sábado, 25 de abril de 2009

Sonho de Ícaros

Sinceramente, sou contrário a impedir que os deputados viajem para o exterior a lazer com passagens pagas pelo dinheiro público. Por mim, eles deveriam ir sim com as passagens pagas pelo Congresso. Só imporia uma pequena condição: que eles não voltassem. Pois, fala sério, o problema não é os deputados irem para outros países a passeio com passagens pagas pelo cidadão, o pior é eles voltarem depois para o nosso país.
Há que se ressaltar também que com a crise econômica o brasileiro precisa apertar o cinto e os deputados estão fazendo a sua parte, apertando o cinto de segurança em suas viagens.
Entrevistado por uma emissora de TV, um deputado defendia a idéia de viajar, acompanhado da esposa. Alegava que eram 30 anos de vida conjugal e que ele não gostava de viajar sem a mulher. O amor é lindo! Comecei a compreender a razão de muitos deputados alegarem que cumpririam um mandato transparente. Por detrás da boa intenção, havia uma empresa aérea: a Trans-Parente. Dá para entender também porque o plano urbanístico de Brasília, é chamado de Plano Piloto e a cidade ser dividida em Asas Sul e Norte. Talvez explique o fato do deputado criar asas e comandar o dinheiro público como se não tivesse que prestar contas ao cidadão do seu plano de voo. Somente nos últimos dois anos, foram mais de 800 mil reais em viagens internacionais, muitas delas, principalmente para a Europa. Talvez seja pela influência de deputados que possuem sobrenomes de países europeus como a deputada Alice Portugal e os deputados Ariosto Holanda e Marcio França.
Curioso é o fato dos os deputados do Piaui preferirem a cidade de Miami (leia-se “Maiami”) nos Estados Unidos. Dizem que é por uma questão de carência afetiva, já que possivelmente os referidos deputados leiam Miami e aí o amor novamente é a causa das viagens.
Após a descoberta da “farra das viagens” agora deu pane realmente na Câmara e tem gente dizendo que vai abrir a caixa preta e comentar sobre outras denúncias como a venda das passagens aéreas feita por alguns deputados.
Como tudo na vida ensina, vale fazer uma analogia entre a mitologia grega e a farra das passagens, através do que ficou conhecido como Sonho de Ícaro. Conta a lenda que Dédalo construiu asas artificiais para que ele e seu filho Ícaro voassem e se libertassem do labirinto onde estavam presos. Porém, eles deveriam voar a uma altura média, nem tão próxima ao sol, para que o calor não derretesse a cera das asas, nem tão baixa, para que o mar não pudesse molhá-las. Mas, Ícaro, inebriado pela sensação de liberdade e poder, chegou muito perto do sol e a cera de suas asas se derreteu e ele caiu no mar.
Deputados inebriados pela sensação de liberdade e poder, se encantam com o brilho da sua função e se esquecem de que o dinheiro que recebem é fruto das batalhas de cada cidadão e assim se aproximam da corrupção e do desmando e caem no mar de lama que se tornou o Congresso.
Para o honesto cidadão brasileiro, pagador de imposto, sobra o sabor do desgosto e a velha frase: “o ultimo que sair, apague as luzes do aeroporto”. Fui!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Monotralha

