sexta-feira, 14 de maio de 2010

Tropa brasileira convocada para batalha na África

O Capitão Dunga convocou os 23 soldados brasileiros que participarão da grande batalha campal da Copa do Mundo que acontecerá na África. “Comprometimento, coerência, amor a pátria” foram as palavras de ordem que justificaram a escolha dos guerreiros. O treinamento militar deverá acontecer na Granja Comary em Teresópolis, até o envio da tropa para os confrontos no território africano. Conforme determina o regulamento haverá hasteamento da bandeira e a execução do Hino Nacional em todos os dias de preparação, além, da realização obrigatória da Ordem Unida.

Comecei este texto com a convicção de que a Copa do Mundo de 2006 traumatizou milhões de brasileiros e individualmente, o técnico Dunga. De triste lembrança, o que faltou naquela seleção foi o orgulho de vestir a camisa da seleção brasileira. Depois que o Roberto Carlos arrumou as meias no jogo contra a França, começamos a arrumar as malas para voltar para casa. Os “amarelinhos” amarelaram.

O capitão Dunga convocou agora os guerreiros para a Copa e neste alistamento demonstrou que as atitudes individuais devem subordinar-se à missão do pelotão e à tarefa do grupo, assim mesmo, militarmente. Por um lado isto é muito positivo: deveremos ter um grupo disciplinado com espírito de corpo e patriotismo, disposto a suar a camisa para alcançar a vitória. “Nas cores de nossa farda, rebrilha a glória, fulge a vitória”.

Ninguém nega que o comprometimento e a garra são fatores importantes e nisto o Capitão Dunga tem a seu favor, o futebol de resultados: a seleção atual venceu a maioria de suas batalhas.

Por outra análise, a não convocação de Neymar, Ganso e Ronaldinho Gaúcho nos deixa a sensação de que o talento, a magia e a criatividade, características que distinguem o futebol brasileiro, deram lugar ao pragmatismo, a garra e a força física, características que definem a maioria das seleções que irão à Copa. Esquecemos o que realmente nos diferencia para utilizar as mesmas armas que os nossos adversários certamente irão empregar.

Como estratégia de guerra, melhor seria se o Capitão Dunga tivesse lido “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, que afirma com total sabedoria: “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante”.

Como uma “pátria de chuteiras” (ou será de coturnos?) estaremos frente à telinha torcendo para que as vozes de comando do técnico Dunga nos levem à vitória.
Mas, continuaremos acreditando que o melhor seria se as vitórias fossem frutos da arte, da firula, da ginga e do talento do jogador brasileiro.

Avante, Seleção!

“Assim ao Brasil faremos oferta igual de amor filial, e a ti Pátria, salvaremos, rebrilha a glória, fulge a vitória”.