segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Quem tem a lanterna que ilumine

Sair principalmente à noite em nossa cidade tem encantado os olhos. As luzes do Natal iluminam ruas, praças, jardins, casas e estabelecimentos. O Natal é simbólico e vai além das religiões e pode em sua energia divina nos encantar também a alma. Não dá para ficar indiferente na presença da Luz. A luz que vemos por todos os lados, nos lembra do nascer e renascer. Tanto é assim que uma mulher ao gerar um filho, popularmente e sabiamente se diz, ela deu a luz. È no contato entre o pólo positivo e negativo, da mãe e do pai, que nasce a luz, o filho gerado.
O Natal nos lembra a oportunidade de ser Luz. De renascer a cada dia como um farol em mar aberto, como lâmpada em viela escura, como sol que alimenta o dia, como lua que distingue,, com sua presença, a existência das estrelas. Todo ser é presença de luz que pode clarear a vida humana. O céu é um só, morada universal, e nele podem conviver harmoniosamente, a luz e a escuridão. A mesma luz materializa a escuridão, não como energia oposta, mas como sombra de uma mesma imagem. O Natal nos lembra que podemos ser centelha de Luz divina a clarear momentos de escuridão, que nos chega nas fofocas, na discussão, na discórdia, conflitos e desentendimentos. Quem tem a lanterna que ilumine.
O presépio que vemos em muitos lares nos lembra que a Luz deve nascer inicialmente em torno da família. É ali no encontro do marido com a esposa, dos filhos com os pais, que deve haver geração de boas energias. Quem sai de casa toda manha e recebeu as luzes do carinho, da conversa, da paz, se torna gerador humano a espalhar luz por onde passa. É na família que recarregamos as nossas baterias. E cada membro de uma família pode iluminar a sua própria casa. Em um lar às escuras, uma pequena abertura numa janela permite a entrada da luz. Quem tem a lanterna que ilumine.
A árvore de Natal iluminada por bolas coloridas, mas com um único tronco e diversos galhos e folhas, nos lembra que pertencemos à mesma família universal. Por isto, a existência da árvore genealógica. Moramos em países diferentes, falamos línguas diferentes, temos costumes diferentes, mas o nosso tronco é único. Por isto, a necessidade de cuidar da natureza, das árvores, do ar, plantas, rios e animais. A árvore é uma só e dela é que dependemos. Quem tem a lanterna que ilumine.
Por fim, o Papai Noel nos lembra da importância da troca de presentes e lógico, não estamos falando de consumismo e nem de mercadorias. Mas da gente se fazer presente aos outros, no nosso sorriso, na nossa amizade, desembrulhando diariamente, pacotes de otimismo, fé e esperança.
Um Feliz Natal. Que você faça brilhar sua Luz neste Natal Encantado!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Salário de fome e fome de salário

Se existe um assunto que muitos preferem não comentar no Brasil é sobre salário. Salário é um tema meio salgado. Talvez isso se explique na origem da palavra: salário vem do latim salarium, pois no Império Romano os soldados recebiam sal como pagamento pelos serviços prestados. Alias, ao invés de soldados, deveriam se chamar saldados.
Salário é realmente um assunto muito pessal, (ops) pessoal. Só interessa realmente ao indivíduo, ou quando este vem a falecer em decúbito dorsal, à sua família e aos parentes que nesta época salpicam de todos os lados. Daí, os frutos do salário do indivíduo juntam a “salgada família” em torno de uma mesa. Daí a confraternização vira reunião coletiva, inventário, discussão, tribunal, um sal-ve se quem puder... com a melhor parte.
Mas e quanto ao salário de um funcionário público? Deve ou não ser amplamente divulgado? Quanto ganha um presidente? Um governador? Um deputado? Um juiz? Um prefeito? Um vereador?
Vamos colocar mais uma pitadinha de sal no assunto, pra temperar melhor a conversa.
Uma grande parcela dos cidadãos brasileiros vive, ou sobrevive, com um salário mínimo (aliás, palavra bem apropriada), atualmente fixado em 465 reais. E quem define o valor do salário mínimo? Os representantes do cidadão: o presidente, os deputados...
Vamos juntos nesta salada tomando cuidado com a hipertensão salarial, quer dizer, arterial. Quem paga o salário de um funcionário público? O cidadão, através do pagamento de impostos. Quem, no final das contas, é o patrão do funcionário público? O cidadão.
Resumindo este pacote. Quem define a maioria dos salários dos cidadãos no Brasil, através do valor do salário mínimo, são os agentes públicos. E quem define os salários dos agentes públicos? Os próprios agentes públicos, através das leis. O fato curioso é que neste caso, o salário do patrão (o cidadão) quem define é o funcionário (agente público) e o salário do funcionário quem define não é o patrão, e sim, o próprio funcionário.
Um deputado federal percebe, segundo se apurou, cerca de 100 mil reais por mês. Importante lembrar que este valor define legalmente o salário de parlamentares de outros escalões, ou seja, o efeito cascata atinge deputados estaduais, senadores, vereadores.
Nada contra a alguém ganhar bem, até porque é um direito constitucional ter um salário justo e uma vida digna. “Salário mínimo, fixado em lei , nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.(Capítulo II- art. 7°- inciso IV-Constituição da República Federativa do Brasil).
Contudo, enquanto no Brasil muitos ganham um salário de fome, outros têm fome de salário, e o que é pior: fome alimentada por leis que eles próprios produzem.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Foi comprar e acabou "vendido"

