quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ter e não ser: eis a questão


Não sejamos hipócritas.  Desejar ter as coisas, desde um simples carro até um jatinho executivo, ou mesmo um apartamento na periferia até a mansão em uma ilha paradisíaca, traduzem o que é ser feliz para a maioria dos seres humanos no planeta Terra, com raríssimas exceções.
O conceito de que “dinheiro não traz felicidade” só existe na cabeça das pessoas que já possuem muito e podem se dar ao luxo de serem “tristes” por opção.  Claro, existem pessoas (seres extraterrenos?) que pregam exatamente o contrário, como os monges tibetanos que afirmam ser o desejo, a fonte de todo nosso sofrimento. Tudo bem.
 Mas, enquanto lá, eles praticam o budismo, aqui se pratica o “bermudismo”, ou seja, ser feliz é ficar de bermuda em uma praia tomando cerveja e o vento a favor. Enquanto lá eles veneram o Lama (“o mestre”), por aqui viver na lama é tudo o que se tenta evitar.  Enfim, como dizia o saudoso mestre Joãosinho Trinta, “quem gosta de pobreza é intelectual”. Alias, existem os intelectuais que discorrem sobre a alienação das massas na mesa de um refinado restaurante degustando um macarrão ao molho pesto com tomates cereja acompanhado de saboroso vinho tinto espanhol, exatamente como relata o escritor Rodrigo Constantino em seu “Esquerda Caviar”.
Nada contra o ter. O acesso às boas coisas da vida em uma visão positiva significa ter sucesso profissional e pessoal, resultado do esforço e do desempenho no trabalho. Vamos combinar, nem só de pão vive o homem e ter um patê de ervas para passar no pão é tudo de bom.
Assim caminha a humanidade e em nosso país, a coisa, desde Pero Vaz, caminha assim: a maioria dos brasileiros não tinha (e não tem) casa própria, não tinha (e não tem)carro, não tinha (e não tem) pra ter, nem patê. Daí, o governo federal nos últimos tempos resolveu dar uma mãozinha, duas mãozinhas, três mãozinhas. Assim nasceram as “bolsas” e tantos projetos que objetivam “dar” coisas a quem nunca teve. Seria um gesto humanitário e providencial se por detrás não se escondesse uma questão maquiavélica: ao propositalmente fortalecer o ter, o governo enfraqueceu o ser para se manter no poder. Uma rima que nos leva a uma alienação às avessas. Aliena-se e manipula-se não somente pela inacessibilidade do trabalhador aos bens, como apregoou Karl Marx, mas também quando preenchemos os desejos de casa e comida, pão e circo. O pássaro se prende não é pela gaiola, mas pelo alpiste que o alimenta.
Quando ouvimos o ex-presidente Lula afirmar ter chegado aonde chegou (uma fortuna considerável) sem ter estudado, significa que no Brasil é possível ter coisas, sem ter aprendido, se esforçado,  ou mesmo, trabalhado para isto.  É possível, em nosso país, ter sem ser.  
A atitude é tão sutil e dissimulada que passa imperceptível e conta com o apoio popular. O “antes eu não tinha e agora tenho” avaliza as ações governamentais e estamos conversados. 
Em outro exemplo de engodo, o governo afirma buscar tirar a maconha dos jovens, porém, não faz a sua lição de casa, muito mais complexa, que é tirar os jovens da maconha. Parece simples jogo de palavras, mas existe uma diferença abissal entre as atitudes.
No Brasil de hoje, socializamos as facilidades, democratizamos o desconhecimento, repartimos a ignorância, pois, segundo o governo e algumas denominações religiosas, somos o que possuímos.
Contudo, mais cedo ou mais tarde, a conta chega.
Estamos e, só não vê quem não enxerga, começando a pagar o resultado de nossas escolhas.
O ter, que tanto nos inebriou e nos creditou a falência do ser, começa, aos poucos, a ser vítima de si mesmo e ter sua própria falência decretada com a possibilidade de chegarmos a uma equação inexeqüível: nem teremos, nem seremos.  
O homem é por natureza ignorante, mas a natureza é sábia.
Maktub no youtube. 
Ao semear vento, colhemos a tempestade.

