terça-feira, 31 de março de 2009

Arca de Nóe

A vida do ser humano sempre esteve ligada ao mundo animal, afinal, somos animais racionais, embora haja controvérsias com relação a isso. Mas, por exemplo, quando queremos dizer que cada pessoa deve ocupar a sua função, dizemos, “cada macaco no seu galho”, que tem tudo a ver com a nossa árvore genealógica. Quando alguém estava de mau humor, virou uma onça, pois estava com a macaca.
Na política, existem os famosos abraços de urso, mas há quem diga, que muitos, na verdade são lobos em pele de cordeiro. Portanto, toda cautela é necessária, afinal, em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. Alias, esperteza e política andam juntas, pois esta área normalmente, anda cheia de bagre ensaboado. E dizem, que o que tem de rato no congresso...
No futebol, aquele deu o drible da vaca, o goleiro engoliu um frango ou um peru, e a bola foi parar lá onde a coruja faz ninho. Técnico é o Leão, mas animal mesmo é o Edmundo. Em Poços, periquito é a Caldense e o Vulcão é o quati.
Quer outro exemplo? Apesar do valor da amizade, o melhor amigo do homem é o cachorro, pois como dizem, é melhor ter um cachorro amigo, que um amigo cachorro. Aliás, o que tem de amigo fazendo cachorrada, e quando isto acontece, o cara é um tremendo de um traíra.
Na relação entre o homem e a mulher, o modelo é sempre o reino animal. Em casa em que mulher manda, veja só, até o galo canta fino. Filhos? Melhor um passarinho na mão que ser pai aos dezoito. Casamento? Gato que levou tijolada não dorme em olaria e malandro é o pato que nasceu com os dedos grudados para não usar aliança.
E a situação econômica? O mar não ta pra peixe. A situação vinha bem, de repente, deu zebra. Agora tem muita gente latindo no quintal para economizar cachorro. Aumentou consideravelmente o número de escorpiões nos bolsos dos cidadãos. Também o leão do imposto de renda não dorme no ponto e por isso, muita gente declara estar uma arara com a tal da declaração.
No trânsito, muitos motoristas afirmam não ter medo de animais na pista, mais sim, dos burros no volante. Tartaruga é sinônimo tanto de quem anda lento, quanto do redutor de velocidade. Foca é o jornalista que está iniciando na profissão. Gato é um rapaz bonito e sereia ou potranca valem para qualquer mulher bonita. Sapo é aquele que foi na festa sem ser convidado e papagaio de pirata é aquele que sai na fotografia também sem convite. Pato é aquele que não dá no couro, mas, em compensação, galinha é aquela mulher que vive ciscando por aí...
A lista é interminável e vou parando por aqui, pois como já sou cobra criada, sei que quem fala demais, dá bom dia a cavalo.

domingo, 29 de março de 2009

Control C, Control V

Comece a ler este texto com um certo receio, pois, em nosso país, já viu né, tudo pode ser copiado, falsificado ou clonado. Por exemplo, tudo que é líquido tem grandes chances de falsificação, como o whisky e a champanha, a gasolina e o álcool, até o leite já se revelou aguado.
Em um passado não muito distante, chegaram a clonar a marca BR da Petrobras, e em muitos lugares na verdade o que se lia era 13 R Distribuidora. O número um e o numero treze muito juntos pareciam a letra B e como as cores eram as mesmas, a pessoa acabava por comprar gato por lebre.
Quer outro exemplo? Remédios. Falsifica-se a embalagem, a bula, a receita, até o médico é falsificado, como foi o exemplo daquele enfermeiro que se passava por doutor. Voce com certeza, se lembra, foram descobertos remédios falsificados para disfunção erétil . Ou seja, estamos cada vez mais impotentes contra a falsificação.
A listagem é extensa: dinheiro, programas de computador, CDs e DVDs, pen drives, perfumes, mel, azeite, tênis, roupas, bolsas, cartões de crédito, diplomas, obras de arte, declaração de senador... tudo falsificado.
Mas, com a chegada da Internet a coisa fugiu do controle, ou melhor, ganhou dois novos controles: o control C e o Control V. O "Copie e Cole" virou mania nacional. Trabalhos acadêmicos então, são exemplos claros que confirmam a celébre frase de Lavoisier: "na Internet, nada se cria tudo se copia" (como não quis copiar a frase por completo, fiz apenas uma pequena adaptação histórica). Outro dia, ao receber um relatório acadêmico de alunos universitários, sobre algumas empresas da região, comentei com eles, após um trabalho de investigação, que estava indignado. "Vocês não vão acreditar. Não é que as empresas copiaram o trabalho de vocês e colocaram no site delas?. A ironia foi a saída para testemunhar o quanto é cada vez maior o desgaste das teclas Control C e Control V nos computadores. Cada vez mais se justifica também, ao final do curso, os alunos participarem da cerimônia de "Colação de Grau".

além de recorrer a conhecimentos lingüísticos, textuais e interacionais, o leitor necessita saber usar recursos próprios para a leitura do hipertexto, já que este se constitui em um labirinto de infinitos textos, versando sobre infinitos temas, em uma extensa rede que possibilita -

Oppss! Me desculpe leitor, sem querer, apertei as teclas Control V e Control C....