Poços de Caldas, pelo que se sabe, é o único município no Brasil que possui o monocarril. Rimou, mas tem muita gente fazendo outra rima, que não cabe citar nos trilhos deste texto, pois o monotrilho (ou monocarril) é hoje, infelizmente, um “trem bolho” que se estende desde o Terminal de Linhas Urbanas até o Terminal Turístico e Rodoviário. A palavra terminal é significativa, pois representa verdadeiramente o estado em que se encontra tal “meio de transporte “na cidade.
O monotrilho possui vários comboios. Aliás, qualquer semelhança com outro veículo que funciona com bois não tem procedência, já que o carro de boi funciona e faz tempo e o citado monotrilho não funciona e faz tempo também. Estes comboios têm capacidade para 36 passageiros, lembrando que tudo na vida é passageiro, menos o motorista, o cobrador e agora, o monotrilho que está se tornando um problema permanente.
São seis quilômetros de vias suspensas (que estão realmente com as atividades suspensas) cujas vigas de concreto, hoje se encontram em condições abstratas, já que não têm, por assim dizer, utilidade concreta.
O monotrilho (hoje, monotralha), teve sim, seus momentos de glória. Isto na década de 80, em sua fundação (hoje, afundação) quando trazia a esperança de ser um moderno veículo de transporte de massa (que acabou em pizza) e que se tornaria também uma atração inédita para os turistas (está inédita até hoje). No trajeto da sua história, por volta do ano 2000, um tremor de terra de 0,00005 graus na escala Richter, relatado até por um internauta , derrubou parte da sua estrutura. Além disso, anos atrás, estavam fazendo testes para o início das operações e houve um descarrilamento, que só não provocou danos maiores pois não existia ninguém no seu interior, exatamente como hoje.
Diga-se também de passagem (nem de ida nem de volta) que o monotrilho traz uma visão futurística que contrasta (ou seria com traste?) com alguns prédios públicos vizinhos e já tombados pelo patrimônio público como o Palace Casino e a Urca. Sobre o mesmo tema, há quem defenda o tombamento, ou derrubamento, ou mesmo o desmanchamento do referido elefante branco.
O certo é que ninguém sabe qual será a solução para o problema. Algumas idéias já foram dadas, como o de transformar os trilhos em pista elevatória de Cooper, ou mesmo plantar flores nos trilhos para transformá-los em uma espécie de Jardim Suspenso. Tais idéias foram consideradas fora da bitola, quer dizer, bitoladas, e não deverão ser aproveitadas. Por tudo, parece que a cidade terá que se conformar e conviver durante um bom tempo ainda com o monotrilho que não funciona. Dizem também que ele não funciona porque é mono, pois se fosse estéreo...
O monotrilho de Poços é um problema que nem o ministério público consegue resolver. Na verdade é um mistério público mesmo, já que existe um contrato entre a prefeitura e os construtores da obra, porém, ninguém parece saber onde está o referido contrato e qual o seu teor. Cabe ressaltar ainda, que o monotrilho é uma iniciativa pública realizada pela privada.
Mas enquanto nada se resolve, o monotrilho se entrelaça com as árvores das avenidas João Pinheiro e Francisco Salles, e se algum pintor resolvesse retratar tal encontro em uma tela, com certeza, seria literalmente, uma pintura de natureza morta.
Mas, daqui a centenas ou milhares de anos, quem poderá dizer, alguns arqueólogos estarão no mesmo local onde hoje se encontra o monotrilho. E ao realizarem as suas escavações, encontrarão uma placa amarelada pelo tempo, com os seguintes dizeres: “Aqui jaz o Monotrilho, que foi sem nunca ter sido”.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Escrevo

Escrevo
como quem pede um abraço
como quem convida um vizinho
como quem perde o passo
como quem busca um caminho

Escrevo
para aliviar o cansaço
para distrair-me do mundo
para gritar-me no espaço
para um mergulhar mais profundo

Escrevo
como quem pede auxílio
como quem se asfixia com o ar
como quem vive em exílio
como quem se afoga no mar

Escrevo
para decodificar a vida
para libertar-me do mal
para retardar a partida
para adocicar o sal

Escrevo
como quem se liberta
como quem se disfarça
como quem se desperta
como quem se diz farsa

Escrevo
para suportar a luta
para liberar o fel
para dividir a multa
para alcançar o céu

Escrevo
como quem se soma e reparte
como quem foi e não partiu
como quem na terra foi marte
como quem da arte pariu

Escrevo
para conversar com a morte
para perfumar-me de incenso
para azarar a sorte
para não morrer de silêncio.

domingo, 12 de abril de 2009

BRASILEIRO

Apesar de conviver com a corrupção generalizada, com as falcatruas e os maus exemplos daqueles que deveriam ser modelos de ética e de conduta ilibada, o cidadão brasileiro, em sua grande maioria, preserva o nome, como o seu maior patrimônio.
Através da persistência, da luta contra as dificuldades, do amor à família, o brasileiro, que não desiste nunca, cumpre com os seus compromissos, no trabalho honesto de cada dia.
Por vezes, se desanima com o salário injusto, com a ganância dos mais ricos, com os preconceitos, com a burocracia do governo que emperra seus sonhos, com uma justiça morosa e, não raro, injusta, um sistema de saúde deficitário e com os privilégios dos políticos. Mas, no outro dia lá vai ele, cabeça erguida, com fé em Deus e em seu santo de devoção, cumprir mais uma jornada em busca do sustento da sua família.
Sua face registra os desafios da vida, o cansaço da lida do campo ou das ruas. Mas, seus olhos brilham sempre, com aquela luz especial que só aqueles que cumprem com a sua missão podem ter.
Não ganha titulo de honra ao mérito, nem sai em colunas sociais, não é homenageado em escolas, não empresta o seu nome a ruas ou avenidas. Não ganha busto em praça pública, nem tem seu nome gravado em placas de obras. Não é reconhecido nas ruas, não tem sobrenome tradicional, não concede entrevistas, e morrerá provavelmente anônimo, sem bandeiras ou frases de homenagem em sua lápide.
Mas, é ele quem confecciona as bandeiras, produz as placas, distribui o jornal. É ele quem, com suas mãos, coloca o busto na praça e as placas nas ruas.
É ele, cidadão das casas mais simples, do nome mais simples, da vida mais simples, o maior patrimônio, a grande riqueza de um país chamado Brasil.

