quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Atenção senhores passageiros

Estaremos dentro de pouco tempo, começando mais uma viagem, com um tempo previsto em todo o trajeto de 365 dias. Carimbem o passaporte, definam o destino e embarquem na plataforma 2011. Quem tiver mágoas, ressentimentos, pendências e tristezas antigas na bagagem, favor descarregá-las no Balcão 2010, ao lado dos banheiros. Recomendamos o uso dos sapatos da boa vontade e as camisas do otimismo, evitando, durante a viagem, as saias justas da competitividade insana e os nós da gravata da ambição desenfreada. Os passageiros que portarem sorriso nos lábios, coração aberto e mãos prontas a construir terão assento preferencial ao lado da janela da felicidade. Solicitamos a todos que apertem o cinto da esperança e recomendamos que ninguém, em hipótese alguma, utilize a saída de emergência durante a viagem. Caso haja períodos de turbulência, mantenham a calma e a confiança no piloto desta aeronave, o Grande Comandante Universal. Em qualquer situação de medo ou desespero, contem também com nosso atendimento de bordo realizado permanentemente por nossos anjos do espaço que estarão ao lado de cada passageiro. Recomendamos durante todo o trajeto, atitudes de solidariedade, de atenção e carinho, principalmente, com as crianças e idosos, o que garante a participação em nosso programa de milhagem. O ar das cabines, em virtude das ações do homem, está extremamente seco, por isto, sugerimos a ingestão de água durante toda a viagem. Além disto, moderação com as bebidas alcoólicas e alimentos gordurosos. Recomendamos também exercícios físicos como exercitar as pernas, braços e pés, evitando os inchaços prejudiciais à saúde. Importante lembrar, que embora tenhamos pessoas viajando em classes diferentes, nada assegura que na próxima viagem os passageiros terão direito aos mesmos assentos. Portanto, respeito e bom relacionamento com cada companheiro de viagem, independente da classe a qual pertença, será motivo de avaliação no momento do check-out. Para isto lembramos utilizarem o crachá da amizade e palavras de agradecimento e compreensão. Teremos, como já é de conhecimento de todos, muitas escalas durante o trajeto, o que implica na necessária entrada e saída de pessoas, valendo recordar em todos os momentos da contínua confiança no Grande Comandante Universal.
A todos, uma excelente viagem!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

R$ 26.700,00

O número é sempre um referencial de valor concreto ou abstrato, utilizado como diz o “Dizcionário” para descrever quantidade, ordem ou medida. O 1, por exemplo, lido como primeiro pode dar o significado de o melhor, aquele que superou os seus adversários, o campeão. Usar a camisa 10 em um time de futebol carrega o peso, imortalizado por Pelé, de ser, geralmente o craque do time. O mesmo número dado à prova de um aluno nos diz que ele foi aprovado com a nota máxima. O numero 100 acompanhado de porcentagem (100%) carrega também significados múltiplos dependendo do contexto em que a porcentagem está inserida. Enfim, os exemplos são inúmeros (opps): o 13 significa azar ou zebra, o 7 é numero de mentiroso, 18 é a maioridade, 33 a idade de cristo, 51 é a boa idéia, 22 dois patinhos na lagoa, 69 é...deixa prá lá. Bingo! E uma curiosidade que encontrei na Internet e que pode mudar a sua vida: uma pessoa levaria doze dias para contar de 1 até 1 milhão, se demorasse apenas um segundo em cada número. Para chegar a 1 bilhão, ela precisaria de 32 anos. (Se tiver com tempo, pode começar agora).
Consultando os sábios, Pitágoras dizia que o número é o princípio e a essência de todas as coisas. Para Aristóteles, o movimento acelerado ou retardado. “Número é a classe de todas as classes equivalente a uma dada classe”. (Bertrand Russel)- Não entendi esta última pois estava fora da classe neste dia.
Enfim, nossa vida é orientada por números: da carteira de identidade à conta no banco, da senha no cartão de crédito ao numero do celular. Além do concreto, o número signfica uma forma de enxergar as coisas, um posicionamento, a (in) compreensão de uma situação.
Mas, hoje, um número, uma cifra, chamou a minha atenção e a dos milhões de brasileiros: R$ 26,7 mil. Esse o novo salário para deputados, senadores, presidente e vice e ministros de Estados, a vigorar a partir de fevereiro, se o projeto passar pelo Senado e se receber a sancão do presidente da república. Quer outro número ligado ao tema: no caso dos deputados significa um reajuste de 62,5 por cento sobre os atuais vencimentos que estão sem alteração desde 2007. A inflação deste mesmo período (2007-2010)? 20%. Lembrando ainda que o reajuste terá efeito cascata sobre os salários dos deputados estaduais e vereadores. Tudo legal e aprovado em tempo recorde para um projeto de tamanha extensão: menos de 4 horas. Um outro número revelador.
Se tudo sempre fica obscuro nos depoimentos dos nossos representantes, os números decodificam o que as palavras proferidas em entrevistas e nos pulpitos tentam dissimular. Mais uma vez, temos a prova dos 9, da falta de sensibilidade e da compreensão da realidade brasileira. O salário requerido e considerado “justo” pela maioria dos deputados, não faz justiça aos milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza. Se os deputados possuem legalmente a possibilidade de aumentar os seus próprios salários, o que se espera sempre é dignidade e zelo com o dinheiro público. Os números não mentem, mas os deputados...
Não é vergonha ganhar bem. Vergonha é não ter saneamento básico, acesso à educação de qualidade, moradia e outros instrumentos que deveriam compor a “cesta básica” de todo brasileiro na busca de uma vida digna.
Muitas vezes um número nos provoca vergonha. Pena que quem deveria sentir isto, faz de conta que não vê e utiliza sempre a própria calculadora para aumentar os seus vencimentos.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Com ou sem emoção?

Recentemente fiquei sabendo que pertenço à geração “baby boomer” e pensei: como sobrevivi até os dias atuais sem saber disso?
Coisa de americano que busca colocar todas as coisas como produtos em gôndolas de supermercado. O baby boomers (me lembra nome de fralda) é a geração de pessoas que nasceram de uma “explosão populacional” nos Estados Unidos, entre os anos de 1946 e 1964 e que estão hoje próximas aos 60 anos de idade (“os sexo-genários”). Entre características e diferenças, uma identifica os boomers: foi a primeira geração que cresceu em frente à televisão. (“É que a televisão me deixou burro, muito burro demais”-Televisão-Titãs). Sem dúvida, isto mudou tudo. A imagem aliada ao som veio possibilitar o acesso a um mundo novo que chegou através das séries de TV: Bonanza, Jeannie é um gênio, Jornada nas Estrelas, Os Invasores, O Vigilante Rodoviário (nacional), entre tantos outros filmes e programas. (“Quando nascemos fomos programados pra receber o que vocês, nos empurram com os enlatados, dos U.S.A., de nove as seis”-Geração Coca-Cola- Renato Russo). Som e imagem enfim se encontravam (mesmo que em Black and White) em uma tecnologia que acessava novas emoções. Uma delas é que passamos a ter uma classe diferente de amigos, “os televizinhos”- pessoas que iam até a casa do vizinho para assistir a TV. Era uma festa regada a pipoca e a Crush (que não era uma série de TV, mas um refrigerante). Momentos de convivência e de aprofundamento nas relações, já que depois ficávamos horas a discutir o que vimos na telinha.
Hoje, nós boomers, partilhamos a existência com outras gerações: a X (a dos filhos dos boomers-nascidos entre os anos 1960 e 1980), a Y (nascidos entre os anos 1980 e 2000) e a Z (após o ano 2000). Todos convivendo nesta sopa de letrinhas do mundo atual. E tal como a televisão nos anos 1960, um ponto nos une (ou nos separa?): a tecnologia (o computador, a Internet, o iPod...), que mais que o som e a imagem, nos permite, entre outras coisas, o acesso à mobilidade e à virtualização. Isto também mudou tudo. Dias atrás, por exemplo, me espantei ao ver um jovem Z comentando que a conversa via telefone era muito pessoal. Fiquei de cara! O virtual, por vezes, parece um hacker a enviar uma espécie de vírus amedrontando as pessoas para um relacionamento real.
E a pergunta que, principalmente nós, “os tiozaõs”, fazemos diariamente é: a tecnologia está melhorando a nossa vida? Entre tantos questionamentos em um assunto tão complexo, me veio à lembrança os passeios de buggy ou de jipe realizados principalmente nas praias do litoral de Natal no Rio Grande do Norte, onde o condutor pergunta aos turistas que pretendem realizar o passeio: “Com ou sem emoção?”.
Talvez seja isto. A vida é esta viagem que nos oferece muitos instrumentos e a “emoção” é fruto das nossas escolhas. Particularmente, acredito que receber um cartão com o selo dos Correios enviado por uma pessoa amiga desejando Boas Festas, transmite mais emoção que receber um “e-mail” com a mesma mensagem em um “Undisclosed-Recipient”. Mas, paralelamente, não questiono a emoção de mães, ao verem pela Internet, a imagem e a voz em tempo real dos filhos que se encontram a quilômetros de distância. Ainda penso que o chat (a conversa virtual) não substitui a emoção do olho no olho, de um abraço coração a coração, da presença física das pessoas que queremos bem. Mas, será que internautas X,Y,Z não sentem também a mesma emoção em receber pela web aquelas carinhas com símbolos usados na Internet para expressar felicidade, tristeza e outros sentimentos, os chamados Emoticons?
Em um assunto que não se esgota, talvez caiba a cada um, independente da geração que pertença, aplicar o seu próprio antivírus, nas escolhas individuais e intransferíveis do cotidiano. Neste universo cibernético, onde a rapidez nos atropela, a vida é o buggie, o ambiente são as dunas, e a pergunta é a mesma: Com ou sem emoção?

