segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Quem tem a lanterna que ilumine

Sair principalmente à noite em nossa cidade tem encantado os olhos. As luzes do Natal iluminam ruas, praças, jardins, casas e estabelecimentos. O Natal é simbólico e vai além das religiões e pode em sua energia divina nos encantar também a alma. Não dá para ficar indiferente na presença da Luz. A luz que vemos por todos os lados, nos lembra do nascer e renascer. Tanto é assim que uma mulher ao gerar um filho, popularmente e sabiamente se diz, ela deu a luz. È no contato entre o pólo positivo e negativo, da mãe e do pai, que nasce a luz, o filho gerado.
O Natal nos lembra a oportunidade de ser Luz. De renascer a cada dia como um farol em mar aberto, como lâmpada em viela escura, como sol que alimenta o dia, como lua que distingue,, com sua presença, a existência das estrelas. Todo ser é presença de luz que pode clarear a vida humana. O céu é um só, morada universal, e nele podem conviver harmoniosamente, a luz e a escuridão. A mesma luz materializa a escuridão, não como energia oposta, mas como sombra de uma mesma imagem. O Natal nos lembra que podemos ser centelha de Luz divina a clarear momentos de escuridão, que nos chega nas fofocas, na discussão, na discórdia, conflitos e desentendimentos. Quem tem a lanterna que ilumine.
O presépio que vemos em muitos lares nos lembra que a Luz deve nascer inicialmente em torno da família. É ali no encontro do marido com a esposa, dos filhos com os pais, que deve haver geração de boas energias. Quem sai de casa toda manha e recebeu as luzes do carinho, da conversa, da paz, se torna gerador humano a espalhar luz por onde passa. É na família que recarregamos as nossas baterias. E cada membro de uma família pode iluminar a sua própria casa. Em um lar às escuras, uma pequena abertura numa janela permite a entrada da luz. Quem tem a lanterna que ilumine.
A árvore de Natal iluminada por bolas coloridas, mas com um único tronco e diversos galhos e folhas, nos lembra que pertencemos à mesma família universal. Por isto, a existência da árvore genealógica. Moramos em países diferentes, falamos línguas diferentes, temos costumes diferentes, mas o nosso tronco é único. Por isto, a necessidade de cuidar da natureza, das árvores, do ar, plantas, rios e animais. A árvore é uma só e dela é que dependemos. Quem tem a lanterna que ilumine.
Por fim, o Papai Noel nos lembra da importância da troca de presentes e lógico, não estamos falando de consumismo e nem de mercadorias. Mas da gente se fazer presente aos outros, no nosso sorriso, na nossa amizade, desembrulhando diariamente, pacotes de otimismo, fé e esperança.
Um Feliz Natal. Que você faça brilhar sua Luz neste Natal Encantado!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Salário de fome e fome de salário

Se existe um assunto que muitos preferem não comentar no Brasil é sobre salário. Salário é um tema meio salgado. Talvez isso se explique na origem da palavra: salário vem do latim salarium, pois no Império Romano os soldados recebiam sal como pagamento pelos serviços prestados. Alias, ao invés de soldados, deveriam se chamar saldados.
Salário é realmente um assunto muito pessal, (ops) pessoal. Só interessa realmente ao indivíduo, ou quando este vem a falecer em decúbito dorsal, à sua família e aos parentes que nesta época salpicam de todos os lados. Daí, os frutos do salário do indivíduo juntam a “salgada família” em torno de uma mesa. Daí a confraternização vira reunião coletiva, inventário, discussão, tribunal, um sal-ve se quem puder... com a melhor parte.
Mas e quanto ao salário de um funcionário público? Deve ou não ser amplamente divulgado? Quanto ganha um presidente? Um governador? Um deputado? Um juiz? Um prefeito? Um vereador?
Vamos colocar mais uma pitadinha de sal no assunto, pra temperar melhor a conversa.
Uma grande parcela dos cidadãos brasileiros vive, ou sobrevive, com um salário mínimo (aliás, palavra bem apropriada), atualmente fixado em 465 reais. E quem define o valor do salário mínimo? Os representantes do cidadão: o presidente, os deputados...
Vamos juntos nesta salada tomando cuidado com a hipertensão salarial, quer dizer, arterial. Quem paga o salário de um funcionário público? O cidadão, através do pagamento de impostos. Quem, no final das contas, é o patrão do funcionário público? O cidadão.
Resumindo este pacote. Quem define a maioria dos salários dos cidadãos no Brasil, através do valor do salário mínimo, são os agentes públicos. E quem define os salários dos agentes públicos? Os próprios agentes públicos, através das leis. O fato curioso é que neste caso, o salário do patrão (o cidadão) quem define é o funcionário (agente público) e o salário do funcionário quem define não é o patrão, e sim, o próprio funcionário.
Um deputado federal percebe, segundo se apurou, cerca de 100 mil reais por mês. Importante lembrar que este valor define legalmente o salário de parlamentares de outros escalões, ou seja, o efeito cascata atinge deputados estaduais, senadores, vereadores.
Nada contra a alguém ganhar bem, até porque é um direito constitucional ter um salário justo e uma vida digna. “Salário mínimo, fixado em lei , nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.(Capítulo II- art. 7°- inciso IV-Constituição da República Federativa do Brasil).
Contudo, enquanto no Brasil muitos ganham um salário de fome, outros têm fome de salário, e o que é pior: fome alimentada por leis que eles próprios produzem.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Foi comprar e acabou "vendido"

Você entra em uma loja e em um cartaz na parede está escrito: “Aqui o cliente é quem manda.” Porém, passa algum tempo e nenhum atendente nota a sua presença. Você olha para o cartaz e pensa: Estou mesmo sem cartaz. Já vi que vou ficar falando com as paredes. Bem, pelo menos, as paredes têm ouvido.
Daí você simula um ataque de tosse – não adianta. Você então derruba umas caixas que estão sobre o balcão. Nada. Daí, como ultima tentativa, você pula o balcão e grita, desesperado: Eu sou Osama Bin Laden. Alguém aí pode me atender?
Quer outro exemplo? Você vai a um consultório médico com hora marcada. Chega quinze minutos antes do horário. Senta e pega uma revista que está ali há muitos anos com a capa do primeiro casamento de Fábio Júnior. Você pensa: será isto um sintoma? Conversa com outro paciente que, impaciente, diz que está ali há uma hora e meia esperando para ser atendido. Prevendo a espera (por isso se chama sala de espera) e buscando uma solução rápida, você simula que está muito nervoso, começa a gritar e a se contorcer. Neste momento, a atendente mais que depressa, diz: “Espera só mais uns minutinhos. O doutor já vai lhe atender”. E lhe prepara um copo de água com açúcar para lhe acalmar, sem saber que você está ali para um tratamento contra o diabetes.
Exageramos um pouco as situações para tentar ilustrar que cliente no Brasil geralmente é muito maltratado. Quer seja pessoalmente, por telefone, por e-mail, por fax, sinal de fumaça, seja qual for o meio, o fim é sempre o mesmo: a insatisfação, a irritação e o stress com os serviços prestados são cada vez maiores.
Uma das razões: falta de treinamento dos atendentes. É verdade. Mas também e verdade que faltam treinamento e conscientização por parte dos próprios donos das empresas, dos líderes das organizações. Repare nos cursos e palestras sobre o assunto: só tem empregado, o patrão mesmo não vai. Aliás (me perdoem os palestrantes) vendem-se muitas palestras sobre vendas, mas as vendas das empresas que sejam decorrentes das palestras, ah! isto é outra história...
Na verdade, existe muita teoria nos livros, palestras, cursos e no mundo acadêmico dizendo que o cliente é quem manda, que ele deve ser o centro das atenções, que o cliente é o rei. Fala-se muito em pré-venda e pós venda, na necessidade de fidelizar o cliente proporcionando o melhor serviço. Na prática (e o PROCON de qualquer município está aí para comprovar) cliente no Brasil é muito maltratado.
Existe muita gente preocupada em vender e muito pouca gente preocupada com aquele que está ali para comprar: o cliente, o usuário, o paciente.
Finalizando, uma lembrancinha: o Natal está chegando para você comprar as suas lembranças. Boas compras, mas lembre-se: cuidado para não ficar “vendido” dentro das lojas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dinheiro na meia e arruda na orelha

Antigamente quem tinha dinheiro no Brasil guardava as notas ou moedas dentro dos cofrinhos ou debaixo dos colchões. Mas, nos últimos anos, quem tem muito dinheiro no país, guarda a grana, a bufunfa, o faz me rir, nos chamados paraísos fiscais. Aliás, paraíso fiscal, é porque lá não existe fiscal, nem aqui não é? Mas no nosso paraíso tropical se guarda dinheiro, rapidamente em qualquer local, a qualquer hora, com qualquer quantia, em qualquer traje, mesmo que isso, a rigor, for um grande ultraje a nação.
O mais recente caso é do presidente da Câmara do Distrito Federal, Leonardo Prudente, que de maneira imprudente e ao que parece ilegal, apareceu em um vídeo colocando dinheiro nos bolsos do paletó e também dentro das meias. Na verdade, ele entendeu mais do que todos nós, o que significa realmente a expressão fazer um bom pé de meia. Segundo dizem, ele foi vítima de mau olhado e a partir de agora irá colocar uma folha de arruda atrás da orelha. Nenhuma relação desta atitude com o governador do distrito federal, também envolvido no caso, José Roberto Arruda.
Curioso também é que em todos os casos que se tem notícia, os que foram pegos com grandes somas de dinheiro, nunca sabem explicar convincentemente de onde veio e nem para onde iria o cascalho, a gaita, o carvão. O advogado de Arruda, por exemplo, disse que o dinheiro seria utilizado para a compra de panetones e cestas de natal que seriam distribuídos a comunidades carentes. Papai Noel existe ou será apenas meia verdade?
Mas, você leitor ou leitora, deve se lembrar que dinheiro já foi por diversas vezes manchete nos jornais, emissoras de televisão e de rádio no Brasil. Dinheiro em contas-correntes, em malas, dinheiro até em cueca. O único lugar que, com certeza, continua faltando dinheiro, é no bolso do trabalhador.
Dinheiro virou realmente moeda de troca por um lugar no governo, para permanecer com um lugar no governo e até para o governo não mudar de lugar. Dinheiro virou moeda de troca também por um lugar no paraíso celeste através de algumas seitas que aceitam tudo: dinheiro em notas, talão de cheque, cartão de crédito, vale transporte...
Muitos dizem que é lavagem de dinheiro, mas lavar dinheiro colocando dentro da cueca ou de meia? Para finalizar, cabe uma última pergunta: como é que tem gente dizendo que está com a consciência limpa, sabendo que o dinheiro é sujo? (este texto foi adaptado de um outro texto já inserido neste blog, porque, infelizmente, a história se repete)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A educação em saia justa

O modelo da educação no mundo inteiro e também no Brasil passa por transformações, devido principalmente à Internet. A chegada dos cursos virtuais é uma das inovações que divide o país entre aqueles que são contra e os que são a favor. Mas, se várias reflexões são feitas sobre qual o modelo educacional mais adequado, o que se discute atualmente, é se o modelo da saia, ou melhor, se a minissaia usada por uma universitária em sala de aula foi adequada ou não. Vários estudos acadêmicos estão sendo feitos, incluindo dissertações de mestrado e teses de doutorado. Se a saia é pequena, os títulos dos trabalhos são enormes, como este, por exemplo: “ A minissaia nas salas de aula no Brasil- Um estudo qualitativo de mensuração aplicada aos novos modelos educacionais”.
No ensino superior, a grande discussão é sobre a exposição ou não do membro inferior feminino do corpo humano. Afinal, minissaia pode ou não pode ser usada em salas de aula?
A maioria dos homens diz que depende do corpo (será do corpo docente da universidade?). Já os moralistas dizem que a altura da minissaia é inversamente proporcional à moral, ou seja, quanto mais centímetros acima do joelho, mais imoral é a sociedade. Para os intelectuais, a teoria cognitiva de Piaget já afirmava que não pode haver moralidade quando alguém considera somente o seu ponto de vista. Para os anarquistas, quanto mais minissaias melhor, pois é o símbolo da liberdade, ou seja, o mínimo neste caso é o máximo. Para os ambientalistas, considerando que o tecido é retirado da natureza em sua matéria prima, quanto menos tecido melhor, assim, o meio ambiente fica preservado com a meia saia, quer dizer, a minissaia. Para os psicólogos, o mais importante não são as pernas de fora, mas, o que se passa dentro das cabeças. Para os políticos, o que tem que ficar claro é a importância do regime, não da aluna, mas, o regime democrático do Brasil. Para os economistas, a idéia da aluna de reduzir o tamanho da saia, vem ao encontro dos tempos difíceis, onde qualquer redução é bem vinda. Enfim, o país está dividido: a moda faz melhor a educação, ou, a educação está fora de moda?
O grave problema da educação no Brasil é mais embaixo do que em cima. Descobrindo as pernas, encobrimos a baixa qualidade dos cursos universitários, os baixos salários dos professores, o baixo preparo dos formandos para o mercado etc etc.
Se Paulo Freire fosse vivo estaria também enfrentando esta saia justa?

