sábado, 4 de setembro de 2010

Decisões Individuais, Problemas Coletivos

A informação é hoje o principal instrumento de sobrevivência das organizações, sejam elas privadas ou públicas. E ela, a informação, se encontra em todos os lugares, do chão de fábrica à sala dos lideres, do papo no corredor a uma reunião de diretoria. Transita também nos meios de comunicação, nas emissoras de rádio e TV, nos jornais, sites, Orkut, blogs e twitters.
A informação gera conhecimento, que por extensão, gera inteligência competitiva. Quanto mais a empresa conhece a sua área de atuação, os seus concorrentes, seus clientes, o seu contexto ambiental, apenas para citar alguns pontos, mais está preparada para enfrentar os desafios do mercado.
Mas, se tudo isto é verdade, se livros, consultores, especialistas e o mundo acadêmico orientam sobre estes aspectos, como as organizações estão tratando as informações? Elas são levadas em consideração no momento de tomada de decisão?
O mundo mudou muito nas últimas décadas, mas, infelizmente, na maioria das empresas, a informação não é devidamente tratada, selecionada, trabalhada para auxiliar o corpo gerencial. Vivemos a tecnologia como lição de casa, acreditando que basta equiparmos as empresas com hardwares e softwares de última geração. Porém, esquecemos de tratar o volume gerado e temos então uma “biblioteca” enorme com centenas de títulos diferentes, mas que ninguém lê. Nas “gavetas” dos computadores, milhões de dados são coletados, porém, sem a devida seleção, filtragem e utilização. Desta forma, apesar e em razão do excesso de informação, muitos líderes decidem apenas pelo conhecimento individual, experiência e capacidade profissional. As reuniões são realizadas apenas para atestar as decisões do “chefe” e os colaboradores são meros coadjuvantes em um teatro montado para validar as iniciativas de quem lidera. Por incrível que pareça ainda escutamos muitas “lideranças” afirmarem para os seus liderados: “Você aqui é pago para fazer e não para pensar”. Automatizamos as empresas e os relacionamentos. “Penso, logo... sou demitido”.O “manda quem pode, obedece quem tem juízo” não é frase de efeito, mas sim, prática diária em muitas empresas. Quem tem o poder faz questão de marcar território, movido, na maioria das vezes, pela insegurança e pelo medo de perder o posto.
Em um universo onde a tecnologia possibilita o acesso rápido à informação, se torna urgente não subestimar a capacidade das pessoas, seja lá qual for a função que elas exerçam. Não raro, um empregado que exerce a tarefa mais simples é uma fonte de informação em potencial e pode, em determinada circunstância, auxiliar a tomada de decisão.
A inteligência individual precisa dar lugar à inteligência coletiva. Quando analisamos somente um lado de uma questão, a tendência é tomar decisões errôneas, limitado pela lente de uma câmera que registrou apenas uma fonte de luz.
A democratização do conhecimento, oriunda principalmente da internet, é uma realidade inexorável.
Pena que o autoritarismo, a arrogância e “o poder da caneta” ainda se façam presentes em muitas instituições públicas e privadas. E o que é pior: decisões individualistas e egocêntricas geralmente são as grandes responsáveis por problemas coletivos e a sabedoria popular ensina: quando a cabeça (o líder) não pensa (nem ouve), o corpo padece (leia-se colaboradores, clientes, população etc.).