sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Alguém aí poderia responder?

Como administrar, sem ter experiência profissional, nem ter realizado cursos de gestão, uma empresa prestadora de serviços com cerca de cinco mil colaboradores, dezenas de setores, com orçamento anual de mais de 600 milhões de reais, e que atende uma clientela aproximada de 200 mil pessoas? Como colocar pessoas tecnicamente qualificadas para gerenciar os mais diversos setores desta empresa, sem sofrer pressões políticas e partidárias e sem lotear cargos? Como planejar as ações desta empresa buscando priorizar as demandas dos clientes, seguindo orientações de um Plano Diretor, em um trabalho conjunto gerencial e administrativo de médio e longo prazo, e não de atitudes momentâneas e emergenciais? Como formar, treinar, capacitar, qualificar, atualizar e reconhecer meritoriamente todos os colaboradores seguindo novas tendências de gestão, e não de privilegiar o comodismo, o favorecimento partidário, o interesse particular e a mesmice no setor público? Como fugir das promessas eleitoreiras de governo, para compromissos factíveis norteados por estudos aprofundados de gestão municipal?
A crise (comédia, tragédia, ópera) política que Poços de Caldas atravessa na atualidade é mais conseqüência de um sistema falido de gestão pública que tem como origem desde a atuação dos partidos (inúmeros e sem ideologia) até chegar ao desinteresse dos cidadãos com a política municipal. Os grupos se desentendem e quem perde é o cidadão. Fala-se muito em poder e em governo. Pouco se fala em administrar e cuidar das reais demandas da cidade. A eleição e o voto são apenas instrumentos que validam um sistema que privilegia por demais a política partidária e se esquece do necessário gerenciamento de um município que já não é aquele de outrora. A Poços de Caldas bucólica de natureza invejável, de arvores frondosas e de praças que convidavam apenas ao descanso, foi sendo substituída, ao longo do tempo, por uma cidade que, além da sua beleza natural, exige dinamismo, qualificação e preparo do seus dirigentes. Somos por direito, a capital do Sul de Minas e os nossos problemas, se não detectados, irão se avolumando e pagaremos caro pela nossa ingovernabilidade. Antes bastava ter boa vontade, espírito público e de liderança para se postular a um cargo eletivo. Hoje estes requisitos apenas não bastam. Vivemos um novo tempo. A tecnologia, o acesso à informação, as exigências da sociedade mudaram e muito. Mas, pergunta-se: as nossas práticas políticas mudaram ou continuam baseadas no clientelismo, nos grupos partidários e na “tomada do poder”, como um dirigente político registrou freudianamente dias atrás em um programa de televisão?
Uma prefeitura não se norteia, infelizmente, pela competitividade de mercado, nem pela lucratividade e rentabilidade. A partir daí, o que se percebe são as “nuvens” da política determinando o tempo e o balanço anual da gestão municipal. A vaidade, as desavenças políticas temporárias, o “quem manda e quem obedece” são bússolas que norteiam os rumos da cidade. Como cidadãos, o sentimento é de tristeza ao ver publicado anúncio em primeira página solicitando a permanência de pessoas na administração municipal. É a prova concreta, insofismável, da política partidária interferindo nos destinos do município. Por outro lado também, a tristeza se completa ao percebermos a “corda” no pescoço de vários cargos de confiança, baseados também nos mesmos princípios que justificaram (?) a publicação do referido anúncio. Não se trata de mocinhos x bandidos, nem de culpados x inocentes como muitos querem que enxerguemos os acontecimentos. É necessário ter maturidade política, compromisso com aquilo que foi manifestado há dias ou anos atrás. É preciso ter coerência com o que se assume. Não dá mais para aceitar a teatralização no cenário político. Até dias atrás, tal partido não apoiava o prefeito e manifestava isto claramente. Agora, “estamos abertos para conversações e o diálogo, pensando na sustentabilidade do governo”. Alguém acredita? Ao invés de propagarmos tão somente o nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cabe perguntar: como está o nosso Índice de Desenvolvimento Político?
Claro e, felizmente, ainda existe gente séria que busca cumprir a sua função na administração pública. Porém, estes também são afetados e contagiados pelos vírus da maledicência, pela endemia de boatos e fofocas, no jeito leviano de se fazer política que ainda prevalece no município e no país, já que tudo isto a que nos referimos não é privilégio somente nosso.
Vale lembrar que não será estranho se daqui a alguns dias, tudo isto que vimos acontecer neste final/início de ano, ser apagado pela notícia de que “estamos todos juntos, em benefício da coletividade, buscando a união para o bem comum”. Alguém desacredita? Não. Até porque já nos acostumamos a enxergar como natural, estas “conversas partidárias” que tem no cidadão (e eleitor) um mero espectador apático e impotente. No país, quando não conseguimos resolver algo, normalizamos o que é negativo e predatório. A normalização nos retira a culpa, nos isenta dos débitos, nos exime da acusação.
Pergunta-se: Será que as pessoas não refletem que tudo isto afeta a imagem de Poços de Caldas perante todo o país? Qual a cidade que efetivamente estamos construindo através dos exemplos que damos? O que estamos realmente ensinando aos nossos filhos para fortalecer a cidadania e a coletividade? Quais os valores que referenciam tais atitudes: humildade, compreensão, aceitação, respeito, dignidade? Qual a Poços de Caldas que estamos preparando para as próximas gerações?
Alguém aí tem as respostas?

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Passagem

Não sei você, mas a passagem de ano, sempre me incomoda. Depois até me ajeito na poltrona, me acomodo, me sossego. Mas, a passagem entre o velho e novo, me parece exigir novas atitudes, novos olhares, novas formas de fazer e me relacionar com coisas e pessoas. O ano velho falando tchau e o outro chegando, batendo na porta, exigindo o novo, de novo. É um cobrador de ônibus solicitando o ticket e questionando. “E aí, vai ficar nesta sua vidinha besta? Trabalhando, estudando, fazendo compra no supermercado, assistindo futebol na TV, pegando filme na locadora, saindo com o cachorro, discutindo a relação...”. A sensação é a de estar em uma rodoviária, cheio de malas e pertences antigos embarcando em nova viagem rumo a um destino que desconheço, ou mesmo que conheço por demais e, exatamente por isto, a palavra mudança chega sempre no imperativo.
Que tal um corpinho novo? Entre em uma academia, faça musculação, olha a dieta, não se esqueça da caminhada, beba com moderação, restrinja a ingestão de alimentos gordurosos, frutas e legumes sempre. “Por que tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda?”. Claro, tem homem fazendo botox, cirurgia plástica, implante de cabelo. (Não sei. Já sou um semi-novo com pneu meia vida e motor recondicionado. Não se muda por fora, o que por dentro já se consolidou. Vou esperar a viagem seguir mais a frente).
Que tal uma mudança de emprego? Largue tudo o que está fazendo hoje e seja um empreendedor. Monte um boteco, uma pizzaria. Tecnologia é o que manda. Invista em um site de compras coletivas. Vai vender hardware, software, tupperware. Seja mais radical ainda. Mude de cidade, largue as montanhas e vá viver em uma cidade praiana. Tire o sapato e a gravata. Coloque um chinelo e um calção, vá vender coco e comida natural. Largue o consumismo e seja adepto do zen budismo, do bermudismo. Monte uma pousada em uma praia de nudismo. (Sei não. Quem me garante que não vou nadar, nadar, e morrer na praia? Não sou muito chegado ao sol e ficar passando protetor solar e repelente não é algo que me cheira bem. Vou esperar a viagem seguir mais a frente).
Que tal um novo amor? Uma linda mulher em um último tango em Paris ou mesmo em um lugar chamado Nothing Hill? Um Titanic de paixão, antes do amanhecer? Que tal virar um Shakespeare apaixonado sob as pontes de Madison, como se fosse à primeira vez? (Não sei. Já sei letra e música e as 10 coisas que minha mulher odeia em mim e acredito que sempre alguém tem que ceder mesmo. As lendas da paixão tendem a durar pouco, no máximo, nove meses. Vou esperar a viagem seguir mais a frente).
Enfim, não vejo à hora de chegar o dia 02 de janeiro, quando o ano novo já começa a ficar velho. Mudanças? Vou esperar até o final de ano, quem sabe...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Confesso que fui eu

Tenho quase certeza que acho que estou em dúvida. Aconteceu mais ou menos no final (ou seria no início) da década de 70. Era uma noite de sábado, ou sexta... quinta-feira? Estávamos eu, João, Chico, Samuel, Mario, Max e outros que não me lembro porque esqueci. Ficar velho é perder a memória de elefante e ganhar o peso do mesmo animal. (Do que eu estava falando mesmo?) Ah! Vivíamos as férias de julho e tínhamos sempre uma dúvida cruel: ou ficávamos a toa ou arrumávamos nada para fazer. Geralmente o papo acontecia nas mesas do Bar Maracanã na esquina da Rua São Paulo com Praça Pedro Sanches, onde atualmente funciona o Banco do Brasil. (Ainda hoje, todas as vezes que entro naquela agência me dá uma vontade danada de pedir uma cerveja para o caixa eletrônico). Como não tínhamos internet, nem ipod, nem celular, porque, vale mencionar, naquela época tudo isto ainda não existia, os nossos encontros eram reais. Believe it or not! Enquanto na capital paulista, a juventude lutava contra a ditadura militar, nós, aqui no sul de Minas empunhávamos também nossas bandeiras a favor do ócio civil e criativo. Entre as opções: tomar cerveja no Maracanã, ficar sentado no banco da praça dando milho aos pombos, jogar fliperama depois de tomar banho de perfume pattioli, ou paquerar as “meninas de fora”, escolhíamos todas as opções anteriores. As férias eram longas e o dinheiro era curto. Porém, naquela noite, até o homem pelado parecia uma estátua, como de fato era naqueles tempos e será para todo o sempre, amém. Mas, eis que, senão, quando, uma notícia se espalha pela praça: um casamento de pompa e circunstância estava acontecendo no Palace Casino e pelas informações de fontes fidedignas e sulfurosas, os noivos eram de uma cidade vizinha. No grupo que mencionei acima, tínhamos um código de honra (ou desonra): tudo o que acontecesse no Palace, nós, como anfitriões da cidade deveríamos participar. Claro que o pessoal do casamento não sabia deste nosso cerimonial, o que era desculpável, mas, não aceitável. Então, como representantes dos poderes legislativos, executivo, judiciário, penal, criminal e vagal do município, nos dirigimos em comitiva e bebitiva para o local do evento. Vale mencionar que embora fossemos pessoas de caráter (há controvérsias) não estávamos vestidos exatamente a caráter para o referido matrimônio, até porque não tínhamos patrimônio para tanto. Ao chegarmos lá, demos de cara com uns caras mal encarados que faziam a segurança do local. Como encarar a parada? Um de nós conhecia um dos deles e aí ficou mais fácil. As trombetas soaram e entramos solenemente na festa. Achamos estranho o fato de ninguém vir nos dar as boas vindas, mas, resolvemos relevar em nome da nossa hospitalidade mineira. Por outro lado, nos sentimos muito importantes já que a maioria dos olhares era para o nosso grupo. O contraste era grande: homens e mulheres vestidos impecavelmente e a gente com trastes mesmo: camiseta, jeans e tênis. A bebida era da mais alta qualidade: cerveja gelada, vinho italiano, champagne francês e whisky 12 anos, o que fazia a gente querer ficar lá por mais 12. Entre um salgado aqui e uma bebida acolá, já nos sentíamos preparados até para dar um abraço nos noivos, o fulano e a sicrana, velhos conhecidos nossos. Tinha uma garota com a gente que pensava em entrar na concorrência para pegar o buquê da noiva. Mas, o enlace nosso com o festa deu um nó e veio o divórcio. Um segurança chegou até o nosso grupo e nos convidou a sair do recinto. Foi um momento acachapante (eu pensei que nunca iria usar esta palavra). O sentimento era de ter sido expulso da nossa própria casa. Porém, antes de deixar o local do crime, fizemos uma ameaça (que soava mais como uma tentativa de causar alguma pressão). “Isto não vai ficar assim. Vocês não perdem por esperar”. Saímos do casamento sem muita noção do que fazer. Alguém deu a idéia de comer um lanche no Vagão, mas a revolta era maior que a fome. Fomos em direção à Praça Pedro Sanches e espalhamos a notícia que havíamos sido expulsos do nosso território. Parecíamos moleques saídos do livro “Os meninos da Rua Paulo” a defender o quartel general. De repente, não mais que de repente, centenas de jovens estavam se encaminhando para o Palace Casino. Simultaneamente, alguém lembrei (providencial) que no outro dia tinha feira perto do mercado municipal. (Agora me recordo, era sexta feira). “Que tal pegarmos uns tomates, ovos, repolhos e outras coisas que eles jogam fora nas barracas da feira?”. (Idéia fruto e legume de cabeça ociosa, que desconhecia totalmente o pepino que estava arrumando para a cidade e no abacaxi que isto resultaria). Imediatamente a idéia foi acatada pelo conselho e constada em ata. Fomos até a feira, recolhemos tudo o que foi possível, colocamos dentro de sacos plásticos e voltamos ao local do crime. Por increça que parível, não tínhamos a menor idéia do que iria acontecer. Chegamos em frente ao Palace e nos juntamos a outros grupos. De onde tinha saído tanta gente? Ninguém sabia responder. O que se seguiu foi mais fantástico ainda. Os grupos começaram a gritar palavras de desordem (“Abaixo a ditadura, viva Zapata, povo unido jamais será expulso”- não rimava, mas quebrava um galho) e os convidados do casamento foram saindo para ver o que ocorria. Daí então começou a chuva... hortifrutigranjeira. Ovos, tomates, repolhos, laranjas, saiam dos sacos plásticos e voavam pelos céus até atingirem os vestidos e ternos dos convidados. Um campo de batalha se formou em frente ao bondinho e ninguém, absolutamente ninguém, sabia como aquilo tinha acontecido. A polícia foi chamada e a situação ficou totalmente fora de controle e de vigilância, inclusive sanitária. Era só gente correndo e o nosso grupo também se dispersou. Segundo se apurou depois, houve apenas duas prisões de pessoas que não pertenciam ao nosso grupo. Em meio à confusão, entrei no “salve-se quem puder” e corri para casa. Ao chegar, ofegante e com o coração disparado, olhei pela fresta da janela para a avenida em frente, para ver se alguém havia me seguido. Nada. Eu estava seguro e anônimo. E olha a ironia: morava eu na Avenida Santo Antonio, o santo casamenteiro.
Depois daquele episódio, nunca mais entrei em festa de casamento sem ter sido convidado. E sempre saio de um evento assim, imaginando ser ovacionado por alguém que não foi convidado.
(Nota: Os fatos e nomes aqui mencionados podem ser mera peça de ficção e qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência... ou não)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Estamos todos grávidos