domingo, 25 de outubro de 2009

REGINHO

Eu tinha certeza que seus amigos eram muitos.
Você somou milhares deles ao longo da sua vida.
Talvez seja por isso que você estudou e exerceu a contabilidade: só para ficar contabilizando amizades, né?
Fiquei imaginando o tamanho do orgulho de seus familiares em saber o quanto você é querido, cara. E cada lágrima que eu vi no rosto das pessoas, tinha um pouco do amor que você espalhou por toda a cidade.
Você fez muita gente feliz e não se faz isso, sem que, na mesma proporção, seja o tamanho da tristeza, que muitos estão sentindo. Sei que não é assim que você queria, mas é demasiadamente humano, meu. Não deu para segurar o desalento, o cansaço, a incompreensão e as interrogações.
As contas não fecharam , cara.
Houve algum erro e parece que a vida, nestes momentos, faz por merecer uma auditoria.
Talvez, seja isso que você veio nos ensinar: a administrar coisas contraditórias.
Você mesmo foi exemplo disso. Como é que um cara tão grande como você, ganhou o apelido de Reginho? E tão alto, foi tocar contrabaixo no Rock Doctors?
Vamos então sorrir em meio à tristeza.
Seguir em frente, quando o nosso desejo é parar.
Investir ainda mais, quando parece que fomos à falência.
Como disse seu irmão, Paulo Trombone, “aqui tem muita gente triste, mas em outro local para onde o Reginho está indo, a festa começou...”
Grande Reginho! O mundo estava realmente muito pequeno para um cara do seu tamanho.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PROFESSONHOS

Ao andar pelas ruas, repare na quantidade de sonhos que estão ali ao seu lado.
Vê aquele jovem que caminha apressado? Um sonho anda junto com ele: o de se tornar engenheiro.
E o daquela pessoa mais adulta ao telefone? Um sonho fala diariamente aos ouvidos dela: adquirir uma casa própria.
Perceba aquela senhora sentada no banco da praça. Um sonho está sentado ali ao lado dela: rever a sua cidade natal na Itália.
Aquela mulher solteira tem o sonho de se casar, e sua irmã casada, o de ter um filho.
Vê aquela criança brincando no parque? O sonho dela é de ganhar uma boneca. Já o do pai que a acompanha: o de arrumar um emprego.
O doente de se curar e o atleta o de bater um recorde.
Há quem sonhe em escrever um livro e quem persegue o de publicar um Best seller.
O que sonha há anos em ter o seu primeiro carro e o que alimenta ter uma Ferrari.
É possível encontrar, sem preconceitos, gente que quer um local para abrigar as pessoas das ruas e pessoas sonhando em colocar silicone nos seios.
Mas, na múltipla, diversificada e interminável lista, há um lugar especial reservado àquelas que carregam na alma, o sonho de ser professor ou professora.
Mas, o que é ser professor senão, professar os sonhos dos outros. Acompanhar, orientar e desejar que a educação possa ser realmente o caminho para a realização concreta dos quem têm sonhos. Não deixar de acreditar nunca, ter a certeza da possibilidade concreta até dos sonhos ditos impossíveis.
É enxergar aquela luz que brilha nos olhos de muitos e não deixar que os sonhos se ofusquem.
Por isto, ser professor é efetivamente, lutar contra o apagador de sonhos no quadro negro da injustiça social, que chega ao caderno das nossas mazelas, pelas linhas da violência, da corrupção e da miséria.
Ser professor não é somente celebrar a vida, é comungar com ela, os sonhos de todos nós.
Ser professor enfim, é viver os sonhos, acreditar nos sonhos, alimentar os sonhos.
É ser professonho.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Palavras mal ditas

Palavras sempre buscam traduzir ou identificar algo. Existem muitas que de tanto serem pronunciadas perderam o seu significado. Amor, por exemplo. Quanta profundidade na essência, quantos significados diferentes e por vezes confusos, a sociedade acabou por criar. Outro exemplo? Corrupção. Quanta vergonha nos trazia, mas de tanto ser pronunciada e praticada, acabou por se transformar em atitude comum, nos roubando a indignação, tornando indigna a nação.
Violência é outro exemplo que já não nos causa maior perplexidade, nem espanto. É a banalização do uso que leva muitas palavras a serem consideradas sinônimas de outras: sexo com pornografia, liberdade com libertinagem, democracia com desgoverno, amizade com apadrinhamento e tantas outras.
Para explicar muitos dizem que os “valores atuais é que são outros”. O que vem a representar, ironicamente, que a própria palavra valor já se encontra desvalorizada.
Mas, para não dizer que existem somente maus exemplos, outras palavras que estavam esquecidas começaram a ser mais faladas. Uma delas é acessibilidade. Hoje, governos, empresas e instituições buscam proporcionar acessibilidade, ou seja, o acesso de todos a tudo.
Acessibilidade nos leva a outra palavra muito significativa: a sensibilidade. Para se proporcionar acessibilidade é preciso antes conjugar a sensibilidade. Uma inexiste sem a outra.
Outra expressão que virou slogan nos dias atuais é qualidade de vida, mesmo que não se saiba muito bem explicar o que seja isto. Fulano mudou de emprego e tantos mudam de cidade buscando a tal da qualidade de vida. Palestras são realizadas com o tema, cidades são analisadas por índices que mensuram a qualidade de vida. Qualidade deixou de ser substantivo para ser adjetivo, assim como aconteceu com a palavra ética. Interessante é que a expressão “qualidade de vida” nos leva a refletir que a vida fica sem expressão, quando não tem qualidade. Tudo deveria ter, por natureza, e por outra sonoridade, a qualidade devida (assim tudo junto), ou seja, a qualidade necessária ao para que o ser humano pudesse viver melhor na sua dignidade e em sua digna idade. Desumana e sem qualidade é a vida sem emprego e o emprego sem reconhecimento. Uma cidade sem hospital, ou com hospital mais sem médicos, sem remédios e sem equipamentos. Um bairro sem escola, uma escola sem professores. Um professor sem reconhecimento para repassar o conhecimento.
Palavras continuam a ser proferidas causando feridas nas palavras.
Palavras continuam a ser ditas.
Mal ditas palavras.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

VIDA NÃO SE ESTOCA

Você acorda, abre os olhos e sente a divina e insubstituível sensação de estar vivo. Mais que depressa pega o seu “cartão de crédito” e, apesar de não saber o saldo que ainda lhe resta, agradece a possibilidade de ter mais 24 horas para gastar como lhe aprouver.
Enquanto toma café (que dádiva esse prazer), pensa em como irá investir o seu tempo no dia de hoje. Seus olhos brilham, pois, o sol que lhe aquece, convida também para uma caminhada matinal, antes do trabalho. Agradece pela saúde do corpo e da mente. Reflete ainda que, enquanto muitos estão na estatística do desemprego, você tem a divina oportunidade de ocupar o seu tempo realizando algo que lhe traz satisfação e que, de alguma forma, atende a necessidade de alguém.
Em meio à reflexão, lembra de um amigo que está no hospital. Revê em sua mente as várias cenas que dividiram juntos e neste instante, lágrimas lhe descem pela face. Inclui em sua programação, um reencontro e, ao mesmo tempo, faz uma prece para que o “cartão” dele ainda tenha muitos créditos a serem gastos.
Enquanto caminha, percebe as diversas manifestações do cotidiano: um senhor e um cachorro andam juntos em uma silenciosa cumplicidade; um pai atento leva pelas mãos a filha em direção a escola; garis recolhem o lixo que se avolumam nas calçadas, como se fizessem parte de uma equipe de balé sincronizado; uma senhora de cabelos brancos carrega nos braços, o pão e o leite, símbolos diários de união familiar em uma mesa de cozinha; carros apressados trafegam nas artérias da cidade em um incessante e contínuo movimento. (O sangue parece também correr mais em suas veias). Simultaneamente, no banco da praça, amigos de idade avançada confidenciam e relembram histórias. Você agradece por ser espectador e ator coadjuvante no universo. “É a vida, é bonita e é bonita...”
Mas, uma cena lhe recorda o avesso. Uma criança pede esmola na calçada e ao olhar para ela, você se transporta a outros lugares. Pode sentir no corpo, vidas se esvaindo na seringa das drogas, no copo da bebida que transborda desencantos, na prostituição que seqüestra almas, na violência que aborta os sonhos.
Quantos “cartões” desperdiçando créditos valiosos? Quantas vidas estão em débito consigo mesmas? Quanto tempo ainda resta para um reencontro, um recomeço, um reviver?
Sim, porque a vida não se estoca, não se prorroga, não se economiza hoje para se gastar amanhã. Ela é perecível, singular, insubstituível. É terna. É divina, pois imagem e semelhança.
Vida é substantivo que convida a viver com todos os adjetivos: grandiosa, brilhante, ativa, solidária, feliz...
Você continua sua caminhada pelas ruas. A vida conta com você.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Dura Lex , Sed Lex?

A vida de qualquer cidadão é regulamentada por leis. Tem lei pra tudo. Pense comigo. Só para começar, se você mora em apartamento, tem as leis do condomínio, se mora em casa, deve respeitar a lei do silêncio, isso sem falar na lei de zoneamento. Ao sair de casa, seja pedestre ou motorista, deve respeitar as leis de transito. Tem gente que leva isso tão a sério que tem lei até no nome: Durcilei, Francislei, Vanderlei. Mas, o mais grave não é a lei da gravidade, é o desrespeito à lei, fruto muitas vezes das ações daqueles que são justamente os responsáveis por elaborar as leis. Alías, o nosso país é um dos poucos onde existe lei que pega e lei que não pega, ou seja, existem leis que já nascem para serem desrespeitadas mesmo. Por outro lado, existem leis no Brasil que pegaram. Uma delas é a que ficou conhecida como a Lei de Gerson, ou seja, aquela dos que querem levar vantagem em tudo, certo?
A outra é a lei do menor esforço, ou seja, faz assim mesmo que tá bom. Outra que pode ter uma releitura apropriada em nosso país é a lei da inércia, criada por Newton, que determina que “na ausência de fatores externos, um objeto em repouso permanece em repouso”. Talvez, por isso, pela inércia de todos nós brasileiros, é que muitos políticos fora da lei, continuam no repouso das suas benesses, exercendo os seus podres poderes, com já disse Caetano.
E olha não é por falta de lei que esse país não se endireita. O Brasil lidera o ranking mundial em matéria de fabricação de leis. Temos 25 mil leis federais, cinco mil decretos leis, mais de um milhão e meio de atos normativos, centenas de resoluções, além das famosas medidas provisórias. Das mais de 22 mil propostas apresentadas por deputados e senadores desde 2003, cerca de 70% delas foram requerimentos e matérias com pouco ou nenhum impacto na coletividade. É lei de mais e soluções de menos, muita atividade, pouca produtividade. E olha que o Brasil é o sétimo país do mundo que paga melhor os seus parlamentares.
Por último vale refletir uma frase de Anacaris, um dos sete sábios da Grécia: “as leis são como teias de aranha, os pequenos insetos prendem-se nelas e os grandes rasgam-nas facilmente.”

