Dezembro é o mês das chuvas e ele sai apressado, por
vezes, amassado, empoeirado, mineiramente esgalepado de dentro dos armários,
dos guarda-trecos, por detrás das portas.
Ninguém se lembrava mais dele, porém, quando a chuva aparece, uma
pergunta também volta a aparecer no cotidiano: “Alguém viu meu
guarda-chuva?”.
Tá certo que muita gente, geralmente mais idosa, o
tenha como companheiro nos dias muito ensolarados, mas, geralmente é quando os
pingos caem que os guarda-chuvas saem. Vale lembrar que o feminino do
guarda-chuva é a sombrinha, ou, pelo menos, foi assim que aprendi. Alías, por
uma educação machista bem do interior mesmo, ou sei lá o que, sempre evitei
sair com sombrinha pelas ruas. Veja só que bobagem: prefiro ficar molhado dos
pés à cabeça, do que ser visto andando com uma sombrinha pelas ruas. Como diria Roberto Carlos e uma namoradinha de
uma amiga minha, nem mesmo sei o que eles vão pensar de mim. Tenho ainda outras
dúvidas sexuais pluviométricas: o guarda-chuva seria o marido da sombrinha? Ou
seria um objeto andrógino ou hermafrodito? Será que é por isto que ele sai
sempre do armário? O guarda-chuva fica molhado e a sombrinha molhadinha? Ops!
Vou deixar pra esclarecer isto com a Laura Muller, antes que seja acusado, nos
tempos atuais, de preconceito pluvial, digo, sexual.
Meninos e Meninas. Que fique claro como os dias de sol.
Não tem nada a ver (nem a chover) homem
que sai com sombrinha ou mulher que sai com guarda-chuva. É tudo uma questão de uma chuvinha por cima e,
afinal, depois vem o arco-íris. (Ops 2).
(Contudo, me reservo no direito metereológico de me molhar dos pés à cabeça se
não houver um guarda-chuva próximo…)
Enfim, enquanto muitos afirmam que a maior invenção de
todos os tempos é a roda, ou mesmo o computador, penso que o guarda-chuva é que
deve receber tal honraria. Afinal, ele
superou qualquer previsão do tempo, já que sua existência, dizem, remonta 3.400
anos atrás na Mesopotâmia e apesar de tanta evolução tecnológica, nunca foi
substituído, nem ficou ultrapassado ou obsoleto. Um acessório tão simples, utilizado por todo o
mundo, das classes mais simples às mais sofisticadas, pelas mais diferentes culturas,
sem que tenha sido criada coisa melhor ao longo de séculos, merece verdadeiramente
todas as homenagens e pedidos de desculpas.
Oh! Guarda-chuva! (e Sombrinha também!).
Perdoe-nos por tantas vezes que nos esquecemos de você.
Ou quando, depois de usá-lo, nem lembramos mais da sua existência e voltamos a
lhe esquecer literalmente em tantos lugares. Que você continue a nos manter
secos, em meio a tantos molhados, ou mesmo protegidos do calor infernal, com o
perdão atemporal de São Pedro. Amém!