4. Algumas considerações finais Em nosso percurso, destacamos que o hipertexto é um texto, múltiplo, é verdade, mas um texto. Desse modo, podemos dizer

quinta-feira, 26 de março de 2009

Uníssono

Começou assim, como um cantar tímido de quem tem medo de soltar a voz.
Como um sussurro, um sopro discreto, uma brisa.
E aos poucos, foi alcançando cada ouvido humano e se amplificando.
E sob a regência do Maestro divino, paulatinamente, os sons se multiplicaram e foram se afinando, invadindo corações e mentes. E notas vibrantes, em ressonância, percorriam todos os caminhos, todos os lares, todas as nações.
E cada acorde se tornou um único abraço na partitura do viver universal.
Na diapasão dos sentimentos, cada ser em um gigantesco coral, onde cada um em sua individualidade, contribuía para a magia e a beleza da peça.
Equalizou-se,depois de tantos contrapontos, a igualdade entre todas as vidas.
Sintonizou-se a paz, através de uma única linguagem.
E o amor se fez música.
E todos juntos, em uníssono, puderam entoar, eternamente, uma única canção.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Roda Viva ou Morta?

A roda é com certeza, a grande invenção humana, apesar de se desconhecer quem a inventou. Através dela, muitos outros inventos surgiram, como o velocípede, o skate, o patins. A própria roda gigante não existiria, se antes não tivesse sido criada uma roda anã. Vejam só! Que descoberta fantástica, não sei como pude viver até hoje sem esta informação.
Mas, chega de rodeios.
Além de ser um invento interessante, a roda tem um mecanismo muito simples, ou seja ela serve para rodar, apesar de o dicionário explicar: "a roda transmite de maneira reduzida para a borda qual aplicada no seu eixo rotação eixo, amplificando a transmissão tanto da velocidade quanto da distância que foram aplicadas”. Entendeu? Nem eu.
Bem,mas, depois da invenção da roda, o tempo rodou e criaram-se ainda, as brincadeiras de roda, rodar um pião, as saias rodadas...
Mas, se ela serviu para muitas soluções na humanidade, também é causa de muitos problemas. Sim , porque depois da roda, tivemos o automóvel (com quatro rodas) e a motocicleta (com duas rodas). Depois destes inventos, na roda viva (ou morta?) diária do trânsito, muitos acidentes fatais e muita gente em cadeira de rodas.
Cresce assustadoramente, em números redondos, acidentes envolvendo motocicletas. Infelizmente, nas rodinhas de alguns motoqueiros, costurar o trânsito virou sinônimo de rapidez e esperteza, empinar virou sinônimo de habilidade e auto-afirmação, e andar de moto sem capacete, sinônimo de coragem e desafio a autoridade policial.
Assim, vamos assistindo a dezenas de jovens perderem a vida e a alegria de uma roda de samba. E muitos, infelizmente, com poucos quilômetros rodados.
"Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo parou num instante, nas voltas do meu coração"-(Chico Buarque-Roda Viva)

quinta-feira, 19 de março de 2009

“EEEEEEPA! Olha o milho verde!”