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

SOBRE INFLUENZA, STRESS E VIROSE

Se você é da época que quando ficava com difluxo, ou seja, gripado, bastava um chazinho, ou uma beberagem preparado por sua mãe, ou sua avó, sinto em lhe dizer que as doenças mudaram muito. Por exemplo, essa gripe de agora que engripou o mundo global. Quando ela atinge as classes sociais mais influentes, é chamada de influenza A, ou seja, gripe para pessoas influentes da classe A. Em outras palavras, uma gripe com grife. Mas, se você for de classe social com menor poder aquisitivo, que é como os ricos chamam os pobres, aí, não tem jeito, é gripe suína mesmo. É uma gripe tão refinada que exige luva e máscara para ser evitada. Aliás, supera até os doutores da igreja. Em alguns templos da cidade, foi solicitado aos fiéis que eles se cumprimentassem apenas com um aceno de mão ou de cabeça, para evitar o contato físico. Ou seja, confie em Deus, mas desconfie da gripe.
Quer outro exemplo? Antigamente quando uma pessoa se sentia cansada demais, com “excesso de costura”, quer dizer de trabalho, dizia-se que ela estava com estafa. Qualquer coisa, ela tinha um xilique, quer dizer, uma crise nervosa. Nos dias atuais, o mesmo sintoma ganhou uma palavra mais nobre: estresse. Se preferir diga stress, fica très chic. Mas tome cuidado, o stress pode provocar queda na imunidade e você poderá contrair a influenza A. Em outras palavras, a estafa pode deixar você fraco para pegar a gripe suína.
Outra moda de hoje é a tal da virose. Ela pode ser atribuída a qualquer doença quando não se descobre a causa. O médico virou você de bruços, virou você de lado, virou você de frente e não descobriu a doença. Nem bem você virou as costas e ele lhe dá o diagnóstico: Você está com virose!
É, o mundo das doenças está cada vez mais difícil de ser traduzido.
Por tudo e em caso de dúvida, o Ministério da Saúde, adverte: não desaparecendo os sintomas, procure um médico, acompanhado de um dicionário.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Caminhar

Você tem caminhado ultimamente? Não, não estou me referindo a “fazer caminhada” ou “praticar o Cooper”, ou ainda “andar na esteira”. Estas ações que, para nós, seres bípedes deste século, tornaram-se sinônimos de caminhar. Na realidade, são apenas produtos de uma sociedade que capitalizou a saúde, que nos impôs fórmulas para alcançar, a não menos pasteurizada e homogeneizada, “qualidade de vida”.
Repare em todos nós que andamos, ou corremos, nos parques e avenidas. Diga-me se não parecemos andróides, personagens reais do Blade Runner ou de “O Admirável Mundo Novo”. Colocamos roupas e calcados adequados, fazemos “cara de saudável”, disfarçamos nossas preocupações e pronto: vamos para a pista de caminhada. (Não é irônico refletir que hoje para caminhar necessitamos de uma pista? Viramos máquinas, literalmente). Dizem, os médicos, os personal trainers, os proprietários de academia, as revistas e o vizinho ao lado, que faz bem para a saúde. Não discutimos, mas, tais atitudes nada tem a ver com caminhar. Ah! Como as palavras perderão suas origens. Como já esquecemos o que é caminhar.
Caminhar não é utilizar as pernas e os pés. Exige mais alma que músculos. É mais filosofia que anatomia, mais introversão que extroversão, mais conteúdo que imagem. É percorrer um caminho, reparar no caminho, viver o caminho.
Experimente em uma noite dessas, andar pelas ruas, naquelas que fizeram parte da sua infância. Veja as casas, repare nas janelas e portas, naquele muro ou portão que fez parte do seu primeiro amasso. Inale o perfume das flores, se apaixone pela mesma lua, aquiete o seu coração. Perceba, depois de muito tempo, você voltou a caminhar.

domingo, 19 de julho de 2009

Drogas do cotidiano

Existem drogas que toda a sociedade conhece de uso ilegal no Brasil: a maconha, o crack, a cocaína. Responsáveis por dizimar sonhos, por assassinar ideais, por desconstruir famílias.
Mas, existem outras tão letais quanto estas, mas que são legalmente inaladas e absorvidas pelos usuários, cidadãos comuns de uma sociedade doente.
Uma delas vem embrulhada em papel de presente. Droga estimulante muito citada em livros, revistas técnicas e em palestras proferidas pelas inteligências do mundo moderno: a competitividade. Esta droga nos força a ser super-heróis, a considerar todos a nossa volta como adversários. Torna maior também as nossas exigências sobre nossos filhos, empregados ou colegas de trabalho. A competitividade do "Você Sociedade Anônima", dos treinamentos que se rotulam como motivadores do ser, quando na verdade, incitam ao ter. A competitividade em casa, na escola, no trabalho. Qual é o nosso diferencial competitivo? Como vencer nossos oponentes? O que nos faz melhor que os outros? Como alcançar o sucesso?
Outra droga tem também embalagem atraente, sedutora, como subproduto da competição: a droga do consumo. É o carro X, o celular Y, o mais novo lançamento. Aquele produto que trará um novo status, a ascensão social, a aceitação e o reconhecimento de todos e que nos deixa depressivos quando não conseguimos atender ao convite do "Compre! Aproveite! Não perca esta promoção!".
Existe outro alucinógeno mortal que modifica comportamentos e que na maioria das vezes, se veste de terno e gravata, e freqüenta, principalmente, o meio político causando profunda dependência. A droga do poder. O poder do cargo, da pena, do ato, o poder da ordem. O que manda e desmanda, o que passa por cima, o que infringe leis, o que humilha e que subverte, o poder que corrompe. A droga do poder tem efeitos duradouros e colaterais, na miséria da sociedade, na inacessibilidade da educação e da cultura, na preservação do fosso social.
O poder, o consumo e a competitividade são combustíveis que alimentam uma sociedade capitalista. Infelizmente, se torna extremamente difícil, senão impossível, reverter um quadro em que todos nós somos, por assim dizer, dependentes crônicos.

sábado, 11 de julho de 2009

SENADINHO

Em Poços existe um local muito freqüentado conhecido como Senadinho. Um espaço democrático, pois ali se encontram pessoas de diferentes idades, profissões e classes sociais, para beber um papo , conversar sobre cervejinha, comer um tira gosto, jogar um truco e falar bem da vida alheia.
Em Brasília existe um local muito freqüentado chamado Senado. Um espaço aparentemente democrático, pois por lá se encontram, vez em quando, 81 senadores que representam os 27 estados da federação, sendo 3 senadores por estado. Além disso, passam pelo mesmo espaço, mais de 3.500 funcionários terceirizados que custam anualmente R$ 155 milhões por ano aos cofres públicos, além do custo dos cerca de 2.500 servidores de carreira.
No Senadinho, há quem esconda o jogo, afinal, faz parte da estratégia do truco. E o zap, a carta de maior valor, pode estar na mão de qualquer um dos jogadores, já que a sorte é quem manda. E se tem uma coisa que não se aceita no Senadinho, é a trapaça, o jogo sujo. Se isso acontecer, o jogador, com certeza, é expulso do local, e perde a cadeira, além da amizade de todos da mesa.
Já no Senado existem muitos que escondem os seus atos e blefar faz parte de um jogo de cartas marcadas. Aliás, o zap tem dono: ele é do presidente do Senado, atualmente o senador José Sarney , um verdadeiro coringa e que tem um parceiro forte, o próprio presidente da república, que afirmou recentemente que “Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum”.
No Senadinho alguém sempre perde o jogo, é a regra. Já no Senado, as regras são outras, conforme se descobriu naquilo que ficou conhecido como “atos secretos”. Estima-se que mais de 300 atos secretos foram usados nos últimos dez anos para distribuir privilégios a parlamentares e funcionários, através da criação de cargos, do aumento de salários e no emprego de amigos e parentes. Sarney, o homem do zap, afirmou não saber da existência dos atos secretos , o que cabe uma sugestão: que tal ao invés de Senado, não se chamar aquele local de “Seinada”.
Uma das expressões mais utilizadas no Senadinho é quando alguém está com uma excelente carta na mão e grita “Truco! Seis! Ladrão”. Talvez, seja esse o grito que falta ser dado por nós, brasileiros, para todos aqueles que jogam sujo e que trapaceiam com as nossas esperanças e as nossas crenças.
Sorte de Poços de ter um Senadinho. Azar do Brasil de ter um Senado.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Michael Jackson

A morte é esta presença muito antiga, mas que tanto ainda nos incomoda.
Ela nos chega próxima, quando alguém de nossa família, ou um de nossos amigos se vai. E leva sempre com ela, a conversa inacabada, o abraço que faltava, o sorriso que faltou compartilhar...
“-Mas, como? Ainda ontem estávamos juntos...”
A morte é o ponto final, quando ainda vivíamos a reticência.
A morte de Antônios e Pedros, de Marias e Anas, de Josés e Fátimas, nos deixa a sensação de uma corrente arrebentada, de mãos que se desuniram. Em nosso documentário pessoal fica faltando uma personagem, alguém que contracenava com a gente e, sem ela, o enredo de nossa vida parece perder a direção.
A morte, por vezes, nos parece um bandido a eliminar nosso herói, ainda no início do filme.
Existem pessoas que ao morrer, levam junto um pouco da história humana. Elas acompanharam, com sua arte, o nascimento de um filho, a comemoração de uma vitória, o encontro de dois corpos, a alegria de gerações.
Michael Jackson se foi e nos deixou a sensação que faltava ainda uma dança, uma música, um show, um novo clipe. Ironicamente com sua morte, é que percebemos sua vida e a sua existência em nós, chineses, africanos, brasileiros, australianos, espanhóis...
A morte é lâmpada que se apaga, onde ainda existe tanta carência de luz.
Era uma vez um menino chamado Michael que viveu na Terra do Nunca e que nasceu para alegrar, inspirar, encantar. E que nos legou sua arte, sua dança, sua música. Errou sim como homem, mas deixou em sua passagem pela Terra, a criança divina que teima ainda em existir em nós.
“Cure o mundo. Faça dele um lugar melhor. Para você e para mim e toda a raça humana-(“Heal the world”- Michael Joseph Jackson).

domingo, 28 de junho de 2009

Muito careca vendendo loção para crescer cabelo

Eu não sei se a situação é mundial, nacional ou municipal. Mas, já percebeu o que tem de advogado com problemas na justiça? Quantos médicos estão enfrentando problemas de saúde por uma alimentação irregular, sedentarismo, cigarro e álcool? Quantos psicólogos e psiquiatras desnorteados com sérios problemas emocionais?
Engenheiro civil sem casa para morar, dentista com problemas odontológicos, jornalista desconhecendo a língua portuguesa, publicitário sem idéias para equacionar a vida financeira, administrador necessitando de consultorias, hoteleiro sem a mínima hospitalidade, vereador que desconhece a Lei Orgânica, policial preso por atos ilícitos, padre precisando de sermão...
Enfim, estamos vivendo um tempo em que poucos seguem o que apregoam. Nunca o jargão “casa de ferreiro espeto de pau” serviu tanto e para tantas atividades e profissões.
Claro, existem defesas. O fato de uma pessoa ser médica não a livra de problemas de saúde. Nem um psicólogo de ter problemas emocionais. Agora, que é cada vez maior o número de pessoas que indicam soluções que elas mesmo estão necessitando, disto não tenho dúvidas.
Será que é sintoma da vida corrida, do estresse, da violência, do desemprego?
Buscando uma explicação, liguei para um sociólogo, que não quis me atender, pois disse ter dificuldade de relacionamento (outro caso?).
Conversei aleatoriamente com outras pessoas sobre essa situação. Um profissional de educação física (extremamente obeso), um professor (não entendi nada do que ele tentou me explicar), até um motorista profissional com 30 anos de carteira (encontrei-o na delegacia de trânsito, tentando resolver suas multas), mas não encontrei uma resposta convincente.
Acabei parando em um cabeleireiro, que ao notar que os meus cabelos estavam caindo, me ensinou uma “fórmula milagrosa” que fazia crescer cabelos em 30 dias. E fez valer o ditado: a careca dele reluzia no espelho.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Procura-se jornalista para trabalhar na cozinha

