sábado, 31 de março de 2012

Finalmente

Recentemente um amigo muito influente no governo do Estado, Pedro Lier, telefonicamente e confidencialmente me informou sobre algumas decisões entre a administração local e a estadual ainda não divulgadas pela mídia. Não vejo o Pedro faz tempo, mas ele sempre foi um sujeito muito inteligente, de muitos contatos políticos, brincalhão e que tinha o apelido de “Tamborete” na faculdade, pois tinha (e deve ter ainda) pernas curtas e cabeça redonda. Após ouvi-lo atentamente solicitei a ele que me encaminhasse por e-mail o teor destas informações, prioritariamente, aquelas que, eventualmente, já estivessem em encaminhamento mais adiantado, principalmente porque minha intenção, como jornalista, era imediatamente torná-las pública. Inicialmente, ele se mostrou arredio à minha solicitação, mas, acabou por acatar minhas ponderações e, posteriormente, me enviou o e-mail, que me deixou realmente muito surpreso e, pelo seu teor, peço licença para transcrevê-lo na íntegra.
“Prezado Amigo. Embora muito pouco se comente, o governo do Estado tem mantido contato direto com a sua cidade, devido à importância de Poços de Caldas para o desenvolvimento de Minas Gerais, notadamente no setor turístico. Entre as decisões efetivas destes contatos está à reativação do Monotrilho, inativo há tantos anos e que agora terá o suporte estadual para o seu pleno funcionamento. Outra decisão importante com apoio irrestrito do Estado e também do governo federal, e que, diga-se de passagem(ferroviária rs), nosso amigo comum aí em sua cidade, o Caruso, muito tem se empenhado, é a volta do trem turístico, possivelmente ligando Poços a Águas da Prata. Tanto o monotrilho, quanto o trem turístico deverão estar em operação, no mais tardar, no inicio de 2015. Entendendo ainda que Poços é um município que reúne todas as condições para o turismo de eventos, está prevista também a construção do Centro de Eventos com total infra-estrutura, obra a ser iniciada já em 2014. Ainda se falando em turismo, o aeroporto de Poços deverá receber investimentos estaduais de grande porte até 2015, o que será fundamental para o crescimento do setor na região. Tenho também outras boas notícias: o governo estadual está preocupado também com o crescimento do consumo de drogas em toda Minas Gerais e irá viabilizar até julho de 2014 em Poços, o Centro de Atenção ao Jovem (nome ainda a ser definido), que será um local especialmente preparado para dar atendimento a este problema que não é somente social, mas de saúde pública. Outra questão que é prioridade para o Estado é a experiência de modernização de administração pública, conhecida como Choque de Gestão,que o Estado irá implementar em Minas e Poços já está na agenda de ações prioritárias isto já no próximo governo municipal. Sei que tudo isto que estou lhe repassando é difícil de acreditar, eu mesmo duvidei quando me informaram. Porém, vi os documentos e são informações que colhi com o Carlo Collodi ,(lembra do “Narigão”?) que você já conhece de outras histórias.Vou terminando por aqui e lembro que a qualquer momento apareço aí neste paraíso que é Poços de Caldas. Grande Abraço! Pedro Lier”.Ao terminar de ler o email do Lier, sinceramente, precisei ler novamente para assimilar todas as informações. Mas, estava ali, claramente e pelo jeito, irreversivelmente. Pensei em voz alta. “Finalmente as coisas estão mudando para melhor”.
Porém, nem bem tinha me refeito de notícias tão boas, cinco minutos após recebo outro e-mail do Lier dizendo textualmente: “
Brincadeirinha! Primeiro de Abriiil!“.

