quinta-feira, 17 de março de 2016

Fim das ilusões


 
Como jornalista há alguns anos, me sinto no dever profissional de dizer que:

- Inexiste jornalismo imparcial e apartidário, embora isto possa sim ser um desejo, uma busca, uma vontade manifesta de "jornalistas sérios e comprometidos com a verdade" (o que é a verdade mesmo?).
- O jornalismo é uma atividade feita por seres humanos, sujeitos, a erros, a equívocos, a distorções como qualquer homo sapiens;
- A história do jornalismo político revela que já tivemos épocas em que os jornais eram declaradamente a favor deste ou daquele político. (vide a década de 1950, na chamada Era Vargas) e isto era enxergado como "democrático" e não como "vendidos".
- Hoje, a maioria das publicações busca ser "apartidária e apolítica" e não se enganem, por detrás disso, existe o investimento publicitário como mola mestra desta escolha, pois, se determinado veículo opta por um determinado grupo, poderá perder uma fatia do bolo. Melhor então é buscar agradar a todos para não perder a verba de algum. 
- Contudo, haverá sempre em uma manchete, em uma frase nas entrelinhas, nas imagens escolhidas para ilustrar determinado fato, enfim, na reportagem ou na edição de uma matéria jornalística, uma opção, mesmo que velada, por este ou aquele lado e isto ,é, sinto dizer, humano. 
- Quando ouvimos falar que a Globo ou qualquer emissora de TV, jornal, rádio, revista, site....deu mais espaço para um do que outro...optou por favorecer aquele mais do que este, devo dizer, é a mais pura verdade. 
- O problema é que quando um veículo de comunicação age assim, mesmo que tentando dissimular isto, determinado grupo que foi atingido (e isto também é humano) brada contra "a midia golpista","vendida" etc. Somos definitivamente democráticos, mas, totalmente contrários àqueles que se mostram contrários a nós.
Incríveis estes seres humanos!
Fim das ilusões.

Inocentes somos nós

Assistindo agora a cerimônia de posse do ex-presidente Lula como Ministro da Casa Civil.
 Na fala da presidente Dilma, frases como “temos que lutar para o bem do Brasil e para isto precisamos de todos, incluindo, dos opositores”. Na plateia, aplausos a cada palavra pronunciada pela presidente e pessoas com braços levantados e “socos no ar” bradam: “O povo não é bobo. Fora Rede Globo”. Como não percebi isto antes: que a culpa de tudo o que estamos vendo e assistindo é da Rede Globo? Como sigo o que me mandam, vou mudar agora mesmo de canal, pois, estou assistindo a posse exatamente pela Globo. 
Penso que cabe a cada um de nós, bradar não só contra a Rede Globo, mas a favor das outras emissoras. Por exemplo, “Quero um país melhor. Assisto a Record”. “Quero o Brasil de antes. Assisto a Bandeirantes”. “Quero um Brasil melhor na TV. Assisto o SBT”. Ou aqui na terrinha, “Quero um Brasil só nosso. Assisto a TV Poços”. “Quero o Brasil do amanhã. Assisto a TV Plan”. 
Essa Rede Globo é a culpada de tudo. Inocentes somos todos nós.

Licença, Rui











De  tanto ver triunfar os desmandos, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver políticos mentindo descaradamente, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos corruptos, de tanto ver essa nação ser (des) governada por aqueles que aspirar o poder acima de tudo, de tanto ver a arrogância, a prepotência, as vaidades pessoais, a ausência de dignidade, o brasileiro que ama verdadeiramente a pátria, chega a chorar de desencanto, a desistir de acreditar no país, a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.




