sábado, 11 de abril de 2009

Libertas FM: nas ondas de uma rádio pública

O rádio é o jornal de quem não sabe ler, é o mestre
de quem não pode ir à escola, é o divertimento
gratuito do pobre, é o animador de novas esperanças,
o consolador dos enfermos, o guia dos sãos- desde que
o realizem com espírito altruísta e elevado, pela cultura
dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil”.


As palavras acima são de Roquette-Pinto que em 1923 implantou a primeira emissora de rádio no Brasil, a PRA-2 Sociedade do Rio de Janeiro. Mesmo que nos dias atuais, a tecnologia tenha alterado significativamente o panorama da comunicação, não só no país, mas em todo o mundo, principalmente através da Internet, as palavras do “pai da radiofonia no Brasil” são significativas e indicam o papel que o rádio pode desempenhar em uma comunidade. Assim, nos parece, foram os princípios que motivaram a criação da Rádio Libertas FM em Poços de Caldas.
A implantação da emissora só se tornou possível graças à iniciativa de várias pessoas, dentre elas, a do ex-prefeito Ronaldo Junqueira, que em 1973, encaminhou um projeto para a Câmara Municipal, aprovado no mesmo ano, através da Lei Municipal 2.149, de 23 de dezembro de 1973. Feito isso, houve a compra dos equipamentos importados dos Estados Unidos destacando-se o esforço de Ary Bressane, secretário-executivo do então Conselho Municipal de Turismo. Assim, no dia 05 de novembro de 1975, os sinais da Rádio Libertas FM eram sintonizados pela primeira vez, divulgando principalmente o turismo de nossa cidade e nossas belezas naturais. O nome “Libertas” teria sido sugestão do presidente do Conselho, o saudoso Mário Benedictus Mourão, fortalecido pelo não menos saudoso Vinicius Bertozzi, funcionário do mesmo Conselho e pai do locutor Pedro Bertozzi Neto. Para alguns, o nome teria também uma conotação política, já que o país atravessava um período de ditadura militar.
Por ser uma das primeiras emissoras públicas de freqüência modulada do interior, ter transmissores de grande qualidade e potência localizados no alto da Serra de São Domingos, pela qualificação de seus locutores e de sua programação, a Libertas FM era reconhecidamente uma das emissoras de destaque na radiofonia nacional e um instrumento importante de divulgação do turismo local.

“Na década de 70, o lançamento do sistema de
FMs impulsiona o surgimento de rádio educativas:
em 1971, começou a operar a Rádio
Cultura da Fundação Padre Anchieta e emissoras
ligadas a prefeituras municipais, como a Rádio
Libertas FM de Poços de Caldas (MG) que iniciou
suas atividades em 1975...”

(O Rádio Educativo no Brasil: uma reflexão sobre
suas possibilidades e desafios-Profa. Dra. Ivete
Cardoso do Carmo Roldão-PUC-Campinas
).


