quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Não se fazem mais carnavais como futuramente


Vamos despir a fantasia: o carnaval de ontem, o do corso e das marchinhas,o das bisnagas inofensivas, de confetes e serpentinas, Pierrôs e Colombinas, só existe na memória emocional de quem passou dos 40. Certo, vivemos a moda do retrô e tentamos retroceder no tempo para tentar eternizar a “inocência” dos carnavais de outrora.

Ô abre alas que o passado quer passar. O carnaval do presente é o carnval do passado. Tudo muito válido, pois desejamos verdadeiramente reviver a Máscara Negra que nos transformava em mais de mil palhaços no salão. É como se olhássemos um álbum de fotografias e buscássemos repetir no presente o que um flash fotográfico registrou. Os vovôs de hoje arrastam os pés e levantam os polegares buscando que a animação não seja desanimada. Os jovens tentando achar no axé aquela magia que os vovôs vivem dizendo. Mamãe eu quero...um carnaval como o do meu avô. Almejamos o ontem, nos dias de hoje. “Vovô Ampulheteiro” foi a composição (ou decomposição) vencedora do ultimo Concurso Nacional de Marchinhas da TV Globo, versão (ou inversão) da “Pipa do Vovô”, hit dos anos 1970.

Sim, a gente continua Sassaricando nos salões e Maria Sapatão ainda convive com os arlequins, mas o carnaval de outrora foi um rio que passou e as águas estão rolando de maneira diferente. Se você fosse sincera, Aurora, admitiria que não dá mesmo para que isto ocorra. Já não somos os mesmos, o mundo mudou. A passarela do samba foi invadida pelo capital na Festa do interior. Taí: os abadás substituíram as fantasias, os patrocinadores são os destaques na avenida e os camarotes são locais disputados por aqueles que desejam os holofotes da fama. Até a quarta feira de cinzas já não traz a tristeza dos dias de outrora. Pelo contrário, ela nos reacende a chama da busca pelo material, pois, decididamente, não se vive de alegorias e adereços.

Definitivamente, não se fazem mais carnavais como antigamente, e por mais que cantemos marchinhas, o universo mudou a marcha. Ficamos mais rápidos e a alegria é um produto que se vende em embalagens diferentes durante o ano todo e em fevereiro tem carnaval.

Em todo este cenário, só nos resta uma certeza: o Me dá um dinheiro aí, continuará sendo sucesso no enredo dos carnavais do século XXI.

“Confete, pedacinho colorido de saudade, ao te ver na fantasia que usei, confete, confesso que chorei”.