A vida se arrasta ao final do ano. Tiramos o pé do acelerador e vivemos em câmera lenta. Neste período pré-natal estamos realmente grávidos e talvez, em função disto, Papai Noel seja uma figura obesa. É o tempo da concepção. Os nossos hormônios são alterados e o nosso corpo começa a se preparar para receber um novo óvulo, sinalizado pelas efemérides na folhinha da parede da cozinha. Ficamos mais cansados, sonolentos, contemplativos e hipersensíveis. É comum a mudança de humor ocasionado pelas contrações entre o fim e o início de uma nova etapa. Muitos se isolam a experimentar o resguardo e o enjôo neste período é sintoma freqüente. Outros se mostram ansiosos e felizes, como espermatozóides a buscar a fecundação. Não dá é para ficar indiferente, quando lojas e casas trazem mais luzes que as usuais, como um grande berçário a esperar a chegada de um novo ser. A luz é na verdade, o elemento simbólico deste período que encontra sua representatividade pelo uso comum da frase, “dar a luz”. Neste período gestacional, os desejos perante o futuro são também fortemente manifestados: é a casa própria, um novo emprego, a saúde restabelecida. São idéias, planos e vontades que ficam dentro da gente, nos incomodando, nos “chutando”, teimando em nascer.
As diversas reuniões e festas de confraternização nos fazem ganhar mais peso e nos lembram o quanto somos coletivamente amigos secretos, irmãos gêmeos da mesma família universal, embora durante 12 meses estivéssemos ocupados em semear nossas individualidades.
Também, durante este período, o material e o espiritual ficam em relevo como elementos integrantes do mesmo cordão umbilical que nos remete à Criação.
É tempo de lembrar que o outro faz parte da nossa história, mesmo que ele não esteja no nosso álbum de fotografias. Assim, a solidariedade se intensifica nas campanhas beneficentes e o enxoval se manifesta na troca de presentes.
Para os mais religiosos, é tempo de preparar o nascimento do menino Deus com orações e celebração em família. Para os céticos, o momento é de passar a régua, pedir a conta ao garçom e avaliar a colheita, planejando o nascimento de um novo embrião.
Enfim, a fertilidade da existência humana se revela durante o final de cada ano e cada ser à sua maneira, vivencia esta gestação. Resta a todos, torcer para que o parto seja natural e que o ano novo nasça feliz e saudável,amamentado pelos seios da nossa esperança de um futuro melhor.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Medo

do sagrado, do profano, de comer carne, de ser vegetariano, da velhice, da juventude, da doença, da saúde, das ruas, das janelas, das prostitutas, das donzelas, da claridade, do escuro, do presente, do futuro , de sair, de não voltar pra casa, de voar, de derreter a asa, de ter prazer, de cometer pecado, de ser assim, de ser assado,de seguir em frente, de ficar para trás, de ser ateu, de ter fé de mais, de abrir o envelope, de fechar o caixão, de nunca ter amado, de morrer de paixão, de falar em público , de viver sozinho, de sair da toca, de não ter um ninho, do cachorro que late, do rato que corre, de ficar sóbrio, de tomar um porre, do encontro marcado, da hora incerta, do choro contido, da torneira aberta, da mula sem cabeça, de papai Noel, do enxame, do mel, do que sai da terra, do que vem do céu, de ter um filho, de nunca parir, de ficar na cela, de tentar fugir, do ladrão, do policial, das drogas, da vida real, do dia, da noite, da justiça, do açoite, de viver mudando, do comodismo, da democracia, do comunismo, do fim do mundo, de chamar Raimundo, do sim, do talvez, do não, de ser empregado, de ser patrão, da presença, da ausência, da luz, do túnel, da ruga, do rímel, do eu, do tu, do rabo do tatu, de mim, de ti, da ida, da volta, do início, do fim, de ganhar, de perder, de sorrir , de sofrer, de ter, de não ter
Medo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Caiu a ligação

Benvindo a OI! Temos o maior prazer em atender você e queremos brindar (TIM, TIM) a esta ligação que nos deixa muito felizes. CLARO, se você ainda estiver VIVO ou mesmo respirando com ajuda de aparelhos... telefônicos. Se quiser testar sua paciência, tecle 1. Se quiser escutar musiquinha chata e irritante, tecle 2. Se quiser ouvir nossa propaganda obrigatória gratuita sobre nossos excelentes serviços prestados visando a nossa satisfação garantida, tecle 3. Se quiser cantar uma de nossas atendentes, faça voz de locutor de quermesse e tecle 4. Se você ligou no dia do seu aniversário, tecle 5 e escute nossos Parabéns pra você em versão ring belll. Se acha que o mundo irá acabar em 2012, acredita em operadora de telefonia, papai Noel e promessa de político, tecle 6. Se está vivendo a crise dos 7 anos no casamento e quer aconselhamento psicológico matrimonial, tecle 7. Se acha que o cantor Fábio Júnior irá casar novamente, tecle 8. Se tem total certeza que acha que está em dúvida se vai chover ou não hoje, tecle 9. Se adora jazz e bossa nova, usa lenço e cueca samba canção, ouve disco de vinil e ainda não morreu, tecle 10. Se usa camiseta babylook, brinco na orelha, fala xicléeeti, é fã do Justin Bieber, não sai do Facebook e é do sexo masculino, disque 11 ou 12. Se não é supersticioso, não passa debaixo de escada, não pisa em macumba, usa fitinha do Senhor do Bomfim no braço, diga pé de pato, mangalô, três vezes, disque 13 e reze para ser atendido. Se ficou até agora no telefone e ainda não conseguiu falar com ninguém, lembre-se que você não está sozinho e cante com a gente “Escravas de Jó, jogavam caxangá, tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar, guerreiros com guerreiros fazem zig, zig zá. Guerreiros com guerreiros fazem zig, zig zá. Por último, não esqueça de anotar o número deste protocolo: 1388843902837130910310310746310312. Vamos repetir 1388843902837130910310310746310312. Lembre-se: quando tiver alguma reclamação para fazer, ou precisar de algum esclarecimento, não se esqueça de ligar para o nosso Serviço de Atendimento ao Cliente Otário- o SACO- Cheio de vontade de compartilhar cada momento com você, sem fronteiras, simples assim. Um bom dia para você, ou já será boa noite?.

domingo, 27 de novembro de 2011

Precisamos da privada

O pagamento de impostos dos cidadãos e empresas gera os recursos públicos que alavancam o desenvolvimento do país, estados e municípios. Por isto, a devida cobrança para que isto seja feito de forma transparente e que atenda às prioridades e demandas da comunidade. Também por isto, as críticas feitas aos desmandos, à corrupção, aos acordos políticos e interesses individuais que norteiam, muitas vezes, a aplicação dos recursos oriundos do pagamento dos impostos. Até aí, estamos “chovendo no molhado”. Administrar, em síntese, tanto nas empresas públicas, quanto nas empresas privadas é aplicar acertadamente recursos financeiros para que a saúde financeira e o crescimento sejam garantidos.
Em Poços de Caldas não é diferente. Cobramos da administração pública que esta invista no que é prioritário para a comunidade, notadamente, nos pilares de sustentação de uma cidade: a educação e a saúde, sem esquecer que outros setores, devem merecer também o olhar atento dos administradores. Até aqui estamos pensando como se tudo dependesse da prefeitura. Creditamos tudo à prefeitura, esquecendo que ela é parte da sociedade, mas, que existem outras instituições que são fundamentais para que o município se desenvolva. Assim, além da prefeitura, precisamos dos esforços da iniciativa privada.
Só para ficar em um setor, o turismo, este particularmente necessita da maior participação (e já faz tempo) daqueles que são os grandes beneficiários do desenvolvimento deste setor na cidade: os hotéis, bares, restaurantes, lojas de souvernirs, enfim, o chamado trade turístico. Destaque-se, ainda bem, que a volta do Convention Visitors Bureau em Poços, pode sim, ser uma luz, desde que, mais uma vez, os empresários do setor, participem realmente.
Estamos vivendo, para exemplificar, o Natal Encantado, que não deveria depender tão somente do setor público, como o que parece ocorrer, através da presença majoritária do DME neste evento. Mas, indo além nesta reflexão, cabe perguntar: como está se efetivando a tão propalada “Parcerias Público-Privadas” no município? Quem está e como se está fomentando as chamadas PPPs na cidade, para que estas minimizem os impactos financeiros da manutenção da máquina pública?
Vemos outras atividades como as iniciativas culturais, esportivas e ambientais. São atletas, artistas, instituições que buscam a sobrevivência e não deveriam depender tão somente do setor público. Felizmente, algumas empresas da cidade, já compreendem que apoiar atletas, artistas e ações ambientais é fundamental para garantir a sustentabilidade e agregar valor à marca. Porém, são ações ainda muito tímidas e que necessitam ser ampliadas.
Enfim, para que a gestão municipal seja mais efetiva, precisamos da digestão de outros organizamos sociais, possibilitando assim que haja uma descarga, um alívio de custos na administração municipal. O papel de participar de tudo o que envolve uma comunidade também cabe às empresas. Por tudo, além da iniciativa pública, precisamos da privada.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pororoca

