sábado, 5 de janeiro de 2013

Muito além do jardim

O prefeito Eloísio Lourenço terá muitos desafios pela frente na administração municipal, o que não o difere de outros que o antecederam. O maior deles, talvez, será o de atender às expectativas: do partido que ele representa, dos eleitores que votaram nele, daqueles que não votaram, mas se declararam felizes com sua vitória, dos que dizem serem “Eloísio desde criancinha”, dos que afirmam que o “coronelismo agora acabou” ou simplesmente dos que somente querem uma “vaguinha” no seu governo. Em razão de tantas esperanças, a cobrança será grande e o início da sua administração na escolha do seu secretariado parece, de maneira geral, ter agradado. Mas, a aliança com partidos que lhe eram adversários durante a campanha eleitoral, gerou descontentamento em muitos eleitores. “Política é sempre assim, é tudo farinha do mesmo saco”, afirmam os descontentes. “Não dá para governar sozinho” disse o prefeito na convicção de que os fins justificam os meios. O certo é que o “purismo” que caracterizou a vitória de Eloísio já sofreu seu primeiro impacto provocando certo desencanto naqueles que acreditaram no bordão da sua campanha que pregou “a verdadeira mudança”.

Muita hora nesta calma. Como disse o escritor John Wilmot, “antes de casar, eu tinha três teorias sobre educar crianças, agora tenho três crianças e nenhuma teoria”. Assim, para analisar com maior profundidade a “gestação” do novo governo é necessário aguardar o desenvolvimento das “crianças”.

Embora nada tenha sido informado até o momento pela equipe de transição, já se sabe que o prefeito terá uma primeira tarefa: equilibrar as contas da prefeitura. Diga-se de passagem, (de ano), isto não é novidade pra ninguém, e também não é, diga-se de passagem, (de comando), um privilégio nosso, pois a quase totalidade dos municípios brasileiros passa pelo mesmo problema.

Outras questões talvez sejam mais específicas e irão exigir muito da nova administração: como manter a coalizão política enfrentando as inevitáveis colisões partidárias? Como elaborar o necessário planejamento de governo e simultaneamente o “fazejamento” necessário para a concretização de obras e ações? Como combinar o conhecimento acadêmico com as práticas gerenciais em uma prefeitura com dezenas de setores e milhares de servidores? Como mudar um sistema que foi se perpetuando ao longo dos anos para o bem e para o mal e efetivar a necessária modernização da máquina pública?

São inúmeros os questionamentos e o tempo, sempre ele, é que trará as respostas. Porem, pelo que temos acompanhado nas administrações que se sucederam, cabe importante reflexão que não se refere apenas ao novo governo municipal. É urgente, prioritário, fundamental, a reflexão sobre o futuro da cidade. Não dá mais para administrar enxergando apenas o tempo presente, colocando a cidade como refém de ações improvisadas que comprometem os anos vindouros. Para isto, necessário sair da “beleza” das flores e ir muito além do jardim.

Ao longo do tempo, ficamos tão encantados olhando para o espelho, admirando as nossas belezas naturais, que não cuidamos dos “espinhos” em razão de um crescimento desordenado. Necessitamos agora de “jardineiros” quem possam pensar hoje o que queremos para o amanhã. Isto significa analisar e valorizar o passado, diagnosticar o tempo presente e projetar o futuro na consciência de que “só e possível compreender a vida olhando-se para trás, mas só é possível vivê-la, olhando-se para frente”.

A você, Poços, felizes anos novos!