O marketing é apontado hoje em dia como causa e solução dos problemas das pessoas e empresas. A empresa vai bem? É que eles investem muito em marketing...
O candidato venceu as eleições? Também, com o marketing que fizeram...
Assim, marketing parece uma varinha de condão que transforma, da noite para o dia, o fracasso em sucesso, os resultados negativos em positivos, o déficit em superávit.
Mas, quando se pergunta o que é marketing, a maioria das pessoas costuma citar aspectos promocionais como explicação para a palavra.
Na verdade, o marketing vai muito além disso e é resultado de uma série de informações e estudos que buscam, atender e até superar, os desejos e necessidades dos clientes externos, mas também internos.
O composto de marketing, ou o chamado “ 4 Pês” (Produto, Preço, Promoção e Ponto de Venda) é a base que busca analisar a empresa nestes fundamentos e propor estratégias para se alcançar os consumidores, e o que é mais importante, transforma-los em clientes fiéis.
Em um conceito mais amplo, a palavra “relacionamento” parece ser a que mais se aplica nos conceitos modernos do marketing. Como melhorar o relacionamento entre a empresa e o cliente buscando o “ganha-ganha” para ambos, talvez seja a principal tarefa da administração mercadológica no mundo contemporâneo.
Mas, o que fazer em um mercado extremamente competitivo, onde os produtos têm o mesmo nível de qualidade e preço?
Buscar o que se denomina de diferencial competitivo, ou seja, inovar.
Estudar o mercado onde se atua e descobrir um nicho, qualquer ação que chame a atenção do consumidor, que faça com que ele tenha desejo pelo seu produto. Ir além, oferecer um atrativo, superar as expectativas do cliente.
Repare bem: quando é que você foi surpreendido por uma ação da loja onde você compra há tantos anos? Quando é que lhe ofereceram algo “graciosamente” como uma oferta da casa em reconhecimento aos anos que você compra naquele local?
A maioria de nós ao invés de “momentos mágicos”, como diz o professor Luiz Marins, só vivenciou até hoje “momentos trágicos” a nos lembrar de uma experiência de compra em determinado local.
Embora as empresas digam que o “cliente é o rei”, que ele é “o elemento mais importante em nossa loja”, na prática isto pouco acontece. O consumidor ainda é muito mal atendido e muito pouco reverenciado, aliás, as empresas na verdade nem o conhecem. Quando perguntamos quem é o cliente, o público alvo, as respostas falam de elementos genéricos que hoje em dia pouco dizem. Na verdade se faz necessário conhecer cada cliente, com as suas características individuais que não mais se encaixam em classificações genéricas.
Quem mora em Poços de Caldas, já se acostumou a ouvir pelas ruas da cidade, um vendedor de milho verde que com voz forte e firme, sem auxílio de caixas de som, faz a divulgação do seu produto de maneira diferenciada. “EEEEEPA, olha o Milho Verde” é o seu bordão para dizer a que veio e o que tem a oferecer.
Que aprendamos com esse vendedor ambulante a diferenciar nossas empresas, produtos e serviços. É hora dos empresários refletirem muito, pesquisarem muito, para alcançarem os seus clientes. É hora de amadurecer. “EEEEEPA! Olha o milho verde””!

terça-feira, 17 de março de 2009

Poços hoje

A gente nem percebe, mas Poços de Caldas muda a cada dia, a cada hora. Comece a notar isto, em sua própria rua. Repare: é uma nova casa, um novo prédio, um empreendimento comercial que fechou, ou outro que está abrindo suas portas. Isto, com certeza, tem muitas razões. Somos uma cidade privilegiada, “um céu entre montanhas”, como dizia o poeta. Temos a natureza a nossa favor, temos água, energia elétrica, uma qualidade de vida atestada por quem mora aqui, ou por quem está de passagem. Temos indústrias, hospitais, escolas, universidades, um comércio ativo, um shopping center. Somos um ponto atrativo de turistas e de consumidores. Somos, por assim dizer, a capital do Sul de Minas.Mas, tudo isto, que sabemos e reconhecemos ser verdadeiro, tem um preço: os problemas também começam a nos incomodar mais. A violência, antes vista apenas nas grandes cidades e pela televisão, hoje se estampa na mídia local. O desemprego alcança dezenas de pessoas a cada dia. A falta de creches e escolas também se faz sentir. O trânsito se complica pelo excesso de carros que prejudica a fluidez de tráfego e resulta na falta de vagas de estacionamento. A saúde começa a sentir o peso da demanda, pela chegada cada vez maior de pacientes de outras cidades. E isto tudo também pesa sobre cada cidadão. A competitividade é mais acirrada, as cobranças se avolumam, a pressão de empregadores sobre os empregados é maior, resultando em um estresse na cidade reconhecida como estância propícia ao relaxamento.Vendemos aos turistas aquilo que, talvez hoje, nós mesmos já não possuímos : a tão decantada tranqüilidade de uma cidade do interior.
Observe, o poçoscaldense a cada dia vive mais apressado. Os papos nas esquinas, quando existentes, são cada vez mais curtos. Temos sempre algo urgente a fazer, a cumprir.
A proximidade com Campinas e São Paulo nos afeta, mesmo que a gente nem perceba. Somos mineiros no coração e paulistanos nos gestos.
A vida é urgente e o relógio da matriz marca hoje um novo tempo. Embora na Praça Pedro Sanches, o coreto insista em lembrar o passado e nos bancos da praça, poçoscaldenses de outrora são testemunhas vivas de uma Poços de Caldas que já não existe mais.

domingo, 15 de março de 2009

Armazém do tempo

Antigamente existia um lugar chamado armazém , no tempo em que cliente era chamado de freguês. Éramos, então, fregueses do armazém e o nosso nome, muitas vezes, com uma referência familiar, era anotado em uma caderneta, juntamente com os gastos diários, que saldávamos no fim do mês. As compras eram somadas em folhas de papel de embrulho, e a caneta (Bic) ficava atrás da orelha do atendente, que geralmente era o próprio dono do armazém : o seu Toninho- que também tinha nome . Este costumeiramente nos cumprimentava e perguntava ainda sobre a nossa família.

