sábado, 21 de maio de 2011

Os Palácios de Palocci

No Brasil, país de grande fosso social entre ricos e pobres, existe certo preconceito (ou pósconceito) em relação aos milionários. Com uma população de maioria cristã, somos amedrontados também pelo ideia de que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino dos Céus”. Interessante pensar que o empresário Silvio Santos aproveitou para subir no assento do camelo e como camelô, construir sua fortuna. Contudo, existe sempre certa desconfiança de que algum crime foi ou está sendo cometido pelos afortunados. Afinal, se milhões recebem pouco e poucos recebem milhões, alguma coisa deve estar errada, principalmente, quando esses mi(bi)lionários são políticos e ocupam cargos públicos de destaque. Entre tantos (e entretantos) que construíram fortunas, o “Tio Patinhas” da atualidade é o ministro Antonio Palocci. Onde já se viu um ministro do Palácio, quer dizer, da Casa Civil, faturar 10 milhões em apenas dois meses, através da sua empresa de consultoria? Como explicar que, após a sua posse no governo, tenha havido tamanho crescimento de suas posses na vida particular?
Sobre o assunto, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, disse com justiça, que há “muita fumaça e poucos fatos apresentados”. É verdade. Palocci tem realmente um passado cheio de “fumaça” e que vive saindo pelas chaminés das casas que ele freqüenta. Em 2006, um “caseiro” inconveniente, Francenildo Santos Costa, foi testemunha de acusação contra Palocci, no caso da casa do lobby, a ex-mansão do atual ministro, que serviria de sede para reuniões de lobistas e encontros com prostitutas, na chamada República de Ribeirão Preto. Agora, em outra moradia, na Casa Civil, uma nuvem de “fumaça”, parece indicar mais uma vez, que o fogo existe. O “rei” se tornou réu e as perguntas são muitas.
É ilegal um ministro de governo, ter, paralelamente uma empresa de consultoria? Se, antes de sua função no governo, ele já possuía a empresa, deveria ter sido convidado pela presidente Dilma para exercer uma função pública?
O que parece é que Palocci, mais uma vez, deverá ser inocentado e continuará como “inquilino” de luxo do governo. Alegará, com certeza, que já possuía a empresa e que, preservando a sua ética ministerial, nem atuava mais como consultor. E, se, as organizações utilizam a marca “Palocci” nas negociações com o governo e fora dele, que “culpa” tem ele?
Somos a favor do ministro. A “culpa” não é dele.
A culpa é de todo brasileiro que ainda preserva a reflexão de que muita coisa “legal” é por natureza, imoral. Que muita coisa licita, não edifica. Que ainda é preferível morar em um casebre, que viver em um “palácio” construído sob os pilares da corrupção e do desmando.