domingo, 28 de novembro de 2010

Rio, tempo de estio

A imagem que a maioria de nós tem do Rio de Janeiro é aquela de um cartão postal com natureza privilegiada, praias e recantos, em uma das mais belas composições do criador. Por sua vez, o homem cantou também a beleza do Rio, através de dezenas de canções ao longo do tempo. Desde o hino oficial da cidade, “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil...” (Cidade Maravilhosa -André Filho), passando por “Moça do corpo dourado do sol de Ipanema...“ (Garota de Ipanema – Tom Jobim/Vinicius de Moraes), até “Do Leme ao Pontal, não há nada igual...” (Do Leme ao Pontal-Tim Maia). Como não cantar “Rio, seu mar, praia sem fim, Rio, você foi feito prá mim...” ? (O Samba do Avião-Tom Jobim). Ou mesmo, “O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo...”. (Aquele abraço- Gilberto Gil). A cidade nos legou maravilhosos músicos e poetas: Milton Nascimento, Ivan Lins, Jorge Benjor, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Tim Maia, Carlos Lyra, João Nogueira, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Noel Rosa, Cartola e tantos outros.
Mas, a natureza é dual: onde há luz, há sombra, onde existe riqueza, insiste a miséria. A natureza carioca encanta aos olhos, mas, a vida real desencanta a muitos e a droga surge como um elixir que parece tornar a beleza permanente, a alegria infindável. Na paz do azul do mar carioca, o reflexo nos morros que circundam a cidade, é o da guerra de longa data entre os chefes do tráfico. No final da década de 70, nascia o Comando Vermelho (CV), que auxiliado pela política de segurança pública que proibia a polícia de atuar nos morros, fez valer ao longo do tempo, a expressão “crime organizado”, na relação entre os traficantes e os cartéis da Bolívia e da Colômbia e nas conquistas graduais das bocas de fumo. Dos desafetos do CV, surgiu o Terceiro Comando e mais tarde, em 1994, o Amigos dos Amigos (ADA). Paralelamente ao aparecimento de novas facções, os comerciantes cariocas começaram a pagar policiais para garantir a segurança: surgiram as milícias – grupos paramilitares convivendo e disputando com os traficantes o espaço da violência e da extorsão. “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos...”. (Rio 40 graus- Fernanda Abreu).
Hoje, assistimos pela TV, cenas que parecem retiradas de um filme, um “Tropa de Choque-3”: tanques, helicópteros, armamento bélico pesado, policiais civis, federais e militares. Moradores se manifestando favoravelmente a ação. Há um clima de tensão e, simultaneamente, a sensação de alívio e heroísmo. O Rio de Janeiro se tornou um campo de batalha, onde os “mocinhos” venceram os “bandidos”. Sobra-nos a certeza de que uma batalha foi ganha, mas, a guerra continuará presente no dia-a-dia carioca. Para nós, moradores aqui dos morros mineiros, no sul de Minas Gerais, a partilha de um sentimento solidário de paz e esperança aos que vivem na cidade maravilhosa. Que cada menino dos morros cariocas possa ter o “calção corpo aberto no espaço e um coração de eterno flerte.” Pegamos carona na oração de Caetano. “Menino vadio, tensão flutuante do Rio, eu canto prá Deus proteger-te...”. (Menino do Rio – Caetano Veloso).

sábado, 13 de novembro de 2010

O aluno "passa, o ensino é reprovado

As gírias acompanham a humanidade e simplificam, muitas vezes, a comunicação. Além disto, são espelhos de uma cultura e decodificam um momento vivido. “Bombar”, por exemplo, significava (e não faz tanto tempo), que o aluno não havia “passado” de ano, ou seja, não foi aprovado. O medo do estudante era ”levar bomba” e para que isto não ocorresse, estudar mais e se dedicar era a única saída.
Hoje, vivemos uma nova “onda”. Fazer sucesso, chamar a atenção é que é “bombar”. (“Cara, a festa ontem bombou”). Outro exemplo. Alcançar a média para ser aprovado era “um deus nos acuda”. Atualmente, “fazer média” para “livrar a barra” e “mandar um migué” no professor tem até a aprovação da instituição de ensino. “Passar” de ano hoje é a maior “mamata”. Basta fazer “vistas grossas”, já que o aluno tem “carta branca”, e estamos todos (governo, instituições, professores, pais e alunos), seguindo a mesma cartilha. (Me lembrei da cartilha ”Caminho Suave”, de excelente qualidade, existente ainda, cujo nome hoje é realmente mais apropriado). Estamos “assistindo de camarote”, “empurrando com a barriga”, “fazendo corpo mole”. “Tô nem aí, to nem ai...”. Porém, no boletim de avaliação, a educação no país está com notas cada vez mais baixas, pois, a qualidade de ensino é quem está “pagando o pato e a conta”. O estudante é apenas um cliente (e cliente sempre tem razão), o ensino se tornou mercadoria (“não perca a nossa promoção”) e as instituições, claro, são empresas que precisam dar lucros (não sociais, pois isto não é problema delas, mas financeiros). E o professor? Este, ao pé da letra, fica vendido. Dizem até, maldosamente claro, que a instituição quer vender um diploma, o aluno quer comprar e, “caramba”, existe sempre o tal do professor atrapalhando esta relação, querendo ensinar.
Tudo bem, ninguém é ingênuo. O mundo é outro e o setor da educação está cada vez mais competitivo. As instituições se proliferaram (notadamente, as faculdades e cursos à distância) e é preciso “brigar” para manter o estudante, quer dizer, o cliente, e, a maioria das instituições de ensino está hoje “com a corda no pescoço”. E se, como diz o ditado, “em casa de enforcado, não se fala em corda”, fingimos que ensinamos e os alunos fingem que aprendem e está tudo certo. Errado. Estamos escrevendo muito mal a história do ensino no país e precisamos sim ficar “grilados” com a situação, pois estamos “jogando às traças” o que há de mais fundamental para o desenvolvimento de um município, estado e nação: preparar as pessoas, tanto do ponto de vista técnico quanto de relacionamento, para os desafios contemporâneos. Agrada-nos a reflexão: queremos um mundo melhor para nossos filhos ou filhos melhores para o nosso mundo? E “passar” de ano, sob este ponto de vista, é até secundário. O “calcanhar de Aquiles”, isto sim preocupante, é que não estamos fazendo a nossa “lição de casa”. Deixamos de nos preocupar em “ensinar” para “aprender” a conviver com o jogo do mercado. E como passar nesta “prova”? Com certeza, uma questão de múltipla escolha e que não tem apenas uma resposta certa. Será necessário muito estudo e um trabalho em grupo e multidisciplinar. O que não podemos é assistir o ensino ser embalado em apostilas padronizadas, ser comercializado por grandes marcas de instituições financeiras, tendo como instrumentos, professores manipulados e robóticos, e, nesta equação obter como resultado, alunos bitolados e sem iniciativa, que serão, certamente, reprovados na vida. É preciso virar a página, passar a borracha e aprender a lição: briga de mercado e ensino de qualidade não podem ocupar a mesma carteira.

domingo, 31 de outubro de 2010

Sob nova direção

A exemplo da Índia que tem Pratibha Devisingh Patil como presidenta (ainda bem que ela não concorreu aqui) e também da Argentina que tem Cristina Fernández de Kirchner, o Brasil se igualou a outros países no mundo e elegeu a primeira mulher a ocupar o cargo máximo na nação: Dilma Rousseff. Como sugestão, o PT bem que poderia mudar o nome agora para Partido das Trabalhadoras, que seria uma medida interessante para valorizar a vitória da candidata do partido. Por falar nisto, o nome Dilma, convenhamos, é mais difícil de falar do que Lula (talvez seja falta de costume). Outra coisa que ficou mais complicado foi ouvir na mídia o termo presidenta, que é correto, mas sonoramente é muito feio (talvez seja falta de costume II). Como outra sugestão (quem sabe eu não consigo uma vaguinha?) fiquei pensando em um nome mais fácil, mais popular para a Dilma, quem sabe um apelido? (com todo respeito). Depois de muito refletir me ocorreu um nome também de quatro letras: Malu. Hein? Não entendeu? Acha que estou MALUco? Calma aí, gente! Explico os motivos.
De maio de 1979 a dezembro de 1980, a Rede Globo apresentou um seriado chamado Malu Mulher. A série obteve grande sucesso nas pesquisas de audiência (assim como a Dilma) e teve problemas com a censura (assim como a presidenta) por apresentar temas ousados para a época como o aborto (alguma coincidência?). Também como a Dilma, Malu era uma mulher divorciada, guerreira, além de independente (bem aqui há controvérsias). Por tudo isto, o nome Malu me pareceu apropriado, mas, o que mais me convenceu foi perceber que a soma das duas letras finais da Dil + MA, mais a letra inicial de LU+ La, resultam em Malu. Ou seja, o nome fortaleceria ainda mais a união entre a Dilma e o Lula. Veja a fórmula: MA+ LU= MALU. Que idéia sensacional! (A minha vaguinha está mais perto agora!).

