sábado, 26 de março de 2016

Páscoa em nós

Morremos dias atrás e renascemos há pouco. 
Entre o que foi e o que virá, existe o intermezzo, a passagem, a transição. Encerramos uma frase com um ponto final e iniciamos outra sem saber ainda o que escreveremos.
Existe o imperativo de atravessar o rio, deixar a margem já conhecida e enfrentar a correnteza, buscando chegar ao outro lado.
Levamos nesta viagem roupas já surradas e algumas que revelam nosso novo vestuário.
Não somos o que fomos e nem ainda o que seremos. Coexistem duas faces que já não revelam o mesmo rosto.
Sozinhos em nosso quarto, abrimos a gaveta da memória e um álbum com cenas, gestos e falas é o filme de um passado recente. A nossa frente, os olhos percebem a janela semiaberta descortinando o futuro em névoas de incerteza.
Alguns hábitos parecem não nos querer deixar e desejamos, por vezes, ser acolhidos pelos braços do conhecido. Mas, sabemos, não há volta em nossa ressurreição, em nossa nova escritura.
Seguimos. O sol aparece entre nuvens. Revivemos.

Bronquite

O Lula é elite,
O governo, conjuntivite
O povo, gastrite.
O impeachment, apendicite
Os amigos de Lula, amigdalite
A fala da Dilma, diverticulite
A cassação do Cunha, labirintite.
A Operação Lava Jato, dinamite
O apartamento de Lula, suite
o bolso do trabalhador, bursite
A maioria do povo e o atual governo, desquite.
Se o corrupto não pagar, apite
Se o processo não andar, persiste,
Se quiserem te enrolar, resiste.
Mas, se depois de tudo, o país não mudar
Só resta uma única saída: vomite.