Os juízes do Supremo Tribunal Federal, em “panelinha”, extinguiram a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, comparou a profissão de jornalista com a de cozinheiro. Supõe-se que, certo dia, ele tenha ouvido a expressão “esquentar a notícia” e a partir daí, jornalismo e culinária foram incluídos como sinônimos no cardápio do ministro.
Realmente, o chef de cuisine do STF provoca indigestão a todos aqueles que sabem que jornalismo não é self service, muito menos fast food. Que não basta reunir ingredientes como “saber escrever”, “ter um bom conhecimento geral”, para exercer a profissão. Mais que isso, o jornalista deve ter um compromisso com a ética, com a educação, com os resultados que a sua fala ou a sua escrita irão provocar na sociedade.
Os juízes do STF erraram na mão e colocaram no mesmo prato, curso de jornalismo e liberdade de expressão, como se o primeiro impedisse a existência do segundo. Meteram a colher em um assunto que desconhecem, pois talvez, nunca freqüentaram um curso de jornalismo. Não sabem da existência de laboratórios de fotografia, de rádio, de televisão, informática e planejamento gráfico. Que se ensina filosofia, psicologia, sociologia e antropologia como bases fundamentais para o exercício da profissão.
É como se para ser juiz, bastasse ler a constituição. Aliás, diga-se de passagem, que para ser ministro do Supremo, não é necessário se prestar concurso público, bastando ser nomeado pelo presidente da República, com aprovação pelo Senado Federal. Ou seja, este negócio de “com curso” não é realmente bem aceito pelos ministros do Supremo.
Em um país que passa fome de educação, de cultura, de profissionalismo, a decisão enfraquece ainda mais as instituições e debilita o já enfraquecido organismo social.
É cedo ainda para prever os resultados da não obrigatoriedade do diploma. Os cursos de jornalismo serão fechados? Quais as conseqüências na mídia? Quem lutou para conquistar um diploma de jornalismo, faz o quê? Os professores de jornalismo farão um curso de culinária no SENAC?
Infelizmente, existem muitos cozinheiros, que não se preocupam com o resultado no preparo de leis, quer dizer, dos pratos a serem servidos.
Primeiro porque eles estão com a faca e o queijo na mão e também porque não são eles que irão comer mesmo. E quer saber, depois do preparo, basta lavar as mãos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FICANTE

Há algo de novo no ar, outra forma de agir, de sentir de amar (?)
Um verbo de ligação, sem muita encucação, parceria momentânea, uma moda estranha, o negócio é ficar.
Ficar num abraço, num beijo, num amasso.
Ficar por ser hoje, ficar no talvez, quem sabe mais de uma vez?
Por vontade, ou não, ficar por tesão, ou por solidão
Sem saber o nome, pra matar a fome, ficar por instinto.
Ficar sem motivo, por estar vivo, sem nexo, por sexo, porque é fim de semana.
Ficar por ser noite, sem compromisso, ficar por vício.
Sem telefonema, sem muito problema, nem escreva um poema.
Ficar rapidinho, sem tempo a perder, ficar por lazer, por prazer, por estar carente, ficar de repente, pra provar que é gente, não importa o amanhã.
Ficar sem paixão, por paixão ou simples compaixão.
Ficar por curtir, por existir, por não resistir.
Por ter alguém por perto, quem sabe dá certo?
Porque a carne é fraca, pra não ser babaca, ficar por refrão.
Ficar por isto ou aquilo, sem isto ou com aquilo, ficar a dois.
O tempo é o agora, a vida é o agora, existirá um depois?

domingo, 31 de maio de 2009

NÃO HÁ VAGAS, VAGAS

O número de carros em Poços aumenta a cada dia, fruto do crescimento da cidade, dos turistas e de milhares de moradores de municípios vizinhos que buscam produtos e serviços no mercado local.
Daí que achar uma vaga para estacionar na área central, principalmente nos horários de pico, se torna o fim da picada. Vale tudo. Desde o misticismo de cruzar os dedinhos, até o de comprar cavalete e colocar na frente do estabelecimento como se fosse vaga reservada.
Dias atrás estava com minha esposa no carro e eis que, senão, quando, me aparece uma vaga para estacionar bem na área central. Para surpresa dela, estacionei imediatamente, mesmo sabendo que, na verdade, eu estava me dirigindo para um bairro afastado do centro. Justificando minha atitude, disse a ela: “Você acha que iria perder essa vaguinha? Nunca!”.
Em outra oportunidade, depois de tanto vagar, fui parar na Praça Getúlio Vagas, quer dizer, Vargas, para conseguir um local para estacionar.
Mas, ao invés de ficar divagando sobre o tema, o importante é buscar soluções.
Uma sugestão econômica é a de deixar o carro em local que a gente tem absoluta certeza (pelo menos, por enquanto) que tem vaga: na garagem.
Outra idéia é mais taxativa: virar taxista. Além de pagar taxas mais baixas de financiamento para aquisição de um carro novo, existem mais vagas na área central para os táxis, que o número de táxis existentes. Aliás, taxímetro é um aparelho que identifica o número de táxis por metro, e, aqui em Poços, se considerarmos o espaço reservado para os táxis...
Quer outra alternativa? Ao invés do cavalete que já está manjado, comprar um cavalo e virar charreteiro. Tudo bem que você vai ter que conviver com as fezes do animal, por outro lado, vai deixar de ficar “enfezado” com a falta de vagas.
Uma solução mais esportiva e saudável, que pode dar pedal, é comprar uma “magrela”. Vai haver certa (muita) dificuldade nos morros, mas pelo menos, você não vai morrer (ou matar), para conseguir um espaço e colocar sua bike.
Existem outras soluções a serem estudadas: ônibus, motocicleta, skate, patins, patinete, paraglider, o monotrilho (hein???).
Porém, muita gente está optando mesmo por voltar a andar a pé. Faz bem para o corpo, para o bolso e só se gasta a sola do sapato. Tudo bem que você vai ter que driblar os distribuidores de panfletos, as mesinhas nas calçadas, os buracos no chão, os cocôs de cachorros, os chicletes que grudam e os pedintes que grudam (incluindo os “amigos”), as madames que ficam olhando vitrines sem nada comprar, os divulgadores e divulgadoras de operadoras telefônicas, os chatos das esquinas que possuem soluções para todos os problemas, os “lobos em pele de cordeiro”, os que te esbarram por terem muita pressa e os que você esbarra por não terem pressa nenhuma, os que te falam “você tá sumido” e os que você quer que sumam realmente...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vulcão adormecido

O boato se alastrou
Como fogo de morro acima
Não se sabe quem falou
Mas, virou prosa de esquina

Dizem que foi um pastor
Um homem de religião
Que num pesadelo de horror
Anunciou a premonição

O vulcão adormecido
Igualzinho ao pastor
Acordaria estremecido
E espalharia o terror

Seria no mês de Maria
Mês das mães, Nossa Senhora!
Que o vulcão explodiria
Jogando as lavas pra fora

A cidade de real nobreza
Das águas quentes do chão
Soube que, das profundezas
Viria grande maldição

Dos céus surgiram os caças
Era um aviso, triste certeza
Só restaria cinza e fumaça
Da terra da saúde e beleza

Antes porém, de tudo acabado
Como aconteceu com Pompéia
O povo então, foi tocado
Como a vinda de Panacéia

Era gente por todo o lado
Que se encontrava como outrora
Juntou-se o culto e o mal letrado
Houve sogra abraçando nora

Viu-se muito marmanjão
Com cara de arrependido
Gente pedindo perdão
Pelos pecados cometidos

Mas o tempo foi passando
E nada enfim, aconteceu
Um novo dia foi chegando
E o amanhã...amanheceu

Foi um alívio muito grande
A vida voltava ao normal
Não existia o inferno de Dante
Nada daquilo era real

O dia-a-dia foi seguindo
Com a multidão de novo apressada
O vulcão continuou dormindo
Tudo não passou de uma piada

Mas, o pastor continua a insistir
Que o vulcão vai explodir qualquer hora
Pois, o que permanece em nós a dormir
É o amor que na gente inda mora

domingo, 3 de maio de 2009

Tic Tacs e Piripaques

No início, o homem marcava o tempo pela posição do sol e daí nasceu o primeiro instrumento astronômico: o relógio do sol. Passado algum tempo, o homem inventou a ampulheta e a passagem do tempo foi mensurada pela areia existente no interior deste aparelho.
Naquela época, o tempo era uma areia movediça que, através de um pequeno orifício, consumia lentamente a vida.
Posteriormente, inventou-se o relógio de bolso que tinha uma tampa e, dizem, (pois isso não é do meu tempo) que até se tirá-lo do bolso e ver as horas, o tempo demorava mais para passar. O relógio ficava escondido , como o dinheiro e, lentamente, gastavam-se o tempo e o dinheiro. A frase “tempo é dinheiro”, é razão da convivência antiga entre ambos.
Naquela época, o relógio é que se preocupava com o tempo.
O tempo passa e Galileu Galilei (que não era uma dupla sertaneja) inventa a Lei do Pêndulo e a partir daí, ficamos “dependulados” no tic e tac (deve existir uma dupla sertaneja com este nome) do relógio. Começávamos a ter tiques e taques nervosos a cada movimento do pêndulo.
O tempo não para e no início do século XX, com a preocupação em ver as horas e não perder o comando do seu teco-teco, o brasileiro Santos Dumont inventa o relógio de pulso. A partir daí, o batimento do coração , termômetro da vida, passa a ser resultado do relógio, cronômetro do tempo.
Hoje, a vida se funde e se confunde com o tempo. O tic tac acelera o nosso batimento cardíaco e passamos a ter piripaques buscando gastar melhor o tempo.
Estamos cercados por todos os lados e os relógios na parede, na torre da matriz, no pulso, no celular ou na tela de um computador nos olham como sensores do tempo, censores da vida.
Somos acordados ao som de um despertador. Digitalizamos o tempo e a tecnologia nos trouxe o relógio a quartzo e o atômico. E uma pergunta a todo momento vem nos atormentar: que horas são?
É a vida sendo fatiada em segundos, minutos e horas na nossa absoluta falta de tempo.
O passado é hoje e o futuro já passou. Corremos atrás do tempo e ele não se deixa alcançar. Prossegue sem olhar para trás, sem esperar os cansados, sem prolongar as vitórias. Consome as horas, engole as estações, percorre veloz o calendário, sem se preocupar com os que se afligem com a aproximação inexorável do final.
O tempo é insensível.
A morte é apenas o ponteiro que parou, o aviso de que o nosso cartão do tempo ficou sem crédito.

sábado, 25 de abril de 2009

Sonho de Ícaros

Sinceramente, sou contrário a impedir que os deputados viajem para o exterior a lazer com passagens pagas pelo dinheiro público. Por mim, eles deveriam ir sim com as passagens pagas pelo Congresso. Só imporia uma pequena condição: que eles não voltassem. Pois, fala sério, o problema não é os deputados irem para outros países a passeio com passagens pagas pelo cidadão, o pior é eles voltarem depois para o nosso país.
Há que se ressaltar também que com a crise econômica o brasileiro precisa apertar o cinto e os deputados estão fazendo a sua parte, apertando o cinto de segurança em suas viagens.
Entrevistado por uma emissora de TV, um deputado defendia a idéia de viajar, acompanhado da esposa. Alegava que eram 30 anos de vida conjugal e que ele não gostava de viajar sem a mulher. O amor é lindo! Comecei a compreender a razão de muitos deputados alegarem que cumpririam um mandato transparente. Por detrás da boa intenção, havia uma empresa aérea: a Trans-Parente. Dá para entender também porque o plano urbanístico de Brasília, é chamado de Plano Piloto e a cidade ser dividida em Asas Sul e Norte. Talvez explique o fato do deputado criar asas e comandar o dinheiro público como se não tivesse que prestar contas ao cidadão do seu plano de voo. Somente nos últimos dois anos, foram mais de 800 mil reais em viagens internacionais, muitas delas, principalmente para a Europa. Talvez seja pela influência de deputados que possuem sobrenomes de países europeus como a deputada Alice Portugal e os deputados Ariosto Holanda e Marcio França.
Curioso é o fato dos os deputados do Piaui preferirem a cidade de Miami (leia-se “Maiami”) nos Estados Unidos. Dizem que é por uma questão de carência afetiva, já que possivelmente os referidos deputados leiam Miami e aí o amor novamente é a causa das viagens.
Após a descoberta da “farra das viagens” agora deu pane realmente na Câmara e tem gente dizendo que vai abrir a caixa preta e comentar sobre outras denúncias como a venda das passagens aéreas feita por alguns deputados.
Como tudo na vida ensina, vale fazer uma analogia entre a mitologia grega e a farra das passagens, através do que ficou conhecido como Sonho de Ícaro. Conta a lenda que Dédalo construiu asas artificiais para que ele e seu filho Ícaro voassem e se libertassem do labirinto onde estavam presos. Porém, eles deveriam voar a uma altura média, nem tão próxima ao sol, para que o calor não derretesse a cera das asas, nem tão baixa, para que o mar não pudesse molhá-las. Mas, Ícaro, inebriado pela sensação de liberdade e poder, chegou muito perto do sol e a cera de suas asas se derreteu e ele caiu no mar.
Deputados inebriados pela sensação de liberdade e poder, se encantam com o brilho da sua função e se esquecem de que o dinheiro que recebem é fruto das batalhas de cada cidadão e assim se aproximam da corrupção e do desmando e caem no mar de lama que se tornou o Congresso.
Para o honesto cidadão brasileiro, pagador de imposto, sobra o sabor do desgosto e a velha frase: “o ultimo que sair, apague as luzes do aeroporto”. Fui!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Monotralha