Mas tudo isto, concordamos, é o que menos importa. O que vale mesmo é pensar que a faixa de Presidente do Brasil será usada pela primeira vez por uma mulher. E se o Brasil for comparado a uma empresa, poderíamos colocar na sua fachada, a partir de primeiro de janeiro de 2011, uma faixa com os seguintes dizeres: “Agora sob nova direção”. E em plena estação das rosas, que lembra a feminilidade e para não dizer que não falei das flores, a nova direção terá, com certeza, muitos “espinhos” pela frente e muitas lutas. Bem maiores que aquelas que a então revolucionária Dilma enfrentou como opositora ao regime militar. Apenas para citar algumas: a luta contra as drogas, que com a chegada do crack, necessita urgentemente de uma mobilização nacional; a luta pela implantação do saneamento básico em todos os municípios do país, pois milhões de habitantes sofrem ainda com a falta de água e esgoto; a luta pela educação, prioritariamente nos ensinos fundamental e médio, com a valorização dos professores e no acesso de todas as crianças brasileiras. Estas são apenas algumas das batalhas que necessitam de muitas armas e estratégias para serem vencidas. Para finalizar este texto, que está ficando mais longo que discurso de posse, faz-se necessário, em caráter de urgência, enfrentar realmente os inimigos das tão prometidas (e nunca cumpridas), reformas: a tributária, a política, a trabalhista e a reforma da previdência. Como todas elas passam necessariamente pelo Congresso Nacional, outra faixa curiosa poderá então ser vista no prédio da Câmara em Brasília: “Câmara Federal– Aberta para reformas”. Assim seja.
Boa sorte, Brasil! God save the Queen!

sábado, 23 de outubro de 2010

Ora bolas

Antes de tudo, cabe esclarecer ou escurecer que este texto não é favorável a bolinha, nem àquela ligada a fazer a cabeça das pessoas (até onde sei em desuso e que deixava todo mundo “ligadão”), nem à de papel arremessada em sala de aula na cabeça de um CDF, ou atirada na cabeça do presidente da CBF, do Serra ou da Dilma RousSEF (rimou).
Embola, ops, embora arremessar uma bolinha de papel talvez seja um ato simbólico, um gesto de protesto e de descontentamento, somos radicalmente contra qualquer atitude que venha a embolar o processo eleitoral vigente, e, olha que fomos fãs do “Clube do Bolinha “(programa de TV tão antigo quanto à bolinha de gude). Ora bolas, existem temas muito mais sérios a serem abordados e “atricotados” no país. E as reformas (política, tributária e previdenciária) que precisam ser feitas e que há anos são literalmente jogadas nos fundos das gavetas? Tais assuntos estão se tornando bolas de neve, mas daqui a um futuro não muito distante poderão congelar o desenvolvimento do país. E as prefeituras que são a bola da vez no quesito falências financeiras? Esqueça! Ninguém dá bola para isto não. Vamos discutir o aborto, a religião, o pré-sal, a Petrobrás, as privatizações, quem levou ou deixou de levar bola no governo...
E os debates? Nem precisa ter bola de cristal para perceber que estes se tornaram palco de torcidas organizadas para ver quem irá pisar na bola ou vai dar bola fora, além de acusações mútuas entre dois candidatos que disputam a presidência da república. Ora bolas, não é a disputa do grêmio da faculdade. Nem vamos escolher o próximo síndico do condomínio. É a escolha da presidência de um país que ainda tem graves problemas a serem enfrentados.
Enquanto estávamos bolando este artigo, o noticiário destacava os 70 anos do gênio da bola, Pelé, que deu declaração polêmica durante o regime militar afirmando que “o povo brasileiro não sabe votar”.
É, Rei, eleição talvez seja um bate-bola: se o eleitor recebe uma bola quadrada, ou uma bola nas costas, como exigir dele um passe perfeito?

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sou mineiro até debaixo da terra

Por mais que se tente disfarçar, um texto denuncia sempre a preferência do autor por determinado assunto, uma crença, uma escolha, uma pessoa. Não existem textos imparciais, nem mesmo aqueles com cunho jornalístico. Basta um pequeno descuido, uma entrelinha, uma forma de priorizar determinada situação, e não tem jeito: a preferência e a parcialidade se escancaram. Portanto, resolvi declarar, assim mesmo em primeira pessoa e de forma maiúscula, para não deixar dúvida, MINHA PAIXÃO POR SER MINEIRO. Concordo até que minha cidade natal, Poços de Caldas, pela proximidade geográfica com o estado de São Paulo (fica na divisa entre o sul de Minas e o leste paulista) já perdeu muito da sua “mineiridade”. Milhares de turistas freqüentam o município e esta característica cosmopolita, nos fez também ser múltiplos em nossas falas, gostos e hábitos. Não abrimos mão de um “pãozim” de queijo, mas temos em nossas praças, vendedores ambulantes comercializando churros (o paulista diria “tiurros”). Admiramos e falamos de “boca cheia” sobre a vida no campo, a simplicidade, mas não dispensamos o conforto e a ida a um shopping. Contudo, basta alguém perguntar onde fica a cidade e nos enchemos de orgulho para dizer: no sul de Minas. Isto para nós é um título de nobreza, um brasão no peito, uma credencial distinta.
E ser mineiro uai, é aproveitar situações que em princípio nada teriam a ver, para retratar e testemunhar o amor por Minas Gerais. Ao assistir o drama do resgate de 33 operários mineiros no Chile, a luta pela sobrevivência, o espírito de companheirismo, a alegria do reencontro com a família, me veio o desejo de, brincando com a palavra que nos remete a outro significado, resgatar a alegria de ter nascido em Minas Gerais. E vale lembrar que historicamente o nome do Estado (que dizem ser “um estado de espírito”) foi fruto da exploração das minas de ouro por milhares de mineiros ao longo de décadas. Ao escutar o brado patriótico dos chilenos, sobreveio trazer à tona, a declaração explícita de que ser mineiro é “bão demais, sô”, como Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Rubem Alves, que, com muito maior propriedade, refletiram o significado de ser das Gerais.
Oncotô? Minas Gerais. Proconvô? Minas Gerais. Doncosô? Sou mineiro até debaixo da terra.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Título de Eleitor não tem foto, nem voto

O Brasil é um país fantástico e de muitos contrastes. Somos, por exemplo, referência internacional em sistema eleitoral, principalmente em razão das nossas urnas eletrônicas. Aqui até a boca de urna já vem equipada com aparelho ortodôntico. Por isto, me espantei, como todo mundo, ao receber a notícia de que o título de eleitor não seria aceito para votar. Pensei como todos: ”mas se não é para isto, pra que serve o título?”. E se foto realmente é tão importante assim, modelo fotográfico tem prioridade na hora do voto. É só levar o book. Candidato também não precisa levar documento. É só apresentar o santinho. Concluí: estamos realmente em uma Zona Eleitoral.
Bem, mas lei é lei. Cumpra-se. E lá fui eu votar, e no caminho, e pra rimar, raciocinando: qual o documento apresentar? A carteira de identidade tinha minha foto, mas nela, estou mais feio que candidato de ficha suja. A carteira profissional também. Refleti, porém, que o emprego dela para votar não seria ético, já que o desemprego tem se revelado alto no país. Entre estas minhas dúvidas existenciais, sobrou apenas à carteira de habilitação.
Então, imaginei a cena. Eu entrando no local de votação e o mesário perguntando: “O senhor está habilitado para votar?”. “Claro, eis aqui minha carteira de habilitação”. E não é que tinha tudo a ver? Mundo, mundo vasto mundo, carteira de habilitação e eleição, seria uma rima e também uma solução. A partir daí, ampliei a reflexão. Por que não realizar uma campanha publicitária incentivando a apresentação da carteira de motorista na hora do voto? Poderiam ser criados alguns slogans. “Coloque o país na direção certa. Pra votar, apresente sua carteira de habilitação”. Ou então: “Não seja um ponto morto. Com sua carteira de habilitação, o Brasil vai pegar a marcha do crescimento. Vote”. Pra quem gosta de rima, vai lá: “Para votar em um país de primeira, apresente a sua carteira”. E outro: ”Na eleição, não vote na contra mão. Apresente sua carteira de habilitação”. Outro ponto positivo veio ao encontro da minha idéia. A carteira de habilitação seria ainda mais perfeita para o voto em trânsito. Sensacional!
Depois dessas divagações, estacionei o carro em vaga próxima à minha seção eleitoral e lá fui eu, caminhando contra o vento, sem lenço e com documento, como um candidato já eleito. Cheguei para o mesário e todo cheio de si em mim mesmo, apresentei minha carteira de habilitação. Já estava quase entrando na cabine, quando o mesário disse: “O senhor não pode votar”. Perguntei, surpreso:” Mas, como? Não tem que apresentar um documento com foto? Tai minha carteira de habilitação com a minha foto. Sou eu mesmo.” Ao que o mesário retrucou. “Eu sei senhor. Porém, sua carteira está vencida”. Fui voto vencido.