Daquela época para os dias atuais, e que me perdoem os leitores pelo salto histórico, a Libertas FM passou por diversas fases, por muitas alterações e por várias administrações públicas. Registro as minhas desculpas por não nomear dezenas de pessoas que certamente auxiliaram com esforço e dedicação para que a emissora permanecesse no ar durante todos estes quase 34 anos. Sem dúvida, uma emissora pertencente ao município, com todos os entraves burocráticos que norteiam a atividade pública, só se torna viável pela abnegação, pelo voluntarismo e pela dedicação de seus integrantes, e isso, com certeza, não faltou a quem já ocupou alguma função na emissora e não falta a todos que ainda estão nos quadros da Libertas FM.
A Libertas Hoje
A Libertas FM conta hoje com uma equipe de profissionais qualificados, sendo que a maioria está na emissora há mais de dez anos. Há alguns meses atrás, ações que ainda estão sendo investigadas pela polícia, danificaram o transmissor, e, por isso, os sinais da Libertas estão sendo captados apenas na área urbana do município. Em que pesem as dificuldades econômicas, um novo transmissor já está sendo providenciado pela atual administração, fruto principalmente, da compreensão do prefeito Paulo César Silva, que sabe reconhecer a importância da emissora para a comunidade, contando também com o apoio e o empenho do atual secretário de comunicação, Marco Antonio Dias de Paiva, ex-diretor da emissora.
Além disso, a mudança de local, qual seja, a saída do Complexo Santa Cruz para o centro da cidade, integrando-a às outras áreas da comunicação da prefeitura, é fator importante para que a rádio possa ser mais participativa e antenada literalmente com a vida do município.
Apesar de ser prematura qualquer análise sobre as mudanças, os desafios e o futuro da Rádio Libertas, é essencial enfatizar os princípios que norteiam uma emissora pública, sinalizados pela Associação das Rádios Publicas do Brasil (ARPUB), do qual a Libertas faz parte. “A missão institucional de uma rádio pública deve ser a de difundir, irradiar e produzir cultura, educação, cidadania, entretenimento, informação de qualidade e prestação de serviços, buscando atingir um público cada vez mais amplo de nossa sociedade”.
A Rádio Libertas é uma emissora pública, paga pelos impostos do cidadão poçoscaldense e que não visa lucros. O “lucro” que a Libertas FM pode dar ao cidadão é o “lucro social”, na veiculação de programas que cumpram função social, quer seja, através da formação, da informação ou da contribuição na divulgação dos valores e das necessidades da comunidade, indo ao encontro do que se reconhece como uma emissora educativa. Mais que locutores, a emissora deve ter em seu quadro de profissionais, rádio-educadores, compromissados com a informação e a formação dos cidadãos. Mais que o entretenimento que a música proporciona, a Libertas FM tem que cumprir sua função de transmitir cultura, através da veiculação de informações na área da saúde, da educação, da arte em suas diversas manifestações, entre outras ações.
A emissora, neste ponto de vista diferenciado, não pode furtar-se ao compromisso de divulgar as ações da prefeitura, não como propaganda de governo, mas, como um direito que o cidadão tem de saber onde está sendo gasto o dinheiro público, fruto dos impostos pagos pela comunidade. Neste sentido se faz necessário criar um padrão permanente para a emissora, possibilitando imunidade contra as mudanças cíclicas do mercado radiofônico comercial e as oriundas da gestão pública, valorizando ainda mais a Libertas FM, como uma “rádio cidadã”, verdadeiramente integrada em nossa comunidade.
Finalizando, a Rádio Libertas FM é um patrimônio público que deve contribuir com suas atividades para libertar o ser humano, através da informação, do entretenimento e do conhecimento, para que, a partir daí, o cidadão poçoscaldense seja um agente transformador e gerador de melhorias para a sua vida e de toda a sociedade.
Wiliam de Oliveira é jornalista (MTB 15.722) e atual diretor da Libertas FM.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Meio ambiente ou meio de vida?

O meio ambiente virou moda no mundo inteiro. Se por um lado, isso provoca maior conscientização sobre o assunto, por outro, infelizmente, se torna moeda de troca de pessoas e organizações que enxergam apenas o verde do dólar.
O meio ambiente virou meio de vida para muitos.
Na terra brasilis, não é diferente, ou você achou que fosse?
Primeiro porque, apesar de o país possuir muitos recursos naturais, ainda são muitos os que pensam mais nos recursos financeiros. E a nossa terra é fértil para isso.
Repare, são inúmeros os órgãos governamentais e não-governamentais para cuidar da ecologia. Um cuida da água, outro do solo, outro da flora, outro para fauna, outro fiscaliza, aquele pune, porém, inexiste uma ligação entre eles e aí, afloram os meios de se afanar os contribuintes por todos os lados.
A burocracia cumpre a sua parte e “molhar a mão” tem outros significados que nada lembra aquele recurso natural finito, que por sinal, anda necessitando de maior conscientização das pessoas quanto ao seu uso.
Outro dia pude vivenciar um exemplo prático de uma situação “biodesagradável”. Um amigo estava tentando há mais de um ano montar um pesqueiro, seguindo toda a legislação ambiental vigente. Porém, foram tantos os processos burocráticos, as intervenções de diversos órgãos, e algumas interferências querendo prestar “consultoria” que dias atrás, pensei em lhe dar uma camiseta de presente com a seguinte inscrição: “Quer ficar nervoso? Tente montar um pesqueiro”. Na verdade, ele já desistiu da empreitada e comentou que são muitos os pesqueiros que não seguem a legislação e estão em pleno funcionamento, mas ele, por querer ser “certinho”, foi sendo fisgado pelos “órgãos de proteção ambiental”.
Que fique claro que não estamos contra a legislação, nem a fiscalização dos órgãos competentes. Pelo contrário, acreditamos que a lei deve realmente coibir qualquer atitude que possa comprometer o meio ambiente, e, a fiscalização, por sua vez, tem que agir com rigor em relação a isso. Defendemos também as empresas sérias de consultoria ambiental que buscam orientar e nortear pessoas e empresas para a legislação vigente e as ações a serem realizadas. Mas, na prática, ainda notamos, a burocracia emperrando as relações, a falta de transparência nas informações, os órgãos ambientais agindo cada um com a sua própria regra, e neste ecossistema, algumas “consultorias” que têm acesso às decisões se valendo das relações para ampliar os seus projetos financeiros.
É isso. O Brasil é campeão em biodiversidade. Pena que alguns “profissionais” auxiliem o país a se destacar também em biodesonestidade.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Operação topa-buraco