“O pais não descoberto, de cujos confins, jamais voltou nenhum viajante, nos confunde a vontade nos faz preferir e suportar os males que já temos a fugirmos pra outros que desconhecemos? -(Hamlet-Wiliam Shakespeare)

Ah, não! Dunga na seleção?

Ah, não! Dunga na seleção?
Não fiquei Zangado, nem Feliz.
Também não me tirou o prazer de tirar uma Soneca.
Não acho realmente que ele seja um Mestre e também tenho receio do time ficar engripado novamente (Atchim) como nos 7 a 1. (7 anões e Branca de Neve?)
De qualquer forma, gozação a parte, prefiro um time Dungoso, a um time Dengoso, como foi com o Felipão.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Entre o vermelho e o vermelho


A dualidade da vida é notória. O dia e a noite, o céu e o inferno, a lua e o sol, a acusação e a defesa, a vida e a morte. Um só existe pela existência do outro. Os filósofos afirmam que um não se opõe ao outro, mas fazem parte de uma mesma unidade.  Frente e avesso são partes do mesmo tapete.  Assim, até Deus tem seu oposto e só não o citarei para não fazer propaganda do “outro” que tem se mostrado muito ativo nos últimos tempos.
Tal dualidade assegura o equilíbrio entre as coisas. Não é por outro motivo que somente valorizamos a luz, quando a escuridão mostra sua cara, lembrando que cientistas afirmam não existir a escuridão, tão somente a ausência de luz.
Então, podemos afirmar que a esquerda só existe se houver a direita? Bem, daí depende. Se a referência for relacionada à política brasileira nos dias atuais temos sérias dúvidas.
Isto porque, só não vê quem não quer, é fato público e notório, verdade verdadeira, que ao longo da última década a política nacional em seu pluripartidarismo de fachada, vive a ditadura de um único partido, resultado do silêncio, da conivência, do comodismo e da incapacidade de outras siglas partidárias para fazer o que se denomina oposição democrática.
A “ditalula” partidária buscou, através de vários instrumentos de controle da opinião popular e da “distribuição de bolsas”, transformar os eleitores em clientes, fato este, que, diga-se de passagem, não é lá muito criativo, pois já vivemos (e em alguns locais isto ainda acontece) o coronelismo, que trocava botas por votos. Percebe-se a verdade do dito popular, “é do couro que nasce... a vitória nas urnas, seja ela com as botas ou com as bolsas.
A articulação partidária monopolista, eufemismo para troca de favores ou clientelismo, avançou dos eleitores para as siglas partidárias, estas se transformando em verdadeiras “imobiliárias”, vendendo, trocando ou alugando votos nas tribunas, para validar as ações de um único partido.
A tão decantada reforma política não interessa (como também outras reformas, previdenciária, fiscal, tributária), pois uma única sigla determina o caminho a seguir, buscando apenas e tão somente, a permanência no poder a qualquer custo.
Fica difícil enxergar saídas, quando as entradas que provocam o debate e a reflexão, foram estrategicamente fechadas, quer na dominação dos  clientes populares (massa), quer pelo silêncio dos clientes governamentais (partidos).
O Brasil se caracterizou em toda sua história pela pluralidade e diversidade, seja ela racial, cultural, biológica, religiosa ou de ecossistema.
É triste ver um país assim tão cheio de cores, nos seus tons, semitons e mil tons geniais e ter que oPTar entre o vermelho e o vermelho.

Podres poderes. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Não temos que aprender a perder