Poços de Caldas, pelo que se sabe, é o único município no Brasil que possui o monocarril. Rimou, mas tem muita gente fazendo outra rima, que não cabe citar nos trilhos deste texto, pois o monotrilho (ou monocarril) é hoje, infelizmente, um “trem bolho” que se estende desde o Terminal de Linhas Urbanas até o Terminal Turístico e Rodoviário. A palavra terminal é significativa, pois representa verdadeiramente o estado em que se encontra tal “meio de transporte “na cidade.
O monotrilho possui vários comboios. Aliás, qualquer semelhança com outro veículo que funciona com bois não tem procedência, já que o carro de boi funciona e faz tempo e o citado monotrilho não funciona e faz tempo também. Estes comboios têm capacidade para 36 passageiros, lembrando que tudo na vida é passageiro, menos o motorista, o cobrador e agora, o monotrilho que está se tornando um problema permanente.
São seis quilômetros de vias suspensas (que estão realmente com as atividades suspensas) cujas vigas de concreto, hoje se encontram em condições abstratas, já que não têm, por assim dizer, utilidade concreta.
O monotrilho (hoje, monotralha), teve sim, seus momentos de glória. Isto na década de 80, em sua fundação (hoje, afundação) quando trazia a esperança de ser um moderno veículo de transporte de massa (que acabou em pizza) e que se tornaria também uma atração inédita para os turistas (está inédita até hoje). No trajeto da sua história, por volta do ano 2000, um tremor de terra de 0,00005 graus na escala Richter, relatado até por um internauta , derrubou parte da sua estrutura. Além disso, anos atrás, estavam fazendo testes para o início das operações e houve um descarrilamento, que só não provocou danos maiores pois não existia ninguém no seu interior, exatamente como hoje.
Diga-se também de passagem (nem de ida nem de volta) que o monotrilho traz uma visão futurística que contrasta (ou seria com traste?) com alguns prédios públicos vizinhos e já tombados pelo patrimônio público como o Palace Casino e a Urca. Sobre o mesmo tema, há quem defenda o tombamento, ou derrubamento, ou mesmo o desmanchamento do referido elefante branco.
O certo é que ninguém sabe qual será a solução para o problema. Algumas idéias já foram dadas, como o de transformar os trilhos em pista elevatória de Cooper, ou mesmo plantar flores nos trilhos para transformá-los em uma espécie de Jardim Suspenso. Tais idéias foram consideradas fora da bitola, quer dizer, bitoladas, e não deverão ser aproveitadas. Por tudo, parece que a cidade terá que se conformar e conviver durante um bom tempo ainda com o monotrilho que não funciona. Dizem também que ele não funciona porque é mono, pois se fosse estéreo...
O monotrilho de Poços é um problema que nem o ministério público consegue resolver. Na verdade é um mistério público mesmo, já que existe um contrato entre a prefeitura e os construtores da obra, porém, ninguém parece saber onde está o referido contrato e qual o seu teor. Cabe ressaltar ainda, que o monotrilho é uma iniciativa pública realizada pela privada.
Mas enquanto nada se resolve, o monotrilho se entrelaça com as árvores das avenidas João Pinheiro e Francisco Salles, e se algum pintor resolvesse retratar tal encontro em uma tela, com certeza, seria literalmente, uma pintura de natureza morta.
Mas, daqui a centenas ou milhares de anos, quem poderá dizer, alguns arqueólogos estarão no mesmo local onde hoje se encontra o monotrilho. E ao realizarem as suas escavações, encontrarão uma placa amarelada pelo tempo, com os seguintes dizeres: “Aqui jaz o Monotrilho, que foi sem nunca ter sido”.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Escrevo

Escrevo
como quem pede um abraço
como quem convida um vizinho
como quem perde o passo
como quem busca um caminho

Escrevo
para aliviar o cansaço
para distrair-me do mundo
para gritar-me no espaço
para um mergulhar mais profundo

Escrevo
como quem pede auxílio
como quem se asfixia com o ar
como quem vive em exílio
como quem se afoga no mar

Escrevo
para decodificar a vida
para libertar-me do mal
para retardar a partida
para adocicar o sal

Escrevo
como quem se liberta
como quem se disfarça
como quem se desperta
como quem se diz farsa

Escrevo
para suportar a luta
para liberar o fel
para dividir a multa
para alcançar o céu

Escrevo
como quem se soma e reparte
como quem foi e não partiu
como quem na terra foi marte
como quem da arte pariu

Escrevo
para conversar com a morte
para perfumar-me de incenso
para azarar a sorte
para não morrer de silêncio.

domingo, 12 de abril de 2009

BRASILEIRO

Apesar de conviver com a corrupção generalizada, com as falcatruas e os maus exemplos daqueles que deveriam ser modelos de ética e de conduta ilibada, o cidadão brasileiro, em sua grande maioria, preserva o nome, como o seu maior patrimônio.
Através da persistência, da luta contra as dificuldades, do amor à família, o brasileiro, que não desiste nunca, cumpre com os seus compromissos, no trabalho honesto de cada dia.
Por vezes, se desanima com o salário injusto, com a ganância dos mais ricos, com os preconceitos, com a burocracia do governo que emperra seus sonhos, com uma justiça morosa e, não raro, injusta, um sistema de saúde deficitário e com os privilégios dos políticos. Mas, no outro dia lá vai ele, cabeça erguida, com fé em Deus e em seu santo de devoção, cumprir mais uma jornada em busca do sustento da sua família.
Sua face registra os desafios da vida, o cansaço da lida do campo ou das ruas. Mas, seus olhos brilham sempre, com aquela luz especial que só aqueles que cumprem com a sua missão podem ter.
Não ganha titulo de honra ao mérito, nem sai em colunas sociais, não é homenageado em escolas, não empresta o seu nome a ruas ou avenidas. Não ganha busto em praça pública, nem tem seu nome gravado em placas de obras. Não é reconhecido nas ruas, não tem sobrenome tradicional, não concede entrevistas, e morrerá provavelmente anônimo, sem bandeiras ou frases de homenagem em sua lápide.
Mas, é ele quem confecciona as bandeiras, produz as placas, distribui o jornal. É ele quem, com suas mãos, coloca o busto na praça e as placas nas ruas.
É ele, cidadão das casas mais simples, do nome mais simples, da vida mais simples, o maior patrimônio, a grande riqueza de um país chamado Brasil.

sábado, 11 de abril de 2009

Libertas FM: nas ondas de uma rádio pública

O rádio é o jornal de quem não sabe ler, é o mestre
de quem não pode ir à escola, é o divertimento
gratuito do pobre, é o animador de novas esperanças,
o consolador dos enfermos, o guia dos sãos- desde que
o realizem com espírito altruísta e elevado, pela cultura
dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil”.


As palavras acima são de Roquette-Pinto que em 1923 implantou a primeira emissora de rádio no Brasil, a PRA-2 Sociedade do Rio de Janeiro. Mesmo que nos dias atuais, a tecnologia tenha alterado significativamente o panorama da comunicação, não só no país, mas em todo o mundo, principalmente através da Internet, as palavras do “pai da radiofonia no Brasil” são significativas e indicam o papel que o rádio pode desempenhar em uma comunidade. Assim, nos parece, foram os princípios que motivaram a criação da Rádio Libertas FM em Poços de Caldas.
A implantação da emissora só se tornou possível graças à iniciativa de várias pessoas, dentre elas, a do ex-prefeito Ronaldo Junqueira, que em 1973, encaminhou um projeto para a Câmara Municipal, aprovado no mesmo ano, através da Lei Municipal 2.149, de 23 de dezembro de 1973. Feito isso, houve a compra dos equipamentos importados dos Estados Unidos destacando-se o esforço de Ary Bressane, secretário-executivo do então Conselho Municipal de Turismo. Assim, no dia 05 de novembro de 1975, os sinais da Rádio Libertas FM eram sintonizados pela primeira vez, divulgando principalmente o turismo de nossa cidade e nossas belezas naturais. O nome “Libertas” teria sido sugestão do presidente do Conselho, o saudoso Mário Benedictus Mourão, fortalecido pelo não menos saudoso Vinicius Bertozzi, funcionário do mesmo Conselho e pai do locutor Pedro Bertozzi Neto. Para alguns, o nome teria também uma conotação política, já que o país atravessava um período de ditadura militar.
Por ser uma das primeiras emissoras públicas de freqüência modulada do interior, ter transmissores de grande qualidade e potência localizados no alto da Serra de São Domingos, pela qualificação de seus locutores e de sua programação, a Libertas FM era reconhecidamente uma das emissoras de destaque na radiofonia nacional e um instrumento importante de divulgação do turismo local.

“Na década de 70, o lançamento do sistema de
FMs impulsiona o surgimento de rádio educativas:
em 1971, começou a operar a Rádio
Cultura da Fundação Padre Anchieta e emissoras
ligadas a prefeituras municipais, como a Rádio
Libertas FM de Poços de Caldas (MG) que iniciou
suas atividades em 1975...”

(O Rádio Educativo no Brasil: uma reflexão sobre
suas possibilidades e desafios-Profa. Dra. Ivete
Cardoso do Carmo Roldão-PUC-Campinas
).


Daquela época para os dias atuais, e que me perdoem os leitores pelo salto histórico, a Libertas FM passou por diversas fases, por muitas alterações e por várias administrações públicas. Registro as minhas desculpas por não nomear dezenas de pessoas que certamente auxiliaram com esforço e dedicação para que a emissora permanecesse no ar durante todos estes quase 34 anos. Sem dúvida, uma emissora pertencente ao município, com todos os entraves burocráticos que norteiam a atividade pública, só se torna viável pela abnegação, pelo voluntarismo e pela dedicação de seus integrantes, e isso, com certeza, não faltou a quem já ocupou alguma função na emissora e não falta a todos que ainda estão nos quadros da Libertas FM.
A Libertas Hoje
A Libertas FM conta hoje com uma equipe de profissionais qualificados, sendo que a maioria está na emissora há mais de dez anos. Há alguns meses atrás, ações que ainda estão sendo investigadas pela polícia, danificaram o transmissor, e, por isso, os sinais da Libertas estão sendo captados apenas na área urbana do município. Em que pesem as dificuldades econômicas, um novo transmissor já está sendo providenciado pela atual administração, fruto principalmente, da compreensão do prefeito Paulo César Silva, que sabe reconhecer a importância da emissora para a comunidade, contando também com o apoio e o empenho do atual secretário de comunicação, Marco Antonio Dias de Paiva, ex-diretor da emissora.
Além disso, a mudança de local, qual seja, a saída do Complexo Santa Cruz para o centro da cidade, integrando-a às outras áreas da comunicação da prefeitura, é fator importante para que a rádio possa ser mais participativa e antenada literalmente com a vida do município.
Apesar de ser prematura qualquer análise sobre as mudanças, os desafios e o futuro da Rádio Libertas, é essencial enfatizar os princípios que norteiam uma emissora pública, sinalizados pela Associação das Rádios Publicas do Brasil (ARPUB), do qual a Libertas faz parte. “A missão institucional de uma rádio pública deve ser a de difundir, irradiar e produzir cultura, educação, cidadania, entretenimento, informação de qualidade e prestação de serviços, buscando atingir um público cada vez mais amplo de nossa sociedade”.
A Rádio Libertas é uma emissora pública, paga pelos impostos do cidadão poçoscaldense e que não visa lucros. O “lucro” que a Libertas FM pode dar ao cidadão é o “lucro social”, na veiculação de programas que cumpram função social, quer seja, através da formação, da informação ou da contribuição na divulgação dos valores e das necessidades da comunidade, indo ao encontro do que se reconhece como uma emissora educativa. Mais que locutores, a emissora deve ter em seu quadro de profissionais, rádio-educadores, compromissados com a informação e a formação dos cidadãos. Mais que o entretenimento que a música proporciona, a Libertas FM tem que cumprir sua função de transmitir cultura, através da veiculação de informações na área da saúde, da educação, da arte em suas diversas manifestações, entre outras ações.
A emissora, neste ponto de vista diferenciado, não pode furtar-se ao compromisso de divulgar as ações da prefeitura, não como propaganda de governo, mas, como um direito que o cidadão tem de saber onde está sendo gasto o dinheiro público, fruto dos impostos pagos pela comunidade. Neste sentido se faz necessário criar um padrão permanente para a emissora, possibilitando imunidade contra as mudanças cíclicas do mercado radiofônico comercial e as oriundas da gestão pública, valorizando ainda mais a Libertas FM, como uma “rádio cidadã”, verdadeiramente integrada em nossa comunidade.
Finalizando, a Rádio Libertas FM é um patrimônio público que deve contribuir com suas atividades para libertar o ser humano, através da informação, do entretenimento e do conhecimento, para que, a partir daí, o cidadão poçoscaldense seja um agente transformador e gerador de melhorias para a sua vida e de toda a sociedade.
Wiliam de Oliveira é jornalista (MTB 15.722) e atual diretor da Libertas FM.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Meio ambiente ou meio de vida?

