terça-feira, 17 de março de 2009

Poços hoje

A gente nem percebe, mas Poços de Caldas muda a cada dia, a cada hora. Comece a notar isto, em sua própria rua. Repare: é uma nova casa, um novo prédio, um empreendimento comercial que fechou, ou outro que está abrindo suas portas. Isto, com certeza, tem muitas razões. Somos uma cidade privilegiada, “um céu entre montanhas”, como dizia o poeta. Temos a natureza a nossa favor, temos água, energia elétrica, uma qualidade de vida atestada por quem mora aqui, ou por quem está de passagem. Temos indústrias, hospitais, escolas, universidades, um comércio ativo, um shopping center. Somos um ponto atrativo de turistas e de consumidores. Somos, por assim dizer, a capital do Sul de Minas.Mas, tudo isto, que sabemos e reconhecemos ser verdadeiro, tem um preço: os problemas também começam a nos incomodar mais. A violência, antes vista apenas nas grandes cidades e pela televisão, hoje se estampa na mídia local. O desemprego alcança dezenas de pessoas a cada dia. A falta de creches e escolas também se faz sentir. O trânsito se complica pelo excesso de carros que prejudica a fluidez de tráfego e resulta na falta de vagas de estacionamento. A saúde começa a sentir o peso da demanda, pela chegada cada vez maior de pacientes de outras cidades. E isto tudo também pesa sobre cada cidadão. A competitividade é mais acirrada, as cobranças se avolumam, a pressão de empregadores sobre os empregados é maior, resultando em um estresse na cidade reconhecida como estância propícia ao relaxamento.Vendemos aos turistas aquilo que, talvez hoje, nós mesmos já não possuímos : a tão decantada tranqüilidade de uma cidade do interior.
Observe, o poçoscaldense a cada dia vive mais apressado. Os papos nas esquinas, quando existentes, são cada vez mais curtos. Temos sempre algo urgente a fazer, a cumprir.
A proximidade com Campinas e São Paulo nos afeta, mesmo que a gente nem perceba. Somos mineiros no coração e paulistanos nos gestos.
A vida é urgente e o relógio da matriz marca hoje um novo tempo. Embora na Praça Pedro Sanches, o coreto insista em lembrar o passado e nos bancos da praça, poçoscaldenses de outrora são testemunhas vivas de uma Poços de Caldas que já não existe mais.