domingo, 3 de outubro de 2010

Educação para todos, principalmente para os eleitos

Quaisquer que sejam os resultados após o segundo turno das eleições no país uma coisa é certa. A Educação, ou a falta dela, é o grande problema a ser enfrentado pelos futuros governantes em qualquer esfera e que precisa ir além dos discursos de campanha e ser exercitada como prioridade. Necessitamos urgentemente avançar muito para sair das limitantes grades curriculares e Educar para a vida no seu sentido mais amplo. Não o ensino formal aquele focado apenas no sucesso profissional, no acúmulo de bens, priorizando o desenvolvimento financeiro em detrimento do crescimento pessoal. Essencial é formar cidadãos e não caixas registradoras possibilitando a construção de um ser humano livre e íntegro. Com esta reflexão, a Educação é pilar de sustentação para todas as áreas sociais.
Uma boa saúde começa pela Educação, naquilo que se entende como ações preventivas. Ensinar o cidadão a importância da prática esportiva, os cuidados com a higiene e a alimentação, o controle da natalidade através dos métodos contraceptivos, entre outros hábitos saudáveis. Isto além de diminuir os altos custos no setor reduzirá a médio e longo prazo, o nosso alto índice de mortalidade, ampliando ainda a expectativa de vida do brasileiro.
Na Segurança, os nossos índices de criminalidade são reflexos diretos, entre outros aspectos, da nossa educação precária, já que segundo pesquisas, mais de 85% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão ausentes dos bancos escolares. E se estão fora das salas de aulas, quais “salas” na vida estarão freqüentando? O que ensinar sobre os malefícios da droga no corpo e na mente? O que ministrar sobre a arte em suas diversas manifestações e as inúmeras possibilidades que ela proporciona? O que ensinar sobre diretos e obrigações, sobre o respeito ao próximo, limites e tolerância?
Em relação ao meio ambiente, ao emprego, ao trânsito e a tantas outras áreas, perceberemos sempre a Educação como fator determinante para o crescimento do ser humano. E investir em Educação passa necessariamente pelo treinamento e a valorização do professor que trabalha nos níveis fundamental e médio, pois é ali a nascente de água pura, que se bem tratada, resultará em oceanos de seres biodegradáveis. Nunca é demais repetir as sábias palavras do ex-presidente americano Abraham Lincoln: “Se educarmos as crianças, não precisaremos punir os homens”.
Por tudo, Educação para todos, principalmente para os eleitos. Que o presidente, os governadores, senadores, deputados federais e estaduais possam realmente enxergar a Educação como o instrumento mais importante para minimizar os nossos graves problemas sociais. Importante lembrar que o maior auxílio que uma pessoa pode receber de um governo é a possibilidade de, através da Educação, gerar o seu próprio sustento e a sua independência contra qualquer forma de poder.

domingo, 19 de setembro de 2010

Religião se discute

Dizem que religião não se discute. Talvez porque a palavra discussão tenha conotação agressiva e se assim, melhor é evitar mesmo. Mas, em um mundo materialista, em uma sociedade capitalista e consumista, precisamos conversar e refletir sobre o tema e são inúmeras as questões. O assunto é inesgotável. Mas, nem por isto, devemos nos calar. Se, dizem, a fé é cega, ela não deve, porém, cegar as pessoas.
Essencial, por exemplo, é refletir sobre a busca pela liberdade religiosa na eliminação do preconceito. Toda pessoa tem o direito de escolher a sua crença e também o de não ter crença nenhuma. Assim, o respeito a qualquer manifestação religiosa é fator fundamental na promoção da paz e no combate a intolerância e ao fundamentalismo religioso.
Em nome da religião muito se construiu, mas também, muito se destruiu na história da humanidade. Em nome do divino e, isto acontece até os dias atuais, a existência de tragédias, guerras e mortes. Em um momento de eleições em nosso país, para citar outro exemplo da utilização do sagrado, são muitos os candidatos que se dizem conduzidos por Deus, utilizando este argumento nos seus slogans de campanha na busca pelos votos nas urnas.
Outra questão a ser analisada é que se o ser humano na Terra é o elo, o mediador entre o profano e o sagrado, necessário refletir que o humano é, por natureza, falível, inconstante e finito em seu conhecimento.
Por tudo e como tudo, a religião é instrumento de valorização da pessoa, no respeito a si mesmo e ao outro, no amor a si e ao próximo. Mas, também é, infelizmente, fator de divisão entre os homens, quando trabalha inescrupulosamente a fé das pessoas, quando se apropria da liberdade, quando se torna ferramenta de poder e de manipulação.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Liberdade ainda que tardia

Todo sete de setembro, o Brasil comemora a independência do jugo de Portugal. Uma data cívica importante, mas não menos importante é lembrar que a ação de proclamar independência, não estabelece necessariamente a liberdade de uma nação. Não se liberta apenas por leis ou decretos. A Lei Áurea concedeu liberdade aos escravos, mas estes permaneceram presos durante anos aos seus tutores e ao sistema econômico, político e social. Um detento que sai do sistema prisional, ainda permanece preso nas ruas, na impossibilidade de conseguir um emprego e no preconceito social. Uma pessoa que saiba ler e escrever, pode não saber interpretar a sua própria realidade e estará dependente do patrão e do governo em suas várias esferas. Um pássaro acostumado a viver na gaiola, quando lhe concedem a liberdade, este não aprendeu a voar com suas próprias asas e nem a buscar o seu próprio sustento.
A liberdade vai muito além da constituição e a prisão não está somente nas algemas e nas celas. Libertar é possibilitar ao ser humano alcançar a sua dignidade, fruto do suor do seu rosto e do conhecimento.
Por extensão, um país só é verdadeiramente livre, quando, além da sua soberania, a sua gente tem condições de acesso à saúde, a educação e ao trabalho honesto. Um país só é verdadeiramente livre, quando assegura dignidade à sua população, não pelo assistencialismo que perpetua a miséria, mas pela possibilidade de cada cidadão gerar o seu próprio sustento. Um país só é verdadeiramente livre, independente e soberano, quando muito além da própria constituição, a justiça social se pratica no cotidiano.
E a educação tem papel fundamental na liberdade. Ela possibilita o conhecimento, que gera consciência e que promove a ação para uma vida melhor. Ela, a educação, gera a luz que permite enxergar o que acontece ao meu redor, em minha vida e na da sociedade onde atuo. A partir daí, posso ser um agente transformador, um cidadão em plenitude.
Mas, não somente a educação focada no profissional, no mercado de trabalho, que também pode ser escravizante. Mas, aquela que permite ao indivíduo, a reflexão, o raciocínio próprio e capacidade de escolha.
Com tudo isto, a liberdade assim pode ser ainda uma utopia. Mas, acreditar na utopia é também um exercício de liberdade.

sábado, 4 de setembro de 2010

Decisões Individuais, Problemas Coletivos

A informação é hoje o principal instrumento de sobrevivência das organizações, sejam elas privadas ou públicas. E ela, a informação, se encontra em todos os lugares, do chão de fábrica à sala dos lideres, do papo no corredor a uma reunião de diretoria. Transita também nos meios de comunicação, nas emissoras de rádio e TV, nos jornais, sites, Orkut, blogs e twitters.
A informação gera conhecimento, que por extensão, gera inteligência competitiva. Quanto mais a empresa conhece a sua área de atuação, os seus concorrentes, seus clientes, o seu contexto ambiental, apenas para citar alguns pontos, mais está preparada para enfrentar os desafios do mercado.
Mas, se tudo isto é verdade, se livros, consultores, especialistas e o mundo acadêmico orientam sobre estes aspectos, como as organizações estão tratando as informações? Elas são levadas em consideração no momento de tomada de decisão?
O mundo mudou muito nas últimas décadas, mas, infelizmente, na maioria das empresas, a informação não é devidamente tratada, selecionada, trabalhada para auxiliar o corpo gerencial. Vivemos a tecnologia como lição de casa, acreditando que basta equiparmos as empresas com hardwares e softwares de última geração. Porém, esquecemos de tratar o volume gerado e temos então uma “biblioteca” enorme com centenas de títulos diferentes, mas que ninguém lê. Nas “gavetas” dos computadores, milhões de dados são coletados, porém, sem a devida seleção, filtragem e utilização. Desta forma, apesar e em razão do excesso de informação, muitos líderes decidem apenas pelo conhecimento individual, experiência e capacidade profissional. As reuniões são realizadas apenas para atestar as decisões do “chefe” e os colaboradores são meros coadjuvantes em um teatro montado para validar as iniciativas de quem lidera. Por incrível que pareça ainda escutamos muitas “lideranças” afirmarem para os seus liderados: “Você aqui é pago para fazer e não para pensar”. Automatizamos as empresas e os relacionamentos. “Penso, logo... sou demitido”.O “manda quem pode, obedece quem tem juízo” não é frase de efeito, mas sim, prática diária em muitas empresas. Quem tem o poder faz questão de marcar território, movido, na maioria das vezes, pela insegurança e pelo medo de perder o posto.
Em um universo onde a tecnologia possibilita o acesso rápido à informação, se torna urgente não subestimar a capacidade das pessoas, seja lá qual for a função que elas exerçam. Não raro, um empregado que exerce a tarefa mais simples é uma fonte de informação em potencial e pode, em determinada circunstância, auxiliar a tomada de decisão.
A inteligência individual precisa dar lugar à inteligência coletiva. Quando analisamos somente um lado de uma questão, a tendência é tomar decisões errôneas, limitado pela lente de uma câmera que registrou apenas uma fonte de luz.
A democratização do conhecimento, oriunda principalmente da internet, é uma realidade inexorável.
Pena que o autoritarismo, a arrogância e “o poder da caneta” ainda se façam presentes em muitas instituições públicas e privadas. E o que é pior: decisões individualistas e egocêntricas geralmente são as grandes responsáveis por problemas coletivos e a sabedoria popular ensina: quando a cabeça (o líder) não pensa (nem ouve), o corpo padece (leia-se colaboradores, clientes, população etc.).