O meio ambiente virou moda no mundo inteiro. Se por um lado, isso provoca maior conscientização sobre o assunto, por outro, infelizmente, se torna moeda de troca de pessoas e organizações que enxergam apenas o verde do dólar.
O meio ambiente virou meio de vida para muitos.
Na terra brasilis, não é diferente, ou você achou que fosse?
Primeiro porque, apesar de o país possuir muitos recursos naturais, ainda são muitos os que pensam mais nos recursos financeiros. E a nossa terra é fértil para isso.
Repare, são inúmeros os órgãos governamentais e não-governamentais para cuidar da ecologia. Um cuida da água, outro do solo, outro da flora, outro para fauna, outro fiscaliza, aquele pune, porém, inexiste uma ligação entre eles e aí, afloram os meios de se afanar os contribuintes por todos os lados.
A burocracia cumpre a sua parte e “molhar a mão” tem outros significados que nada lembra aquele recurso natural finito, que por sinal, anda necessitando de maior conscientização das pessoas quanto ao seu uso.
Outro dia pude vivenciar um exemplo prático de uma situação “biodesagradável”. Um amigo estava tentando há mais de um ano montar um pesqueiro, seguindo toda a legislação ambiental vigente. Porém, foram tantos os processos burocráticos, as intervenções de diversos órgãos, e algumas interferências querendo prestar “consultoria” que dias atrás, pensei em lhe dar uma camiseta de presente com a seguinte inscrição: “Quer ficar nervoso? Tente montar um pesqueiro”. Na verdade, ele já desistiu da empreitada e comentou que são muitos os pesqueiros que não seguem a legislação e estão em pleno funcionamento, mas ele, por querer ser “certinho”, foi sendo fisgado pelos “órgãos de proteção ambiental”.
Que fique claro que não estamos contra a legislação, nem a fiscalização dos órgãos competentes. Pelo contrário, acreditamos que a lei deve realmente coibir qualquer atitude que possa comprometer o meio ambiente, e, a fiscalização, por sua vez, tem que agir com rigor em relação a isso. Defendemos também as empresas sérias de consultoria ambiental que buscam orientar e nortear pessoas e empresas para a legislação vigente e as ações a serem realizadas. Mas, na prática, ainda notamos, a burocracia emperrando as relações, a falta de transparência nas informações, os órgãos ambientais agindo cada um com a sua própria regra, e neste ecossistema, algumas “consultorias” que têm acesso às decisões se valendo das relações para ampliar os seus projetos financeiros.
É isso. O Brasil é campeão em biodiversidade. Pena que alguns “profissionais” auxiliem o país a se destacar também em biodesonestidade.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Operação topa-buraco

Tinha decidido que não iria escrever nada sobre os buracos nas rodovias do sul de Minas, pois esse assunto já saiu mais de cinco mil vezes na imprensa, e, não resolve: os buracos não saíram de lá. Pelo contrário, “há mais buracos entre Poços e Machado, do que supõe a nossa vã filosofia” (adaptação histórica da frase de Shakespeare).
Recentemente, ao iniciar uma viagem com destino a Varginha, na Operação topa-buraco pela BR 267 (traduzindo: Buracos na Rodovia: 267 mil), que liga (ou desliga?) Poços a Machado, o meu carro caiu dentro de um deles e vejam só, arrumei a maior encrenca com outro motorista, pois bati em seu carro que também estava dentro do mesmo buraco.
E vai aqui minha primeira reclamação: as autoridades (in) competentes precisam ampliar o tamanho dos buracos, pois, os mesmos, já estão causando problemas de estacionamento. E não para por aí, o pior disso, é a briga na justiça entre as cidades interligadas pela “buracovia”, pois, estão querendo cobrar IPTU de quem ocupa os buracos nas estradas. Isso sem contar o pagamento do IPVA (Impossível Passar, Vai Andando)...
O assunto é motivo de piadas, principalmente, em rodinhas de amigos, jogando buraco. Um diz: tem buraco na fila esperando a sua vez para ocupar a estrada. Outro arremata: a estrada melhorou muito, agora só tem um buraco, ele vai de Poços até Machado. E um terceiro diz, filosoficamente : tem muito asfalto naquele buraco.
Contudo, o tema exige seriedade, pois, os referidos buracos estão causando problemas psicológicos em vários motoristas. Muitos estão entrando em depressão, ou seja, é a verdadeira redundância problemática.
Enfim, já que está difícil resolver o problema dos buracos, eles podem virar solução, principalmente, como incentivo ao esporte. Que tal aproveita-los para a realização de partidas de golfe? Ou quem sabe, diversos campeonatos de bolinhas de gude? Um rally, ou um campeonato de bicicross ou motocross? Caminhadas por uma trilha radical? Confesso que o buraco é bem mais embaixo, pois, o tamanho do problema é muito maior que as soluções apresentadas.
As últimas notícias sobre os tais buracos é que eles definitivamente se incorporaram à paisagem do sul de Minas. Tanto é assim, que em muitos deles, já existem cartazes, trazendo algumas mensagens dos motoristas. Veja algumas que anotei:
- “Márcia, minha vida sem você é um buraco sem fundo. Eternamente seu, Raimundo.”
- “Pedro, estou sentindo um vazio enorme sem a sua presença. Cadê você? De sua, Andréa”
- “Carlão, te espero no buraco 18.725. Ricardão”
-“ Vende-se este buraco. Tratar com o DNIT”.
Para finalizar, o melhor mesmo é a gente pensar como já dizia Dercy Gonçalves, que deve estar em algum buraco negro do Universo, como estrela que é. “Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima.”

domingo, 5 de abril de 2009

Ressuscita-te

Vem, descarrega o teu peso e confia.
Arrebenta as correntes e liberta-te de tuas culpas.
Acredite.
Tu és imagem e semelhança de um Deus que te aceita como és.
E és muito maior do que teus erros.
Repara.
Quando dos teus olhos escorrem as lágrimas, és regato de águas cristalinas a percorrer as montanhas.
Quando, por vezes, espalhas aos outros o teu sorriso, repara, és flor do campo a desabrochar em plena primavera.
Quando teus braços acolhem em um abraço o teu irmão, repara, és sol da manhã anunciando o nascer de um novo dia.
Quando tua boca é instrumento de compreensão, de união e de ternura, repara bem, és o canto de um pássaro ao final da tarde, manifestando a chegada da lua.
Vem então e ressuscita-te.
Ampara-te nas mãos de Deus e volta para o teu coração.
O poder do amor te curou.
Uma nova vida te espera.

terça-feira, 31 de março de 2009

Arca de Nóe

A vida do ser humano sempre esteve ligada ao mundo animal, afinal, somos animais racionais, embora haja controvérsias com relação a isso. Mas, por exemplo, quando queremos dizer que cada pessoa deve ocupar a sua função, dizemos, “cada macaco no seu galho”, que tem tudo a ver com a nossa árvore genealógica. Quando alguém estava de mau humor, virou uma onça, pois estava com a macaca.
Na política, existem os famosos abraços de urso, mas há quem diga, que muitos, na verdade são lobos em pele de cordeiro. Portanto, toda cautela é necessária, afinal, em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. Alias, esperteza e política andam juntas, pois esta área normalmente, anda cheia de bagre ensaboado. E dizem, que o que tem de rato no congresso...
No futebol, aquele deu o drible da vaca, o goleiro engoliu um frango ou um peru, e a bola foi parar lá onde a coruja faz ninho. Técnico é o Leão, mas animal mesmo é o Edmundo. Em Poços, periquito é a Caldense e o Vulcão é o quati.
Quer outro exemplo? Apesar do valor da amizade, o melhor amigo do homem é o cachorro, pois como dizem, é melhor ter um cachorro amigo, que um amigo cachorro. Aliás, o que tem de amigo fazendo cachorrada, e quando isto acontece, o cara é um tremendo de um traíra.
Na relação entre o homem e a mulher, o modelo é sempre o reino animal. Em casa em que mulher manda, veja só, até o galo canta fino. Filhos? Melhor um passarinho na mão que ser pai aos dezoito. Casamento? Gato que levou tijolada não dorme em olaria e malandro é o pato que nasceu com os dedos grudados para não usar aliança.
E a situação econômica? O mar não ta pra peixe. A situação vinha bem, de repente, deu zebra. Agora tem muita gente latindo no quintal para economizar cachorro. Aumentou consideravelmente o número de escorpiões nos bolsos dos cidadãos. Também o leão do imposto de renda não dorme no ponto e por isso, muita gente declara estar uma arara com a tal da declaração.
No trânsito, muitos motoristas afirmam não ter medo de animais na pista, mais sim, dos burros no volante. Tartaruga é sinônimo tanto de quem anda lento, quanto do redutor de velocidade. Foca é o jornalista que está iniciando na profissão. Gato é um rapaz bonito e sereia ou potranca valem para qualquer mulher bonita. Sapo é aquele que foi na festa sem ser convidado e papagaio de pirata é aquele que sai na fotografia também sem convite. Pato é aquele que não dá no couro, mas, em compensação, galinha é aquela mulher que vive ciscando por aí...
A lista é interminável e vou parando por aqui, pois como já sou cobra criada, sei que quem fala demais, dá bom dia a cavalo.

domingo, 29 de março de 2009

Control C, Control V

Comece a ler este texto com um certo receio, pois, em nosso país, já viu né, tudo pode ser copiado, falsificado ou clonado. Por exemplo, tudo que é líquido tem grandes chances de falsificação, como o whisky e a champanha, a gasolina e o álcool, até o leite já se revelou aguado.
Em um passado não muito distante, chegaram a clonar a marca BR da Petrobras, e em muitos lugares na verdade o que se lia era 13 R Distribuidora. O número um e o numero treze muito juntos pareciam a letra B e como as cores eram as mesmas, a pessoa acabava por comprar gato por lebre.
Quer outro exemplo? Remédios. Falsifica-se a embalagem, a bula, a receita, até o médico é falsificado, como foi o exemplo daquele enfermeiro que se passava por doutor. Voce com certeza, se lembra, foram descobertos remédios falsificados para disfunção erétil . Ou seja, estamos cada vez mais impotentes contra a falsificação.
A listagem é extensa: dinheiro, programas de computador, CDs e DVDs, pen drives, perfumes, mel, azeite, tênis, roupas, bolsas, cartões de crédito, diplomas, obras de arte, declaração de senador... tudo falsificado.
Mas, com a chegada da Internet a coisa fugiu do controle, ou melhor, ganhou dois novos controles: o control C e o Control V. O "Copie e Cole" virou mania nacional. Trabalhos acadêmicos então, são exemplos claros que confirmam a celébre frase de Lavoisier: "na Internet, nada se cria tudo se copia" (como não quis copiar a frase por completo, fiz apenas uma pequena adaptação histórica). Outro dia, ao receber um relatório acadêmico de alunos universitários, sobre algumas empresas da região, comentei com eles, após um trabalho de investigação, que estava indignado. "Vocês não vão acreditar. Não é que as empresas copiaram o trabalho de vocês e colocaram no site delas?. A ironia foi a saída para testemunhar o quanto é cada vez maior o desgaste das teclas Control C e Control V nos computadores. Cada vez mais se justifica também, ao final do curso, os alunos participarem da cerimônia de "Colação de Grau".

além de recorrer a conhecimentos lingüísticos, textuais e interacionais, o leitor necessita saber usar recursos próprios para a leitura do hipertexto, já que este se constitui em um labirinto de infinitos textos, versando sobre infinitos temas, em uma extensa rede que possibilita -

Oppss! Me desculpe leitor, sem querer, apertei as teclas Control V e Control C....