Tenho uma teoria desenvolvida ao longo dos anos. Sem fundamentos científicos, nem embasamento teórico. Não é fruto de pesquisa, mas, de reflexão sem compromisso, uma “vagabundice filosófica”, portanto, totalmente discutível. Ela se baseia nos impactos que o habitante de uma cidade turística sofre no contato com o que se denomina de população flutuante, os turistas e visitantes. Fica até a sugestão para um estudo mais aprofundado que pode até ser tema de dissertação de mestrado ou tese de doutorado nos campos da psicologia, sociologia ou antropologia. Sugiro até um título (geralmente enormes nestes trabalhos): “Os impactos sociais, psicológicos, financeiros e relacionais na vida dos habitantes de uma cidade turística em contato com a população flutuante- O caso Poços de Caldas”.
Poços de Caldas nasceu do turismo, fruto das suas águas medicinais e da sua beleza natural. O turista que aqui chega, desfruta em sua permanência do que a cidade lhe oferece: a tranqüilidade das praças, os pontos turísticos, a estrutura hoteleira, um clima ameno e agradável ao longo do ano. O turista se encanta, com toda a razão, com a imagem da cidade. A beleza das flores, das praças, a natureza. Por outro lado, o morador tende também a se contagiar pelo mesmo motivo: a imagem, a embalagem. Esta compreensão (da preponderância da imagem sobre o conteúdo) pode ser levada para outros aspectos da vida dos habitantes da cidade. Assim, por exemplo, comprar um carro OK com toda a tecnologia se torna mais importante que adquirir uma casa própria. Ir para as baladas aos finais de semana é prioritário, ao invés, por exemplo, dos cuidados diários com a alimentação. Cuidar do físico se torna essencial, mas, atentar para a educação e cultura é enxergado como secundário.
Outra questão é a durabilidade das relações. O turista chega sabendo que a sua permanência será curta, na maioria das vezes, apenas um final de semana. Este relacionamento turístico pode afetar a compreensão dos habitantes em suas relações interpessoais. Assim, temos uma relação “turística” com as pessoas. O número de divórcios pode, talvez, ser bem maior que em outros municípios com características diferentes. Não tenho dados concretos, mas, penso que em cidades turísticas como a nossa, a “fila anda” bem mais depressa.
Outro aspecto é a montanha que nos circunda, as serras de São Domingos. A sua beleza, o aconchego, o seu abraço diário, o “paraíso entre montanhas” pode nos levar ao isolamento e a acreditar que podemos resolver tudo aqui, sem que necessitemos de outras opiniões, outras análises, do contato com outras inteligências. Podemos viver a “síndrome da caverna”, na acomodação e repetição de erros.
A “embalagem” da saúde física e da beleza, da nossa qualidade de vida, pode encantar por demais, atingindo a todos, indistintamente, incluindo, aqueles que podem determinar os destinos de nossa cidade. Claro que o turismo é um setor fundamental e muitos habitantes vivem desta relação mercadológica. Porém, é necessário não esquecer nunca do que é alicerce, do que é fundamental em qualquer município: a saúde e a educação dos seus habitantes. Investir no social será sempre o norte mais correto de qualquer administração pública. A cereja não pode ser mais importante que o bolo. É como em uma casa, onde a prioridade deve ser o conteúdo: o dinheiro para pagar o aluguel, a luz, a água, a alimentação e a escola dos filhos. Se houver sobra, uma viagem, um churrasco no final de semana etc. Não se trata de minimizar a importância do lazer e entretenimento. Trata-se principalmente do cuidado com os recursos públicos que devem assegurar as necessidades prioritárias do ser humano.
O turista merece e deve ser tratado muito bem, principalmente, por aqueles que usufruem diretamente desta relação, notadamente, a iniciativa privada. Porém, antes dele, prioritariamente, deve estar o munícipe, aquele que vive permanentemente deste chão, que paga seus impostos e que planta aqui suas esperanças de uma vida melhor.
No encontro das águas fluviais com as águas oceânicas, fenômeno natural chamado de pororoca, importante refletir que, além da beleza do evento, o choque das águas derruba árvores de grande porte e também modifica o leito dos rios.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sorrir

Sorrir, todos sabem, é o melhor remédio, não tem contra-indicações e pode ser receitado para todos os males. Sorriso é orgânico e natural e permite ser dado várias vezes ao dia, na dose que se desejar.
Pode não curar, mas alivia as dores.
Pode não resolver problemas, mas é grande passo para as soluções.
Sorriso não tem língua e nem nacionalidade.
Não tem sexo, nem idade. Nem raça, nem religião.
Sorriso é do empregado e também do patrão.
Ao contrário do que se pensa, não é preciso motivos para sorrir.Sorrir é o motivo, pois é emotivo.
Tem sim tudo a ver com alegria, mas não é antônimo de tristeza.
Sorrir é de graça e minimiza a desgraça.
Um sorriso aberto abre portas trancadas,
retira os nós das caras amarradas, devolve movimentos às vidas engessadas.
Um forte sorriso quebra barreiras, implode geleiras, destrói os muros que separam pessoas.
O poder do sorriso é mágico e embora exista o sorriso do poder, o sorriso trágico, os falsos e amarelos, estes duram apenas o flash fotográfico.
Um sorriso é eterno, porque terno.
Sorriso não é apenas um gesto, pois embora a sua foz seja a boca, a sua nascente é o coração.É lá que ele espera a vez de vir ao mundo e melhorar a vida de quem o oferece e de quem o recebe.
Por tudo, doe sorrisos o dia inteiro.
Ele pode salvar vidas, incluindo, a sua.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

As mil e uma mortes

A gente pra nascer, só existe um jeito,
Mas pra morrer, meu irmão, não existe preceito

Morre-se de câncer ou então, de canseira
Morre-se com ciência, ou então, de bobeira

Morre-se queimado e também afogado
Assim e assado, assaltado, assassinado

Morre-se esquisito na esquistossomose
Morre-se lépido na leptospirose

Morre-se pela bolinha, ou pela ébola
De sarampo, varíola e também catapora

Morre-se no carro, no mar e na moto
Na terra e no ar, furacão, maremoto

Magro ou gordo, não importa a caloria
Enterra-se com Aids e com desinteria

Meningite, diverticulite e até apendicite
Morre-se assim, ali e aqui, lá em New York City

Morre-se pelo tóxico, ou pela toxoplasmose
Morre-se de anemia e também de overdose

Morre-se de infecção hospitalar, a septcemia
De enfisema pulmonar em pleno ar do dia

Ninguém sabe o dia ou a hora exata
É um dengoso mosquito que pica e que mata

Morre-se do coração que parou de repente
Ou no ataque de um cão que parecia inocente

Morre-se ao nascer ou pelo muito viver
Morre-se de rir, ou de tanto sofrer

Morre-se de amor, diz o romântico poeta
Morre-se de ódio por uma bomba incerta

Enfim, morre-se por tudo, com tudo, ou por nada
De uma doença fatal, ou por uma unha encravada

Mas, não descobrindo-se a causa quando a morte convida
- Morreu de quê?
- Ah! Morreu de morte morrida.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lições do Pan

O esporte é a metáfora da vida. “Viver é lutar. A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos, só pode exaltar”. (Gonçalves Dias). É preciso ter jogo de cintura, resistência e flexibilidade para enfrentar as batalhas diárias pela sobrevivência. Aprendemos com as vitórias e, por vezes, bem mais com as derrotas. Éramos o favorito para aquela vaga, mas, fomos vencidos ao subestimarmos o adversário. É a lição da humildade. A doença nos atacou e quando achávamos que não tínhamos mais força, uma luz nos motivou e reconquistamos a saúde. É a lição da persistência. Ocupávamos um cargo importante, nos encantávamos com o poder e, tempos depois, tudo se perdeu e se findou. É a lição da temporalidade das coisas.
Ao acompanhar os Jogos Pan-Americanos, impossível não aprender com as imagens que o esporte nos oferece como espelho da dicotomia no cotidiano. O choro e o riso. O pódium e o esquecimento. A decepção e o contentamento. O aplauso e a vaia.
Os ensinamentos múltiplos do esporte são para a vida. Adversários não são inimigos. A vitória e a derrota são momentos, também passam. O tempo é muito importante para ser gasto à toa. Saber perder também é uma vitória. Dedicar-se ao máximo é o mínimo que se pode fazer quando se busca o sucesso. Treinar muito pode não levar a perfeição, mas, é o melhor caminho para isto.
O Pan realizado no México trouxe muitos aprendizados para o próprio esporte brasileiro que, apesar dos títulos conquistados como terceira força nas Américas, ainda carece de melhor infraestrutura para possibilitar ao atleta nacional o seu melhor desempenho. Irônico pensar ainda, que enquanto os atletas disputavam medalhas para o esporte brasileiro, em Brasília, a corrupção entrava mais uma vez em campo e no próprio Ministério dos Esportes.
Outra lição foi dada no mercado da comunicação. Os Jogos Pan Americanos foram transmitidos pela Rede Record de Televisão que venceu a disputa com a Rede Globo pela exclusividade de transmissão. Infelizmente, uma emissora tão importante como a Globo foi omissa e não aprendeu as lições que o esporte nos traz: a humildade na derrota e o compromisso com a missão. A competitividade de mercado e a luta pela audiência não podem suplantar a importância da informação. Com certeza, a Globo não perdeu só a audiência, mas também um pouco da sua credibilidade como uma das mais importantes redes de televisão do mundo. O esporte ensina muito, mas, assim como na vida, precisamos estar atentos às suas lições, na certeza de que o maior troféu é chegar ao final do campeonato com a consciência de ter feito o melhor.

domingo, 30 de outubro de 2011

Ver a cidade

Poços de Caldas completará 139 anos de vida em 06 de novembro próximo. Redundante proclamar as belezas desta ainda jovem estância, expressões da natureza nas matas que nos rodeiam, nas fontes naturais e sulfurosas que suavizam a existência. Mas, se tamanha dádiva nos encanta, é necessário ir além do perfume. Claro, é natural se inebriar com a beleza das flores. Todavia, não se deve perder a consciência de cuidar muito bem do jardim. E como estamos fazendo isto? Quais sementes estão sendo plantadas? Que frutos realmente desejamos colher? Que presentes estamos oferecendo ao município buscando preservar este “paraíso escondido entre as montanhas?”
Importante ver a cidade com veracidade. Ir além da embalagem e pensar no conteúdo. Para isto, a premissa de que “jardineiros” somos todos nós. Cada um tem sua parcela de responsabilidade refletida nos atos simples do cotidiano: é o lixo jogado no lixo, a água sendo consumida como bem finito, a não depredação dos bens naturais e do patrimônio arquitetônico. A tarefa de semear é complementada com atos de cidadania: respeitar as leis do trânsito, praticar a solidariedade e o voluntarismo, entre outros.
Mas, é preciso mais. É ver a cidade com olhos críticos de quem percebe o desenvolvimento, mas, que se preocupa como isto irá afetar a sustentabilidade e a qualidade de vida (já tão propagada) dos seus privilegiados moradores.
Voltamos novamente ao exercício do fazer político, que vai além de votar ou ser votado. Votar não é dar procuração irrestrita para que o prefeito, vereador, deputado ou presidente, façam o que bem entendem. É necessário ter amor exigente e fiscalizar, cobrar e exigir respostas às demandas da comunidade.
É ver o lixo que depositamos nas ruas, sem perder a noção de que são geradas mais de 120 toneladas de resíduos no município. E perguntar: quando teremos uma usina de Tratamento de lixo em acordo com as leis ambientais e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos?
É ver o crescimento crescente das indústrias e empresas e questionar: teremos, daqui há 10, 20 anos, água e energia elétrica para sustentar este avanço? O que estamos fazendo hoje para que esta estrutura seja suficiente? O Plano Diretor, que precisa ser revisto, está sendo a bússola a nos orientar?
É ver o crescente número de veículos e indagar: quando teremos um planejamento macro de mobilidade urbana? Que estudos estão sendo feitos atualmente para que o transporte coletivo seja realmente prioritário? Quando teremos ações efetivas para se reduzir à mortalidade no trânsito, principalmente, no que se refere a acidentes envolvendo motocicletas?
É ver o turismo como verdadeira essência de nossa cidade e fonte de receita para os cofres públicos e refletir: quando teremos um planejamento turístico a médio longo prazo que realmente nos prepare com toda a infraestrutura para alcançarmos novos patamares no mercado?
De novo, é preciso ver a cidade com veracidade em todos os setores: educação, cultura, saúde, habitação, transporte público, meio ambiente, turismo. O privilégio de viver aqui, não pode ser a venda que nos impeça de enxergar e comprar tudo o que nos tentam vender: a nossa beleza natural, o nosso clima, a nossa qualidade de vida.
Vale refletir: quando teremos tempo e vontade política para planejar ao invés de improvisar? Inovar ao invés de repetir? Conversar muito (mas não somente entre nós) antes de fazer? Somar esforços coletivos ao invés de dividir interesses partidários e individuais?
Ver a cidade com veracidade em seu aniversário é dizer:
Obrigado Poços de Caldas. Você é o nosso maior presente.
Que saibamos realmente cuidar do seu futuro!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pão e Circo