Ouço muitos falarem e divulgarem o bordão “não vai ter golpe”. Concordo. Definitivamente, não precisamos mais de golpes. O Brasil já vive um golpe em suas instituições públicas. O que fizeram com a Petrobrás? E os golpes que estamos vivendo na economia? Estamos passando pelo maior retrocesso econômico de nossa história. A queda de 3,8 no PIB de 2015 é a pior desde 1990. Calcula-se que o governo atual já deu 1,6 trilhão de reais de prejuízo ao patrimônio geral do Brasil e dos brasileiros. A dívida pública é a maior de todos os tempos e continua crescendo. Em 2015, o governo tirou dos impostos pagos pelos brasileiros mais de 500 bilhões de reais para pagar juros de sua dívida. A inflação chegou perto dos 11% ao ano. O desemprego no país chega à casa dos 100 mil demitidos por mês. Isto é ou não é um golpe, um soco que sequestra os sonhos de muitos? Por falar nisto, o “sonho da casa própria” é hoje um pesadelo. A Caixa Econômica Federal, uma das principais financiadoras de imóveis do país, aumentou a taxa mínima de juros para 8,5% no ano passado e reduziu o montante financiado de 80% para 50% do valor do imóvel usado no Sistema Financeiro de Habitação. Isto é ou não é um golpe?
O Brasil está parado há mais de 1 ano discutindo a Operação Lava Jato, uma pancada de documentos que comprovam e atestam as falcatruas, os desmandos, a corrupção generalizada que tomou conta da nação. Isto é ou não é um soco em nossas crenças de um pais melhor para todos?
A ideia que se pretende disseminar de “não vai ter golpe” busca tirar o foco do problema: a situação crítica que o país está atravessando na falência de suas instituições. A maioria da população não quer golpes de Estado, a exemplo da era Vargas ou mesmo de 1964. O governo atual foi fruto de uma eleição democrática e isto deve ser respeitado. Porém, quando o ex-presidente Collor foi deposto, não vimos nenhuma bandeira dizendo que “foi golpe”. 
Assim, precisamos confiar na Polícia Federal, nas investigações do Ministério Público, buscando punir os responsáveis pelos atos de corrupção, sejam eles quem forem, independente de siglas partidárias. Isto é o que a imensa maioria deste país quer na luta pelos valores éticos e morais que deveriam nortear as ações públicas. Honestidade, comprometimento, transparência, seriedade, eficiência e competência administrativa nos gastos públicos. A maioria dos brasileiros quer apenas políticos honestos que honrem a sua função. Simples assim. 
Porque de golpes contra a nossa inteligência, nossa dignidade, nosso patrimônio, nosso patriotismo, estamos cansados. 
Definitivamente, não precisamos mais de golpes.

Lamentável





Se existe algo mais lamentável que a nossa atual situação econômica. Se existe algo mais lastimável que a situação política que este pais vive. Se existe algo mais deplorável que a corrupção que tomou conta da maioria de nossas instituições públicas. Se existe algo mais nefasto, nocivo, pernicioso, que tudo isto que estamos vendo e vivendo é a ideia da separação, a doutrina da divisão, a ideologia das diferenças que foram disseminadas e inoculadas nas veias de milhões de brasileiros.
Pobres x Ricos. Empregados x Patrão. Coxinhas x Petralhas. 
Pretos x Brancos. Elite x Proletariado. Nordeste x Sudeste.
Vivemos um teste difícil. A maioria dos brasileiros está com um grito na garganta que espera há tempos a sua liberdade.
Contudo, as paixões embaçam a visão. A emoção distorce a razão. O fanatismo sequestra a verdade.
O momento exige respeitar as diferenças de opinião e conviver com os opostos. Acreditar na justiça, sem endeusamentos, sem personalismos.
O contrário disso é agir da mesma forma com tudo aquilo que há tempos estamos vendo , não concordando, nem aceitando.
Se respondemos às provocações utilizando as mesmas armas de quem discordamos, estamos nos igualando e fortalecendo ainda mais a divisão. E o que é pior: contribuindo para aquilo que a história já demonstrou que não é nada saudável: o nascimento de um mártir.

Filosofria XXIV

Em um mundo de tantas dúvidas, o fanático é aquele que aposta todas as suas fichas em uma única verdade, acreditando que tudo o mais em sua volta é enganador e perigoso. Ele se aprisiona em um quarto porque ali sente segurança, enquanto o mundo lá fora vai lhe seduzir, lhe corromper, sequestrar suas crenças. Não sabe que é mais um homem das cavernas acreditando que as sombras são reais, seja através de um partido, um mito, um ídolo. 

Filosofria XXIII


Depois de tantas incompletudes, qualquer motivo ou deslize do outro, pode nos desviar a consciência da inexistência de seres completos, a começar por nós mesmos. Lemos o livro do passado e baseado nas histórias que já vivemos, não nos permitimos viver o presente com medo de que cenas outrora vivenciadas possam se repetir. O receio de repetir os erros das nossas escolhas anteriores, nos sequestra a possibilidade de viver o novo, pois, verdadeiramente, ainda não nos livramos do antigo. 
Viver o presente, sem utiliizar tão somente como bússola o que já passou, talvez seja nosso principal desafio nas lutas do cotidiano.

Liberdade





Só acredito no que liberta.
Assim, digo Não:
Ao amor que aprisiona. 
A religião que escraviza
Ao trabalho que sufoca
A qualquer governo que socializa a ignorância e a subserviência.
Só acredito no que liberta, pois, verdadeiramente,
não é amor, é posse,
não é religião, é moeda de troca, 
não é trabalho, é dependência,
não é governo, é dominação.