4. Algumas considerações finais Em nosso percurso, destacamos que o hipertexto é um texto, múltiplo, é verdade, mas um texto. Desse modo, podemos dizer

quinta-feira, 26 de março de 2009

Uníssono

Começou assim, como um cantar tímido de quem tem medo de soltar a voz.
Como um sussurro, um sopro discreto, uma brisa.
E aos poucos, foi alcançando cada ouvido humano e se amplificando.
E sob a regência do Maestro divino, paulatinamente, os sons se multiplicaram e foram se afinando, invadindo corações e mentes. E notas vibrantes, em ressonância, percorriam todos os caminhos, todos os lares, todas as nações.
E cada acorde se tornou um único abraço na partitura do viver universal.
Na diapasão dos sentimentos, cada ser em um gigantesco coral, onde cada um em sua individualidade, contribuía para a magia e a beleza da peça.
Equalizou-se,depois de tantos contrapontos, a igualdade entre todas as vidas.
Sintonizou-se a paz, através de uma única linguagem.
E o amor se fez música.
E todos juntos, em uníssono, puderam entoar, eternamente, uma única canção.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Roda Viva ou Morta?

A roda é com certeza, a grande invenção humana, apesar de se desconhecer quem a inventou. Através dela, muitos outros inventos surgiram, como o velocípede, o skate, o patins. A própria roda gigante não existiria, se antes não tivesse sido criada uma roda anã. Vejam só! Que descoberta fantástica, não sei como pude viver até hoje sem esta informação.
Mas, chega de rodeios.
Além de ser um invento interessante, a roda tem um mecanismo muito simples, ou seja ela serve para rodar, apesar de o dicionário explicar: "a roda transmite de maneira reduzida para a borda qual aplicada no seu eixo rotação eixo, amplificando a transmissão tanto da velocidade quanto da distância que foram aplicadas”. Entendeu? Nem eu.
Bem,mas, depois da invenção da roda, o tempo rodou e criaram-se ainda, as brincadeiras de roda, rodar um pião, as saias rodadas...
Mas, se ela serviu para muitas soluções na humanidade, também é causa de muitos problemas. Sim , porque depois da roda, tivemos o automóvel (com quatro rodas) e a motocicleta (com duas rodas). Depois destes inventos, na roda viva (ou morta?) diária do trânsito, muitos acidentes fatais e muita gente em cadeira de rodas.
Cresce assustadoramente, em números redondos, acidentes envolvendo motocicletas. Infelizmente, nas rodinhas de alguns motoqueiros, costurar o trânsito virou sinônimo de rapidez e esperteza, empinar virou sinônimo de habilidade e auto-afirmação, e andar de moto sem capacete, sinônimo de coragem e desafio a autoridade policial.
Assim, vamos assistindo a dezenas de jovens perderem a vida e a alegria de uma roda de samba. E muitos, infelizmente, com poucos quilômetros rodados.
"Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo parou num instante, nas voltas do meu coração"-(Chico Buarque-Roda Viva)

quinta-feira, 19 de março de 2009

“EEEEEEPA! Olha o milho verde!”

O marketing é apontado hoje em dia como causa e solução dos problemas das pessoas e empresas. A empresa vai bem? É que eles investem muito em marketing...
O candidato venceu as eleições? Também, com o marketing que fizeram...
Assim, marketing parece uma varinha de condão que transforma, da noite para o dia, o fracasso em sucesso, os resultados negativos em positivos, o déficit em superávit.
Mas, quando se pergunta o que é marketing, a maioria das pessoas costuma citar aspectos promocionais como explicação para a palavra.
Na verdade, o marketing vai muito além disso e é resultado de uma série de informações e estudos que buscam, atender e até superar, os desejos e necessidades dos clientes externos, mas também internos.
O composto de marketing, ou o chamado “ 4 Pês” (Produto, Preço, Promoção e Ponto de Venda) é a base que busca analisar a empresa nestes fundamentos e propor estratégias para se alcançar os consumidores, e o que é mais importante, transforma-los em clientes fiéis.
Em um conceito mais amplo, a palavra “relacionamento” parece ser a que mais se aplica nos conceitos modernos do marketing. Como melhorar o relacionamento entre a empresa e o cliente buscando o “ganha-ganha” para ambos, talvez seja a principal tarefa da administração mercadológica no mundo contemporâneo.
Mas, o que fazer em um mercado extremamente competitivo, onde os produtos têm o mesmo nível de qualidade e preço?
Buscar o que se denomina de diferencial competitivo, ou seja, inovar.
Estudar o mercado onde se atua e descobrir um nicho, qualquer ação que chame a atenção do consumidor, que faça com que ele tenha desejo pelo seu produto. Ir além, oferecer um atrativo, superar as expectativas do cliente.
Repare bem: quando é que você foi surpreendido por uma ação da loja onde você compra há tantos anos? Quando é que lhe ofereceram algo “graciosamente” como uma oferta da casa em reconhecimento aos anos que você compra naquele local?
A maioria de nós ao invés de “momentos mágicos”, como diz o professor Luiz Marins, só vivenciou até hoje “momentos trágicos” a nos lembrar de uma experiência de compra em determinado local.
Embora as empresas digam que o “cliente é o rei”, que ele é “o elemento mais importante em nossa loja”, na prática isto pouco acontece. O consumidor ainda é muito mal atendido e muito pouco reverenciado, aliás, as empresas na verdade nem o conhecem. Quando perguntamos quem é o cliente, o público alvo, as respostas falam de elementos genéricos que hoje em dia pouco dizem. Na verdade se faz necessário conhecer cada cliente, com as suas características individuais que não mais se encaixam em classificações genéricas.
Quem mora em Poços de Caldas, já se acostumou a ouvir pelas ruas da cidade, um vendedor de milho verde que com voz forte e firme, sem auxílio de caixas de som, faz a divulgação do seu produto de maneira diferenciada. “EEEEEPA, olha o Milho Verde” é o seu bordão para dizer a que veio e o que tem a oferecer.
Que aprendamos com esse vendedor ambulante a diferenciar nossas empresas, produtos e serviços. É hora dos empresários refletirem muito, pesquisarem muito, para alcançarem os seus clientes. É hora de amadurecer. “EEEEEPA! Olha o milho verde””!

terça-feira, 17 de março de 2009

Poços hoje

A gente nem percebe, mas Poços de Caldas muda a cada dia, a cada hora. Comece a notar isto, em sua própria rua. Repare: é uma nova casa, um novo prédio, um empreendimento comercial que fechou, ou outro que está abrindo suas portas. Isto, com certeza, tem muitas razões. Somos uma cidade privilegiada, “um céu entre montanhas”, como dizia o poeta. Temos a natureza a nossa favor, temos água, energia elétrica, uma qualidade de vida atestada por quem mora aqui, ou por quem está de passagem. Temos indústrias, hospitais, escolas, universidades, um comércio ativo, um shopping center. Somos um ponto atrativo de turistas e de consumidores. Somos, por assim dizer, a capital do Sul de Minas.Mas, tudo isto, que sabemos e reconhecemos ser verdadeiro, tem um preço: os problemas também começam a nos incomodar mais. A violência, antes vista apenas nas grandes cidades e pela televisão, hoje se estampa na mídia local. O desemprego alcança dezenas de pessoas a cada dia. A falta de creches e escolas também se faz sentir. O trânsito se complica pelo excesso de carros que prejudica a fluidez de tráfego e resulta na falta de vagas de estacionamento. A saúde começa a sentir o peso da demanda, pela chegada cada vez maior de pacientes de outras cidades. E isto tudo também pesa sobre cada cidadão. A competitividade é mais acirrada, as cobranças se avolumam, a pressão de empregadores sobre os empregados é maior, resultando em um estresse na cidade reconhecida como estância propícia ao relaxamento.Vendemos aos turistas aquilo que, talvez hoje, nós mesmos já não possuímos : a tão decantada tranqüilidade de uma cidade do interior.
Observe, o poçoscaldense a cada dia vive mais apressado. Os papos nas esquinas, quando existentes, são cada vez mais curtos. Temos sempre algo urgente a fazer, a cumprir.
A proximidade com Campinas e São Paulo nos afeta, mesmo que a gente nem perceba. Somos mineiros no coração e paulistanos nos gestos.
A vida é urgente e o relógio da matriz marca hoje um novo tempo. Embora na Praça Pedro Sanches, o coreto insista em lembrar o passado e nos bancos da praça, poçoscaldenses de outrora são testemunhas vivas de uma Poços de Caldas que já não existe mais.

domingo, 15 de março de 2009

Armazém do tempo

Antigamente existia um lugar chamado armazém , no tempo em que cliente era chamado de freguês. Éramos, então, fregueses do armazém e o nosso nome, muitas vezes, com uma referência familiar, era anotado em uma caderneta, juntamente com os gastos diários, que saldávamos no fim do mês. As compras eram somadas em folhas de papel de embrulho, e a caneta (Bic) ficava atrás da orelha do atendente, que geralmente era o próprio dono do armazém : o seu Toninho- que também tinha nome . Este costumeiramente nos cumprimentava e perguntava ainda sobre a nossa família.

-Como vai sua mãe? E seu pai,melhorou da gripe?

Os produtos ,na época chamados de mercadorias, eram colocados no chão mesmo, ou em cima do balcão e tudo parecia uma bagunça só, mas, que nos passava uma sensação de proximidade, de aconchego mesmo. Os sacos de estopa abertos mostravam as mercadorias (feijão, arroz, açúcar cristal, macarrão) e havia um cheiro no ar que nos atraia e que a nossa memória olfativa nunca conseguiu definir e nem sentir igual.

Naquele tempo, o nosso dinheiro era em papel apenas e geralmente vinha amassado em nossas mãos, juntamente com as moedinhas retiradas de um cofrinho, um porquinho de plástico.

Passou porém o tempo, deixamos de ser fregueses e viramos clientes. Quem nos atende já não é mais o seu Toninho, (alias, onde andaria o seu Toninho?) mas, sim o crachá de um funcionário, cujo nome não me lembro. E nós, os clientes, sem nome, sem mãe, nem pai, viramos mais um número no computador. O armazém virou supermercado, o balcão de madeira virou gôndola e as mercadorias viraram marcas. A caneta virou calculadora, a caderneta virou checkout e nós nos viramos para achar os produtos e o cartão de crédito ou débito tem o nosso nome em letra miúda e uma senha que a gente vive esquecendo. Dizem que nós somos o “rei” e que tudo ali existe para satisfazer nossos desejos e necessidades. Nos perdemos em meio a tantos produtos, centenas de marcas, embalagens e rótulos, promoções e carrinhos que nos atropelam. O consumo vive a nos consumir. Estamos no BIG, no HIPER, no corredor do “WALL MORTE”. O nosso carrinho se enche, o nosso bolso se esvazia e a gente se enche de alegria, afinal, estamos em lugar de gente feliz, como diz o locutor do local.

Compramos o que todos compram, com dinheiros iguais, pensamos iguais, somos iguais perante a lei da oferta e da procura. Viramos consumidores, clientes anônimos de um mercado super. E nos dá aquela vontade de sermos fregueses novamente e encontrar pela frente o seu Toninho. Que saudade, no armazem do tempo, dos tempos do armazem.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Vende-se jornal ou o Jornal se vende?