Tenho lá minhas dúvidas se você, leitor, irá seguir até o final deste texto. Isto porque vou abordar e “atricotar” o tema cultura. No Brasil, falar em cultura por vezes nos deixa acanhados. Primeiro que não sabemos realmente o que é cultura. Parece que temos que ser muito “cultos” para falar sobre isto. Tem a ver com educação, mas também envolve a arte, o lazer, o entretenimento. Em uma pesquisa rápida, verificamos que a palavra cultura vem do latim colere que significa cultivar. Uma definição genérica formulada pelo antropólogo inglês, Edward Tylor (1832-1917) diz que cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Complexo mesmo né?
Apesar deste conceito genérico, temos o hábito de “enxergar cultura” apenas com relação às manifestações artísticas: teatro, dança, música, artes plásticas. Além disso, dividimos a cultura em duas partes: a erudita e a popular. Tal divisão define também o público e o status. O erudito é produto de consumo da elite e a popular, conforme a própria palavra, aquilo que é produzido pelo e para o povão. Mais: o erudito seria o intelectual, o dono do saber, do conhecimento científico e acadêmico. E o popular seria o vulgar, o massificado pela indústria cultural. Neste cenário, muitos consideram um sacrilégio, um “assassinato”, quando alguém quer , por assim dizer, popularizar o erudito. Em Poços de Caldas, por exemplo, quando o Maestro Agenor Ribeiro Neto, busca, à sua maneira, junto com os integrantes da Orquestra Sinfônica local, “popularizar a música clássica” no evento Sinfonia das Águas, sofre muitas críticas dos que pretendem “preservar a música erudita”.
Cultura é o “Música nas Montanhas”, mas também é a Festa de São Benedito, os congos e caiapós. É o Conservatório Musical, mas também, os movimentos de hip hop, street dance, o Radar Musical e o Viva Urca. É a Cia Bella, a Feirinha do Artesanato, mas também, as emissoras de rádio e televisão, os jornais e revistas, o carnaval, os shows e os eventos na Urca.
Não dá para falar de cultura sem política cultural. “Diversão e arte para qualquer parte. Diversão, balé, como a vida quer”. O que percebemos em nossa cidade é a iniciativa e o esforço individual de muitos, porém, sem planejamento, sem estrutura, sem norte, sem união. Não adianta uma divisão de Cultura, se existe uma cultura da divisão. Na cidade, existe a secretaria de Turismo e Cultura. Um dos questionamentos é será que este é o lugar correto da pasta? Dada a riqueza cultural da cidade, não existe a necessidade de uma secretaria que abrigue somente a Cultura?
Não dá para falar de cultura, sem falar de dinheiro. “A gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade”. Assim, as leis de incentivo existem, mas a dificuldade é enorme quando se trata de buscar empresas apoiadoras, já que a política tributária não auxilia a captação de recursos e a informação sobre os benefícios não chega até as empresas. Iniciativas como o programa de patrocínios do grupo DME auxiliam e são muito bem vindas, porém, não resolvem a situação. Em janeiro deste ano, a administração local anunciou a criação da Fundação da Cultura, vinculada também a empresa DME Participações. Porém, até o presente momento e até onde se sabe, houve algum curto circuito e o projeto está parado.
Enquanto isto, sobrevivem na terrinha os titãs da nossa cultura com a consciência de que “a gente não quer só comer, a gente quer prazer para aliviar a dor”.

sábado, 15 de outubro de 2011

Professonhos

Ao andar pelas ruas, repare na quantidade de sonhos que estão ali ao seu lado.
Vê aquele jovem que caminha apressado? Um sonho anda junto com ele: o de se tornar engenheiro. E o daquela pessoa mais adulta ao telefone? Um sonho fala diariamente aos ouvidos dela: adquirir uma casa própria.
Perceba aquela senhora sentada no banco da praça.Um sonho está sentado ali ao lado dela: rever a sua cidade natal na Itália.
Vê aquela criança brincando no parque? O sonho dela é de ganhar uma boneca. Já o do pai que a acompanha: o de arrumar um emprego.
Aquela mulher solteira tem o sonho de se casar, e sua irmã casada, o de ter um filho.
O doente de se curar e o atleta o de bater um recorde.
Há quem sonhe em escrever um livro e quem persegue o de publicar um best seller.
O que sonha há anos em ter o seu primeiro carro e o que alimenta ter uma Ferrari.
É possível encontrar, sem preconceitos, gente que aspira um local para abrigar os moradores de ruas e pessoas sonhando em colocar silicone nos seios.
Mas, na múltipla, diversificada e interminável lista, há um lugar especial reservado àquelas que carregam na alma, o sonho de ser professor ou professora.
Mas, o que é ser professor senão, professar os sonhos dos outros. Acompanhar, orientar e desejar que a educação possa ser realmente o caminho para a realização concreta dos quem têm sonhos. Não deixar de acreditar nunca, ter a certeza da possibilidade concreta até dos sonhos ditos impossíveis. Enxergar aquela luz que brilha nos olhos de muitos e não deixar que ela se ofusque.
Ser professor é lutar contra o apagador de sonhos no quadro negro da injustiça social, que chega pelo caderno das nossas mazelas, pelas linhas da violência, da corrupção e da miséria.
Ser professor não é somente celebrar a vida, é comungar com ela, os sonhos de todos nós. Ser professor enfim, é viver os sonhos, acreditar nos sonhos, alimentar os sonhos.
É ser professonho.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dia dos adultos

Quarta feira, 12 de outubro, Dia das Crianças, além de ser o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Com relação às crianças, sabemos, mais uma data comercial criada para vender produtos. O que não é de todo tão mal, pois, mantém o círculo vicioso de vender, manter e gerar empregos e novamente gerar vendas. Aproveitando a data, muitos ainda arrecadam brinquedos ou doces para crianças carentes e outras aproveitam para visitar creches e deixar doações. Tudo muito louvável. Mas, o que na verdade queremos propor é pedir licença às crianças e falar a elas sobre nós, os marmanjos, os “tiozãos”, os adultos.
Sim, crianças, vocês podem não saber, mas nós brincamos muito também. Sabe aqueles carrinhos de plásticos ou de metal que vocês têm e brincam com eles na calçada ou mesmo dentro de casa? Nós também brincamos com os nossos veículos no trânsito. No autorama da vida, aceleramos, fazemos curvas arrojadas, participamos de rachas, desrespeitamos a sinalização, ultrapassamos em locais proibidos. Somos os super heróis do volante. Pena que diferentemente das histórias em quadrinhos, muitos realmente morrem no transito.
E você aí, criança já jogou o Banco Imobiliário que antigamente era em papel e agora está virtual? Pois é. Nós brincamos também com o dinheiro, principalmente, do cidadão. Temos o jogo da corrupção, o jogo do poder, o jogo das falcatruas. O objetivo é ganhar dinheiro à custa do cidadão que paga impostos. O interessante destes jogos são as regras. Por exemplo, muitas vezes, um jogador é considerado culpado pela sociedade por ter roubado, mas, de repente, ele paga uma carta especial chamada propina e olha ele jogando novamente com o dinheiro público.
Você criança, deve ouvir falar muito de meio ambiente na escola não é? Sabe por quê? Ao longo do tempo, nós adultos fizemos e ainda fazemos muita arte. Destruímos as florestas, ateamos fogo nas matas, poluímos os rios, gastamos muita água desnecessariamente, matamos os animais pelo simples prazer. Por isto, merecemos levar mesmo umas palmadas da mãe natureza.
Bem, criança, este papo está ficando muito chato, não é? Falta nele alegria, a inocência, a espontaneidade que só você criança tem.
É que chega um momento que é tempo de ser adulto. E que não dá mais para ser criança, muito menos, de brincadeira.

sábado, 8 de outubro de 2011

Previsão do tempo

No dia 07 de outubro passado começou a contagem regressiva de 365 dias para o primeiro turno das eleições municipais de 2012 que definirá o próximo prefeito, vice e vereadores das 5,5 mil cidades do país, entre elas, Poços de Caldas.
Se os eleitores estão cansados, indiferentes, apáticos, alienados, desanimados, alheios, enfastiados, desinteressados, pessimistas, entediados, desiludidos em relação ao pleito municipal, os partidos e possíveis candidatos já começaram suas “campanhas internas” visando determinar as estratégias para a próxima disputa eleitoral.
Ainda é cedo para avaliar o que poderá acontecer no decorrer do período, já que, como disse Magalhães Pinto (1909-1996), “política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou”. É possível, no entanto, utilizar o serviço de “mentirologia” para se tentar entender ou mesmo conjecturar previsões eleitorais, ressaltando que “chuvas e trovoadas”, além de “tsunamis”, podem acontecer a qualquer instante.
Aqui na terrinha, até o presente momento, só existe um candidato ao executivo municipal: o atual prefeito Paulo César Silva que deverá tentar sua reeleição, se as convenções do seu partido (PPS) e coligados, o referendarem. Como “céu de brigadeiro” inexiste em períodos pré-eleitorais vem a pergunta - relâmpago: o tempo estaria bom para a reeleição?
Ao que parece, o grande problema para o atual chefe do executivo é a nuvem negra da falta de recursos financeiros da prefeitura. Isto impede a realização e o término de obras e programas, semeia discórdias, causa descontentamentos e frustra o cidadão. Além disso, o prefeito parece estar enfrentando as “queimadas” no seu próprio habitat, o que infertiliza a possibilidade de novos cultivos e torna a desertificação um grande perigo. Será necessário adubar o terreno com criatividade e muito diálogo para colher boa safra no futuro, lembrando que a temperatura vai ficando mais quente e a pressão atmosférica se eleva a cada dia que passa.
Outra característica ambiental é a existência de muita ventania e pouca tempestade. Ou seja, fala-se muito, e, posteriormente, percebe-se que era apenas chuva passageira. Neste sentido, em Poços, salvo melhor avaliação, existem nomes que são sempre “prefeituráveis”, entre eles, o empresário Laércio Martins (PMDB) o ex-diretor do DME, Cícero Machado de Moraes, o vereador Antonio Carlos Pereira (DEM), o vereador Waldemar Antonio Lemes Filho (PMDB), o deputado estadual Carlos Mosconi (PSDB) e o vereador Marcus Eliseu Togni (PSB). Além destes, existem os que já foram, mas, podem aproveitar as fases da lua e retornarem: o deputado federal Geraldo Thadeu (PSD), Sebastião Navarro Vieira Filho (DEM) e Paulo Tadeu Dárcadia (PT). Relacionados ainda na atual atmosfera eleitoral, existem estudos climáticos que permitem observar o aparecimento de novas variáveis: o presidente da Coopoços, Sérgio Azevedo (PSDB), o secretário municipal de projetos e obras públicas, Álvaro Cagnani (PSDB) e, além destes, a representatividade feminina, com a secretária de turismo, Maria Lúcia Mosconi (PSDB) e que já disputou uma eleição, a ex-secretária de turismo, Teresa Navarro ou mesmo (quem sabe?), a vereadora Maria Cecília Figueiredo Opípari (PSB).
A partir de agora, muitas fenômenos climáticos devem acontecer sendo necessária a constante observação telescópica da atmosfera. Necessário também ficar de olho no calendário eleitoral. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, as convenções partidárias para a escolha dos candidatos devem ser feitas entre 10 e 30 de junho e os candidatos terão até 5 de julho para registrar as candidaturas. A propaganda eleitoral no rádio e na televisão começa em 21 de agosto e vai até 4 de outubro, três dias antes da realização do primeiro turno. Com relação à propaganda, o tempo é outro, ou seja, a definição de quantos minutos terá um candidato na TV e no rádio, pode ser a diferença entre perder e ganhar a eleição.
Para os candidatos tanto a prefeito, quanto a vereador, melhor mesmo é começar a sair preparado de casa: passar protetor solar, usar camisa leve, calça jeans e sapato confortável. Mas, não esquecer de levar em uma sacola, o guarda chuva (ou sombrinha) e um agasalho, vai que...
Assim como o tempo, na política, o que parece, às vezes, realmente aparece, mas, a qualquer momento, desaparece.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sujeito: sempre antes do objeto

A educação é um dos caminhos, não o único, para mudar o universo das pessoas e, por conseqüência, de uma cidade, um país. Seguindo o que disse mestre Paulo Freire (1921-1997), “a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda”.
Como professor, busco aprender no contato com alunos e docentes em um curso superior, as lições que as salas de aulas nos trazem diariamente. Como não tenho as respostas (se é que elas existem), peço ajuda aos universitários e divido neste artigo alguns das perguntas de caráter pedagógicos que, diariamente, faço.
- A tecnologia tem colaborado para a melhoria na qualidade do ensino?
Assim como todos os setores da sociedade, a educação não pode prescindir dos predicados da tecnologia, que auxilia a pesquisa, dinamiza processos, registra e arquiva conhecimentos, entre outros benefícios. Porém, aumenta gradativamente o número de alunos que levam seus laptops e desviam a atenção para as redes sociais, se tornando “ausentes” da matéria que está sendo dada pelo docente. Isto ocorre também no uso de celulares. Para enfrentar a situação, a maioria dos professores tem optado por impedir o uso dos computadores pessoais nas salas de aula. Muitos discentes, então, reclamam por se sentirem lesados com a proibição:- “Se existe a tecnologia- perguntam eles- porque somos impedidos de usá-la?”
Do outro lado, entre vários equipamentos tecnológicos, o projetor tem sido um dos recursos didáticos freqüentemente utilizado pelos docentes. O professor arquiva no pen drive a matéria a ser dada, formatada geralmente em PowerPoint, e comenta os slides com os alunos. O que tem acontecido é que muitos estudantes se “acomodam” com esta facilidade virtual. Há certa letargia, um “cansaço” aparente, dado que a excessiva utilização do recurso tem contribuído para que o aluno seja desviado para as conversas interpessoais, ou mesmo para um distanciamento do que está sendo apresentado. Ele sabe que o arquivo será disponibilizado de alguma forma pelo professor e acredita que é só “baixar” o conteúdo que os dados serão assimilados. Os próprios professores, por sua vez, correm também o risco de “produzirem aulas”, acomodarem-se e automatizarem a relação. Existem, claro, professores que ainda não abrem mão do quadro e do pincel. Mas, estes também têm demonstrado dúvidas com este método tradicional. Estariam os alunos tão ligados na tecnologia que desqualificam professores mais conservadores?