-Como vai sua mãe? E seu pai,melhorou da gripe?

Os produtos ,na época chamados de mercadorias, eram colocados no chão mesmo, ou em cima do balcão e tudo parecia uma bagunça só, mas, que nos passava uma sensação de proximidade, de aconchego mesmo. Os sacos de estopa abertos mostravam as mercadorias (feijão, arroz, açúcar cristal, macarrão) e havia um cheiro no ar que nos atraia e que a nossa memória olfativa nunca conseguiu definir e nem sentir igual.

Naquele tempo, o nosso dinheiro era em papel apenas e geralmente vinha amassado em nossas mãos, juntamente com as moedinhas retiradas de um cofrinho, um porquinho de plástico.

Passou porém o tempo, deixamos de ser fregueses e viramos clientes. Quem nos atende já não é mais o seu Toninho, (alias, onde andaria o seu Toninho?) mas, sim o crachá de um funcionário, cujo nome não me lembro. E nós, os clientes, sem nome, sem mãe, nem pai, viramos mais um número no computador. O armazém virou supermercado, o balcão de madeira virou gôndola e as mercadorias viraram marcas. A caneta virou calculadora, a caderneta virou checkout e nós nos viramos para achar os produtos e o cartão de crédito ou débito tem o nosso nome em letra miúda e uma senha que a gente vive esquecendo. Dizem que nós somos o “rei” e que tudo ali existe para satisfazer nossos desejos e necessidades. Nos perdemos em meio a tantos produtos, centenas de marcas, embalagens e rótulos, promoções e carrinhos que nos atropelam. O consumo vive a nos consumir. Estamos no BIG, no HIPER, no corredor do “WALL MORTE”. O nosso carrinho se enche, o nosso bolso se esvazia e a gente se enche de alegria, afinal, estamos em lugar de gente feliz, como diz o locutor do local.

Compramos o que todos compram, com dinheiros iguais, pensamos iguais, somos iguais perante a lei da oferta e da procura. Viramos consumidores, clientes anônimos de um mercado super. E nos dá aquela vontade de sermos fregueses novamente e encontrar pela frente o seu Toninho. Que saudade, no armazem do tempo, dos tempos do armazem.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Vende-se jornal ou o Jornal se vende?

Não nos iludimos.O departamento mais importante em uma empresa jornalística é o comercial. Esta premissa não é recente e ninguém é inocente. Porém, hoje, nos parece que ela perdeu, com o perdão da palavra, “o pudor”, e se tornou comum e banal, como os crimes que são publicados, as falcatruas de políticos, os desmandos dos governantes. Talvez a imprensa, por divulgar tantas atrocidades, tanta sacanagem, tenha sido também contaminada pelos mesmos “venenos” que auxiliou a divulgar.
Por que o jornalismo iria ficar de fora, deste “mar de lama”? Somos produtos do meio e o jornalismo, cada vez mais, se torna um produto como outro qualquer.
Em um mercado, onde o número de publicações se amplia a cada dia, em que os diários, os semanários, os “devezemquandários” aparecem a cada momento, a matéria jornalística virou objeto de troca ou de pressão, entre a “empresa jornalística” e os anunciantes.
É um “salve-se quem puder” e se preciso for, fala-se mal ou bem, dependendo de qual valor financeiro está em jogo.
A censura agora não é realizada mais pelos poderes constituídos, o governo, em suas mais diferentes esferas. O mercado hoje é o dono do poder. Assim, a censura vem travestida de “notinhas de rodapé”, e o que importa realmente são as notas reais, ou, em nosso país, os reais em nota.
Ética no jornalismo? “Ora, não me venha com ideologias, com purismos inconsistentes, com discursos acadêmicos. O que está em jogo é a sobrevivência e o que paga a nossa folha de pagamento no final do mês, não são palavras, mas sim, o número de anunciantes que temos”. Alguém aí, vai dizer o contrário?
A informação passou a ser o maior valor que pessoas físicas e jurídicas têm, e aí está o diferencial que tornou a mídia, nestes tempos cibernéticos, o primeiro poder, ou como diz Caetano, ou não...
O poder da mídia, diga-se de passagem, é fruto, mais do que acreditam os donos de empresas e os políticos vaidosos, do que realmente se observa na prática. Quer um exemplo? A mídia, de maneira geral, fala mal do governo Lula, mas ele continua gozando de muito prestígio perante o povo. E a constatação é óbvia: o jornalismo impresso, que se diz formador de opinião, não atinge o povo e a televisão é entretenimento e não veículo de formação de consciência.
Superou-se o poder religioso, pois o dinheiro corrompeu também a religião e a mídia auxiliou a divulgar os pecados cometidos, o que antes só se sabia nos confessionários. Vaidade das vaidades. Superou-se o poder militar, que acomodou-se nos quartéis, nos altos salários dos altos comandos. Para finalizar, já que este artigo não deverá ser mesmo publicado por um jornal, sobra-nos uma certeza: romantismo existe é na literatura. Na vida real, a mídia faz média e a notícia só existe porque jornal vende, ou seria se vende?.

