domingo, 27 de novembro de 2011

Precisamos da privada

O pagamento de impostos dos cidadãos e empresas gera os recursos públicos que alavancam o desenvolvimento do país, estados e municípios. Por isto, a devida cobrança para que isto seja feito de forma transparente e que atenda às prioridades e demandas da comunidade. Também por isto, as críticas feitas aos desmandos, à corrupção, aos acordos políticos e interesses individuais que norteiam, muitas vezes, a aplicação dos recursos oriundos do pagamento dos impostos. Até aí, estamos “chovendo no molhado”. Administrar, em síntese, tanto nas empresas públicas, quanto nas empresas privadas é aplicar acertadamente recursos financeiros para que a saúde financeira e o crescimento sejam garantidos.
Em Poços de Caldas não é diferente. Cobramos da administração pública que esta invista no que é prioritário para a comunidade, notadamente, nos pilares de sustentação de uma cidade: a educação e a saúde, sem esquecer que outros setores, devem merecer também o olhar atento dos administradores. Até aqui estamos pensando como se tudo dependesse da prefeitura. Creditamos tudo à prefeitura, esquecendo que ela é parte da sociedade, mas, que existem outras instituições que são fundamentais para que o município se desenvolva. Assim, além da prefeitura, precisamos dos esforços da iniciativa privada.
Só para ficar em um setor, o turismo, este particularmente necessita da maior participação (e já faz tempo) daqueles que são os grandes beneficiários do desenvolvimento deste setor na cidade: os hotéis, bares, restaurantes, lojas de souvernirs, enfim, o chamado trade turístico. Destaque-se, ainda bem, que a volta do Convention Visitors Bureau em Poços, pode sim, ser uma luz, desde que, mais uma vez, os empresários do setor, participem realmente.
Estamos vivendo, para exemplificar, o Natal Encantado, que não deveria depender tão somente do setor público, como o que parece ocorrer, através da presença majoritária do DME neste evento. Mas, indo além nesta reflexão, cabe perguntar: como está se efetivando a tão propalada “Parcerias Público-Privadas” no município? Quem está e como se está fomentando as chamadas PPPs na cidade, para que estas minimizem os impactos financeiros da manutenção da máquina pública?
Vemos outras atividades como as iniciativas culturais, esportivas e ambientais. São atletas, artistas, instituições que buscam a sobrevivência e não deveriam depender tão somente do setor público. Felizmente, algumas empresas da cidade, já compreendem que apoiar atletas, artistas e ações ambientais é fundamental para garantir a sustentabilidade e agregar valor à marca. Porém, são ações ainda muito tímidas e que necessitam ser ampliadas.
Enfim, para que a gestão municipal seja mais efetiva, precisamos da digestão de outros organizamos sociais, possibilitando assim que haja uma descarga, um alívio de custos na administração municipal. O papel de participar de tudo o que envolve uma comunidade também cabe às empresas. Por tudo, além da iniciativa pública, precisamos da privada.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pororoca

Tenho uma teoria desenvolvida ao longo dos anos. Sem fundamentos científicos, nem embasamento teórico. Não é fruto de pesquisa, mas, de reflexão sem compromisso, uma “vagabundice filosófica”, portanto, totalmente discutível. Ela se baseia nos impactos que o habitante de uma cidade turística sofre no contato com o que se denomina de população flutuante, os turistas e visitantes. Fica até a sugestão para um estudo mais aprofundado que pode até ser tema de dissertação de mestrado ou tese de doutorado nos campos da psicologia, sociologia ou antropologia. Sugiro até um título (geralmente enormes nestes trabalhos): “Os impactos sociais, psicológicos, financeiros e relacionais na vida dos habitantes de uma cidade turística em contato com a população flutuante- O caso Poços de Caldas”.
Poços de Caldas nasceu do turismo, fruto das suas águas medicinais e da sua beleza natural. O turista que aqui chega, desfruta em sua permanência do que a cidade lhe oferece: a tranqüilidade das praças, os pontos turísticos, a estrutura hoteleira, um clima ameno e agradável ao longo do ano. O turista se encanta, com toda a razão, com a imagem da cidade. A beleza das flores, das praças, a natureza. Por outro lado, o morador tende também a se contagiar pelo mesmo motivo: a imagem, a embalagem. Esta compreensão (da preponderância da imagem sobre o conteúdo) pode ser levada para outros aspectos da vida dos habitantes da cidade. Assim, por exemplo, comprar um carro OK com toda a tecnologia se torna mais importante que adquirir uma casa própria. Ir para as baladas aos finais de semana é prioritário, ao invés, por exemplo, dos cuidados diários com a alimentação. Cuidar do físico se torna essencial, mas, atentar para a educação e cultura é enxergado como secundário.
Outra questão é a durabilidade das relações. O turista chega sabendo que a sua permanência será curta, na maioria das vezes, apenas um final de semana. Este relacionamento turístico pode afetar a compreensão dos habitantes em suas relações interpessoais. Assim, temos uma relação “turística” com as pessoas. O número de divórcios pode, talvez, ser bem maior que em outros municípios com características diferentes. Não tenho dados concretos, mas, penso que em cidades turísticas como a nossa, a “fila anda” bem mais depressa.
Outro aspecto é a montanha que nos circunda, as serras de São Domingos. A sua beleza, o aconchego, o seu abraço diário, o “paraíso entre montanhas” pode nos levar ao isolamento e a acreditar que podemos resolver tudo aqui, sem que necessitemos de outras opiniões, outras análises, do contato com outras inteligências. Podemos viver a “síndrome da caverna”, na acomodação e repetição de erros.
A “embalagem” da saúde física e da beleza, da nossa qualidade de vida, pode encantar por demais, atingindo a todos, indistintamente, incluindo, aqueles que podem determinar os destinos de nossa cidade. Claro que o turismo é um setor fundamental e muitos habitantes vivem desta relação mercadológica. Porém, é necessário não esquecer nunca do que é alicerce, do que é fundamental em qualquer município: a saúde e a educação dos seus habitantes. Investir no social será sempre o norte mais correto de qualquer administração pública. A cereja não pode ser mais importante que o bolo. É como em uma casa, onde a prioridade deve ser o conteúdo: o dinheiro para pagar o aluguel, a luz, a água, a alimentação e a escola dos filhos. Se houver sobra, uma viagem, um churrasco no final de semana etc. Não se trata de minimizar a importância do lazer e entretenimento. Trata-se principalmente do cuidado com os recursos públicos que devem assegurar as necessidades prioritárias do ser humano.
O turista merece e deve ser tratado muito bem, principalmente, por aqueles que usufruem diretamente desta relação, notadamente, a iniciativa privada. Porém, antes dele, prioritariamente, deve estar o munícipe, aquele que vive permanentemente deste chão, que paga seus impostos e que planta aqui suas esperanças de uma vida melhor.
No encontro das águas fluviais com as águas oceânicas, fenômeno natural chamado de pororoca, importante refletir que, além da beleza do evento, o choque das águas derruba árvores de grande porte e também modifica o leito dos rios.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sorrir