Tinha decidido que não iria escrever nada sobre os buracos nas rodovias do sul de Minas, pois esse assunto já saiu mais de cinco mil vezes na imprensa, e, não resolve: os buracos não saíram de lá. Pelo contrário, “há mais buracos entre Poços e Machado, do que supõe a nossa vã filosofia” (adaptação histórica da frase de Shakespeare).
Recentemente, ao iniciar uma viagem com destino a Varginha, na Operação topa-buraco pela BR 267 (traduzindo: Buracos na Rodovia: 267 mil), que liga (ou desliga?) Poços a Machado, o meu carro caiu dentro de um deles e vejam só, arrumei a maior encrenca com outro motorista, pois bati em seu carro que também estava dentro do mesmo buraco.
E vai aqui minha primeira reclamação: as autoridades (in) competentes precisam ampliar o tamanho dos buracos, pois, os mesmos, já estão causando problemas de estacionamento. E não para por aí, o pior disso, é a briga na justiça entre as cidades interligadas pela “buracovia”, pois, estão querendo cobrar IPTU de quem ocupa os buracos nas estradas. Isso sem contar o pagamento do IPVA (Impossível Passar, Vai Andando)...
O assunto é motivo de piadas, principalmente, em rodinhas de amigos, jogando buraco. Um diz: tem buraco na fila esperando a sua vez para ocupar a estrada. Outro arremata: a estrada melhorou muito, agora só tem um buraco, ele vai de Poços até Machado. E um terceiro diz, filosoficamente : tem muito asfalto naquele buraco.
Contudo, o tema exige seriedade, pois, os referidos buracos estão causando problemas psicológicos em vários motoristas. Muitos estão entrando em depressão, ou seja, é a verdadeira redundância problemática.
Enfim, já que está difícil resolver o problema dos buracos, eles podem virar solução, principalmente, como incentivo ao esporte. Que tal aproveita-los para a realização de partidas de golfe? Ou quem sabe, diversos campeonatos de bolinhas de gude? Um rally, ou um campeonato de bicicross ou motocross? Caminhadas por uma trilha radical? Confesso que o buraco é bem mais embaixo, pois, o tamanho do problema é muito maior que as soluções apresentadas.
As últimas notícias sobre os tais buracos é que eles definitivamente se incorporaram à paisagem do sul de Minas. Tanto é assim, que em muitos deles, já existem cartazes, trazendo algumas mensagens dos motoristas. Veja algumas que anotei:
- “Márcia, minha vida sem você é um buraco sem fundo. Eternamente seu, Raimundo.”
- “Pedro, estou sentindo um vazio enorme sem a sua presença. Cadê você? De sua, Andréa”
- “Carlão, te espero no buraco 18.725. Ricardão”
-“ Vende-se este buraco. Tratar com o DNIT”.
Para finalizar, o melhor mesmo é a gente pensar como já dizia Dercy Gonçalves, que deve estar em algum buraco negro do Universo, como estrela que é. “Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima.”

domingo, 5 de abril de 2009

Ressuscita-te

Vem, descarrega o teu peso e confia.
Arrebenta as correntes e liberta-te de tuas culpas.
Acredite.
Tu és imagem e semelhança de um Deus que te aceita como és.
E és muito maior do que teus erros.
Repara.
Quando dos teus olhos escorrem as lágrimas, és regato de águas cristalinas a percorrer as montanhas.
Quando, por vezes, espalhas aos outros o teu sorriso, repara, és flor do campo a desabrochar em plena primavera.
Quando teus braços acolhem em um abraço o teu irmão, repara, és sol da manhã anunciando o nascer de um novo dia.
Quando tua boca é instrumento de compreensão, de união e de ternura, repara bem, és o canto de um pássaro ao final da tarde, manifestando a chegada da lua.
Vem então e ressuscita-te.
Ampara-te nas mãos de Deus e volta para o teu coração.
O poder do amor te curou.
Uma nova vida te espera.