domingo, 25 de outubro de 2009

REGINHO

Eu tinha certeza que seus amigos eram muitos.
Você somou milhares deles ao longo da sua vida.
Talvez seja por isso que você estudou e exerceu a contabilidade: só para ficar contabilizando amizades, né?
Fiquei imaginando o tamanho do orgulho de seus familiares em saber o quanto você é querido, cara. E cada lágrima que eu vi no rosto das pessoas, tinha um pouco do amor que você espalhou por toda a cidade.
Você fez muita gente feliz e não se faz isso, sem que, na mesma proporção, seja o tamanho da tristeza, que muitos estão sentindo. Sei que não é assim que você queria, mas é demasiadamente humano, meu. Não deu para segurar o desalento, o cansaço, a incompreensão e as interrogações.
As contas não fecharam , cara.
Houve algum erro e parece que a vida, nestes momentos, faz por merecer uma auditoria.
Talvez, seja isso que você veio nos ensinar: a administrar coisas contraditórias.
Você mesmo foi exemplo disso. Como é que um cara tão grande como você, ganhou o apelido de Reginho? E tão alto, foi tocar contrabaixo no Rock Doctors?
Vamos então sorrir em meio à tristeza.
Seguir em frente, quando o nosso desejo é parar.
Investir ainda mais, quando parece que fomos à falência.
Como disse seu irmão, Paulo Trombone, “aqui tem muita gente triste, mas em outro local para onde o Reginho está indo, a festa começou...”
Grande Reginho! O mundo estava realmente muito pequeno para um cara do seu tamanho.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PROFESSONHOS

Ao andar pelas ruas, repare na quantidade de sonhos que estão ali ao seu lado.
Vê aquele jovem que caminha apressado? Um sonho anda junto com ele: o de se tornar engenheiro.
E o daquela pessoa mais adulta ao telefone? Um sonho fala diariamente aos ouvidos dela: adquirir uma casa própria.
Perceba aquela senhora sentada no banco da praça. Um sonho está sentado ali ao lado dela: rever a sua cidade natal na Itália.
Aquela mulher solteira tem o sonho de se casar, e sua irmã casada, o de ter um filho.
Vê aquela criança brincando no parque? O sonho dela é de ganhar uma boneca. Já o do pai que a acompanha: o de arrumar um emprego.
O doente de se curar e o atleta o de bater um recorde.
Há quem sonhe em escrever um livro e quem persegue o de publicar um Best seller.
O que sonha há anos em ter o seu primeiro carro e o que alimenta ter uma Ferrari.
É possível encontrar, sem preconceitos, gente que quer um local para abrigar as pessoas das ruas e pessoas sonhando em colocar silicone nos seios.
Mas, na múltipla, diversificada e interminável lista, há um lugar especial reservado àquelas que carregam na alma, o sonho de ser professor ou professora.
Mas, o que é ser professor senão, professar os sonhos dos outros. Acompanhar, orientar e desejar que a educação possa ser realmente o caminho para a realização concreta dos quem têm sonhos. Não deixar de acreditar nunca, ter a certeza da possibilidade concreta até dos sonhos ditos impossíveis.
É enxergar aquela luz que brilha nos olhos de muitos e não deixar que os sonhos se ofusquem.
Por isto, ser professor é efetivamente, lutar contra o apagador de sonhos no quadro negro da injustiça social, que chega ao caderno das nossas mazelas, pelas linhas da violência, da corrupção e da miséria.
Ser professor não é somente celebrar a vida, é comungar com ela, os sonhos de todos nós.
Ser professor enfim, é viver os sonhos, acreditar nos sonhos, alimentar os sonhos.
É ser professonho.