso deste “medicamento”, pois existem contra-indicações importantes a serem examinadas. Sem querer esgotar o assunto, citamos algumas:
- Não subestimar a capacidade de compreensão do eleitor;
Propagandas fantasiosas e muito distantes da realidade já não convencem mais o cidadão. Portanto, o ideal é pensar muito no conteúdo, pois apenas uma boa embalagem pode não convencer.
- Promessas demais prejudicam a credibilidade;
Foi se o tempo em que o candidato fazia as suas promessas e convencia o eleitorado. Hoje é preciso tomar cuidado com esta atitude. Usar de eufemismo como “compromissos de governo” também não convence.  Falar em propostas administrativas de maneira sincera e com embasamento técnico é melhor atitude.
- Baixar o nível do debate pode baixar também o nível dos votos;
Ser agressivo demais em uma campanha pode significar falta de controle emocional e desespero. Equilíbrio, serenidade e bom senso são características importantes e podem fazer diferença em uma eleição. Criticar não significa obrigatoriamente “descer a lenha” no adversário;
- Na TV, a fala convence mais que imagens computadorizadas.
Com o impedimento da realização de comícios, a TV é com certeza o palanque eletrônico do candidato.  Certamente existirão coligações com maior tempo na mídia, contudo, o mais importante é usar a criatividade nas mensagens e para isto a comunicação oral, se bem empregada, é recurso essencial. As pessoas querem ouvir o que os candidatos têm a dizer. Aqui vale lembrar que a sinceridade- embora não seja prática usual na política- pode fazer a grande diferença. Vale ainda proferir: quem usa “Deus” em suas palavras em uma campanha eleitoral certamente desconhece a Palavra.
Concluindo, o marketing pode ser um diferencial positivo no processo democrático. 
 Para muitos é apenas joio - uma arma para vencer a eleição a qualquer custo.  Para outros é trigo - excelente recurso de apresentação de propostas administrativas com embasamento e veracidade.  
Torçamos para que as urnas em todo o país possam realmente separar o joio do trigo.

sábado, 9 de junho de 2012

Quatro Estações

Não existem fórmulas, nem receitas prontas, inexistem manuais que explicam e professores no assunto. Não dá para ver o que deu certo com outros e aplicar no seu dia-a-dia. O modo de fazer a dois, exige temperos próprios, à moda da casa, e na maioria das vezes, envolve ainda muitas outras pessoas ao longo do preparo. O que dizer sobre o relacionamento a dois - tema tão plural que envolve inúmeras variáveis no singular? Abri o portão de casa e um vento frio recordou-me que o inverno se aproximava. Com ele, as mudanças de hábito: a necessidade do agasalho, o maior cuidado com a saúde, a alimentação diferenciada. A natureza se transformando exigindo novos comportamentos. Talvez seja isto. O relacionamento a dois exige da gente a capacidade de compreender as diversas fases que vivenciamos ao partilhar a nossa vida com a vida do outro. A rosa exala o perfume e simultaneamente nos oferece o espinho; o fluxo e refluxo das marés; o dia e a noite; as quatro estações do ano. É preciso viver o verão. O calor da paixão, a liberdade dos corpos, as sensações inconfessáveis e intransferíveis no que existe de mais orgânico em nós. As cores e a energia. A luz e o amanhecer. A sede a dois, o saciar a dois, a esperança nos raios da alvorada. O outono chegou. Momento de perceber as folhas e frutos da relação. Parar e pensar na colheita. Verificar o que foi bom e o que poderia ter sido melhor. Verificar os estoques da compreensão, do carinho, da partilha. O inverno se aproxima e é preciso se preparar. As folhas que caíram é o que possibilita o nascimento de outras que virão mais fortes e vivas. Veio o inverno. Com ele, o recolhimento, o aconchego. O frio faz tremer as relações, mas traz a oportunidade de união ainda mais intensa. O sofrimento, as dores, as brigas. Para muitos, o início da separação. Para outros, o botão que aparentemente se recolhe é preparo necessário para brotar as flores. É necessário aguardar pacientemente a chegada da primavera. Primavera voltou. Tempo do acasalamento, quem sabe, gerar uma nova vida? Uma viagem talvez? Comemorar a vida em sua plenitude. Irrigar a relação, se vestir para o encontro. Maravilhar-se, surpreender, criar. Foi muito bom plantar, esperar a passagem das intempéries, o momento é de colheita, na expectativa de novo recomeçar. Talvez seja isto. Quem vive a dois necessita saber que há o momento da entrega e o da espera, o do recolhimento e o do completar-se, o da ausência e da partilha. Se não for assim, perde-se o plantio, interrompe-se a semeadura, aborta-se a colheita. “Quem quer viver o amor, mas não quer suas marcas, qualquer cicatriz, a ilusão do amor, não é risco na areia, desenho de giz...Quem pode querer ser feliz se não for por amor?”(Desenho de Giz-João Bosco).