Não nos iludimos.O departamento mais importante em uma empresa jornalística é o comercial. Esta premissa não é recente e ninguém é inocente. Porém, hoje, nos parece que ela perdeu, com o perdão da palavra, “o pudor”, e se tornou comum e banal, como os crimes que são publicados, as falcatruas de políticos, os desmandos dos governantes. Talvez a imprensa, por divulgar tantas atrocidades, tanta sacanagem, tenha sido também contaminada pelos mesmos “venenos” que auxiliou a divulgar.
Por que o jornalismo iria ficar de fora, deste “mar de lama”? Somos produtos do meio e o jornalismo, cada vez mais, se torna um produto como outro qualquer.
Em um mercado, onde o número de publicações se amplia a cada dia, em que os diários, os semanários, os “devezemquandários” aparecem a cada momento, a matéria jornalística virou objeto de troca ou de pressão, entre a “empresa jornalística” e os anunciantes.
É um “salve-se quem puder” e se preciso for, fala-se mal ou bem, dependendo de qual valor financeiro está em jogo.
A censura agora não é realizada mais pelos poderes constituídos, o governo, em suas mais diferentes esferas. O mercado hoje é o dono do poder. Assim, a censura vem travestida de “notinhas de rodapé”, e o que importa realmente são as notas reais, ou, em nosso país, os reais em nota.
Ética no jornalismo? “Ora, não me venha com ideologias, com purismos inconsistentes, com discursos acadêmicos. O que está em jogo é a sobrevivência e o que paga a nossa folha de pagamento no final do mês, não são palavras, mas sim, o número de anunciantes que temos”. Alguém aí, vai dizer o contrário?
A informação passou a ser o maior valor que pessoas físicas e jurídicas têm, e aí está o diferencial que tornou a mídia, nestes tempos cibernéticos, o primeiro poder, ou como diz Caetano, ou não...
O poder da mídia, diga-se de passagem, é fruto, mais do que acreditam os donos de empresas e os políticos vaidosos, do que realmente se observa na prática. Quer um exemplo? A mídia, de maneira geral, fala mal do governo Lula, mas ele continua gozando de muito prestígio perante o povo. E a constatação é óbvia: o jornalismo impresso, que se diz formador de opinião, não atinge o povo e a televisão é entretenimento e não veículo de formação de consciência.
Superou-se o poder religioso, pois o dinheiro corrompeu também a religião e a mídia auxiliou a divulgar os pecados cometidos, o que antes só se sabia nos confessionários. Vaidade das vaidades. Superou-se o poder militar, que acomodou-se nos quartéis, nos altos salários dos altos comandos. Para finalizar, já que este artigo não deverá ser mesmo publicado por um jornal, sobra-nos uma certeza: romantismo existe é na literatura. Na vida real, a mídia faz média e a notícia só existe porque jornal vende, ou seria se vende?.

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Quem vai tocar?”

Uma experiência pessoal, que me pareceu de certa forma divertida e banal na década de 80, hoje veio à minha memória, para tentar decodificar na minha limitada visão, o novo cenário de revolução tecnológica que a muitos encantam e a outros assustam nesse milênio.
Trabalhando em uma empresa de computação em São Paulo (Kyoei Facom) como digitador e cursando Jornalismo, eu me surpreendia com a determinação dos japoneses, com a máquina perfuradora de cartões magnéticos (companheira diária de trabalho) e com a linguagem “revolucionária” da programação Cobol. Considerado um gaijin (estrangeiro) pelos japoneses da empresa, com o tempo fui conquistando a confiança dos diretores e me tornei o presidente do grêmio daquela organização. Passado alguns meses e após a realização de algumas gincanas e participação da empresa em alguns torneios esportivos, senti a falta de alguma coisa que pudesse animar a nossa torcida, pois os japoneses, em sua maioria, são discretos e reservados. Assim, com a contribuição mensal de todos os funcionários, tinha em mãos um capital para investir nesse projeto e em uma bela noite me veio uma idéia “genial” e tomei a decisão: fui até o Mappin (que na época era o grande magazine de São Paulo) e comprei vários instrumentos de percussão, como tamborim, pandeiro, surdo e repenique. Coloquei os mesmos em uma sala da empresa e o diretor ao saber dessa minha iniciativa veio me cumprimentar e com um jeito sereno e investigativo me disse: “Muito bom, né! Instrumentos de samba, animar a torcida, muito bom, né...mas, só uma perguntinha: Quem vai tocar?”.Aquela indagação caiu como uma bomba na minha cabeça. Eu havia me encantado com a idéia, porém, me esqueci do fundamental: ninguém na empresa sabia tocar aqueles instrumentos. Foi um horror! A gente ia jogar e na arquibancada a torcida batia nos instrumentos como se fossem tambores anunciando chuva, sem ritmo e sem musicalidade, literalmente, “tinha japonês no samba”.
Mas, o que tem a ver essa página, com a revolução tecnológica que a cada dia se torna mais impositiva em nossas vidas?
Muitos de nós, principalmente os que estão acima dos 40 anos, não sabem utilizar todos os recursos que a tecnologia oferece e nem parecem dispostos em aprender. Para esses, celular, por exemplo, é apenas um telefone sem fio, que serve para fazer e receber chamadas. O quê? Ele tira fotografia, marca o horário, tem despertador, transmite e-mails, tem calculadora, gravador de som... nem me fale, eu não sei mexer nisso não...isso é coisa pro meu filho!.
Isso sem falar do próprio computador, um valioso instrumento multimídia, que a cada dia incorpora um novo software, com um novo recurso, com isso e aquilo...
Quem se lembra da velha máquina de escrever, que para ser bem utilizada, era necessário o famoso “curso de datilografia” para se obter maior rapidez e um texto sem erros. Embora existam alguns “heróis da resistência”, um fato é inexorável: a tecnologia está aí e quem quiser ficar de fora, vai ser excluído nesse mundo cada vez mais competitivo e globalizado.
Porém, cabem algumas reflexões que remetem ao início desse artigo: será que a tecnologia não está criando um mundo de excluídos? Será que as pessoas que criam os novos instrumentos, estão realmente preocupadas com “quem irá tocar”? Ou estão mais interessadas no aspecto mercantilista desses novos inventos?
A propaganda de televisão é um paradigma da evolução social. Nas décadas de 60 e 70, os “novos eletrodomésticos” oferecidos às donas de casas no país, eram mostrados “pedagogicamente” através dos “reclames”. Apresentava-se o “mais moderno aparelho” e explicava-se detalhadamente o seu funcionamento. Hoje, os “reclames” apresentam o novo, mas não têm a mesma preocupação em mostrar como funciona... Quem quiser que busque, á sua maneira, essa informação.
Portanto, se torna essencial pensar que o ser humano vai continuar sendo o maior interessado nessa revolução, pois é ele o maior beneficiário ou a maior vítima dessas inovações. Ninguém pode deter a evolução tecnológica. É necessária a busca incessante, através de contínuas pesquisas na utilização da tecnologia da informação, para se descobrir o novo em todas as áreas. Porém, faz-se determinante que não percamos o foco no elemento humano, pois, se não for dessa forma, poderemos estar ampliando ainda mais as desigualdades sociais e que podem ecoar ainda mais, no fosso das cisões causadas pelo encantamento com a tecnologia. Vamos buscar “os instrumentos” para animar a vida, preocupados principalmente, com quem faz com que ela realmente valha a pena.

domingo, 8 de março de 2009

As mulheres estão dominando o mundo

As mulheres estão dominando o mundo.
Você vai dizer que já sabia disso, eu também. Porém, somente hoje me dei conta de que não é apenas um papo feminista, ou mesmo assunto de homens confiantes de sua “autoridade masculina” que apenas pretendem fazer média com o sexo oposto.
Como réu confesso, esta história de “mulher assumindo seu lugar no mundo” me cheirava coisa de revista feminina buscando fortalecer a auto-estima do “sexo frágil”. Sinceramente, não que eu temesse a possibilidade, mas, agora, mais do que matéria de revista, mera homenagem no “Dia Internacional da Mulher, isso se tornou concreto, mensurável, quantitativamente comprovado, estatisticamente verdadeiro.
Eu já havia reparado que elas realmente estavam mais confiantes. Notei isso, pelo andar delas nas ruas. Incrível, como parecem saber realmente para onde estão indo. Repare você. As mulheres estão sempre com a cabeça ereta, passos rápidos e decididos. Agora, compare com os “cuecões”. Perdidos nas esquinas, olhando para os lados, desconfiados, inseguros, sempre fingindo falar com alguém no celular. Só resolvem agir quando uma saia vermelha passa indicando que o sinal está verde.
Elas realmente estão tomando todos os comandos. Perceba isso no local onde você trabalha. Provavelmente, a sua gerente já seja uma mulher, ou se ainda não é, dê uma olhadinha disfarçada para aquela moça que está bem próxima de você, naquela mesa ao fundo. Veja como ela quer saber de tudo, vive dando palpite, fazendo sugestões. Não chega um dia atrasada e quando você lhe pergunta sobre algo, ela responde como se já tivesse ensaiado a resposta. Começou a trabalhar na empresa meses atrás e já sabe tudo o que você demorou anos para saber. Está terminando a faculdade e lhe informa que pensa em fazer um curso de pós-graduação. Viu só?
E na escola, na faculdade? Quantas mulheres têm na sua sala? Se forem muitas, melhor você ficar calado, já que a maioria sempre vence. Se forem poucas, ligue o sinal de alerta, pois, quem determina o ritmo das aulas também são elas. E se for apenas uma, não se engane, certamente é a mais inteligente, aquela que senta bem na primeira fila, que toma nota de tudo e parece tomar até a sua nota, já que você ficou para exame e ela...
Veja aí na sua cidade. Quantas estão em cargos de chefia na prefeitura, nas empresas, nas escolas, nos hospitais?
Parece uma invasão, uma revolução, uma insurreição...
Cadê aquela dona de casa, a rainha do lar? Onde foi parar Amélia, a que era mulher de verdade?
São muitos os sinais e eu gostaria até de estender o assunto, mas, peço desculpas, pois vou ter que parar por aqui. É que minha mulher precisa usar o computador e eu ainda tenho que arrumar a cozinha.

sábado, 7 de março de 2009

BASTA!

Nós, brasileiros, sempre fomos considerados um povo pacato, tolerante, honesto, trabalhador e criativo. Talvez por isto, muitos são aqueles que se aproveitam destas nossas características e buscam tirar vantagens em tudo.
Alicerçados na boa fé dos tupiniquins, na nossa tão falada falta de memória e em uma justiça morosa, os aproveitadores fazem e desfazem, corrompem-se utilizando o dinheiro público e seqüestram a nossa confiança, confiantes na impunidade existente.
Mas, é chegada a hora de cada cidadão brasileiro dizer um BASTA.
Basta de políticos que falam muito e pouco fazem, e quando fazem, fazem mal feito.
Basta de discursos enganadores e utópicos.
Basta de promessas, que sabemos de antemão, nunca serão cumpridas.
É hora de dizer um basta a todas as coisas que há muito aceitamos calados: à justiça morosa, aos políticos corruptos, às leis feitas em benefício próprio, aos sanguessugas da miséria social, aos atores existentes em todas as áreas do governo, que enganam na palavra para permanecerem no poder. Que trocam benefícios individuais por votos, que fazem dos direitos do cidadão, esmolas da exclusão social. Que constroem castelos, desconstruindo a vida , se esquecendo dos barracos, das palafitas, dos casebres, dos que "moram" embaixo da ponte.
Queremos seriedade, sinceridade e atitudes.
Queremos um plano de ações consistente e factível.
Não ações para remediar e iludir. Não necessitamos de tapinhas nas costas e nem de ideologias sem roteiro de chegada.
Queremos governantes sensíveis, conscientes e ágeis.
Precisamos de administradores públicos com responsabilidade coletiva e não de políticos privados com objetivos individuais.
Precisamos de homens que arregacem as mangas para sentir de perto as mazelas por que passam a maioria dos habitantes deste país.
Abortamos os governantes de gabinetes que assinam medidas, desconhecendo as conseqüências de seus atos.
Preferimos sim, a verdade que impossibilita determinada ação, que as falácias de quem busca agradar por motivos sórdidos.
Queremos seres humanos exercendo a política. Pessoas que saibam lutar e sorrir com as vitórias, chorar e lamentar nos fracassos.
Não compraremos mais “produtos” embalados pelo marketing político e pelos interesses dos vários “Pês”, que muitos ainda insistem em chamar de Partidos.
O “Pê” que nos agrada é o de pessoa, desta que a gente encontra comumente nas ruas, com problemas e dúvidas, com sonhos e vontade de vencer.
Precisamos de homens públicos que realmente queiram ser a voz dos excluídos e esquecidos. Não, não queremos santos, nem super-heróis. Necessitamos de pessoas que façam Política por amor à vida, como instrumentos de Deus no auxílio ao próximo.
BASTA!
Talvez seja esta a palavra que falta não somente ser falada, mas ser exercida diariamente, evidenciando que a bondade do brasileiro não é alvará de desmando para quem não respeita a dignidade humana.