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Monotrilho: obesidade mórbida

Um domingo destes acordei cedo e ao fazer minha higiene corporal (que coisa meiga!) reparei ao olhar no espelho que minha silhueta (ops) estava um pouco protuberante (leia-se barriguinha avantajada). Mais que depressa como todo cara de meia idade (seja lá o que isto signifique) coloquei meu jogging (nome fresco para calça de moletom) e fui praticar Cooper (nome fresco para caminhar) na Avenida João Pinheiro.
Durante a caminhada notei que tal avenida possuía duas faces totalmente diferentes. Até um determinado trecho, a avenida é bem cuidada, várias empresas inclusive têm ali sua propaganda e são muitas as pessoas que por ali caminham ou mesmo pedalam a sua bike (nome fresco para bicicleta). Aliás, não é por acaso que somente em determinado trecho é que existe ciclovia. Percebi que nestes trechos de boa forma, muitas pessoas que circulam são realmente atletas. Têm cara de atleta, corpos de atleta, barrigas de atleta e eu... apenas pé de atleta.
Foi com esta percepção que notei a grande diferença, a mesma que existia entre mim e os sarados, entre trechos da avenida. Alguns trajetos de ambos os lados da avenida têm perfil de atleta, parecem mais ágeis, têm cara de saúde e muita gente caminhando. Já outros trechos da mesma artéria (que devem realmente estar entupidos) são diferentes: mal tratados, parecem esquecidos, cheios de mato e árvores opulentas, com pouca gente trafegando. Pensei então, qual seria a causa?
Se você, andarilho errante, disse; “o monotrilho”, acertou na mosca. Com esta mesma descoberta, como um médico que examina um paciente, já aviei o diagnóstico: o monotrilho sofre de obesidade mórbida. Um problema crônico de excesso de peso, geralmente mal tratado e com muitas causas, principalmente o fator sedentarismo. Ora, o monotrilho está há anos sem atividade, carrega um peso de muitas toneladas em seus 6 quilômetros de extensão e segundo dizem, tem na sua genética, ou seja, na lei que autorizou a sua construção, alguns equívocos.
Mas, continuando a minha caminhada, refleti, como muitos: qual a solução, o tratamento adequado para a obesidade mórbida do monotrilho? É certo que muita coisa pesa na balança e qualquer solução precisaria de muita fibra. Uma possibilidade seria a reativação do monotrilho. Mas, o investimento a ser feito consumiria muitos recursos e se este voltasse a operar provavelmente seria deficitário. Outra saída seria um tratamento alternativo: criar nova função para o monotrilho. Mas as indicações surgidas até o momento parecem inócuas, como a de manter um paciente vivo respirando com a ajuda de aparelhos. Outra solução definitiva seria o tratamento cirúrgico, ou seja, a demolição. Porém, isto também necessitaria de altos investimentos e sem retorno político.
Quem sabe então, refleti caminhando, que o melhor mesmo seria não fazer absolutamente nada, deixar como está para ver como fica. Seguir a sabedoria popular que preconiza “o que não tem remédio, remediado está”. Talvez somente uma junta médica, formada por vários profissionais, arquitetos, engenheiros, psicólogos, técnicos de transportes e a comunidade podem encontrar a melhor solução.
Mas, voltando à minha barriguinha, sabe que, olhando bem, até estou achando ela sexy...

domingo, 15 de agosto de 2010

Elefante Branco

Todos nós ouvimos muitas vezes a expressão “elefante branco”, utilizada sempre quando queremos simbolizar uma grande obra que ninguém sabe a que veio, ou mesmo inacabada, ou ainda desnecessária. A raiz da expressão, segundo reza a lenda, nasceu no Sião, hoje Tailândia. Quando um súdito não caia nas graças do rei recebia de presente um elefante branco. Na verdade, como um animal sagrado por lá, de grande porte e longevidade, o elefante necessitava de muitos cuidados, o que acabava por gerar alto custo e decretar a falência do súdito.
Em vários países do mundo, e no Brasil não é diferente, temos muitos elefantes brancos que significam que o dinheiro público não foi aplicado corretamente. Um dos grandes problemas, por exemplo, ocorre após uma Copa do Mundo ou mesmo de uma Olimpíada, quando os estádios e equipamentos do país sede perdem a sua utilização e a presença do público.
O monotrilho em Poços de Caldas é um exemplo real de um elefante branco. Uma obra que nasceu para ser um transporte de massa ou mesmo turístico, como um verdadeiro presente para a cidade, perdeu a sua finalidade gerando um ônus público. Aliás, uma característica de todo elefante branco é a falta de gente. Uma escola sem alunos e professores, um posto de saúde sem médicos e pacientes, um ginásio sem jogos, nem público, são como casas abandonadas, torneiras pingando a consumirem diuturnamente os impostos municipais.
Por isto, a necessidade de todo cidadão em acompanhar de perto onde é aplicado o recurso público e se determinada obra é realmente necessária e prioritária. Muitas vezes, precisamos olhar além do tempo presente, pois, determinada obra que hoje pode não ser tão importante, amanhã, com o desenvolvimento da cidade, pode se tornar essencial.
Para fechar este texto, é fundamental que todo cidadão enfrente os possíveis “elefantes brancos”, fazendo seu trabalho de formiguinha, cuidando do patrimônio público do seu bairro, da sua rua e sendo um fiscal na aplicação dos recursos municipais.
Vale lembrar sempre que se um elefante incomoda muita gente, como é o caso do monotrilho, dois elefantes incomodam, incomodam, muito mais.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A VIOLÊNCIA MERECE UMAS PALMADAS

As emissoras de Televisão e de rádio, os jornais, a Internet nos mostram diariamente o oceano de violência que atinge principalmente as grandes cidades. Somos inundados com os crimes mais bárbaros, principalmente aqueles que envolvem o mundo dos famosos. Sobre isto, a imprensa informa tanto sobre o mesmo assunto que acaba por nos afogar. Por vezes, e infelizmente, ultrapassa a sua função, acabando por exercer o papel de juiz, condenando ou inocentando pessoas. Em outra análise, o excesso de informação resulta ainda na banalização das ações. Tudo é normal, tudo é comum, tudo é possível. Enfim, a violência é notícia diária, nos amedrontando por um lado e por outro, alimentando a nossa curiosidade humana, como apenas espectadores mórbidos dos fatos. O que irá acontecer com o goleiro Bruno? E o caso da advogada Mércia? Não percam os próximos capítulos. A violência vira série policial, com mocinhos, bandidos e figurantes disputando a nossa audiência no horário nobre. As más notícias vendem. Compramos a violência. Queremos ver o circo pegando fogo.
No oceano da violência, também somos pequenos riachos. É a violência no trânsito, no desrespeito à sinalização, na falta de compreensão e na pressa inconseqüente. É a violência verbal nas escolas, entre alunos e professores. É a violência no trabalho, no salário injusto, na falta de condições de segurança, e por vezes, na falta de compromisso do empregado com as suas tarefas. É a violência política, na corrupção, no desmando com o dinheiro público, na luta pelo poder. É a violência da desigualdade social que coloca ricos e pobres a conviver em um mesmo espaço, em situações totalmente divergentes. É a violência das prisões e dos presidiários, dos cárceres e dos carcerários, dos criminosos e justiceiros, de quem é preso e de quem prende. É a violência legal, alimentada por quem pode pagar mais a um advogado ou a um juiz. É a violência familiar, no desrespeito à esposa, à criança e ao idoso. É a violência da beleza a qualquer custo, a das marcas e propaganda, a do consumismo que faz do ter o ser. É a violência da medicina que mantém a doença viva. É a violência da falta de valores e dos preconceitos. É a violência contra os animais, as matas, as águas e o ar, já que as nossas atitudes não sustentam a nova moda ecológica.
Por tudo, a violência merece umas palmadas!
Palmas para a violência!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