Você entra em uma loja e em um cartaz na parede está escrito: “Aqui o cliente é quem manda.” Porém, passa algum tempo e nenhum atendente nota a sua presença. Você olha para o cartaz e pensa: Estou mesmo sem cartaz. Já vi que vou ficar falando com as paredes. Bem, pelo menos, as paredes têm ouvido.
Daí você simula um ataque de tosse – não adianta. Você então derruba umas caixas que estão sobre o balcão. Nada. Daí, como ultima tentativa, você pula o balcão e grita, desesperado: Eu sou Osama Bin Laden. Alguém aí pode me atender?
Quer outro exemplo? Você vai a um consultório médico com hora marcada. Chega quinze minutos antes do horário. Senta e pega uma revista que está ali há muitos anos com a capa do primeiro casamento de Fábio Júnior. Você pensa: será isto um sintoma? Conversa com outro paciente que, impaciente, diz que está ali há uma hora e meia esperando para ser atendido. Prevendo a espera (por isso se chama sala de espera) e buscando uma solução rápida, você simula que está muito nervoso, começa a gritar e a se contorcer. Neste momento, a atendente mais que depressa, diz: “Espera só mais uns minutinhos. O doutor já vai lhe atender”. E lhe prepara um copo de água com açúcar para lhe acalmar, sem saber que você está ali para um tratamento contra o diabetes.
Exageramos um pouco as situações para tentar ilustrar que cliente no Brasil geralmente é muito maltratado. Quer seja pessoalmente, por telefone, por e-mail, por fax, sinal de fumaça, seja qual for o meio, o fim é sempre o mesmo: a insatisfação, a irritação e o stress com os serviços prestados são cada vez maiores.
Uma das razões: falta de treinamento dos atendentes. É verdade. Mas também e verdade que faltam treinamento e conscientização por parte dos próprios donos das empresas, dos líderes das organizações. Repare nos cursos e palestras sobre o assunto: só tem empregado, o patrão mesmo não vai. Aliás (me perdoem os palestrantes) vendem-se muitas palestras sobre vendas, mas as vendas das empresas que sejam decorrentes das palestras, ah! isto é outra história...
Na verdade, existe muita teoria nos livros, palestras, cursos e no mundo acadêmico dizendo que o cliente é quem manda, que ele deve ser o centro das atenções, que o cliente é o rei. Fala-se muito em pré-venda e pós venda, na necessidade de fidelizar o cliente proporcionando o melhor serviço. Na prática (e o PROCON de qualquer município está aí para comprovar) cliente no Brasil é muito maltratado.
Existe muita gente preocupada em vender e muito pouca gente preocupada com aquele que está ali para comprar: o cliente, o usuário, o paciente.
Finalizando, uma lembrancinha: o Natal está chegando para você comprar as suas lembranças. Boas compras, mas lembre-se: cuidado para não ficar “vendido” dentro das lojas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dinheiro na meia e arruda na orelha

Antigamente quem tinha dinheiro no Brasil guardava as notas ou moedas dentro dos cofrinhos ou debaixo dos colchões. Mas, nos últimos anos, quem tem muito dinheiro no país, guarda a grana, a bufunfa, o faz me rir, nos chamados paraísos fiscais. Aliás, paraíso fiscal, é porque lá não existe fiscal, nem aqui não é? Mas no nosso paraíso tropical se guarda dinheiro, rapidamente em qualquer local, a qualquer hora, com qualquer quantia, em qualquer traje, mesmo que isso, a rigor, for um grande ultraje a nação.
O mais recente caso é do presidente da Câmara do Distrito Federal, Leonardo Prudente, que de maneira imprudente e ao que parece ilegal, apareceu em um vídeo colocando dinheiro nos bolsos do paletó e também dentro das meias. Na verdade, ele entendeu mais do que todos nós, o que significa realmente a expressão fazer um bom pé de meia. Segundo dizem, ele foi vítima de mau olhado e a partir de agora irá colocar uma folha de arruda atrás da orelha. Nenhuma relação desta atitude com o governador do distrito federal, também envolvido no caso, José Roberto Arruda.
Curioso também é que em todos os casos que se tem notícia, os que foram pegos com grandes somas de dinheiro, nunca sabem explicar convincentemente de onde veio e nem para onde iria o cascalho, a gaita, o carvão. O advogado de Arruda, por exemplo, disse que o dinheiro seria utilizado para a compra de panetones e cestas de natal que seriam distribuídos a comunidades carentes. Papai Noel existe ou será apenas meia verdade?
Mas, você leitor ou leitora, deve se lembrar que dinheiro já foi por diversas vezes manchete nos jornais, emissoras de televisão e de rádio no Brasil. Dinheiro em contas-correntes, em malas, dinheiro até em cueca. O único lugar que, com certeza, continua faltando dinheiro, é no bolso do trabalhador.
Dinheiro virou realmente moeda de troca por um lugar no governo, para permanecer com um lugar no governo e até para o governo não mudar de lugar. Dinheiro virou moeda de troca também por um lugar no paraíso celeste através de algumas seitas que aceitam tudo: dinheiro em notas, talão de cheque, cartão de crédito, vale transporte...
Muitos dizem que é lavagem de dinheiro, mas lavar dinheiro colocando dentro da cueca ou de meia? Para finalizar, cabe uma última pergunta: como é que tem gente dizendo que está com a consciência limpa, sabendo que o dinheiro é sujo? (este texto foi adaptado de um outro texto já inserido neste blog, porque, infelizmente, a história se repete)