domingo, 3 de maio de 2009

Tic Tacs e Piripaques

No início, o homem marcava o tempo pela posição do sol e daí nasceu o primeiro instrumento astronômico: o relógio do sol. Passado algum tempo, o homem inventou a ampulheta e a passagem do tempo foi mensurada pela areia existente no interior deste aparelho.
Naquela época, o tempo era uma areia movediça que, através de um pequeno orifício, consumia lentamente a vida.
Posteriormente, inventou-se o relógio de bolso que tinha uma tampa e, dizem, (pois isso não é do meu tempo) que até se tirá-lo do bolso e ver as horas, o tempo demorava mais para passar. O relógio ficava escondido , como o dinheiro e, lentamente, gastavam-se o tempo e o dinheiro. A frase “tempo é dinheiro”, é razão da convivência antiga entre ambos.
Naquela época, o relógio é que se preocupava com o tempo.
O tempo passa e Galileu Galilei (que não era uma dupla sertaneja) inventa a Lei do Pêndulo e a partir daí, ficamos “dependulados” no tic e tac (deve existir uma dupla sertaneja com este nome) do relógio. Começávamos a ter tiques e taques nervosos a cada movimento do pêndulo.
O tempo não para e no início do século XX, com a preocupação em ver as horas e não perder o comando do seu teco-teco, o brasileiro Santos Dumont inventa o relógio de pulso. A partir daí, o batimento do coração , termômetro da vida, passa a ser resultado do relógio, cronômetro do tempo.
Hoje, a vida se funde e se confunde com o tempo. O tic tac acelera o nosso batimento cardíaco e passamos a ter piripaques buscando gastar melhor o tempo.
Estamos cercados por todos os lados e os relógios na parede, na torre da matriz, no pulso, no celular ou na tela de um computador nos olham como sensores do tempo, censores da vida.
Somos acordados ao som de um despertador. Digitalizamos o tempo e a tecnologia nos trouxe o relógio a quartzo e o atômico. E uma pergunta a todo momento vem nos atormentar: que horas são?
É a vida sendo fatiada em segundos, minutos e horas na nossa absoluta falta de tempo.
O passado é hoje e o futuro já passou. Corremos atrás do tempo e ele não se deixa alcançar. Prossegue sem olhar para trás, sem esperar os cansados, sem prolongar as vitórias. Consome as horas, engole as estações, percorre veloz o calendário, sem se preocupar com os que se afligem com a aproximação inexorável do final.
O tempo é insensível.
A morte é apenas o ponteiro que parou, o aviso de que o nosso cartão do tempo ficou sem crédito.