A ênfase nos conhecimentos técnicos tem formado melhores profissionais?
A competitividade é alimentada pela sociedade. Pais e professores querem preparar os filhos e alunos para se tornarem profissionais capacitados a enfrentar o mercado. Buscam-se teorias, técnicas, fundamentos científicos, na consciência comum de que estes instrumentos serão necessários para o melhor desempenho. E não há dúvidas que isto é fundamental. Porém, é notório que a ênfase dada apenas aos conhecimentos técnicos está ampliando as dificuldades de relacionamento entre os próprios alunos e estes com os professores. Os universitários demonstram problemas de convivência em grupo e comunicação interpessoal. Discretamente, e até com as melhores intenções, será que a educação não está incentivando apenas a competitividade, o consumo, o materialismo? Quais os reflexos isto provoca, por exemplo, na relação entre um médico recém formado e seu paciente?
Dirão, talvez, que aos pais, cabe a formação da personalidade e, aos professores, a intelectual. Será mesmo?
Existem muitas perguntas e as respostas são de múltipla escolha. O que não dá é que pais professores e estudantes continuem a vivenciar a educação, sem a reflexão permanente se estamos realmente preparando pessoas para atender pessoas, em qualquer área do conhecimento. É necessário acentuarmos a concordância de que só seremos sujeitos se utilizarmos de maneira adequada e equilibrada, os objetos. De novo, Paulo Freire; ”ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.

sábado, 17 de setembro de 2011

No princípio, tínhamos princípios

No princípio, nossos pais nos ensinaram que era preciso conquistar o pão de cada dia com o suor dos nossos rostos. Que dignidade era sinônimo de honestidade e palavra dada “no fio do bigode” era mais importante que documento registrado em cartório. Que o nome completo de uma pessoa era seu principal patrimônio e a caderneta do armazém deveria ser acertada sem atrasos no pagamento.
No princípio, “Quadrilha” era dança coletiva em festa junina ou mesmo um poema de Carlos Drummond de Andrade. Testamento tinha mais conotação religiosa e vinha geralmente depois da palavra Novo ou Velho e não era objeto de disputa familiar.
No princípio, vendíamos coisas, mas não comercializávamos pessoas e nem nossa honra. Comprado era verbo e não adjetivo. Cultivávamos o interesse em ter amigos e não os amigos por interesse. Não abríamos mão dos nossos valores, que norteavam nossos compromissos éticos e morais e estes não tinham preço.
No princípio, as promessas eram cumpridas e nem eram necessárias notas promissórias. As pessoas nos conheciam pelo que éramos e não pelo que possuíamos. O homem controlava o dinheiro e não ao contrário. A Palavra era propagada antes do dízimo e o crédito era baseado na confiança das pessoas e não em um cartão magnético.
No princípio, ficávamos indignados com a corrupção e assustados com as falcatruas. Comissão era o pagamento lícito pela venda lícita e não propina paga em licitações ilícitas. “Molhar a mão” era sem aspas e significava o ato de limpá-las e não de sujá-las. Existia o interesse público e não a propriedade privada. Caixa era um local de pagamento de contas ou nome de banco e não tinha o 2 depois. Emprego era associado à vaga e não a cabide. Lotear significava dividir um terreno em lotes e não era conjugado a cargos na administração pública.
“No princípio era o Verbo” e tínhamos princípios.
Hoje temos a verba e fins ilícitos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O que há por trás do Habib´s

Poços de Caldas tem “fome” de crescimento e a gastronomia aqui é prova incontestável disto. Nas ultimas semanas, somente a Avenida João Pinheiro- uma das principais artérias da cidade- recebeu dois novos locais (uma franquia de renome e uma bonita churrascaria) o que reflete os investimentos crescentes neste setor. Se olharmos para a área central e para os bairros é visível o número cada vez maior de restaurantes, bares, lanchonetes, carrinhos de lanches, tornando cada vez mais diversificado “o cardápio” oferecido pelo município aos seus cidadãos e turistas. Todo este movimento deixa feliz e orgulhoso todos aqueles que torcem pelo desenvolvimento da cidade. Assim, a chegada recente de uma franquia de renome nacional e também a nova churrascaria, só para citar dois exemplos, trazem, além do que foi citado, mais recursos aos cofres públicos e geração de emprego e renda para dezenas de famílias. Tudo isto motivo de comemoração e alegria: empresários acreditando no potencial da cidade, pessoas recebendo qualificação e emprego, mais recursos aos cofres públicos, cidadãos e turistas com novas opções de lazer e entretenimento.
Mas, afinal, pergunta- com toda razão- o impaciente leitor: o que há por trás do Habib´s?
Calma, não é o que parece. O que pretendemos chamar atenção com o título desta matéria é que bem ali, por trás da franquia de comida árabe, estamos perdendo um patrimônio histórico: a “estrada de ferro da Mogyana”.
Para contextualizar o problema, valho-me de informações prestadas pelo jornalista Rubens Caruso, através de um documento: o dossiê de tombamento do patrimônio ferroviário de Poços de Caldas, datado de 2003 amparado pela Lei Municipal 5.376, de 1993, que tombou o conjunto arquitetônico da Estação Ferroviária do Município.
A história conta. Em 1886, Dom Pedro II esteve em Poços de Caldas para inaugurar o Ramal de Caldas – uma extensão da linha férrea da Mogyana e “única forma de ligação entre o vilarejo e os centros urbanos”. Após a inauguração, o movimento de pessoas interessadas em aproveitar as belezas da recém criada estância hidromineral, valendo-se da “Maria Fumaça” cresceu muito. “A Estrada de Ferro Mogyana passou então por um período de grande prosperidade, pois suas composições partiam lotadas de Campinas para cá. Seus trens passaram a ser, durante várias décadas, o meio de transporte preferido pelos viajantes à região da Mantiqueira, até que o aparecimento das estradas de rodagem pavimentadas, permitindo um percurso mais rápido e confortável, diminuiu o movimento da tradicional ferrovia. No final da década de 1990 a estrada foi desativada, passando a funcionar apenas para cargas a partir da estação da Bauxita e seus trilhos foram retirados do centro da cidade por volta de 1998”. (www.memoriadepocos.com.br)
Hoje, o Brasil rediscute a importância das ferrovias para o desenvolvimento comercial e turístico da nação. Em Poços de Caldas, o tema patrimônio ferroviário vive um momento conflitante com o desenvolvimento da cidade, que fingimos não ver. É como se tivéssemos dois vagões em direções contrárias e o choque fosse inevitável. Mas, onde se encontram os “maquinistas”?
Não se discute que os empreendimentos trazem desenvolvimento ao município. Não se discute também a legalidade dos pontos comerciais que avançam hoje sobre o leito da ferrovia, pois, ao que nos parece, os proprietários adquiriram legalmente o direito de usufruir do espaço.
O que se deve refletir é como deixamos isto acontecer? De quem é a responsabilidade? Há condições de reverter este processo? Ou o melhor é esquecer a ferrovia e sepultar os trilhos da história?
Quando atentamos para um novo projeto da administração atual (muito louvável por sinal) de padronizar todos os carrinhos de lanches próximos ao parque José Affonso Junqueira, onde todos os boxes terão a imagem “de vagões de trens” refletimos: os vagões da gastronomia entrando em cena e os vagões da Mogyana sendo descarrilados.
Outra idéia, a de transformar o leito da ferrovia em uma avenida para desafogar o trânsito da João Pinheiro, foi descartada, até porque, o espaço físico impossibilitaria tal iniciativa.
Para finalizar, pois este texto já está maior que a malha ferroviária européia, o problema é escolher qual caminho queremos trilhar. Assim como o monotrilho, (olha o trilho aí de novo, gente), ou damos o assunto por encerrado e deixamos as linhas do trem ocupar apenas a nossa memória, ou, realmente encaramos o problema para a busca de soluções. O que não dá é falar de patrimônio histórico e não cuidarmos nem do patrimônio e muito menos da história.
Para encerrar, um provérbio árabe: “a árvore quando está sendo cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira”.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O lixo nosso de cada dia

Quando a questão é ambiental, sou réu confesso, como, acredito, milhões de pessoas no planeta Terra. Considerava há algum tempo atrás, “ecochatos” e “biodesagradaveis” pessoas que vinham com papo de meio ambiente e preservação das espécies. Claro, sempre busquei fazer o meu “dever de casa”: jogar o lixo no lixo, economizar água e energia elétrica, (muito mais em razão do bolso estar “reclamando”) e hoje, até separo o lixo úmido do seco. Enfim, apesar destas atitudes, sabia conscientemente que pensava mais em meu ambiente individual que no meio ambiente coletivo.
Mas, assim como milhões de pessoas no planeta Terra, venho refletindo a necessidade de rever meus conceitos, na percepção dos sinais claros do cansaço do meio ambiente em relação ao nosso “descanso” ou descaso ambiental. Um destes sinais é a alteração climática: em Poços de Caldas, por exemplo, reconhecidamente um município de temperatura amena, tem sido registrado altas temperaturas durante o ano todo e o inverno hoje é apenas uma “frente fria passageira”. Pelo Brasil e no mundo, as catástrofes ambientais (furacões, terremotos, tsunamis, inundações) acontecem cada vez em maior número, o que demonstra que nossas ações estão gerando reações na mãe natureza. Isto para não citar as endemias, a escassez de alimentos e de água e outras conseqüências no ecossistema. Se, existem as leis da natureza e podemos aprender muito com elas, que soluções as leis humanas têm em relação ao problema ambiental?
No Brasil, a Constituição Federal determina que o município é o responsável pela limpeza urbana, coleta e destino final do lixo produzido. Ainda mais: o governo federal sancionou em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelecendo como responsáveis pela destinação de resíduos sólidos, todos os integrantes da cadeia: poder público, iniciativa privada, instituições e consumidores. Ou seja, os nós ambientais são de responsabilidade de todos nós. Além disso, determina à lei, as cidades brasileiras têm a obrigação de acabar com os lixões a céu aberto até agosto de 2014. E como inicialmente o melhor é cuidar bem do “nosso quintal”, o que Poços de Caldas faz atualmente para se destacar em um cenário composto por 5.565 municípios brasileiros?
Nossa cidade- que tem a qualidade de vida como o seu maior refrão- necessita urgentemente priorizar as questões ligadas ao meio ambiente. Para isto, como está nossa coleta seletiva? E a cooperativa de catadores? E o nosso lixão, opps, quer dizer, o nosso aterro controlado? E o nosso tratamento de esgoto? Vamos ou não criar a nossa Política Municipal de Resíduos Sólidos?
Como cidade modelo em vários aspectos, por que não nos destacarmos como cidade ecologicamente responsável? Que tal uma campanha maciça de educação ambiental? E a iniciativa privada, o que este setor faz para assumir a sua responsabilidade nesta questão? Por que não realizar, assim como fez recentente a vizinha cidade de São João da Boa Vista, um Fórum para discutir seriamente tais questões, incluindo a participação popular?
O assunto é amplo e complexo, mas, merece a participação de todos, inclusive a deste redator, pleiteando enfim, sua inscrição, com muito prazer, na Associação dos “ecochatos e biodesagradáveis” acreditando que “muitas pequenas pessoas em muitos pequenos lugares fazendo pequenas coisas, podem, realmente, mudar o mundo”.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Deu na telha