quarta-feira, 11 de março de 2009

"Quem vai tocar?”

Uma experiência pessoal, que me pareceu de certa forma divertida e banal na década de 80, hoje veio à minha memória, para tentar decodificar na minha limitada visão, o novo cenário de revolução tecnológica que a muitos encantam e a outros assustam nesse milênio.
Trabalhando em uma empresa de computação em São Paulo (Kyoei Facom) como digitador e cursando Jornalismo, eu me surpreendia com a determinação dos japoneses, com a máquina perfuradora de cartões magnéticos (companheira diária de trabalho) e com a linguagem “revolucionária” da programação Cobol. Considerado um gaijin (estrangeiro) pelos japoneses da empresa, com o tempo fui conquistando a confiança dos diretores e me tornei o presidente do grêmio daquela organização. Passado alguns meses e após a realização de algumas gincanas e participação da empresa em alguns torneios esportivos, senti a falta de alguma coisa que pudesse animar a nossa torcida, pois os japoneses, em sua maioria, são discretos e reservados. Assim, com a contribuição mensal de todos os funcionários, tinha em mãos um capital para investir nesse projeto e em uma bela noite me veio uma idéia “genial” e tomei a decisão: fui até o Mappin (que na época era o grande magazine de São Paulo) e comprei vários instrumentos de percussão, como tamborim, pandeiro, surdo e repenique. Coloquei os mesmos em uma sala da empresa e o diretor ao saber dessa minha iniciativa veio me cumprimentar e com um jeito sereno e investigativo me disse: “Muito bom, né! Instrumentos de samba, animar a torcida, muito bom, né...mas, só uma perguntinha: Quem vai tocar?”.Aquela indagação caiu como uma bomba na minha cabeça. Eu havia me encantado com a idéia, porém, me esqueci do fundamental: ninguém na empresa sabia tocar aqueles instrumentos. Foi um horror! A gente ia jogar e na arquibancada a torcida batia nos instrumentos como se fossem tambores anunciando chuva, sem ritmo e sem musicalidade, literalmente, “tinha japonês no samba”.
Mas, o que tem a ver essa página, com a revolução tecnológica que a cada dia se torna mais impositiva em nossas vidas?
Muitos de nós, principalmente os que estão acima dos 40 anos, não sabem utilizar todos os recursos que a tecnologia oferece e nem parecem dispostos em aprender. Para esses, celular, por exemplo, é apenas um telefone sem fio, que serve para fazer e receber chamadas. O quê? Ele tira fotografia, marca o horário, tem despertador, transmite e-mails, tem calculadora, gravador de som... nem me fale, eu não sei mexer nisso não...isso é coisa pro meu filho!.
Isso sem falar do próprio computador, um valioso instrumento multimídia, que a cada dia incorpora um novo software, com um novo recurso, com isso e aquilo...
Quem se lembra da velha máquina de escrever, que para ser bem utilizada, era necessário o famoso “curso de datilografia” para se obter maior rapidez e um texto sem erros. Embora existam alguns “heróis da resistência”, um fato é inexorável: a tecnologia está aí e quem quiser ficar de fora, vai ser excluído nesse mundo cada vez mais competitivo e globalizado.
Porém, cabem algumas reflexões que remetem ao início desse artigo: será que a tecnologia não está criando um mundo de excluídos? Será que as pessoas que criam os novos instrumentos, estão realmente preocupadas com “quem irá tocar”? Ou estão mais interessadas no aspecto mercantilista desses novos inventos?
A propaganda de televisão é um paradigma da evolução social. Nas décadas de 60 e 70, os “novos eletrodomésticos” oferecidos às donas de casas no país, eram mostrados “pedagogicamente” através dos “reclames”. Apresentava-se o “mais moderno aparelho” e explicava-se detalhadamente o seu funcionamento. Hoje, os “reclames” apresentam o novo, mas não têm a mesma preocupação em mostrar como funciona... Quem quiser que busque, á sua maneira, essa informação.
Portanto, se torna essencial pensar que o ser humano vai continuar sendo o maior interessado nessa revolução, pois é ele o maior beneficiário ou a maior vítima dessas inovações. Ninguém pode deter a evolução tecnológica. É necessária a busca incessante, através de contínuas pesquisas na utilização da tecnologia da informação, para se descobrir o novo em todas as áreas. Porém, faz-se determinante que não percamos o foco no elemento humano, pois, se não for dessa forma, poderemos estar ampliando ainda mais as desigualdades sociais e que podem ecoar ainda mais, no fosso das cisões causadas pelo encantamento com a tecnologia. Vamos buscar “os instrumentos” para animar a vida, preocupados principalmente, com quem faz com que ela realmente valha a pena.