domingo, 25 de março de 2012

A volta dos que não foram

A vida imita a arte e a arte imita a vida. Na história de cada um de nós existem momentos que parecem capítulos de novela, cenas de filme, páginas de um livro, atos de uma peça de teatro. Os gêneros são múltiplos: terror, suspense, drama, ficção, romance, policial, comédia. Se pudéssemos utilizaríamos uma ilha de edição para congelar os bons momentos e cortar aqueles que não foram lá muito interessantes. Refletindo sobre isto e vivendo minha “vagabundice filosófica” pensei em retratar o momento político local e as próximas eleições me valendo da arte cinematográfica como referência.
Assim, apertei o play do Blue Ray e raciocinei: vivemos um replay. Os protagonistas, os astros, continuam os mesmos de outras eleições, com alguns atores coadjuvantes tentando maior participação no roteiro. O título do filme: “Déja Vu”. Ou então (devido a algumas composições políticas que estão sendo cogitadas) o título poderia ser ”Como se fosse à primeira vez”. Muitos dos candidatos se conhecem de outras épocas e o “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” reata os acordos, como “Sinais” de que na “Lenda Urbana” a “Mudança de Hábito” é quase “Missão Impossível”. O fato novo no quadro político foi o rompimento do atual chefe do executivo com o grupo que o apoiava. O “Pânico” tomou conta de muitos partidos que perguntavam “O que é isso, Companheiro?” e o “Efeito Colateral” ainda está sendo analisado. Para uns, foi “Golpe Baixo” na alegação de que estavam, sem saber, “Dormindo com o Inimigo”. Para outros, o prefeito estava no “Limite do Silêncio” e a ação foi estratégia de “Uma mente brilhante” com “O plano perfeito” para a vitória eleitoral. Outro fator que movimentou o cenário foi a “Invasão Súbita” no gramado pelo atual prefeito no jogo Caldense x Cruzeiro. Para muitos, o prefeito foi “Além dos Limites” e a sua reeleição ficou “Por um fio”. Para outros, um verdadeiro “Golpe de Mestre”, seguindo o “Plano de vôo” determinado.
O público assiste a todas as imagens na busca por acreditar que “A vida é bela”, que os “Embalos de sábado continuam” apesar da política, e, toda segunda feira é “Tempo de Recomeçar”. Alguns políticos e cidadãos comuns afirmam que já é chegada “A hora do despertar”, mas, a imensa maioria se acomoda no “Silêncio dos Inocentes”.
Tudo contribui, infelizmente, para a compreensão coletiva de que os políticos estão mais preocupados com o exercício do poder e o “Esqueceram de mim” é fala cotidiana dos mais necessitados das ações públicas. O ato de votar no país, infelizmente, se torna mais uma “encenação” e o discurso de um político apenas uma “Proposta Indecente”.
“A vida segue”, “E o vento levou” um pouco das nossas crenças, embora e ainda bem, continuamos “Em busca da felicidade”. Quem sabe, “Em algum lugar do Passado” possamos reencontrar as nossas crenças de um final feliz.
Não perca, então, as próximas cenas, porque a “arte” dos políticos afeta a vida real de todos nós e cada cidadão é co-responsável pelo roteiro.

terça-feira, 20 de março de 2012

Tu e Ter

Ter que dizer. Tu pedes que eu diga.
Não basta o sentir, nem o lembrar.
Uma palavra vale mais que mil imagens.
Tu me segues, eu te persigo.
Virtualmente me rendo e digo: eu t

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ô Tio!

A gente nem percebe, ou finge não perceber, mas parece que todo mundo percebe. Quando a gente vai ficando idoso (vai idoso?) qualquer coisa serve para nos lembrar até um fio de cabelo (branco) no paletó. Afinal, são dezenas de águas de março de muitos verões e daí, é a dor no pescoço é a dor nas cadeiras é o joelho falhando é tanta a canseira. Por falar nisto, a música “Águas de Março” (Tom Jobim) completa 40 verões agora em março de 2012.
Entre as coisas que insistem em nos lembrar dos danos provocados pela erosão, uma das piores é a fotografia, que insiste em revelar a cor sépia da vida. Em tempos de facebook, as nossas faces de outros books estão expostas para o mundo inteiro compartilhar – “Quem é este aqui na foto! – É fulano! – Caramba! (expressão usada por pessoa tão antiga como você) como o mundo judiou dele”. Alguém olha a foto sua de outros carnavais (no passado, você era folião, no presente “fui leão”) e comenta:- Poxa, como você está diferente nesta foto! Na real, o que a simpática pessoa está dizendo é “você está acabadinho, hein?“. Claro, existem os recursos do fotoshop e da cirurgia plástica, esta última que, por vezes, só estica e puxa. Olha a Xuxa e o Amaury Junior, aí gente!
Outra manifestação de quem já entrou na fase dos “enta”, é o tempo. Não somente o cronológico, este inquestionável, mas, o atmosférico. Está calor? É aconselhável sair bem de manhã ou após as 17 horas e, de preferência, não esquecer o guarda chuva ou a sombrinha e, para os senhores, o boné sobre a careca reluzente. Ah! Levar um casaco, pois vai que o tempo muda e daí aumenta-se a chance de pegar um resfriado, melhor evitar. Está frio? Tire da gaveta, a ceroula, a meia de lã, o cachecol, sobretudo, os agasalhos com aquele cheiro de naftalina. Você se lembra da japona (que não era o feminino de japonês) e também do mantor? Fazer o quê? Tem outro remédio? Epa, alguém aí falou de remédio?
Há uma relação direta, quantitativa até, entre a idade e os remédios. Genericamente, quanto mais aumentamos a nossa idade, mais adquirimos contra-indicações. Quando jovens, tínhamos pressa e éramos comprimidos por nossas atividades profissionais e sociais. Hoje, vivemos de compressas de água quente e os comprimidos são acessórios obrigatórios em nossa farmácia caseira. Descobrimos também que, a antiga pressa, é substituída pela pressão, exigindo sempre controle. Aliás, vivemos sob controle e remoto. É vital o controle do triglicérides, do ácido úrico, do colesterol, do açúcar e do sal na alimentação, do peso, do estresse e também do controle emocional. E então, as cápsulas, supositórios, xaropes, pomadas e cremes, ampolas, frascos, antibióticos, bulas e prescrições médicas fazem parte do cotidiano.
Outra situação que delata (e dilata) a idade que temos são os encontros com os amigos, muitos destes encontros, infelizmente, no velório. Alias, nesta fase existem apenas dois tipos de amigos: os velhos amigos e os amigos velhos. E os papos? Doenças atuais e o futebol de antigamente, mulheres (a única que temos, as que mentimos que tivemos e as que nunca teremos), dinheiro (o que outros têm e tiveram e o que nunca teremos), música (aquelas que nos tocam e que ninguém toca mais) e os “bons tempos aqueles” (para tudo o mais que resultar da comparação entre o ontem e o hoje).
Calma. Ficar com a Data do Nascimento Antiga (problemas de DNA) tem sim suas vantagens para aqueles com mais de 60 anos: atendimento preferencial no SUS, remédios gratuitos, transporte coletivo gratuito, 50% de descontos em atividades de cultura, esporte e lazer, reserva de 3% das unidades em programas habitacionais, caixa preferencial nos bancos e supermercados. Claro que para tudo isto teremos que sair de casa. Daí, não esquecer do bonezinho, do guarda chuva, do agasalho, do protetor solar, daquele remedinho...
Mas, qual o momento em que a gente tem realmente certeza que virou dinossauro?
É simples. Você está em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa e vem qualquer jovem que não é seu sobrinho ou sobrinha e lhe diz: - Ô tio!
Pronto! Sua inscrição foi aceita.
Bem vindo ao Clube da Saudade das noites que não voltam mais.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Vamos estar estudando

