Existem drogas que toda a sociedade conhece de uso ilegal no Brasil: a maconha, o crack, a cocaína. Responsáveis por dizimar sonhos, por assassinar ideais, por desconstruir famílias.
Mas, existem outras tão letais quanto estas, mas que são legalmente inaladas e absorvidas pelos usuários, cidadãos comuns de uma sociedade doente.
Uma delas vem embrulhada em papel de presente. Droga estimulante muito citada em livros, revistas técnicas e em palestras proferidas pelas inteligências do mundo moderno: a competitividade. Esta droga nos força a ser super-heróis, a considerar todos a nossa volta como adversários. Torna maior também as nossas exigências sobre nossos filhos, empregados ou colegas de trabalho. A competitividade do "Você Sociedade Anônima", dos treinamentos que se rotulam como motivadores do ser, quando na verdade, incitam ao ter. A competitividade em casa, na escola, no trabalho. Qual é o nosso diferencial competitivo? Como vencer nossos oponentes? O que nos faz melhor que os outros? Como alcançar o sucesso?
Outra droga tem também embalagem atraente, sedutora, como subproduto da competição: a droga do consumo. É o carro X, o celular Y, o mais novo lançamento. Aquele produto que trará um novo status, a ascensão social, a aceitação e o reconhecimento de todos e que nos deixa depressivos quando não conseguimos atender ao convite do "Compre! Aproveite! Não perca esta promoção!".
Existe outro alucinógeno mortal que modifica comportamentos e que na maioria das vezes, se veste de terno e gravata, e freqüenta, principalmente, o meio político causando profunda dependência. A droga do poder. O poder do cargo, da pena, do ato, o poder da ordem. O que manda e desmanda, o que passa por cima, o que infringe leis, o que humilha e que subverte, o poder que corrompe. A droga do poder tem efeitos duradouros e colaterais, na miséria da sociedade, na inacessibilidade da educação e da cultura, na preservação do fosso social.
O poder, o consumo e a competitividade são combustíveis que alimentam uma sociedade capitalista. Infelizmente, se torna extremamente difícil, senão impossível, reverter um quadro em que todos nós somos, por assim dizer, dependentes crônicos.
domingo, 19 de julho de 2009
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