Apesar de
tudo o que vem ocorrendo no cenário político com a recente condenação de Lula,
não podemos tirar o mérito do ex-presidente e do Partido dos Trabalhadores
quando, em sua nascente, dezenas de anos atrás, encantaram a muitos, com um
discurso de justiça social e a possibilidade de reduzir o fosso entre ricos x
pobres.
Havia um
“sonho”, um ideal de que o Brasil seria um país muito melhor e que o “olhar”
dos governantes se voltaria finalmente para as classes menos favorecidas. A esperança venceria o medo. Acreditou-se que a
justiça social se faria com o acesso aos
bens de consumo (celulares, TVs, casas, motos, carros...) e o acesso à educação
viria através de políticas de cotas e Fies, para citar apenas dois exemplos.
Contudo, o
acesso ao celular, não garantiu o pagamento da conta que chega ao final do mês.
O acesso a TV permitiu apenas que as novelas dissimulassem e “dopassem” a
consciência do cidadão para a triste realidade do cotidiano.
A política
de cotas garantiu verdadeiramente que muitos chegassem até a universidade
pública, o que antes não ocorria. Porém, sem o mesmo nível cultural de outros
alunos oriundos de escolas particulares e nível de renda superior, os cotistas
se tornaram “diferentes” em um mesmo espaço.
O Fies assegurou
verdadeiramente em sua fase inicial o acesso ao nível superior. Contudo, sem uma
fonte de custeio concreta e sustentável veio a frustrar milhões de estudantes
que viram seus ideais de um futuro melhor serem interrompidos.
Chegamos
hoje na era Temer e, pelo trocadilho providencial, há muito o que temer.
O país
pós-PT está assim: milhões de desempregados nas ruas com milhões de empresas
fechando suas portas.
A classe rica
continua rica, a classe média mais pobre e os pobres endividados com carnês,
cartões de crédito e contas de celular.
O Brasil
antes do PT era verdadeiramente um país para poucos, onde os sonhos demoravam
demais para acontecer.
O Brasil pós-PT é um país sem norte, sem rumo,
onde o medo está vencendo nossa esperança.
Como antes e
depois do PT, no país do carnaval, continuamos a viver de fantasias e os sonhos
continuam sendo vendidos na padaria da esquina.