TV POÇOS - 20 ANOS

A TV Poços mostra todos os dias uma VISÃO PANORÂMICA da vida de Poços de Caldas e região. É uma TV MIX já que tem programas para todas as idades, muita notícia e ENTERtenimento para você ir aí VIRANDO A NOITE e o dia. Uma CAMERA VERDADE de todos os fatos que acontecem e isto já há 20 anos e ontem foi mais um DOMINGO FELIZ com a festa de aniversário. Muita gente esteve por lá, incluindo PERSONALIDADES que foram dar um abraço aos funcionários da emissora. E a TV mostrou estar com A SAUDE EM DIA, pois foram horas de programação ao vivo no Parque Municipal. Entre os artistas no palco, os funcionários atuais e o público, estiveram lá também muitos que construíram a história da TV Poços, realizando por assim dizer, um ROTEIRO DE VIAGEM ao passado, lembrando das dificuldades iniciais de implantação de uma emissora local, com a cara de Poços. E Poços é isto uma cidade múltipla para quem quer VIVER FELIZ: Tem FESTA NA ROÇA e AMIGOS DA PESCA que sempre são manchetes na MÍDIA RURAL. Por outro lado, Poços é também a capital do Sul de Minas, um município que tem um turismo forte, indústrias, um MERCADO DE IMÓVEIS atuante e que, com tanto desenvolvimento, se tornou um verdadeiro GUIA DE NEGÓCIOS. A qualidade de vida é destaque: aqui é sempre TEMPO DE ESPORTE num BATE BOLA na CONEXÃO ESPORTE e Vida. As ruas de grande movimento se tornaram um verdadeiro SHOPPING DE VEICULOS, onde o MOTOR E CIA convivem com um comércio dinâmico através de lojas modernas e de restaurantes onde se pode apreciar gastronomia variada, da comida mineira até O PRAZER DA CARNE. A TV Poços vive a cidade e as suas emoções, mostrando os SEGREDOS DE MULHER e também a vida de poços caldenses que vivem em NEW YORK- UM SONHO BRASILEIRO. A HORA DA VERDADE sempre chega através do TELEFATOS e do JORNAL DO SUL DE MINAS. Por tudo, todos nós que trabalhamos aqui, QUEREMOS DEUS nos abençoando dia a dia para fazer da TV POÇOS, em VISITA AO SEU LAR uma emissora cada vez melhor, com a cara de Poços de Caldas e região.

sábado, 3 de julho de 2010

Por que fomos derrotados pela Holanda?

- O primeiro gol da Holanda foi um achado. Depois dele, o Brasil ficou perdido.
- Perdemos por falta de cabeça em campo e por excesso dela: Felipe Melo e Sneijder que o digam.
- Nos outros jogos, a nossa camisa era amarela. Contra a Holanda jogamos com a camisa azul e amarelamos.
- Nesta Copa demos muita importância ao volante. Contra a Holanda, ficamos sem direção.
- Na Holanda a tradição é o tamanco. No Brasil, o nosso futebol “tá manco”.
- O Felipe Melo era o Bat man. O problema foi o Robben no meio do caminho.
- Após muitos questionamentos e análises chegou-se a um veredicto. O principal culpado pela derrota brasileira para a Holanda foi... a Holanda.
- Numerologia: Perdemos no dia 02, no 2º tempo, por 2 a 1, jogando um futebol de 2ª.
- A nossa seleção era uma das melhores da Copa. Perdemos para Holanda por falhas na nossa “cozinha”.
- O Brasil foi à Copa para jogar na defesa e no contra ataque. Mas, a favor do nosso ataque, não existe defesa.
- Dunga não será mais o técnico da Copa. Já tem novo emprego: será o próximo Ministro da Defesa.
- Na administração tivemos o Fordismo. Na Copa, o Dunguismo. Ford criou a linha de montagem. Dunga, a desmontagem.
- O Sonho acabou. Dunga não existe, nem a Branca de Neve. E os anões? Foram milhões dizendo isto: Ah! não!
- Robinho foi grande revelação da Copa. Foi o nosso melhor ator em campo. Fingiu que jogava e a gente acreditou.
- O Kaká foi para a Copa com acento. Voltou dela sem ele.
- Luis Fabiano foi fabuloso. Mostrou para todos que ele é muito melhor com as mãos do que com os pés.
- Apesar da derrota, temos uma certeza que nos anima: na copa de 2014 não voltaremos para casa.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Tropa brasileira convocada para batalha na África

O Capitão Dunga convocou os 23 soldados brasileiros que participarão da grande batalha campal da Copa do Mundo que acontecerá na África. “Comprometimento, coerência, amor a pátria” foram as palavras de ordem que justificaram a escolha dos guerreiros. O treinamento militar deverá acontecer na Granja Comary em Teresópolis, até o envio da tropa para os confrontos no território africano. Conforme determina o regulamento haverá hasteamento da bandeira e a execução do Hino Nacional em todos os dias de preparação, além, da realização obrigatória da Ordem Unida.

Comecei este texto com a convicção de que a Copa do Mundo de 2006 traumatizou milhões de brasileiros e individualmente, o técnico Dunga. De triste lembrança, o que faltou naquela seleção foi o orgulho de vestir a camisa da seleção brasileira. Depois que o Roberto Carlos arrumou as meias no jogo contra a França, começamos a arrumar as malas para voltar para casa. Os “amarelinhos” amarelaram.

O capitão Dunga convocou agora os guerreiros para a Copa e neste alistamento demonstrou que as atitudes individuais devem subordinar-se à missão do pelotão e à tarefa do grupo, assim mesmo, militarmente. Por um lado isto é muito positivo: deveremos ter um grupo disciplinado com espírito de corpo e patriotismo, disposto a suar a camisa para alcançar a vitória. “Nas cores de nossa farda, rebrilha a glória, fulge a vitória”.

Ninguém nega que o comprometimento e a garra são fatores importantes e nisto o Capitão Dunga tem a seu favor, o futebol de resultados: a seleção atual venceu a maioria de suas batalhas.

Por outra análise, a não convocação de Neymar, Ganso e Ronaldinho Gaúcho nos deixa a sensação de que o talento, a magia e a criatividade, características que distinguem o futebol brasileiro, deram lugar ao pragmatismo, a garra e a força física, características que definem a maioria das seleções que irão à Copa. Esquecemos o que realmente nos diferencia para utilizar as mesmas armas que os nossos adversários certamente irão empregar.

Como estratégia de guerra, melhor seria se o Capitão Dunga tivesse lido “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, que afirma com total sabedoria: “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante”.

Como uma “pátria de chuteiras” (ou será de coturnos?) estaremos frente à telinha torcendo para que as vozes de comando do técnico Dunga nos levem à vitória.
Mas, continuaremos acreditando que o melhor seria se as vitórias fossem frutos da arte, da firula, da ginga e do talento do jogador brasileiro.

Avante, Seleção!

“Assim ao Brasil faremos oferta igual de amor filial, e a ti Pátria, salvaremos, rebrilha a glória, fulge a vitória”.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Carimbadas e repetidas

Quando crianças muitos de nós tinha o hábito de colecionar figurinhas. Eram álbuns que tratavam sobre diversos temas, uns até distribuíam prêmios. Existiam figurinhas que a gente chamava de carimbadas, pois eram as mais difíceis de serem encontradas. Mas, a maioria era de figurinhas repetidas, que todo mundo tinha. Hoje, esta mania retorna ao se aproximar a Copa do Mundo.
A vida da gente é um álbum e que no decorrer de nossa existência, muitas figurinhas irão fazendo parte dele. Saber quais são as figurinhas que comporão o nosso álbum, quais as realmente importantes e como elas são valiosas é uma escolha pessoal. Existem algumas, que a gente julga serem as mais importantes, as carimbadas, aquelas que, sem elas, o nosso álbum ficaria incompleto. Também existem as repetidas, aquelas que nem fazem parte mais do álbum, mas, que de repente aparecem novamente. Se a gente não sabe definir quais são as carimbadas, corremos o risco de trocá-las por outras que na verdade não eram essenciais. Existe muita gente também, que por não saber escolher, ou por escolher demais, continua sempre com o álbum incompleto. Para os mais experientes, o melhor mesmo é não se iludir com novas figurinhas e apostar nas mais valiosas, como um álbum de família. Mãe, por exemplo, só tem uma, por isto de inestimável valor. A figurinha da mãe é tão importante quanto a do pai, embora muitas vezes, este seja literalmente, uma figurinha difícil de aparecer.
Outras tão importantes são : a esposa, o marido, os filhos, os avós, os irmãos e irmãs. Uma figurinha difícil também de encontrar é um bom amigo. Caso você tenha a sorte de ter uma figurinha desta não a troque por nada.
Amanhã, todo o Brasil tem a atenção voltada para a convocação da seleção brasileira e a pergunta que não quer calar é: quais as figurinhas que farão parte do álbum do Dunga?
Embora as figurinhas da seleção façam parte apenas de 23 famílias brasileiras, pelo menos, por alguns dias, durante a Copa do Mundo, elas serão tão essenciais quanto àquelas que julgamos carimbadas em nossas vidas. Que o Dunga acerte nas suas escolhas, e faça Feliz cada um dos brasileiros, porque senão, ficaremos todos, com certeza, muito Zangados.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Pessoas e coisas