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Meu candidato a prefeito

Meu candidato a prefeito pertence ao partido da sinceridade. Não fala somente para agradar, não promete o que sabe ser impossível cumprir, diz sim quando tem certeza e o não olhando nos olhos das pessoas. Não usa a retórica como arma para a subserviência do outro, entendendo que o poder da comunicação não se concretiza na comunicação do poder. Meu candidato a prefeito não manda recados por terceiros, admite seus erros em público e compartilha acertos, porque compreende ser fruto de trabalho em grupo. Mais que compromissos partidários tem na responsabilidade com os gastos públicos sua ideologia. Por isto, é mais gestor que político, se reconhece mais como administrador que líder popular, pensa na prefeitura como empresa e não como palco para a sua ascensão. Meu candidato a prefeito não se deslumbra com as vitórias e sabe que a vaidade é seu principal adversário na vida pública. Não é refém de aplausos, nem é vítima de vaias. Não toma decisões no imediatismo, nem por pressões externas, refletindo muito ao utilizar os refletores da mídia. Não se apega ao poder, pois o reconhece como transitório, compreendendo que a função é muito mais importante que o cargo. Muda de opinião quando percebe ter se equivocado, porém, não abre mão dos seus valores e de sua coerência. Meu candidato a prefeito não se esconde no “eu não sabia”, “não tira o corpo fora” e nem “tampa o sol com a peneira”. Como operador da máquina pública, não atropela processos, orienta-se na direção da disciplina e da organização, combatendo a morosidade, sem esquecer da amorosidade no trato com o outro. Vê o servidor público como o principal patrimônio da prefeitura, motivando-o principalmente para a qualificação, capacitação e treinamento constantes. Assim é a sua atitude na escolha dos cargos de confiança, buscando os mais capazes e experientes na função, fugindo da pressão de partidos e dos interesses dos “amigos”. Analisa os atributos e não o nome e sobrenome das pessoas. Meu candidato a prefeito por saber-se imperfeito está sempre disposto a aprender. Por isto é um estudante curioso. Não é pessoa de gabinete, pois, sabe que é no bairro e nas ruas que está sua maior escola, e o povo, o seu grande professor. Meu candidato a prefeito não é super herói, nem salvador da pátria. Não tem compromissos comigo, nem é meu amigo e não quer busto na praça. Meu candidato a prefeito é apenas uma pessoa que compreendeu que a verdadeira corrupção vai muito além do dinheiro. Para ele, corromper-se é vender seus valores, iludir-se com o poder, envaidecer-se com o sorriso fulgaz da política. Meu candidato a prefeito talvez nem exista, seja pura fantasia ou mera utopia neste mundo real. Contudo coloco meu voto de confiança nas urnas do tempo e quem sabe em um futuro muito próximo, meu candidato a prefeito ocupará seu lugar.