segunda-feira, 29 de junho de 2009

Michael Jackson

A morte é esta presença muito antiga, mas que tanto ainda nos incomoda.
Ela nos chega próxima, quando alguém de nossa família, ou um de nossos amigos se vai. E leva sempre com ela, a conversa inacabada, o abraço que faltava, o sorriso que faltou compartilhar...
“-Mas, como? Ainda ontem estávamos juntos...”
A morte é o ponto final, quando ainda vivíamos a reticência.
A morte de Antônios e Pedros, de Marias e Anas, de Josés e Fátimas, nos deixa a sensação de uma corrente arrebentada, de mãos que se desuniram. Em nosso documentário pessoal fica faltando uma personagem, alguém que contracenava com a gente e, sem ela, o enredo de nossa vida parece perder a direção.
A morte, por vezes, nos parece um bandido a eliminar nosso herói, ainda no início do filme.
Existem pessoas que ao morrer, levam junto um pouco da história humana. Elas acompanharam, com sua arte, o nascimento de um filho, a comemoração de uma vitória, o encontro de dois corpos, a alegria de gerações.
Michael Jackson se foi e nos deixou a sensação que faltava ainda uma dança, uma música, um show, um novo clipe. Ironicamente com sua morte, é que percebemos sua vida e a sua existência em nós, chineses, africanos, brasileiros, australianos, espanhóis...
A morte é lâmpada que se apaga, onde ainda existe tanta carência de luz.
Era uma vez um menino chamado Michael que viveu na Terra do Nunca e que nasceu para alegrar, inspirar, encantar. E que nos legou sua arte, sua dança, sua música. Errou sim como homem, mas deixou em sua passagem pela Terra, a criança divina que teima ainda em existir em nós.
“Cure o mundo. Faça dele um lugar melhor. Para você e para mim e toda a raça humana-(“Heal the world”- Michael Joseph Jackson).

domingo, 28 de junho de 2009

Muito careca vendendo loção para crescer cabelo

Eu não sei se a situação é mundial, nacional ou municipal. Mas, já percebeu o que tem de advogado com problemas na justiça? Quantos médicos estão enfrentando problemas de saúde por uma alimentação irregular, sedentarismo, cigarro e álcool? Quantos psicólogos e psiquiatras desnorteados com sérios problemas emocionais?
Engenheiro civil sem casa para morar, dentista com problemas odontológicos, jornalista desconhecendo a língua portuguesa, publicitário sem idéias para equacionar a vida financeira, administrador necessitando de consultorias, hoteleiro sem a mínima hospitalidade, vereador que desconhece a Lei Orgânica, policial preso por atos ilícitos, padre precisando de sermão...
Enfim, estamos vivendo um tempo em que poucos seguem o que apregoam. Nunca o jargão “casa de ferreiro espeto de pau” serviu tanto e para tantas atividades e profissões.
Claro, existem defesas. O fato de uma pessoa ser médica não a livra de problemas de saúde. Nem um psicólogo de ter problemas emocionais. Agora, que é cada vez maior o número de pessoas que indicam soluções que elas mesmo estão necessitando, disto não tenho dúvidas.
Será que é sintoma da vida corrida, do estresse, da violência, do desemprego?
Buscando uma explicação, liguei para um sociólogo, que não quis me atender, pois disse ter dificuldade de relacionamento (outro caso?).
Conversei aleatoriamente com outras pessoas sobre essa situação. Um profissional de educação física (extremamente obeso), um professor (não entendi nada do que ele tentou me explicar), até um motorista profissional com 30 anos de carteira (encontrei-o na delegacia de trânsito, tentando resolver suas multas), mas não encontrei uma resposta convincente.
Acabei parando em um cabeleireiro, que ao notar que os meus cabelos estavam caindo, me ensinou uma “fórmula milagrosa” que fazia crescer cabelos em 30 dias. E fez valer o ditado: a careca dele reluzia no espelho.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Procura-se jornalista para trabalhar na cozinha

Os juízes do Supremo Tribunal Federal, em “panelinha”, extinguiram a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, comparou a profissão de jornalista com a de cozinheiro. Supõe-se que, certo dia, ele tenha ouvido a expressão “esquentar a notícia” e a partir daí, jornalismo e culinária foram incluídos como sinônimos no cardápio do ministro.
Realmente, o chef de cuisine do STF provoca indigestão a todos aqueles que sabem que jornalismo não é self service, muito menos fast food. Que não basta reunir ingredientes como “saber escrever”, “ter um bom conhecimento geral”, para exercer a profissão. Mais que isso, o jornalista deve ter um compromisso com a ética, com a educação, com os resultados que a sua fala ou a sua escrita irão provocar na sociedade.
Os juízes do STF erraram na mão e colocaram no mesmo prato, curso de jornalismo e liberdade de expressão, como se o primeiro impedisse a existência do segundo. Meteram a colher em um assunto que desconhecem, pois talvez, nunca freqüentaram um curso de jornalismo. Não sabem da existência de laboratórios de fotografia, de rádio, de televisão, informática e planejamento gráfico. Que se ensina filosofia, psicologia, sociologia e antropologia como bases fundamentais para o exercício da profissão.
É como se para ser juiz, bastasse ler a constituição. Aliás, diga-se de passagem, que para ser ministro do Supremo, não é necessário se prestar concurso público, bastando ser nomeado pelo presidente da República, com aprovação pelo Senado Federal. Ou seja, este negócio de “com curso” não é realmente bem aceito pelos ministros do Supremo.
Em um país que passa fome de educação, de cultura, de profissionalismo, a decisão enfraquece ainda mais as instituições e debilita o já enfraquecido organismo social.
É cedo ainda para prever os resultados da não obrigatoriedade do diploma. Os cursos de jornalismo serão fechados? Quais as conseqüências na mídia? Quem lutou para conquistar um diploma de jornalismo, faz o quê? Os professores de jornalismo farão um curso de culinária no SENAC?
Infelizmente, existem muitos cozinheiros, que não se preocupam com o resultado no preparo de leis, quer dizer, dos pratos a serem servidos.
Primeiro porque eles estão com a faca e o queijo na mão e também porque não são eles que irão comer mesmo. E quer saber, depois do preparo, basta lavar as mãos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FICANTE

Há algo de novo no ar, outra forma de agir, de sentir de amar (?)
Um verbo de ligação, sem muita encucação, parceria momentânea, uma moda estranha, o negócio é ficar.
Ficar num abraço, num beijo, num amasso.
Ficar por ser hoje, ficar no talvez, quem sabe mais de uma vez?
Por vontade, ou não, ficar por tesão, ou por solidão
Sem saber o nome, pra matar a fome, ficar por instinto.
Ficar sem motivo, por estar vivo, sem nexo, por sexo, porque é fim de semana.
Ficar por ser noite, sem compromisso, ficar por vício.
Sem telefonema, sem muito problema, nem escreva um poema.
Ficar rapidinho, sem tempo a perder, ficar por lazer, por prazer, por estar carente, ficar de repente, pra provar que é gente, não importa o amanhã.
Ficar sem paixão, por paixão ou simples compaixão.
Ficar por curtir, por existir, por não resistir.
Por ter alguém por perto, quem sabe dá certo?
Porque a carne é fraca, pra não ser babaca, ficar por refrão.
Ficar por isto ou aquilo, sem isto ou com aquilo, ficar a dois.
O tempo é o agora, a vida é o agora, existirá um depois?