O assunto é antigo e cada vez mais atual. Coisas e pessoas fazem parte da vida de todos nós. Coisas como celular, carro, casa, computador. Pessoas como pai, mãe, filhos, esposa, marido, avós, e em primeiro lugar: a gente mesmo. Nos dias atuais, se fortalece a concepção de que estamos tratando coisas como se fossem pessoas e pessoas como se fossem coisas.Invertemos os papéis. Ao invés de usarmos as coisas, as coisas passaram a nos usar. Acreditamos que ao cuidar das coisas, melhoramos as pessoas e o nosso relacionamento com elas. Assim, por exemplo, nos obrigamos a dar a nós mesmos, coisas como um bom carro, uma boa casa, o home theater do momento. Ofertamos aos nossos filhos, um computador, o último modelo de celular, as grifes da moda.
Consumir passou a ser sinônimo de felicidade e a nossa vida se tornou uma vitrine. Parecer é mais importante que ser. Coisificamos as pessoas, transformando-as em produtos descartáveis. A embalagem se tornou mais importante que o conteúdo e a mídia e a propaganda trata de nos empacotar com as cores da moda. Isto está no vocabulário dos jovens, através da coisificação dos relacionamentos: peguei, usei, descartei... a fila anda. Tudo vira produção em série. Repare você nas festas de casamento e de aniversário: pompa e circunstância.
Os nossos encontros se tornaram virtuais, o nosso bate papo virou e-mail, o abraço real se tornou um gif animado. Transmutamos sentimentos em coisas. Concretizamos o abstrato para que este possua existência. Já não basta falar que gostamos, temos que demonstrar isso através das coisas: um buquê, um perfume, uma jóia. Comercializamos os desejos e capitalizamos os ideais. O promocional vence o institucional. Amor é um tempero, fé é o dízimo, vida é um plano de saúde. Tornamos-nos escravos das coisas, pois liberdade, já dizia um antigo comercial, é uma calça velha, azul e desbotada.

sábado, 17 de abril de 2010

Blogs: Facas e Facadas

Tem crescido no mundo as redes sociais, fruto da presença da Internet no cotidiano das pessoas. Blogs, orkuts, twitters, são os novos formatos que invadiram o mundo virtual. E como tudo o que é pessoal, cada um usa a sua maneira, de acordo com a sua cultura, sua formação, jeito de ver a vida e as coisas. Nada mais natural e democrático.
Em Poços de Caldas, não é diferente. Os blogs chegam onde a mídia tradicional (jornais, emissoras de rádio e televisão) tem dificuldades para alcançar. A velocidade, a facilidade de postagem de comentários, baixo custo e a interatividade são características que auxiliam o crescimento, leitura e audiência dos blogs.
Este instrumento se tornou então, um espaço de discussão e reflexão de muitos assuntos: literatura, política, esporte, comportamento, saúde etc. Os blogs têm contribuído para ampliar o conhecimento, a pluralizar a informação e principalmente, a formar redes de pessoas que possuam interesses comuns. Assim, se gosto de futebol e crio um blog sobre o assunto, em pouco tempo, inúmeros outros amantes do esporte estarão se comunicando comigo e neste contato, cria-se o que se pode chamar de inteligência coletiva, fruto da soma dos conhecimentos.
Daí a importância dos blogs nos dias atuais. Veículos de informação e formação cultural, científica, de cidadania até, através do convívio salutar entre opiniões divergentes.
O blog assim é faca que auxilia a cortar alimentos diferenciados formando uma “salada mista” salutar para a sociedade, pelas cores contrastantes, diversificação e pluralidade dos nutrientes.
Porém, se muitos que criam e utilizam os blogs têm esta concepção, outros infelizmente, se valem do mesmo instrumento como “arma branca” com o objetivo de alimentar desavenças, inimizades, semear inverdades e maledicências.
Atrás de um anonimato intencional ou de um codinome, se aproveitam de blogs de maior audiência e utilizam o espaço para caluniar, difamar e macular a imagem de pessoas e instituições.
Infelizmente, não há o que fazer, já que cada um usa a linguagem de acordo com a sua ética, sua moral e (in) compreensão do mundo.
Cabe ao leitor, pelo menos àqueles que acreditam no blog como instrumento do saber e do crescimento coletivo, separar o “joio do trigo”, norteado pela sabedoria milenar que nos ensina que “pessoas inteligentes discutem idéias, outras medianas discutem eventos e outras ainda discutem pessoas”.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A vida editada

Se cada um de nós tivesse gravado todos os momentos da própria vida, provavelmente, faríamos alguns cortes. Ou seja, sentaríamos em uma mesa de edição de imagens e eliminaríamos alguns momentos que não foram lá muito felizes. Algumas ações que nos prejudicaram e também aos outros. O acidente provocado por um gole a mais, um não que dissemos quando queríamos dizer sim e vice versa. Uma resposta errada, uma agressão física, uma mentira, enfim, uma decisão errônea que tomamos em determinado momento e que só posteriormente percebemos que foi equivocada. Nesta edição, logicamente, muito mais sintetizada, mostraríamos todos os momentos felizes, ou mesmo, faríamos vários filmes curtos, retirados do mesmo roteiro, com objetivos específicos. Um filme com final feliz, outro dramático, outro de suspense, um fato trágico. Estes seriam utilizados em ocasiões diferentes, e normalmente, repare você, já fazemos isto no cotidiano. Quando queremos emocionar, por exemplo, passamos o filme do nascimento do filho. Quando queremos criticar, citamos um fato em que nos sentimos prejudicados e assim por diante.
O que ocorre, porém, é que a vida é construída, dia após dia, e neste filme, não se permitem cortes. Há uma sequência que envolve muitos personagens, que compromete todo o roteiro e que não podemos “escolher” o que mais no interessa em determinado momento. Infelizmente, não podemos editar a vida. Mas, espere aí. Esta frase última pode ser editada aqui mesmo neste espaço, retirando o “in” e o “não “e ela ficaria assim: Felizmente podemos editar a vida.
Meus caros amigos, telespectadores, ouvintes e leitores, existe sim uma possibilidade de edição da vida: a mídia. Através das matérias que são veiculadas nos jornais, rádios, televisões, internet, podemos fracionar determinado assunto e veicular da forma com que imaginamos, ou, como imaginam e querem os repórteres, redatores, produtores, editores, proprietários dos veículos de comunicação etc.
Você concedeu entrevista a uma emissora de televisão e falou durante vários minutos sobre determinado assunto. Quando você foi assistir a reportagem, o que aconteceu? Cortaram muito do que você disse e colocaram apenas uma frase e que na verdade, não traduzia, no contexto, aquilo que você pensava.
Não fique triste. Isto já aconteceu na história da humanidade. Karl Marx, por exemplo, paga um preço muito caro até hoje, por ter dito, que “a religião é o ópio do povo”, quando no contexto, queria chamar a atenção das pessoas para os problemas gerados pelo capitalismo selvagem.
Naturalmente, existem outros lados da mesma moeda. Os meios de comunicação trabalham com as limitações do tempo e do espaço. Isto faz com que muito do material bruto seja cortado pela impossibilidade física de veiculação. Outro dado importante é que estes meios são empresas como quaisquer outras e enfrentam problemas: a competitividade acirrada, recursos humanos, impostos, atendimento às necessidades de clientes cada vez mais exigentes etc.
De qualquer forma (e que não me editem e nem distorçam o pensamento) é importante refletir como usuários (todos nós) dos meios de comunicação que nem tudo o que é veiculado corresponde à total veracidade dos fatos. Existem programas que, muitas vezes manipulam os fatos, que comprometem a vida de um profissional, de uma instituição, de uma pessoa, de uma comunidade, por fragmentarem inescrupulosamente a realidade. Geralmente são programas bem produzidos, inteligentes, mas que falham na ética, pois acreditam, literalmente, que os fins justificam os meios, custe o que custar. Mesmo que vidas sejam destruídas, empresas sejam extintas e uma comunidade seja exposta em rede nacional apenas por uma face de sua história.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O "caminhão" e o sonho

Você, com certeza, já enfrentou a seguinte situação: está de carro em uma rodovia e na sua frente trafega um caminhão. A rodovia é de pista única e a faixa contínua sinaliza que é proibida a ultrapassagem. O que fazer? Seguindo os princípios da direção defensiva, o melhor é reduzir a velocidade para estar compatível com a do caminhão e aguardar o momento propício e legal para realizar a ultrapassagem.
A administração pública (federal, estadual e municipal) é um caminhão pesado, pois carrega vários departamentos, secretarias, milhões de servidores e que deve trafegar em uma velocidade compatível com as leis de responsabilidade fiscal, diretrizes orçamentárias, licitação etc.
Desta forma, são muitas as pessoas que reclamam da burocracia e da conseqüente lentidão da administração pública, incluindo os próprios servidores públicos. Não é raro encontrar pelos corredores, servidores lamentando que não conseguem resolver determinado problema dado à velocidade do “caminhão”.
No início da carreira seja como concursado ou mesmo exercendo cargo de confiança, os servidores bens intencionados buscam aumentar a velocidade, agilizando processos, dinamizando as ações, criando alternativas. Surge até o “servidor voluntário”- aquele que tenta resolver os problemas trazendo de sua própria residência, algum equipamento ou ferramenta necessária ao melhor desempenho de sua função. Começam também a surgir os primeiros conflitos com outros servidores já acostumados (ou acomodados) à lentidão e a pouca resolubilidade do “caminhão”. Estes servidores bem intencionados se descabelam, discutem com outros do mesmo local de trabalho, começam a ter problemas de saúde, entram em depressão e pedem até afastamento temporário.
Tais fases são como as dos sintomas do luto, definidas pela psicologia: o choque, a negação, a raiva, a depressão e, por fim, a aceitação com o “modus operandis” do “caminhão”. O servidor percebe que não pode ultrapassar o caminhão (as leis não permitem), que se tentar aumentar a velocidade irá bater na traseira do caminhão (ter problemas de saúde) e que lhe cabe apenas reduzir a velocidade, ou seja, se adaptar com o tráfego lento da rodovia (se acomodar com a situação).
Os “motoristas” dos caminhões, por sua vez, passam também pelas mesmas frustrações: não conseguem dirigir na velocidade que esperavam (os tacógrafos não permitem), não têm o combustível (dinheiro) que imaginavam e ainda enfrentam as pressões naturais (ou não) da função, isto para não mencionar os “caronas” do poder.
O próprio ambiente público gera insatisfações. O servidor concursado a cada quatro anos é obrigado a conviver com um novo chefe, uma nova administração e novas diretrizes. Ao longo do tempo, este mesmo servidor já nem se incomoda mais e fica anestesiado e apático com as mudanças. Além disso, há uma competitividade entre os “cargos de confiança” para ver quem ganha a “confiança” do chefe e isto causa desconfianças e inseguranças no setor.
O assunto é amplo, o debate é nacional e as soluções são complexas. O descrédito é geral e os desanimados são em grande número. Porém, é necessário acreditar em novas formas de gestão pública para que os “caminhões” trafeguem mais rapidamente pela rodovia do desenvolvimento. Para muitos que há anos estão no serviço público e que já passaram por dezenas de vezes pelos mesmos problemas, isto não passa de utopia, um sonho impossível, pois, “nada vai mudar, a máquina pública é assim mesmo”.
É necessário acreditar na possibilidade concreta, no planejamento e em estudos, para que, mesmo em longo prazo se realize a troca dos pneus, com o caminhão em movimento.
A máquina pública está com as suas engrenagens enferrujadas consumindo as iniciativas e limitando as atitudes. Sem atitudes concretas, o sonho pode ficar cada vez mais distante tornando real a ironia observada em frase colocada no pára-choque de um caminhão: “O sonho não acabou. E ainda temos pão doce, maria-mole e queijadinha”.