domingo, 8 de março de 2009

As mulheres estão dominando o mundo

As mulheres estão dominando o mundo.
Você vai dizer que já sabia disso, eu também. Porém, somente hoje me dei conta de que não é apenas um papo feminista, ou mesmo assunto de homens confiantes de sua “autoridade masculina” que apenas pretendem fazer média com o sexo oposto.
Como réu confesso, esta história de “mulher assumindo seu lugar no mundo” me cheirava coisa de revista feminina buscando fortalecer a auto-estima do “sexo frágil”. Sinceramente, não que eu temesse a possibilidade, mas, agora, mais do que matéria de revista, mera homenagem no “Dia Internacional da Mulher, isso se tornou concreto, mensurável, quantitativamente comprovado, estatisticamente verdadeiro.
Eu já havia reparado que elas realmente estavam mais confiantes. Notei isso, pelo andar delas nas ruas. Incrível, como parecem saber realmente para onde estão indo. Repare você. As mulheres estão sempre com a cabeça ereta, passos rápidos e decididos. Agora, compare com os “cuecões”. Perdidos nas esquinas, olhando para os lados, desconfiados, inseguros, sempre fingindo falar com alguém no celular. Só resolvem agir quando uma saia vermelha passa indicando que o sinal está verde.
Elas realmente estão tomando todos os comandos. Perceba isso no local onde você trabalha. Provavelmente, a sua gerente já seja uma mulher, ou se ainda não é, dê uma olhadinha disfarçada para aquela moça que está bem próxima de você, naquela mesa ao fundo. Veja como ela quer saber de tudo, vive dando palpite, fazendo sugestões. Não chega um dia atrasada e quando você lhe pergunta sobre algo, ela responde como se já tivesse ensaiado a resposta. Começou a trabalhar na empresa meses atrás e já sabe tudo o que você demorou anos para saber. Está terminando a faculdade e lhe informa que pensa em fazer um curso de pós-graduação. Viu só?
E na escola, na faculdade? Quantas mulheres têm na sua sala? Se forem muitas, melhor você ficar calado, já que a maioria sempre vence. Se forem poucas, ligue o sinal de alerta, pois, quem determina o ritmo das aulas também são elas. E se for apenas uma, não se engane, certamente é a mais inteligente, aquela que senta bem na primeira fila, que toma nota de tudo e parece tomar até a sua nota, já que você ficou para exame e ela...
Veja aí na sua cidade. Quantas estão em cargos de chefia na prefeitura, nas empresas, nas escolas, nos hospitais?
Parece uma invasão, uma revolução, uma insurreição...
Cadê aquela dona de casa, a rainha do lar? Onde foi parar Amélia, a que era mulher de verdade?
São muitos os sinais e eu gostaria até de estender o assunto, mas, peço desculpas, pois vou ter que parar por aqui. É que minha mulher precisa usar o computador e eu ainda tenho que arrumar a cozinha.

sábado, 7 de março de 2009

BASTA!

