sábado, 11 de julho de 2009

SENADINHO

Em Poços existe um local muito freqüentado conhecido como Senadinho. Um espaço democrático, pois ali se encontram pessoas de diferentes idades, profissões e classes sociais, para beber um papo , conversar sobre cervejinha, comer um tira gosto, jogar um truco e falar bem da vida alheia.
Em Brasília existe um local muito freqüentado chamado Senado. Um espaço aparentemente democrático, pois por lá se encontram, vez em quando, 81 senadores que representam os 27 estados da federação, sendo 3 senadores por estado. Além disso, passam pelo mesmo espaço, mais de 3.500 funcionários terceirizados que custam anualmente R$ 155 milhões por ano aos cofres públicos, além do custo dos cerca de 2.500 servidores de carreira.
No Senadinho, há quem esconda o jogo, afinal, faz parte da estratégia do truco. E o zap, a carta de maior valor, pode estar na mão de qualquer um dos jogadores, já que a sorte é quem manda. E se tem uma coisa que não se aceita no Senadinho, é a trapaça, o jogo sujo. Se isso acontecer, o jogador, com certeza, é expulso do local, e perde a cadeira, além da amizade de todos da mesa.
Já no Senado existem muitos que escondem os seus atos e blefar faz parte de um jogo de cartas marcadas. Aliás, o zap tem dono: ele é do presidente do Senado, atualmente o senador José Sarney , um verdadeiro coringa e que tem um parceiro forte, o próprio presidente da república, que afirmou recentemente que “Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum”.
No Senadinho alguém sempre perde o jogo, é a regra. Já no Senado, as regras são outras, conforme se descobriu naquilo que ficou conhecido como “atos secretos”. Estima-se que mais de 300 atos secretos foram usados nos últimos dez anos para distribuir privilégios a parlamentares e funcionários, através da criação de cargos, do aumento de salários e no emprego de amigos e parentes. Sarney, o homem do zap, afirmou não saber da existência dos atos secretos , o que cabe uma sugestão: que tal ao invés de Senado, não se chamar aquele local de “Seinada”.
Uma das expressões mais utilizadas no Senadinho é quando alguém está com uma excelente carta na mão e grita “Truco! Seis! Ladrão”. Talvez, seja esse o grito que falta ser dado por nós, brasileiros, para todos aqueles que jogam sujo e que trapaceiam com as nossas esperanças e as nossas crenças.
Sorte de Poços de ter um Senadinho. Azar do Brasil de ter um Senado.