domingo, 28 de março de 2010

"Jeitinho" ou Maracutaia

Parece não ter jeito: no Brasil, estamos todos sujeitos ao “jeitinho”. Seja na atividade pública ou na privada (oops), sempre tem alguém propondo uma maneira de driblar as regras, de economizar uns “trocados”, de pegar um atalho, “de quebrar um galho” para resolver determinada situação. Alguns, no início, ficam meio “desajeitados”, pois a consciência lhes diz que cometeram um suborno, um ato de sonegação. Mas, eufemisticamente se auto convencem ou são convencidos por algum “sujeitinho” e daí realmente só negam: - “De jeito nenhum, não subornei ninguém, apenas deram um “jetinho” e as coisas se resolveram...”
Os exemplos são muitos. O cara recebe uma multa no trânsito e meio na cara de pau pergunta ao policial:- “Seu guarda, não tem jeito do senhor dar um “jeitinho”?”.
Para tirar ou renovar a carteira de habilitação então, nem se fala. Muitas autoescolas no país inventaram “mil jeitos” de burlar as normas do Detran dando verdadeiras aulas de criatividade, incluindo até uma espécie de “robô”( ou será roubou?), que nas provas digitaliza as respostas pelo candidato.
Furar fila é outro exemplo clássico. Para que enfrentar a fila, se tem sempre alguém que você conhece bem no início da mesma? Neste caso a situação é teatral: o furão vai chegando, dá uma de “migué” e puxa um papo com o suposto amigo: “Me atrasei muito? Aqui estão os documentos...”
Outro exemplo? Atualmente, com a quantidade de engarrafamentos nas rodovias, principalmente aquelas próximas ao litoral, se formam duas filas: a da rodovia e a do acostamento. Existe sempre alguém arrumando um “jeitinho” de encostar...
O “jeitinho” é considerado até um ato de esperteza, uma “habilidade de se dar bem” para quem gosta de levar vantagem em tudo, cerrrto? a famosa “Lei de Gerson”(e pensar que Gerson, ex-jogador da seleção brasileira, era por direito, ótimo na esquerda).
A eficiência do “jeitinho” é alarmante. Existem casos de pessoas (pasmem, senhoras e senhores) que para atravessar a rua fingem que são deficientes físicos. Ao término da travessia, elas voltam ao seu estado normal. Impressionante!
Tudo o que é inventado ou regulado no Brasil, a principal questão não é a norma ou o invento em si, mas, como dar um jeito de impossibilitar o “jeitinho”. Ou seja, criamos os softwares preocupados simultaneamente com os possíveis vírus e hackers.
Cada vez fica mais difícil rejeitar o “jeitinho” e só não se dá jeito mesmo é para a morte. Quer dizer, não se dava. Atualmente existem no Brasil inúmeros casos de funerárias contando com o envolvimento de médicos que emitem atestados de óbitos falsos.
É isso. O “jeitinho” no Brasil parece ser imortal, assim como a corrupção, os desmandos, os subornos, as falcatruas...

Carga Tributária pode provocar Cifose

Imposto. Dizem que se esta palavra fosse boa não teria este nome.
Não é por outro motivo também o nome carga tributária. É para dar o sentido real de peso sobre os ombros. Aliás, não sei se já foi feita uma pesquisa sobre o tema, mas, talvez, o Brasil tenha a maior população de corcundas do mundo. O Ministério da Saúde adverte: “Carga Tributária pesada demais pode provocar cifose”. Não confundir com “Cifode” (perdão!).
O mais interessante neste assunto é que você obrigatoriamente paga o tributo, mas não existe a obrigatoriedade governamental de aplicar o seu dinheiro em obras e melhorias. Ou seja, você paga e eles gastam onde bem entenderem. Só para dar um exemplo, o contribuinte, ou para criar um neologismo, o contriotário, (contribuinte com otário) não entende o porquê, só para dar um exemplo,das estradas (se é que podem ter este nome) esburacadas em vários lugares do país. Isto para não mencionar que em muitos municípios brasileiros não existem escolas, hospitais etc ( principalmente, etecétera).
Infelizmente, muito do dinheiro dos impostos que pagamos acaba sendo desviado para outros fins, não importando os meios. Você pergunta, com o perdão do trocadilho infame: “Cofins” levou o que eu paguei? E fica sem resposta.
Mas, já que não resolvemos o problema dos impostos, temos que fazer um tributo (ops), quer dizer uma homenagem a criatividade do brasileiro, principalmente, a do administrador público. Faltou dinheiro no caixa? Inventa um imposto.
Por isto, já que também sou contribuinte, quero dar a minha contribuição. Você já reparou o número de cidadãos que fazem caminhadas hoje em dia? Que tal o Imposto Sobre Caminhada – o ISC? Toda pessoa que utilizar um espaço público para a sua caminhada diária pagaria um tributo para isso.
E já que temos o ICMS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que tal a criação do ISCP - Imposto sobre Circulação de Pessoas? Todo bar, lanchonete, restaurante, casa de shows, estádio de futebol, pagaria um imposto incidente sobre o número de pessoas que circulam por esses locais.
Outra sugestão? Cresce muito o número de pessoas que tem um cão em sua residência. Isto possibilita a criação de uma nova tributa cão, quer dizer tributação: o IPaET - Imposto sobre Proprietários de Animais de Estimação, incidente sobre toda pessoa que tiver um cãozinho, um gatinho, um papagaio em casa.
Outro imposto poderia ser o ISOP – Imposto Sobre Opinião Pública, ou seja, todo individuo que manifestar a sua opinião, deverá também dar a sua contribuição ao fisco!
Epa! Particularmente, a ideia não me parece boa. Esse artigo já seria passível de tributação e eu de ter cifose.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Reality Show

A televisão é uma janela que se abre para o mundo. Nestes primeiros dias do ano temos aberto esta janela e nos deparado com imagens das enchentes em vários locais do país. Estranha sensação nos provoca a tecnologia que coloca dentro de nossas residências o sofrimento de milhares de pessoas. Somos testemunhas oculares de tragédias, seres paralisados e impotentes na relação tempo e espaço.

Paradoxal é ver o choro de tantos e, simultaneamente, olhar ao nosso redor e viver a alegria das festas em família. Árvores de Natal iluminando cidades, e, árvores e destroços apagando esperanças e nos lembrando das diversas faces de um mesmo universo.

Somos narcotizados por imagens tão díspares. Nem bem assimilamos o impacto dos depoimentos de vítimas contando seus dramas pessoais e nossos olhos registram sequencialmente pessoas correndo nas lojas para aproveitar a liquidação dos shoppings.

A TV nos dita o ritmo entre a alegria e a tristeza. De uma forma fulgaz somos atingidos pela avalanche das informações. Ora tristes, ora alegres. Agora, surpresos, depois, solidários. Aliviados nesta cena, inconformados no bloco seguinte. Há dificuldades no processamento e na digestão das informações. Pessoas viram números e a estatística nos rouba a sensibilidade. Os apresentadores, por sua vez, sentem e interpretam as mesmas nuances. Os tons na fala e as expressões faciais se alternam a cada notícia alegre, a cada fato trágico.

Tentamos pelo controle remoto, mudar de canal para não ver tanto desalento. Buscamos esquecer o sofrimento alheio, como se esta alienação intencional nos retirasse o fardo de um mundo de contrastes. O que os olhos não vêem, o coração esquece.

Desculpamos a natureza e culpamos o homem pela falta de planejamento, pela ocupação desordenada do solo urbano e pela omissão dos representantes do povo.

O ano novo nos chega pela TV nos sonhos de quem apostou na Sena. Mas, também, nas cenas de quem apostou no sonho de uma casa própria na beira de um rio, no sopé da montanha.

O reality show continua, após o intervalo comercial.