Nós, brasileiros, sempre fomos considerados um povo pacato, tolerante, honesto, trabalhador e criativo. Talvez por isto, muitos são aqueles que se aproveitam destas nossas características e buscam tirar vantagens em tudo.
Alicerçados na boa fé dos tupiniquins, na nossa tão falada falta de memória e em uma justiça morosa, os aproveitadores fazem e desfazem, corrompem-se utilizando o dinheiro público e seqüestram a nossa confiança, confiantes na impunidade existente.
Mas, é chegada a hora de cada cidadão brasileiro dizer um BASTA.
Basta de políticos que falam muito e pouco fazem, e quando fazem, fazem mal feito.
Basta de discursos enganadores e utópicos.
Basta de promessas, que sabemos de antemão, nunca serão cumpridas.
É hora de dizer um basta a todas as coisas que há muito aceitamos calados: à justiça morosa, aos políticos corruptos, às leis feitas em benefício próprio, aos sanguessugas da miséria social, aos atores existentes em todas as áreas do governo, que enganam na palavra para permanecerem no poder. Que trocam benefícios individuais por votos, que fazem dos direitos do cidadão, esmolas da exclusão social. Que constroem castelos, desconstruindo a vida , se esquecendo dos barracos, das palafitas, dos casebres, dos que "moram" embaixo da ponte.
Queremos seriedade, sinceridade e atitudes.
Queremos um plano de ações consistente e factível.
Não ações para remediar e iludir. Não necessitamos de tapinhas nas costas e nem de ideologias sem roteiro de chegada.
Queremos governantes sensíveis, conscientes e ágeis.
Precisamos de administradores públicos com responsabilidade coletiva e não de políticos privados com objetivos individuais.
Precisamos de homens que arregacem as mangas para sentir de perto as mazelas por que passam a maioria dos habitantes deste país.
Abortamos os governantes de gabinetes que assinam medidas, desconhecendo as conseqüências de seus atos.
Preferimos sim, a verdade que impossibilita determinada ação, que as falácias de quem busca agradar por motivos sórdidos.
Queremos seres humanos exercendo a política. Pessoas que saibam lutar e sorrir com as vitórias, chorar e lamentar nos fracassos.
Não compraremos mais “produtos” embalados pelo marketing político e pelos interesses dos vários “Pês”, que muitos ainda insistem em chamar de Partidos.
O “Pê” que nos agrada é o de pessoa, desta que a gente encontra comumente nas ruas, com problemas e dúvidas, com sonhos e vontade de vencer.
Precisamos de homens públicos que realmente queiram ser a voz dos excluídos e esquecidos. Não, não queremos santos, nem super-heróis. Necessitamos de pessoas que façam Política por amor à vida, como instrumentos de Deus no auxílio ao próximo.
BASTA!
Talvez seja esta a palavra que falta não somente ser falada, mas ser exercida diariamente, evidenciando que a bondade do brasileiro não é alvará de desmando para quem não respeita a dignidade humana.

sexta-feira, 6 de março de 2009

SAPATADAS

Recentemente um jornalista iraquiano atirou os seus sapatos em direção ao presidente George Bush, o que lhe rendeu notoriedade em todo o mundo. Infelizmente, para muitos, a pontaria do referido jornalista não foi das melhores, mas o presidente Bush mostrou também muito jogo de cintura para se esquivar da sapatada. Se a moda pega (e sapatos tem tudo a ver com essa área), em breve, poderão faltar calçados em nosso país. Há quem diga que já existem estudos esportivos para incluir a referida modalidade nos próximos Jogos Olímpicos. A dúvida ainda é com relação ao nome da modalidade (ou seria maldalidade?) e as regras. Pensando a respeito, e embora não seja da área esportiva, resolvi propor algumas normas iniciais para se regulamentar a referida atividade.
1) A modalidade poderá ser praticada por qualquer pessoa, não havendo restrições com relação à idade, nem sexo, ou seja, poderá ser praticada por sapatos, sapatinhos, sapatilhas e sapatões;
2) Haverá apenas a exigência que o atirador ou a atiradora esteja com a visão e reflexos em perfeitas condições;
3) A distância mínima entre o alvo a ser atingido e o atirador, terá como unidade de medida, o pé, ou seja, doze polegadas, ou para ser mais exato, 30,48 centímetros. Assim, somará mais pontos aquele que atirar o sapato de uma maior distância, mensurada através do pé. Alias, esta medida é utilizada principalmente pela aviação, o que a torna adequada já que estará se mensurando o vôo do sapato em direção ao alvo. Também pode se inferir que o pé passa a ser, alem de uma unidade de comprimento, uma medida de cumprimento ao referido alvo;
4) O local da referida pratica esportiva, poderá ser em qualquer espaço público em que o alvo esteja presente. Porém, o alvo não poderá de forma alguma, ser avisado com antecedência, já que a corrupção será considerada falta grave e o atirador será sumariamente desclassificado;
5) Cada atirador conforme a sua pontuação anual, terá direito à palmilhagem, ou seja, pontos extras conforme o número de alvos atingidos durante o ano;
6) Se um atirador errar o alvo por mais de três vezes durante o ano, será considerado pé de chinelo, sendo por isso, desclassificado;
7) O alvo que for acertado, levar na esportiva e não reagir, também será premiado, com o troféu Sandálias da Humildade;
8) Não será permitida nenhuma forma de manifestação oral por parte do atirador, embora alguns representantes do México, queiram incluir a frase “Viva Zapata” durante o arremesso do sapato.

