quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sabe de nada inocente


A Copa do Mundo é nossa e com o brasileiro não há quem possa. 
O país vive a expectativa de um evento mundial que será reflexo do que estamos construindo (ou destruindo?) ao longo do tempo. É notório que não conseguimos cumprir com toda a infra-estrutura necessária para realizar o evento. Mas e daí? O que isto vem demonstrar?  Nada que seja diferente do que há anos o brasileiro vivencia no seu dia-a-dia, pois também não conseguimos cumprir nossas metas na educação, na saúde, na segurança... E na Copa do Mundo seríamos outro país no padrão FIFA? Sabe de nada inocente.
Assistimos as greves, as paralisações, os movimentos sociais nas ruas. É notório como são desorganizados, sem metas claras, sem propostas factíveis, sem estrutura, sem líderes. Mas e daí? Sabe de nada inocente. Eles são reflexos da nossa própria desorganização diária, da ausência de ideais, da falta de lideranças, da nossa incompreensão da realidade. Perdemos nossa identidade e não sabemos quem somos nem para onde estamos indo. Transformaram-nos em marionetes e quando vamos exercer nossa cidadania já não somos mais cidadãos.
Na seleção brasileira dos 23 convocados, 19 jogadores estão no exterior. Mas e daí? Sabe de nada inocente. Eles não são muito diferentes dos milhares de brasileiros que não encontram oportunidades aqui e o passaporte carimbado alimenta a esperança de ser “contratado” por outro país.
Mas e o futebol brasileiro que encantava o mundo?  Sabe de nada inocente. Times sem entrosamento, sem regularidade, sem padrão, muito menos FIFA.  Mas e daí? O futebol é apenas o replay dos gols contras que estamos marcando em diversas áreas, já que a corrupção generalizada, a impunidade, os mandos e desmandos nos deixaram mais tristes, menos criativos, sem autoestima. Pedala Robinho!
Mas tudo bem. Após a Copa teremos as eleições e vamos mudar este jogo.

Sabe de nada inocente. 

domingo, 4 de maio de 2014

S de Senna


Senna se solidarizava sempre. Sabia sua sina: ser símbolo social. Sendo sábio, soube ser simples.

Sincretizava sambas-sinfonias, silvas-shakeaspeares, subúrbios-soçaites.

Solidário sintonizava sentimentos: seríamos seres servis, subnutridos? Subdesenvolvidas sucatas subservientes?

Stop.

Senna sepultou segregações, silenciando soberanos senhores.

Sabiam? Somos sul-americanos, somos sol, sertanejos seculares, sofisticados seres singulares.

Senna sorria sinalizando seriedade.

Sabia ser simpático sem sequestrar sinceridade.

Soldado, seu suor significava sangue. Seu semblante sentenciava soluços, segredos, sedes, sombras.

Sim, Senna sofreu.

Simultaneamente, somava sucessos, semeando sonhos.

Senna soube sutilmente superar sortilégios.

Sobre Senna, sinceros sinônimos: sensacional, sedutor, superior. 

Sobressalto! 

Senna saiu. Senna subiu.

Sem Senna, sem saída, somos só sobreviventes.

Sem sundays, sofás, sons... somos só silêncio.

SOS.

Somos sós.

Saudades suas.