Sorrir, todos sabem, é o melhor remédio, não tem contra-indicações e pode ser receitado para todos os males. Sorriso é orgânico e natural e permite ser dado várias vezes ao dia, na dose que se desejar.
Pode não curar, mas alivia as dores.
Pode não resolver problemas, mas é grande passo para as soluções.
Sorriso não tem língua e nem nacionalidade.
Não tem sexo, nem idade. Nem raça, nem religião.
Sorriso é do empregado e também do patrão.
Ao contrário do que se pensa, não é preciso motivos para sorrir.Sorrir é o motivo, pois é emotivo.
Tem sim tudo a ver com alegria, mas não é antônimo de tristeza.
Sorrir é de graça e minimiza a desgraça.
Um sorriso aberto abre portas trancadas,
retira os nós das caras amarradas, devolve movimentos às vidas engessadas.
Um forte sorriso quebra barreiras, implode geleiras, destrói os muros que separam pessoas.
O poder do sorriso é mágico e embora exista o sorriso do poder, o sorriso trágico, os falsos e amarelos, estes duram apenas o flash fotográfico.
Um sorriso é eterno, porque terno.
Sorriso não é apenas um gesto, pois embora a sua foz seja a boca, a sua nascente é o coração.É lá que ele espera a vez de vir ao mundo e melhorar a vida de quem o oferece e de quem o recebe.
Por tudo, doe sorrisos o dia inteiro.
Ele pode salvar vidas, incluindo, a sua.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

As mil e uma mortes

A gente pra nascer, só existe um jeito,
Mas pra morrer, meu irmão, não existe preceito

Morre-se de câncer ou então, de canseira
Morre-se com ciência, ou então, de bobeira

Morre-se queimado e também afogado
Assim e assado, assaltado, assassinado

Morre-se esquisito na esquistossomose
Morre-se lépido na leptospirose

Morre-se pela bolinha, ou pela ébola
De sarampo, varíola e também catapora

Morre-se no carro, no mar e na moto
Na terra e no ar, furacão, maremoto

Magro ou gordo, não importa a caloria
Enterra-se com Aids e com desinteria

Meningite, diverticulite e até apendicite
Morre-se assim, ali e aqui, lá em New York City

Morre-se pelo tóxico, ou pela toxoplasmose
Morre-se de anemia e também de overdose

Morre-se de infecção hospitalar, a septcemia
De enfisema pulmonar em pleno ar do dia

Ninguém sabe o dia ou a hora exata
É um dengoso mosquito que pica e que mata

Morre-se do coração que parou de repente
Ou no ataque de um cão que parecia inocente

Morre-se ao nascer ou pelo muito viver
Morre-se de rir, ou de tanto sofrer

Morre-se de amor, diz o romântico poeta
Morre-se de ódio por uma bomba incerta

Enfim, morre-se por tudo, com tudo, ou por nada
De uma doença fatal, ou por uma unha encravada

Mas, não descobrindo-se a causa quando a morte convida
- Morreu de quê?
- Ah! Morreu de morte morrida.