Muitos querem transformar a derrota da seleção brasileira como “normal” e decididamente ela não foi. Não podemos normalizar as coisas, o que, diga-se de passagem, tem acontecido em outros campos no país, como a educação, a saúde, a segurança.  Tudo é normal, tudo acontece porque acontece e estamos conversados.
Ouvimos o técnico Felipão buscando explicar a derrota dizendo: “A Alemanha fez o melhor jogo da Copa e nós, o pior. A vida segue. A minha vida continua e a dos jogadores também”. Não, Felipão, não é tão simples assim.
O choro de milhões de crianças não merece explicações tão “lógicas” que não educam para o necessário aprendizado de uma derrota. Verdadeiramente, não se aprende com os erros. Aprendemos e muito, estudando, entendendo e corrigindo os erros.  Vamos ao aprendizado.
A Alemanha se preparou muito para a Copa. Encararam-na como uma competição. Estudaram cada jogador do time, definiram o esquema tático, respeitaram os adversários, fizeram planejamento, montaram as estratégias e focaram no objetivo, com a consciência de que os outros países fariam o mesmo. Tanto que ficaram surpresos com o placar, pois não sabiam verdadeiramente, que o futebol deles já estava adulto e o nosso ficou no moleque.  É tóis ou seria, é toys?  (brinquedos).
A Copa do Mundo aconteceria nos nossos teatros (estádios) e possuíamos os melhores atores (jogadores). O “nosso talento e a nossa arte” definiriam naturalmente o placar.  
Amargo aprendizado. A arte e o talento por si só não resolvem um jogo. Precisamos “baixar nossa bolinha” e aprender com os outros, já que a maioria dos nossos jogadores vive outros ambientes em seus times nos campeonatos pelo mundo. O Brasil necessita encarar a Copa como uma empresa que vive o mundo globalizado. Assim, planejamento, estudos numéricos qualitativos e quantitativos, análise de ambientes e mercados, organização, foco e determinação são essenciais. Não precisamos somente saber cantar o hino nacional.  Temos que aprender inglês, pois o futebol é hoje uma língua universal. Não dá mais para contar apenas com “técnicos boleiros”. Precisamos de lideres dentro e fora do campo.
A vitória ou a derrota começa a ocorrer antes do apito inicial e também não termina quando o jogo acaba. Não podemos viver do passado. Precisamos encarar os novos tempos, com novas estratégias, melhoria contínua, trazendo novas tecnologias, novas formas de pensar, em um universo onde tudo muda a cada segundo, com a consciência de não sermos mais os primeiros.
Neste sentido a derrota tão humilhante foi providencial. Se tivéssemos perdido por apenas 1 gol de diferença, continuaríamos acreditando em comentários ufanistas e propagandas ilusórias de televisão. Continuaríamos anestesiados e iludidos. O placar tão elástico demonstrou quantitativamente, realisticamente, literalmente, a enorme diferença entre a Alemanha e o Brasil.
Finalmente, o primeiro passo para a cura é reconhecer que estamos doentes. Definitivamente, então, não temos que aprender a perder.  Necessitamos aprender o porquê perdemos e o que temos que fazer daqui para frente para voltar a vencer.

Qualquer coisa, além disso, é admitir a derrota como se ela fosse tão normal como ver milhões de crianças chorando. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Reflexões pós derrota

-O sonho não acabou- Pelo menos na padaria aqui perto de casa.
- Perdi o bolão- Marquei 8 a 1 para a Alemanha (timinho incompetente).
- Apesar da derrota, não mudarei meu voto. Continuarei votando na mulher: Angela Merkel para presidente do Brasil
- Fred tem personalidade- Não jogou nenhum jogo.
- O Felipão foi o melhor técnico da seleção brasileira de 2014.
- Poderia ser pior - Já imaginou 7 a 1 para a Argentina?
- O Hulk foi nosso herói. Pena que amarelou...
- No final do jogo, ouviu se no estádio o locutor dizer: The Oscar gols to (ou seria one?).
- O Neimar fez falta- Poderia ter sido 7 a 2. 
- A uva passa, o Parreira também.
- Ah, faltou o Robinho e também o Kaká! Se eles tivessem na seleção...nada teria mudado. 
- A culpa foi da numerologia- Mês 7, a soma de 2014 dá 7, e cometemos 7 pecados capitais: Na concentração, alimentamos a Luxúria; na Copa perdemos a Gula de gols;na organização permitimos a Avareza da Fifa; nos treinos praticamos a Soberba; na semifinal jogamos com muita Preguiça, provocamos a Ira do torcedor e terminamos com Inveja da Alemanha.
- Saímos da Copa. Agora é já pra cozinha. E o que tem de louça suja...
- A CBF informa: Sai a Brazuca, entra a Bazuca. ( Em Poços: o Buzuca)
-O Brasil foi desclassificado, mas não perca estes classificados: Vem aí o Campeonato Brasileiro. Estou vendendo minha televisão/ Troca se as costas do Neimar pela Costa do Marfim/ Vende se um centroavante que nem fred nem cheira/ Troca-se a taça Jules Rimet pela Bruna Marquesini. Tratar com Nei Marquesini./ Troca-se o Hulk por um tanque de lavar roupa suja
- Amanhã é segunda feira. #bora pagar os carnês...


