Muitos
querem transformar a derrota da seleção brasileira como “normal” e decididamente
ela não foi. Não podemos normalizar as coisas, o que, diga-se de passagem, tem
acontecido em outros campos no país, como a educação, a saúde, a segurança. Tudo é normal, tudo acontece porque acontece e
estamos conversados.
Ouvimos o
técnico Felipão buscando explicar a derrota dizendo: “A Alemanha fez o melhor
jogo da Copa e nós, o pior. A vida segue. A minha vida continua e a dos
jogadores também”. Não, Felipão, não é tão simples assim.
O choro de
milhões de crianças não merece explicações tão “lógicas” que não educam para o necessário
aprendizado de uma derrota. Verdadeiramente, não se aprende com os erros.
Aprendemos e muito, estudando, entendendo e corrigindo os erros. Vamos ao aprendizado.
A Alemanha
se preparou muito para a Copa. Encararam-na como uma competição. Estudaram cada
jogador do time, definiram o esquema tático, respeitaram os adversários,
fizeram planejamento, montaram as estratégias e focaram no objetivo, com a consciência
de que os outros países fariam o mesmo. Tanto que ficaram surpresos com o
placar, pois não sabiam verdadeiramente, que o futebol deles já estava adulto e
o nosso ficou no moleque. É tóis ou
seria, é toys? (brinquedos).
A Copa do
Mundo aconteceria nos nossos teatros (estádios) e possuíamos os melhores atores
(jogadores). O “nosso talento e a nossa arte” definiriam naturalmente o placar.
Amargo
aprendizado. A arte e o talento por si só não resolvem um jogo. Precisamos
“baixar nossa bolinha” e aprender com os outros, já que a maioria dos nossos
jogadores vive outros ambientes em seus times nos campeonatos pelo mundo. O
Brasil necessita encarar a Copa como uma empresa que vive o mundo globalizado.
Assim, planejamento, estudos numéricos qualitativos e quantitativos, análise de
ambientes e mercados, organização, foco e determinação são essenciais. Não
precisamos somente saber cantar o hino nacional. Temos que aprender inglês, pois o futebol é hoje
uma língua universal. Não dá mais para contar apenas com “técnicos boleiros”. Precisamos
de lideres dentro e fora do campo.
A vitória ou
a derrota começa a ocorrer antes do apito inicial e também não termina quando o
jogo acaba. Não podemos viver do passado. Precisamos encarar os novos tempos,
com novas estratégias, melhoria contínua, trazendo novas tecnologias, novas
formas de pensar, em um universo onde tudo muda a cada segundo, com a
consciência de não sermos mais os primeiros.
Neste sentido
a derrota tão humilhante foi providencial. Se tivéssemos perdido por apenas 1
gol de diferença, continuaríamos acreditando em comentários ufanistas e
propagandas ilusórias de televisão. Continuaríamos anestesiados e iludidos. O
placar tão elástico demonstrou quantitativamente, realisticamente,
literalmente, a enorme diferença entre a Alemanha e o Brasil.
Finalmente, o
primeiro passo para a cura é reconhecer que estamos doentes. Definitivamente, então,
não temos que aprender a perder.
Necessitamos aprender o porquê perdemos e o que temos que fazer daqui
para frente para voltar a vencer.
Qualquer
coisa, além disso, é admitir a derrota como se ela fosse tão normal como ver milhões
de crianças chorando.
Caro William, muito precisas suas observações. Primeiro, temos que deixar de ser ignorantes e despreparados para aceitar as adversidades! Esses últimos dias em que transcorreu a copa, transformaram alguns (eu diria a maioria) brasileiros em patriotas de plantão, onde a tônica era torcer pela seleção brasileira como se fosse um símbolo nacional, coisa que decididamente não é. Torceram como se tivessem que decidir a vida em um jogo, atropelando amizades e quem quer que fosse contrário às aspirações esportivas. pobres brasileiro idólatras! É a doença à qual você se refere no texto. É a pátria de chuteiras, que se manifesta e respeita os símbolos nacionais a cada quatro anos, como se fosse a coisa mais importante de suas vidas. Cantam o Hino Nacional chorando, mas não veem o vizinho faminto que chora. Muito triste! Parabéns pelo texto.
ResponderExcluir