O amianto provoca ou não danos à saúde das pessoas? Representantes do setor industrial ligados ao setor dizem que não. Ambientalistas e profissionais da saúde afirmam que o amianto, ao longo do tempo, pode sim, provocar inúmeras doenças ao homem. Dezenas de países no mundo já o proibiram o amianto, outros ainda continuam a utilizá-lo. No Brasil, alguns Estados da federação já vetaram o seu uso, porém, a maioria ainda não o fez. Em Poços, a Câmara, em votação secreta, por sete votos a cinco, resolveu dar consistência ao veto do Executivo no projeto que visava impedir a utilização do amianto em obras da administração direta ou indireta.
O amianto, usado principalmente na fabricação de telhas e caixas d água, é um material de baixo custo e, em razão disso é que talvez se justifique a sua utilização, principalmente, em países em desenvolvimento como o nosso. Não sejamos ingênuos. Existem interesses comerciais, industriais, de viabilidade econômica que norteiam os dois lados: tanto daqueles que são favoráveis ao amianto, quanto aos contrários à sua utilização.
Porém, na construção democrática das opiniões divergentes, não vamos ficar em cima do muro. Em nossa modesta opinião, com a decisão dos vereadores, a cidade se coloca fora do prumo. Pois, se acreditamos que a saúde (não a financeira) é pilar de sustentação de qualquer sociedade, melhor não deixar vazamentos no abrigo da lei. Na dúvida entre os malefícios à saúde e os benefícios econômicos, melhor não construir em terreno arenoso buscando evitar trincas no edifício social. Entre a obra e a mão de obra, melhor optar sempre pela segunda opção. Na engenharia social, qualquer projeto, qualquer obra deveriam ter como prioridade o ser humano. Nunca é demais lembrar que o maior custo é quando a vida está em risco.
Sejamos utópicos. Ousamos propor uma placa a ser afixada em todos os setores públicos onde as decisões interferem diretamente na vida do cidadão. Nela, os seguintes dizeres: “Se você veio a este órgão público, apresentar alguma idéia ou discutir a proposta de algo que traga melhorias ao ser humano, seja muito bem-vindo.“
Sabemos: isto é poesia. O mundo é concreto.

domingo, 21 de agosto de 2011

Novela brasileira

Pátria Minha. Te Contei? Apesar dos Cambalachos e do Vale Tudo existente neste nosso País Tropical, o Insensato Coração de todo brasileiro, ainda tem Esperança. Isto porque, sabemos , existe ainda muita Gente Fina que De Corpo e Alma nos ensina diariamente a Começar de Novo. Gente humilde que nesta Selva de Pedra, ainda valoriza os Laços de Família e que faz Renascer em nós, um Sonho a Mais de ver, quem sabe, o Final Feliz de nossas mazelas sociais.
Sim, estamos cansados de engolir Cobras e Lagartos e, por vezes, nos dá vontade de enfiar o Pé na Jaca. Estamos cansados do político que diz “Eu Prometo”, que se acha O Salvador da Pátria, O Dono do Mundo, o Semideus, e que na sua Escalada do poder, mostra suas Duas Caras. Aquele que no Corpo a Corpo com o cidadão, Morde e Assopra e que destila o seu Suave Veneno por se ver como O Astro, uma Celebridade. O Outro é apenas a Próxima Vítima, pois, o Anjo Mau faz Caras e Bocas iludindo as pessoas com o seu Tititi e, daí, o Jogo da Vida se torna um verdadeiro Deus nos Acuda.
Contudo, para todos aqueles que querem tirar O Direito de Nascer uma nova nação, um Sinal de Alerta. Por Amor a esta Terra Nostra vamos retomar A Viagem na busca permanente de encher de Felicidade as nossas Páginas da Vida. A Fera Ferida existente em cada Bravo cidadão brasileiro está, aos poucos, Como uma Onda, preparando a sua própria Redenção.Em Tempos Modernos, como um Cordel Encantado está se escrevendo, silenciosamente, Pedra sobre Pedra, um novo capítulo em nossa história.
Assim, o Sonho Meu e de milhões de brasileiros de Viver a Vida em um país melhor, com maior dignidade, não será mais um Desejo Proibido. O roteiro estará nas mãos de cada cidadão que será enfim, o protagonista de sua própria história, O Profeta de um novo Brasil.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Siga as Siglas


Você já pagou o IPVA? E o seu IPTU?Caso seja autônomo, não se esqueça do ISS ou mesmo de pagar o RPA. Para evitar que seu nome vá para o SPC lembre-se dos outros carnês e, se estiver “correndo atrás do prejuízo” e, se possível, utilize seu FGTS. Caso seja empresário, olha o ICMS ou o IPI, o COFINS, o PIS e o INSS e mais: atenda bem seus clientes e fornecedores para não ter reclamações no PROCON.
Se estiver desempregado, lembre-se da importância de um bom currículo e dos documentos como a CTPS, o CPF, e a RG sempre nas mãos. Mantenha-se atualizado e capacitado. Faça cursos técnicos. Estão aí o SENAC, o SESC, o SESI, além do SEBRAE e do SEST /SENAT para auxiliá-lo. Se já estiver em um grau universitário, faça um MBA ou mesmo um curso superior via EAD. Ou se for ingressar em uma faculdade, utilize, se possível, o Prouni, ou mesmo o Fies. Ah! Não se esqueça do Enem e Enade. Outra oportunidade interessante é buscar oportunidade em uma ONG ou mesmo em uma Oscip.
Cuidar da saúde é importante. Fique atendo para o stress da vida moderna que pode levá-lo a ter um AVC e precisar chamar o SAMU, além de ser atendido pelo SUS e ser internado em uma UTI. Não se preocupe demais para não ficar com TOC. Se utilizar muito o computador, no acesso à Internet, faça exercícios para não ter LER. Fique atento para a sua vida sexual, pois as DST estão aí. Se pertencer a um grupo de risco (GLS) lembre-se que a AIDS ainda é uma doença perigosa e letal. No ambiente de trabalho, cuidado com a sua segurança. Utilize os EPIs necessários à sua função. Faça parte da CIPA, ou mesmo, participe ativamente da SIPAT.
E se, depois de tudo isto, caso seja casado, ao chegar em casa, sua mulher reclamar que está de TPM, não se faça de rogado: chame a PM e emita um BO.

domingo, 14 de agosto de 2011

Círculo Vicioso

Existem problemas estruturais no Brasil que a gente convive há tanto tempo que até já fazem parte do nosso cotidiano. Infelizmente, nem nos indignamos mais ao ver tanto desmando, tanto descaso, falta de vontade para resolver ou minimizar os graves problemas nacionais. E como um problema gera outro, este circulo vicioso e maléfico acaba por afetar todas as instituições públicas.
Por não priorizarmos o setor da educação, por exemplo, acabamos por gerar graves problemas na saúde. O excessivo número de pessoas doentes resulta em uma demanda acima do suportável ao Sistema Único de Saúde e também ao sistema previdenciário. Mais pessoas doentes, menor número de pessoas nas escolas, no comércio e nas fábricas. Resultados? Menor produtividade, menor capacitação, desemprego e prejuízos na qualidade de vida da sociedade.
Quer outro exemplo? Uma justiça ineficaz com um sistema judiciário sem estrutura que acaba por afetar a credibilidade das leis e favorecer a corrupção e a impunidade. Geramos com isto mais violência e maior numero de criminosos a serem capturados e acolhidos pelo sistema penal. O resultado? Celas superlotadas favorecendo a “escola do crime”, sem a menor capacidade de recuperação e de retorno do indivíduo ao convívio social.
Um sistema político retrógrado e obscuro acaba por resultar em partidos políticos de ideologias inconsistentes, gerando governantes ineficientes sugados pela areia movediça do poder e dos interesses escusos. O resultado? Corrupção, ausência de planejamento e de prioridades, insensibilidade social e o pior deles: o desinteresse e a apatia dos cidadãos com a política, retroalimentando o sistema.
Vamos, ao longo do tempo, convivendo com as conseqüências, e jogando a sujeira para debaixo do tapete. Combatemos a metástese, mas, não eliminamos as causas das nossas doenças sociais.
No país do faz de conta, estamos mal na tabela dos campeonatos da educação, da saúde e da infraestrutura.
Mas, tudo bem, vem aí o Campeonato Mundial de Futebol.

sábado, 13 de agosto de 2011

Carta ao meu pai

Pai,

Esta carta poderia (deveria) ter sido escrita há vários anos.
Nem eu, nem você, pensamos nisto. Ou, quando pensamos, a vida nos interrompeu e ficaram palavras sem dizer, muitos abraços sem se trocar, desculpas sem pedir, perdão sem se dar.
Mais que isto, pai, não escrevemos quase nada juntos. Eu gosto muito de música e o senhor tinha a música como profissão e paixão, mas, nem uma nota entoamos. O senhor sempre foi muito espirituoso, porém, nem uma piada contamos juntos.
Eu queria tantas vezes lhe relatar meus sonhos, mas o senhor estava longe, pensando nos seus que foram desfeitos. O senhor querendo contar suas apreensões, suas angústias. Querendo contar o seu passado e os seus motivos, e eu querendo falar do meu presente, do meu futuro, dos meus medos e inseguranças.
O senhor vivia me olhando como se perguntasse: “O que este meu filho pensa de mim”. E eu lhe olhando e questionando o que “meu pai quer de mim?”
Pai, eu vi seu corpo definhando aos poucos e tentava de alguma maneira testar o “seu computador”, que o senhor dizia que nunca falhava. ”Qual o número da senha do banco?” “Qual o número do meu telefone” “Qual o dia do nascimento de tal filho”?
O senhor estava muito próximo, mas, nossas vidas moravam muito distantes uma da outra.
Por vezes, sentia que o senhor iria me contar algo muito importante,pai. Alguma coisa que definisse ou que unisse nossas vidas tão dispersas.
Mas, o dia-a-dia interrompia as nossas verdades e o que sobrava eram apenas frases de um cotidiano meu e seu. “O que o senhor comeu hoje?” “Amanhã eu vou trazer minha mãe aqui”. E nas despedidas: “Deus lhe abençoe meu filho e lhe abra os caminhos”
Escrever esta carta está sendo muito difícil, pai. Para onde vou remetê-la?
Pai, saiba que eu sempre senti no fundo do meu coração que o senhor me fazia muita falta. Quantas vezes chegava da rua querendo contar algo que tinha acontecido comigo. Mas, minha mãe dormindo, os meus irmãos já com as suas vidas e eu apenas com o travesseiro como confidente. O que fazer? Para onde ir? Como resolver tal problema? Será que ela gosta de mim? Devo ou não tomar tal decisão?
Pai, sei que sabe que contei muito com a minha mãe, que sempre foi o que o senhor não pode ter sido. Mas, o senhor também sabe que não é a mesma coisa. Voz de mãe soa diferente, assim como uma pequena onda que chega cansada ou descansada à praia. E, quantas vezes, precisamos daquela onda forte que se arrebenta nas pedras. Voz de mãe lembra canção de ninar, mas quantas vezes precisamos é de um toque de alvorada a nos acordar para a vida, a nos preparar para a batalha.
Os nossos abraços lembra pai? Sempre foram muito rápidos e tímidos. Na verdade era como se tivessem que ser interrompidos para não permanecerem indefinidamente.
Minha mãe sempre nos olhando, nos observando e eu, em meio a ambos, correndo de ambos, querendo deixá-los a sós, porque, vocês também ficaram muito tempo sem dizer nada um para o outro. E como nos faz falta dizer, como faz falta um gesto, como faz falta... a falta sua, pai.
Hoje tento me agarrar ao que vivo. Dia após dia, pai, sigo o meu caminho. Mas, quase sempre sinto a vontade de perguntar: aonde essa estrada vai me levar?
Pai, aqui embaixo, a minha luta continua.
A banda e o coreto que o senhor tantas vezes tocou também continuam.
E as suas lembranças e sua falta também permanecem em mim.
Fique em paz, pai.
Seu filho!

domingo, 7 de agosto de 2011

Doze é a dose?