domingo, 6 de julho de 2014

Traição



Depois de tanto tempo convivendo juntos, não imaginava que aconteceria.  Afinal, sempre fomos tão próximos. Ela nunca saiu da minha cabeça e é responsável por muitas lembranças inesquecíveis.  
O primeiro encontro, o primeiro beijo, o casamento, as viagens...
Como isto pode ocorrer?  Eu sempre confiei nela.
Irão dizer para tentar me consolar: “olha acontece com todo mundo e mais cedo ou mais tarde iria acontecer com você”. Sei que é verdade.
Mas, qual o motivo?
Será que é o fato de já não ser mais tão jovem?
Será que não cuidei dela como deveria?
Perguntaram-me se continuaremos a viver juntos.
E vou fazer o quê, se ela faz parte de mim.
Sem ela, não sei quem sou, nem o que fiz.
 Vamos continuar vivendo juntos, mesmo tendo a certeza que, a qualquer momento, poderá ocorrer novamente. 
Se isto aconteceu uma vez, não tenho dúvida que a situação poderá piorar ainda mais com o passar do tempo.
Qual o remédio?
Sinceramente não sei. 
Talvez eu vá procurar um médico, ou, quem sabe, amanhã já terei esquecido...
O fato é: o que fazer quando somos traídos pela memória?

Die götter sagen amen


Quiseram, os “Deuses do Futebol”, que em 1950, o Brasil perdesse a Copa do Mundo para o Uruguai em pleno Maracanã.
Quiseram, os mesmos “Deuses”, que em 1962, o ainda garoto Pelé, saísse da Copa por contusão e desse espaço às pernas tortas de Garrincha para nos levar ao título. Deuses escrevem certo por pernas tortas.
Em 1986, os “Deuses” tramaram e o grande Zico perdeu o pênalti e o Brasil foi eliminado. Oito anos depois, os “Deuses“ resolveram e o italiano Roberto Baggio chutou a bola nas alturas e ganhamos a Copa de 1994.
Agora em 2014, os “Deuses do Futebol” decretaram e a trave nos salvou em duas oportunidades contra o Chile.  Mas, como Eles seguem suas próprias leis e nós humanos desconhecemos, impuseram agora, a nós brasileiros, ironicamente, a perda de uma das principais “vértebras” da nossa seleção. Aquele que de certa forma, acreditávamos, levaria o Brasil nas “costas” até o título. Aquele que mesmo não estando no melhor de suas apresentações, nos dava a esperança de que a qualquer momento inventaria algo divino e mágico e mudaria o nosso destino.
Alguns dirão que o Brasil sem Neimar é o mesmo que a Argentina sem o Messi, ou Portugal sem Cristiano Ronaldo. Não é.
Somos incomparavelmente um “país de chuteiras” e o futebol representa para nós muito mais que um esporte. O futebol é a nossa essência, o DNA de nossa auto-estima. O único capaz de fazer com que coloquemos a bandeira do Brasil em nossas casas e em nossos carros, que cantemos o hino nacional à capella, vistamos as cores verde e amarela e gritemos ao mundo ser brasileiro, com muito orgulho e muito amor, apesar de nossa indignação com todos aqueles que, nascidos aqui, não têm o mesmo sentimento, nas jogadas sórdidas da corrupção.
Contudo, se Neimar é a flexibilidade, o jogo de cintura da criação e não podemos mais contar com ele, David Luiz se tornou a espinha dorsal do time, com a garra, o talento e um jeito de bater na bola (10 para as 2) que nem os deuses conseguem explicar.
Perguntamos aos “Deuses do futebol”, o que irá acontecer?  Como faremos sem Neimar? Quem irá substituí-lo?
Humanamente, sabemos, não temos condições de responder com exatidão, de prever o futuro. Mas, talvez seja isto. Quem sabe, Neimar será sim substituído pela maior garra, maior vontade de vencer, mais disposição de todos os jogadores, que têm agora um motivo a mais para vencer.  Dar ao “amigo do peito”, um presente especial: o título de campeão do mundo.  
A força da amizade poderá ser nossa grande bandeira rumo ao hexa.
Die götter sagen amen. Que os “Deuses” digam amém.