Vivendo em Poços há anos, (alias,quando nasci eu já estava aqui) tenho a sensação de que “deverasmente” nesta nossa estância tudo demora um pouco mais para acontecer, isto quando chega a acontecer. Existe uma “enrolação”, um “depois a gente resolve”, uma ausência de respostas conclusivas e assertivas. Percebe-se a tendência a deixar o pão de queijo por mais tempo no forno pela linguagem utilizada e que tem o gerúndio como suporte para o adiamento, a ausência de resolução ou a enganação mesmo. O gerúndio, explica o guru Google, indica uma ação em andamento, um processo ainda não finalizado. É exatamente isto: existem ações em andamento permanente e processos que nunca são finalizados. “Somos uma cidade gerundística por natureza”, diria Odorico Paraguaçu, o impagável político da série “O Bem Amado” de Dias Gomes.
Por falar em política, o uso do gerúndio pode ser percebido principalmente na fala de homens públicos que utilizam esta forma nominal de verbo como saída para dizer nem sim, nem não, e agradar (ou desagradar) o eleitorado. Pergunta o cidadão, por exemplo, ao político: O que será feito da Estação Mogyana? A resposta possível: “Prafrentemente vamos estar estudando uma solução que estaremos encaminhando aos setores responsáveis em outras esferas governamentais”. Existe sempre um futuro obscuro, uma possibilidade sem muita verdade, um talvez, uma incerteza certeira no ar. O “ando” depois de qualquer verbo nos dá a percepção de que as coisas verdadeiramente não andam, quando muito, se arrastam sobre os trilhos. O “estamos estudando” é freqüente, mas a formatura e o diploma nunca se materializam.
“Concernentemente” vale dizer que o uso do gerúndio não é privilégio da iniciativa pública, pois na privada isto também ocorre. Você sabia que o uso repetitivo do gerúndio se chama endorréia? Não? Nem eu. O fato é que qualquer semelhança com diarréia não será mera coincidência.
Veja se não é comum ouvir de pessoas dos mais diversos setores um ”vamos estar analisando aquela proposta...”, o que em outras palavras, quer dizer, “sua proposta não nos interessa”. A verdade é que por detrás desta aparente gentileza ou simpatia se escondem a falta de objetividade e de sinceridade, deixando de ser apenas um vício de linguagem para se tornar um vício de atitude de quem não quer se comprometer.
“Botando de lado os ora veja” vou estar convidando você nestes “finalmentes” a estar refletindo sobre o que disse o publicitário Ricardo Freire. “Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que sim, pode existir uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando deste jeito”.
Agora, vou estar indo, quer dizer, fui.