Está em discussão em Poços de Caldas, bem como em municípios do país, o número de vereadores que devem compor a Câmara Municipal. Audiência pública realizada recentemente em Poços manteve a polêmica: mantém-se 12 vereadores, ou amplia-se este número para 15, 17 ou o máximo de 19, conforme delimita a legislação federal?
Se a questão é numérica e representativa, vamos refletir. A maior cidade do país, São Paulo, tem 11.244.369 habitantes, com 55 vereadores, o que resulta em cerca de 0,244 habitante por vereador. Poços de Caldas tem 152.435 habitantes e 12 vereadores, o que resulta em aproximadamente 12.702 habitantes por vereador. Então, São Paulo tem uma Câmara bem menos representativa que Poços de Caldas?
Continuando com os números comparativos entre as mesmas cidades. O salário bruto (sem as verbas adicionais de gabinete) de um vereador em São Paulo é de R$ 9.288,00. Em Poços de Caldas, um vereador tem um salário de R$ 8.109,87, ou seja, R$ 1.178,13 a menos. Então, o vereador em São Paulo ganha mais que o de Poços de Caldas?
Agora, continuando com os números, vamos comparar as remunerações dos vereadores com o atual o salário mínimo (R$ 545,00) e com as sessões que os vereadores têm durante o mês em relação aos dias trabalhados por um comerciário.
- Espera aí – dirão muitos- estamos comparando “alhos com bugalhos”. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
É verdade. Números absolutos são apenas referências e devem ser enxergados em um contexto muito mais amplo. Quantidade realmente não quer dizer qualidade e nem representatividade. O argumento de que o aumento no número de vereadores implica em maior representatividade é analisar apenas o concreto e não avaliar o subjetivo. Um vereador pode representar, em seu trabalho, apenas os interesses de um segmento, contrariando, por vezes, os de uma comunidade inteira. E daí, ele estará sendo representativo ou não?
Em meio a esta discussão, o que pensaria o cidadão comum, aquele que tem no vereador, um legitimo representante das suas necessidades e reivindicações?
Não temos procuração para responder pelos munícipes, porém, nos parece que a maioria não deseja o aumento no número de vagas na Câmara. Qualquer atitude que implique no crescimento dos gastos públicos é naturalmente refutada, alicerçada na consciência comum de que tal ampliação na quantidade não implica necessariamente na melhoria da produtividade legislativa. Nunca é demais lembrar que o investimento a ser feito, não pertence à Câmara e sim, a população. Esta deve ser ouvida, antes de qualquer decisão. Daí, até a audiência pública, louvável em sua realização, não tem a representatividade necessária pelo número de cadeiras existentes no plenário atual e o número de habitantes do município. Mais uma vez: números são indicadores, mas, necessitam de uma leitura muito mais ampla.
Finalizando, se o vereador realmente representa os anseios da população e para isto foi eleito, a melhor justificativa para a manutenção dos atuais 12 vereadores, seria acatar a vontade popular.
Além disso, são apenas discussões políticas e partidárias, nada mais.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Super hiper mega

Vivemos a era do super hiper mega.
Buscamos ser insuperáveis e nossa meta diária é a superioridade.
Lemos, ouvimos e assistimos somente o que nos é superinteressante.
Somos super legais e necessitamos ser super conhecidos.
O momento é ser big, brother.
Vamos ao hipermercado, participamos de megaliquidação,
compramos o supérfluo e vendemos nosso superávit.
Idolatramos os superstars e o Guiness é nosso livro de cabeceira.
“We are the champions, my friend”.
Nossos esportes são super radicais.
Voamos em um ultraleve e pulamos no big jump.
Fazemos dieta super saudável , ultra balanceada
e comemos um Big Mac.
Somos supersticiosos, megalomaníacos e moramos em megalópoles.
Somos superdotados e nossos filhos, hiperativos.
Estamos hiper agressivos, hiperglicêmicos e hipertensos.
Os nossos super-heróis morreram de overdose.
O nosso ego é super.
Somos, no mínimo, o máximo.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Humanização: teoria e prática

“Humanização”. Esta atitude tem sido muito comentada nos dias atuais, associada principalmente à saúde. Fato é que, em muitos hospitais, consultórios, clínicas e unidades de pronto atendimento, temos, de um lado, o profissional de saúde (médico, enfermeiro, nutricionista, terapeutas etc.) e de outro, o paciente (o enfermo, o doente, o debilitado etc.), além dos administradores e auxiliares. Nesta relação que envolve muitos personagens convivendo em ambiente de tensão e urgência, a rapidez geralmente toma o lugar da percepção, a hierarquia fortalece o poder e a comunicação interpessoal ganha à linguagem do imediatismo. O resultado: automatismo nas ações com o ser humano se tornando sem nome, sem identidade e história de vida. O prontuário ocupa o lugar da conversa. O exame substitui o toque. Entre os sintomas que literalmente demonstram a “desumanização” na saúde está o relógio do médico. Este, na maioria das vezes, muitas horas atrasado em relação ao horário do paciente. No Brasil, tal prática se tornou tão habitual que ficou institucionalizada: surgiu a sala de “horas de” espera.
Contudo, humanizar não deve ser exigência cobrada apenas do setor de saúde. Tal atitude deveria estar presente, por exemplo, na relação entre políticos e cidadãos. Quantos políticos cumprem os seus compromissos de governo? Quantos tratam bem os funcionários? Quantos não se encantam com o poder e desencantam os cidadãos?
Como humanizar a Justiça em nosso país, desde a “indústria” do exame da Ordem da OAB, passando pelo volume cada vez maior de processos e demandas de um judiciário sem estrutura, até chegar a um sistema penal retrógrado e ineficaz?
Humanizar deveria ser prática diária de mão dupla entre patrões e empregados, balconistas e clientes, atendentes e atendidos.
A humanização não é técnica que se aprende em manuais. Ela passa necessariamente por aquilo que nos torna realmente humanos: o sentimento. Assim, não basta um sorriso dado literalmente “da boca pra fora”. É preciso perceber o outro, sentir o outro, escutar o outro. É unir conhecimento técnico à experiência emocional. É ser efetivamente afetivo. É desligar o automático e ativar a cumplicidade positiva. É vivenciar os conflitos do que nos é antagônico na certeza do aprendizado mútuo.
Humanizar não é ser “bonzinho” seguindo regras mecânicas de comportamento buscando o interesse próprio, mas, espontaneamente, sentir-se igual com medos e aspirações, com fraquezas e potencialidades, com as dúvidas e incertezas de quem é simplesmente humano.
Por último, vale roteirizar as atitudes no que disse o psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961): “aprenda todas as teorias, conheça todas as técnicas, mas, quando se encontrar de frente com uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

TV Poços 21 anos - (21/07/2011)

A TV POÇOS mostra todos os dias uma VISÃO PANORÂMICA da vida de Poços de Caldas e região. É uma TV MIX, já que tem programas para todas as idades, um CANAL ABERTO com muita notícia e ENTERtenimento para você, na VISITA AO SEU LAR . Uma CAMERA VERDADE de todos os fatos que acontecem e isto já há 21 anos. A TV POÇOS atinge hoje cerca de 30 cidades e através de profissionais capacitados e equipamentos de ultima tecnologia mostra que está com a SAÚDE EM DIA na SABATINA diária para acompanhar a vida da cidade e da região, quer na NOITE PONTO COM ou mesmo em um DOMINGO FELIZ.
PARE E PENSE: Poços é uma cidade múltipla para quem quer VIVER FELIZ. Tem FESTA NA ROÇA e AMIGOS DA PESCA que sempre são manchetes na MÍDIA RURAL. Por outro lado, Poços é também a capital do Sul de Minas na ROTA BR. Um município que tem um forte e ESPECIAL TURISMO, indústrias, um MERCADO DE IMÓVEIS atuante e que, com tanto desenvolvimento, se tornou um verdadeiro GUIA DE NEGÓCIOS para você COMPRAR BEM. A qualidade de vida é destaque: aqui é sempre TEMPO DE ESPORTE num BATE BOLA na CONEXÃO ESPORTE e Vida e no PIQUE DA PUC. As ruas de grande movimento se tornaram um verdadeiro SHOPPING DE VEICULOS, onde o MOTOR E CIA convivem com um comércio dinâmico através de lojas modernas e de restaurantes onde se pode apreciar gastronomia variada, da COZINHA CRIATIVA da comida mineira até O PRAZER DA CARNE. A TV Poços vive a cidade e as suas emoções, mostrando também a vida de poços caldenses que vivem em NEW YORK- UM SONHO BRASILEIRO. A HORA DA VERDADE sempre chega através do TELEFATOS e do JORNAL DO SUL DE MINAS. Por tudo, todos nós que trabalhamos aqui, QUEREMOS DEUS nos abençoando dia a dia para fazer da TV POÇOS uma emissora cada vez melhor, com a cara de Poços de Caldas e região.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Menor: o problema maior

Não é simplesmente um jogo de palavras. O maior, ou um dos maiores problemas nacionais, é o menor, principalmente, a criança ou adolescente que se encontra em condições de risco. A frase milenar do sábio Pitágoras “educai as crianças e não será necessário punir os homens” se torna a cada dia mais atual. A situação do menor passa por vários ambientes: econômicos, sociais, políticos, culturais, psicológicos, daí, a complexidade na busca por soluções. Na atualidade, como um dos agravantes mais determinantes, os problemas dos pais com a dependência química (leia-se drogas e álcool) têm afetado um número maior de crianças, além de resultar em um índice crescente da gravidez na adolescência. A abordagem de como tratar ou minimizar os impactos que uma criança pode sofrer demanda a participação do poder público e de toda a sociedade.
Refletindo sobre como resolver ou atenuar situação tão ampla e abrangente, nos veio à lembrança uma história que diz o seguinte. Dois pescadores estavam em um rio e de repente um deles viu uma criança se afogando. Mais que depressa, o pescador saltou no rio para salva-la. No mesmo instante, o outro pescador viu outra criança se afogando e fez o mesmo, pulou no rio para salva-la. Nem bem eles já estavam salvando as crianças, notaram que outras também estavam se afogando. E mais uma vez pularam no rio para salvá-las. E isto continuou a acontecer, até que um deles disse ao outro:- Tente salvar as crianças que puder que eu vou lá em cima ver quem está jogando as crianças no rio.
Assim, metaforicamente, como saber quem está jogando as crianças no rio, ou seja, como tentar interromper ou atenuar o grave problema do menor no Brasil? Entre outras analises, uma das soluções parece ser através do planejamento familiar. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 120 milhões de mulheres no mundo desejam evitar a gravidez, porém, nem elas, nem seus parceiros estão fazendo uso dos métodos contraceptivos. Entre outras causas, está à falta de informação que não chega principalmente nas classes de menor poder aquisitivo. Faltam orientação e acesso aos métodos para se evitar a gravidez, preservando, é claro, a saúde da mulher. O resultado é o nascimento cada vez maior de crianças em famílias que não possuem condições adequadas para cuidar da criança e do adolescente com tudo o que estes necessitam para se tornarem adultos preparados a enfrentar os desafios da sobrevivência.
Todo menor ou adolescente com fome, sem cultura e educação, sem estrutura física e psicológica é um problema nosso na consciência de que pertencemos a uma só família, como filhos de um único Pai.