Como uma nova modalidade, posteriormente, outras regras e normas deverão ser implantadas ao longo do tempo. Pelo que se comenta, a referida prática esportiva chegou para ficar, já que muitos dos considerados alvos prediletos continuam fazendo seus jogos particulares, trapaceando, sem as mínimas regras de boa conduta, ética e respeito aos cidadãos. Por último, na presente modalidade, vale a máxima do barão de Coubertin, “o importante e comPÉtir...”

quarta-feira, 4 de março de 2009

Hino Emocional Brasileiro

Ouvimos e vemos no Brasil, infelizmente, muitas ditos cidadãos, deitados eternamente em um berço esplêndido, vivendo às custas de um povo heróico, os filhos desta nossa mãe gentil!
Um Brasil que passa por um momento sombrio na falência de suas instituições, que teima por encobrir esse sol que ilumina nossos risonhos lindos campos e flores, maculando as nossas glórias do passado.
O que desafia hoje o nosso peito, é a própria morte das nossas instituições. É essa dor civil, que, se antes era fruto da espada da ditadura, hoje se configura na imensa e amorfa rede de corrupção, inoculada nas veias de muitos homens que administram empresas, que conduzem a justiça, que dirigem a nação.
O nosso penhor é a própria dignidade, o nosso sentimento de patriotismo, que aqueles que nos antecederam, ó Liberdade, conseguiram conquistar com braços fortes.
Vemos o teu seio, ó Pátria Amada, ser sugado por pessoas que se apropriam da vida daqueles que não têm o que comer, o que fazer, o que dizer, nem como saber.
Ainda que o amor e a esperança espelhem a tua grandeza, não estamos conseguindo erguer a clava forte e a tua flâmula, por assim dizer, se encontra a meio-mastro, no luto dos teus filhos que não fogem à luta.
Terra adorada por todos nós, és tu Brasil,
Mas quanta tristeza há no céu da Pátria nesse instante!
Que o nosso amor eterno seja símbolo de nossa indignação com todos aqueles que , por seus atos, se tornaram indignos de viverem nesta nação, Pátria amada, Brasil!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Banco bom mesmo, só o da praça

No princípio, o homem trocava o que tinha por aquilo que os outros tinham, o chamado escambo. Depois, para estabelecer um padrão de valor e facilitar as trocas, o homem inventou a moeda.
Posteriormente, para guardar as moedas em um local seguro, o homem inventou o banco. E hoje, passados tantos séculos, o homem percebeu que o banco ficou muito maior que ele, e ele, refém do banco. Não é por acaso que foi criada a conta corrente, que tem este nome, pois ficamos realmente acorrentados ao banco.
Hoje, para tudo se precisa de um banco: depósito, saque, empréstimo, aplicação, pagamento de contas...
Mas, para facilitar a vida, principalmente a dos bancos, estes viraram eletrônicos e, na seqüência, inventaram os cartões magnéticos e as senhas, estas que a gente tem que guardar, para o banco guardar o que é nosso.
E para a gente pagar tudo o que eles nos fazem, foi inventada a taxa. É taxa para o talão, para o cartão, para a transferência, a permanência, taxa para se pagar a taxa.
Hoje os bancos são campeões de rentabilidade. A cada mês, eles disputam o Campeonato Nacional de Faturamento Bancário – CNFB. Ora um, ora outro se alterna o campeão.
A primeira regra é que o banco sempre ganha. Quando o país vai mal financeiramente, o banco fatura. Quando vai bem, o banco fatura também. Só tem um momento que o banco perde: quando ele ganha menos.
Mas, verdade seja dita: se não fossem os bancos, talvez não tivesse sido inventada a fila, que é um espaço democrático que o banco nos oferece para ficarmos lá, falando mal das filas e dos bancos.
Plim, plim! Na televisão, o mundo encantado dos bancos.
Um é um banco completo com 120 razões... para eles lucrarem.
Outro é um banco todo seu... menos os lucros, é claro!
Outro foi feito para você... perder dinheiro.
E tem um que nem parece banco. Ou seja, até eles têm consciência de que é melhor mesmo não parecer um banco.
Enfim, caro amigo correntista, melhor banco mesmo, continua sendo o da praça. Pelo menos, por lá, você pode realmente investir na poupança, sem perder os seus fundos.