quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Feicibuque

Estamos atrás de uma tela e observamos o mundo inteiro ao redor. Abrimos a janela e espiamos o reality show do cotidiano. Milhões de seres se entrelaçam em uma grande rede cibernética e a vida se faz compartilhada. Somos todos peixes no grande aquário universal. Ficamos sabendo que Marcos perdeu seu cachorro, Juliana acordou com dor de cabeça, Paulo está fazendo aniversário e Lili casou-se com J Pinto Fernandes e eles moram em Itabira, Minas Gerais.

Precisamos contar tudo para todos e dizer sim, existe vida por detrás dos muros da nossa solidão. Compartilhamos nossas emoções, tanto as banais, como tomar café em uma manhã de segunda feira, quanto às de arranjar um novo emprego. Abraçamos virtualmente os sempre amigos, os quase amigos, os que nunca vimos e aqueles que, provavelmente, nunca veremos. Quando estamos “down” fazemos o download, quando “up”, o upload. Sorrimos no kkkkk, hehehe, ahahaha, rsrsrsrs e se precisamos demonstrar outros sentimentos utilizamos as centenas de imagens do “Emoticons”.
Na vida nada se perde, tudo se posta. Na linha do tempo somos literalmente uma grande família e de mãos dadas navegamos juntos pelas teclas de um computador. Assistimos, curtimos, insistimos, existimos, resistimos.
Nossos vizinhos moram ali ao lado, a milhões de quilômetros de distância. Eles nunca nos viram em carne e osso, mas sabem muito sobre nós. Já nos viram sorrindo em festas e que gostamos de “pão de queijo”, “caipirinha” e “feijoada” e muitos se perguntam:- “O que será que tudo isto quer dizer? “.
No fundo, no fundo, no rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, temos consciência da nossa incompletude nesta infinita Via Láctea. Gritamos em uníssono nossas limitações, nossos anseios, nossos medos tão iguais e que precisamos do outro para testemunhar a nossa existência.
Paradoxalmente utilizamos hardwares e softwares confesssando que somos geneticamente sensíveis, hereditariamente emotivos e amorosos. Nos descobrimos enfim, humanos, demasiadamente humanos.