terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Quem dá mais?

A fé remove montanhas, diz um ditado popular.
Porém, o que notamos hoje são as montanhas de dinheiro, resultado da mercantilização da fé, da comercialização do sagrado, do aproveitamento inescrupuloso do sofrimento humano e de sua confiança em um ser superior.
Quem dá mais?
Quanto mais você der, financeiramente falando, mais auxílio você terá, mais bênçãos serão derramadas, como se o Criador fosse um contabilista a creditar juros e correção nas contas daqueles que doam até o que não têm, mantendo assim as mais diversas correntes religiosas, se é que isto pode ser denominado de religião.
Aliás, cabe refletir que religião vem de religar, significando a busca por uma aproximação do ser humano ao seu Criador. E com certeza, a ligação com o divino não se faz através de uma conta corrente.
Quem dá mais?
Apregoam a força do espírito, mas sorrateiramente e contraditoriamente, materializam suas ambições às custas daqueles que são marginalizados, penalizados e esquecidos por uma sociedade cada vez mais voltada ao ter, do que ao ser.
Reforçam os conceitos capitalistas, porém, estes vêm embalados com simbolismos dos mais diversos, camuflados pelo que dizem ser a luta do bem contra o mal.
Financiam a salvação, capitalizando sentimentos, através de uma oratória cuidadosamente preparada para sensibilizar os que têm na fé, o seu único motivo para continuar vivendo.
Quem dá mais?
Fazem do livro sagrado, um livro contábil onde o débito será corrigido pelas doações em dinheiro dos que creditam suas esperanças e seus sonhos de uma vida melhor.
Ser feliz passa necessariamente, segundo o que apregoam, pelo ter, ter uma casa, ter um carro, ter uma empresa, e isto tudo será concedido àquele que der o que tem.
Quem dá mais?
A fé se torna caixa registradora, as orações, moedas de troca, e o divino, um operador de bolsa de valores, onde o maior valor, não é certamente o ser humano, mas o dinheiro, este sim que paga os nossos pecados, que perdoa os nossos débitos, que nos assegura um lugar no céu.
Quem dá mais?

Nenhum comentário:

Postar um comentário