domingo, 17 de julho de 2011

Marchas e Paradas

Está virando moda realizar paradas e marchas que abordem alguma reivindicação, ou que demonstre a força de determinada entidade de classe ou religiosa, ou mesmo de um movimento corporativista. Todas elas, com certeza, justas e democráticas. As marchas e paradas não solucionam, mas, são instrumentos importantes para chamar a atenção sobre algum problema que não recebe a devida atenção (Marcha a favor da maconha) e outras que servem também para chamar à atenção, a atenção, a atenção (Parada gay). E , antes que os plantonistas da moral e do politicamente correto se manifestem, quero esclarecer que sou totalmente a favor de qualquer tipo de marcha: nupcial, atlética, fúnebre, eqüina, militar, olímpica, marcha rancho e até marcha soldado cabeça de papel, exceto apenas a marcha à ré. Quanto às paradas, também não tenho nada contra, a não ser a parada cardiorrespiratória. Acredito ainda, que este “sintoma” que acontece não somente no Brasil, é uma prova de que o organismo social está reagindo da sua aparente apatia. Contudo, vamos combinar: temos muitas marchas e paradas que embora legítimas, nos fazem refletir em outras de maior importância sobre o ponto de vista social, que não acontecem com a mesma força e comprometimento da comunidade. Por exemplo, a corrupção. Há tempos convivemos com a corrupção generalizada notadamente na esfera política brasileira e o que acontece? Apenas algumas iniciativas pontuais em alguns Estados do nordeste, verdadeiras marchas lentas em relação à rapidez com o que o problema se espalha no país, atingindo todas as instituições públicas. E vale lembrar, com pouquíssima divulgação na mídia nacional. Quer outro assunto que poderia entrar nas paradas de sucesso? A carga tributária. Temos sabidamente uma das maiores cargas tributárias do mundo que dificultam (ou impedem) o desenvolvimento do país e o assunto não mobiliza, como deveria, toda a sociedade, notadamente os empresários brasileiros. Outras marchas e paradas possíveis: Marcha dos professores, Parada dos Aposentados, Passeata a favor da Reforma Política etc. Em Poços de Caldas, poderíamos ter a Marcha do Monotrilho (por uma solução para o problema), Passeata contra o aumento do número de vereadores, Parada dos Turistas (pela melhoria da qualidade de serviços na rede hoteleira) e tantos outros assuntos que, com certeza, merecem a mobilização quer de uma classe, quer abordando um problema específico, muitos que o próprio leitor poderia sugerir.
Tempos atrás, usava-se a expressão “sociedade civil organizada” quando se desejava exprimir a força de uma coletividade no exercício da cidadania. Com o tempo, o termo caiu em desuso, pois, temos hoje o “crime organizado” de um lado e, de outro, uma sociedade cada vez menos coletiva e mais individualista.
Finalizando, tomara que estes movimentos cresçam.
Somos tão favoráveis às marchas e paradas, que ousamos propor: que tal uma marcha ou parada contra as marchas e paradas?
Afinal, elas atrapalham muito o trânsito.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Morreu Marcos Antonio

Morreu em Poços de Caldas, aos 44 anos, Marcos Antonio. No anonimato, assim como diariamente nos deixam Josés, Marias, Pedros, Aparecidas, Sebastiãos e tantos outros. Com certeza, a morte de Marcos será sentida principalmente pelos familiares e amigos mais próximos e, a eles, nosso respeito e solidariedade. Só que Marcos Antonio não era uma pessoa tão comum assim. Ele era singular e marcou (com o perdão do trocadilho) sua presença na vida de centenas de pessoas, notadamente, dos jovens que viveram a década de 1980 em Poços. Marcos era uma figura popular, destas de personalidade diferenciada por sua autenticidade e veracidade em atitudes, vestuários e comentários. Assim, com seu alto astral fazia a alegria e a descontração das rodinhas que se formavam em bares e boates da noite poços caldense.
Nesta manhã de inverno de céu cinzento e triste, acordamos com a notícia da morte de Marcos Antonio Ferreira, o popular “Pé na Cova”. Leva com ele um pouco da história de cada um que vivenciou a Poços daquela época. A sua ausência, nos traz presente na memória, pessoas que são “enterradas” e esquecidas nesta cidade que cresce a cada dia e se expande por todos os lados.
A história de um município é construída por homens ilustres, por prédios ilustres, por fatos ilustres que registram o desenvolvimento e o crescimento de uma comunidade. Mas, é na gente mais simples, naqueles que por um diferencial humano e, por vezes, folclórico, é que a cidade escreve suas páginas mais significativas. Como esquecer José Domingos de Alcântara e Silva, o Zé Biri? Pessoa de grande popularidade e que, de acordo com a historiadora Nilza Megale, “ao final da Segunda Guerra, cada pracinha que voltava a Poços de Caldas, era levado para casa carregado nos ombros por Zé Biri”.
Como não lembrar o “Seu Margarido” que subia a rua Rio Grande do Sul, com seu carrinho de mão e que, diziam, fazia comida com carne de gato? E da “Inocência” que gritava sempre contra “a pulicia”? Na década de 80 também, o inesquecível e ainda vivo “TKR”- um verdadeiro show man que cantava em várias línguas na Praça Pedro Sanches imitando um locutor de rádio, com um copinho de iogurte (“microfone”) nas mãos? E da “Ximbica”, da Maria Borsuda, João Gamela, Bebé Chorão, Onofre e Cacilda? Por onde anda (se é que está vivo?) o “Pacência”? Nos dias atuais, o nosso amigo “Armoço” e, além dele, o ‘Palmeirense” e o “50 centavos”.
Todos eles, pessoas que fizeram (e fazem) a vida mais humana e sensível e que nos mostraram (e mostram) que “loucos” somos nós, personagens “lúcidos” do século XXI, correndo atrás do vil metal, em frente à tela de um computador.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Blá, blá, blá

“Atenção emissoras para o top de 5 segundos. Dentro de instantes, transmissão da Propaganda Política Obrigatória reservada ao Partido...”
É assim, ou quase, que nós brasileiros somos “convidados” a permanecer na poltrona (ô da poltrona) para assistir ou ouvir a propaganda obrigatória dos partidos políticos.
Particularmente, confesso que, como milhares de pessoas, faço o maior esforço para ouvir o que os políticos têm a dizer, na esperança e na torcida para que algo ou alguém me surpreenda, mas... ”eu presto atenção no que eles dizem e eles não dizem nada”.
Daí vem às perguntas obrigatórias e gratuitas: Por quê? Para quê? Para quem?
Ora, está mais que provado (e reprovado) que a maioria das pessoas, ou quase, muda de canal, desliga a televisão, vai pra cozinha, vai ao banheiro, liga para a sogra, discute com o marido, liga a internet, tenta dar conselhos ao filho mais novo, quando se anuncia a transmissão do programa político.
As razões são óbvias. Além da descrença com a classe política, o cidadão está cansado, saturado, enfastiado, de ouvir discursos repetitivos, mal redigidos, vazios e inconsistentes.
Chega até ser simplório, ver deputados e outros, se utilizarem do teleprompter – equipamento acoplado às câmeras que auxilia a leitura- para pronunciar 40 palavrinhas preparadas anteriormente, sem o mínimo de objetividade.
Fala-se muito em “programa propositivo” em uma tentativa de passar ao cidadão que “existem propostas para os graves problemas nacionais”. Balela. Continua existindo, isto sim, uma chuva de chavões como “lutamos pelos ideais do nosso partido, que é o bem estar da população menos assistida”. Ou “o nosso partido é o Brasil e não abrimos mão de exigir melhores condições de saúde, educação e moradia para a comunidade”.
Embora proibido, o que se observa é um palanque eleitoral ou mesmo a possibilidade de se exaltar determinado “figurões” dos partidos para alavancar votos e novos ingressantes.
O pluripartidarismo nos legou a análise combinatória dos “Pês”, a ausência de ideologias e os discursos sem “cursos”.
Por outro lado, nos conformamos. Ficaria realmente difícil, senão impossível, os partidos apresentarem conteúdo na TV e no rádio, pois ninguém dá o que não tem. Em outras palavras, o que a maioria dos partidos leva para seus programas na TV e no rádio, é o que eles, infelizmente, têm a oferecer: nada.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Compromessas" de governo

A política é a arte da mudança. Muda-se de partido, “de lado”, de ideologia, de “companheiros”, de opinião e de linguagem. Com relação à linguagem, a política é também, a arte da retórica. Aqui cabe lembrar que a retórica é elemento essencial para a publicidade, buscando convencer o consumidor que determinado produto é o melhor. No “politiquês”, a retórica busca convencer o eleitor, principalmente durante as campanhas eleitorais, que tal candidato é o mais indicado para exercer determinado cargo.
Mas, se reparamos bem, ao longo do tempo houve mudanças na linguagem, embora o “produto” que as pessoas comumente recebem é o mesmo. Tempos atrás, a linguagem do político era a do “eu prometo”. Prometiam-se tudo: casas, empregos, postos de saúde, hospitais, creches e cargos. Tudo era válido para se conquistar o voto e o devoto. Porém, como as promessas geralmente não eram cumpridas e o cidadão começou a perceber o engodo, mudou-se a forma de falar a mesma coisa. As promessas então, se tornaram “compromissos de governo”. Na verdade, são realizados “planos de governo” baseados, geralmente, em pesquisas pré-eleitorais junto à população. Depois disto, atende-se a demanda com propostas (outra palavrinha nova) para determinada cidade, estado ou federação. Passado algum tempo da posse do eleito, como ninguém mais se lembra das “propostas” (nem o eleitor, e, muito menos o eleito), fica tudo combinado e nada resolvido. Ou seja, se o eleitor cobrar as “promessas”, o eleito dirá que eram apenas “propostas” e daí, “empatemo, não ganhemo, nem perdemo, assinado NIcodemo”.
Contudo, (ainda bem que neste caso há a conjunção adversativa) existe já em 23 municípios brasileiros (incluindo São Paulo e Rio de Janeiro), um túnel no final da luz: a lei das metas. Uma emenda à lei orgânica do município que exige que os prefeitos apresentem, em geral até 90 dias após a posse, um plano de metas quantitativas e qualitativas para a sua gestão com base nas “propostas” da campanha eleitoral. Tal projeto foi inspirado em “Bogotá Como Vamos”, criado em 1997 na capital da Colômbia. Pela lei, os prefeitos são obrigados a apresentar periodicamente relatórios de desempenho. São Paulo, por exemplo, a avaliação das 223 metas do plano ocorre semestralmente e pode ser conferida pela internet. Não há punição legal contra os que não entregam o “proposto”, mas, pelo menos, os cidadãos terão uma “régua” para medir o que foi prometido (ops) e não foi cumprido.
Claro que não se resolve a situação com a existência da lei, ainda mais em um país onde existem leis que “pegam” e as que “não pegam”. Necessita-se do comprometimento do executivo municipal e de cobrança por parte dos cidadãos. No mínimo, é um avanço de gestão, quando na maioria dos municípios brasileiros, o eleitor sofre com a “indigestão” pública.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Drogas S/A

Invariavelmente, um assunto faz parte do cotidiano de todos os meios de comunicação: crimes relacionados ao consumo de drogas. Se atentarmos para os conceitos capitalistas e mercadológicos da oferta e da procura, de quem produz e quem consome, a droga é hoje a grande indústria mundial. A Organização das Nações Unidas estima que o tráfico movimente 400 bilhões de dólares no mundo, em comparação com a indústria farmacêutica global que fatura 300 bilhões; a do tabaco, 204 bilhões, e, a do álcool, 252 bilhões.
Temos de um lado, os produtores, desde pequenos de ”fundo de quintal” até os grandes da rede internacional do narcotráfico. Na relação entre quem produz e quem consome, uma complexa rede de distribuição, que envolve desde pequenos traficantes, os chamados “mulas”, até os “colarinhos brancos”, estes últimos geralmente oriundos de classe média alta.
Mas, tal indústria não existiria se, na outra ponta da cadeia, não estivessem os consumidores, os usuários, dependentes e co-dependentes que mantêm o comércio de compra e venda para alimentar o próprio consumo. Some-se a isto, a falência de nossas instituições agravada pela corrupção de policiais, morosidade da justiça e um sistema penal que favorece a escola do crime.
Como fator importante no mercado tem-se um meio ambiente propício. Se de um lado, o sistema incita ao consumo, de outro, segrega as pessoas, ampliando as injustiças e o crescimento da miséria social.
Seguindo ainda leis de mercado, a indústria das drogas lança a cada dia um novo produto (atualmente é o óxi) e uma nova unidade é inaugurada periodicamente em cada bairro de qualquer cidade do mundo.
Por tudo, são muitos especialistas e lideres mundiais que afirmam que o mundo já perdeu esta guerra, pois, as drogas estão mais baratas, mais puras e acessíveis, com progressão geométrica no número de “clientes”. Assim, a descriminalização e até a legalização das drogas são indicadas como “remédios” para uma civilização doente. Particularmente, a percepção é de que se não temos soluções, “aceitar e legalizar” é a única saída, o que não acreditamos.
Como deter a indústria da droga é a pergunta que se faz sem resposta convincente.
Alguns pontos, porém, parecem ser inquestionáveis. A necessidade de uma tomada de decisão realmente séria e profunda sobre o tema. A soma de várias frentes de combate: políticas, sociais, judiciárias e criminais. E, principalmente, como pilar de todas as atitudes, o que sugerimos denominar de EPI: Educação, Prevenção e Informação.
Importante é refletir que a Drogas S/A recebe a cada dia grandes investidores, resultado de um longo período de perda na Bolsa de Valores Humanos e da queda crescente nas ações de combate efetivo do problema.
Precisamos envolver todos os setores sociais: empresas públicas e privadas, instituições governamentais e não governamentais e, em conjunto com a comunidade, decretar a nossa concordata no presente, para que, no futuro, não tenhamos que admitir a falência do ser humano.