quinta-feira, 28 de julho de 2011

Humanização: teoria e prática

“Humanização”. Esta atitude tem sido muito comentada nos dias atuais, associada principalmente à saúde. Fato é que, em muitos hospitais, consultórios, clínicas e unidades de pronto atendimento, temos, de um lado, o profissional de saúde (médico, enfermeiro, nutricionista, terapeutas etc.) e de outro, o paciente (o enfermo, o doente, o debilitado etc.), além dos administradores e auxiliares. Nesta relação que envolve muitos personagens convivendo em ambiente de tensão e urgência, a rapidez geralmente toma o lugar da percepção, a hierarquia fortalece o poder e a comunicação interpessoal ganha à linguagem do imediatismo. O resultado: automatismo nas ações com o ser humano se tornando sem nome, sem identidade e história de vida. O prontuário ocupa o lugar da conversa. O exame substitui o toque. Entre os sintomas que literalmente demonstram a “desumanização” na saúde está o relógio do médico. Este, na maioria das vezes, muitas horas atrasado em relação ao horário do paciente. No Brasil, tal prática se tornou tão habitual que ficou institucionalizada: surgiu a sala de “horas de” espera.
Contudo, humanizar não deve ser exigência cobrada apenas do setor de saúde. Tal atitude deveria estar presente, por exemplo, na relação entre políticos e cidadãos. Quantos políticos cumprem os seus compromissos de governo? Quantos tratam bem os funcionários? Quantos não se encantam com o poder e desencantam os cidadãos?
Como humanizar a Justiça em nosso país, desde a “indústria” do exame da Ordem da OAB, passando pelo volume cada vez maior de processos e demandas de um judiciário sem estrutura, até chegar a um sistema penal retrógrado e ineficaz?
Humanizar deveria ser prática diária de mão dupla entre patrões e empregados, balconistas e clientes, atendentes e atendidos.
A humanização não é técnica que se aprende em manuais. Ela passa necessariamente por aquilo que nos torna realmente humanos: o sentimento. Assim, não basta um sorriso dado literalmente “da boca pra fora”. É preciso perceber o outro, sentir o outro, escutar o outro. É unir conhecimento técnico à experiência emocional. É ser efetivamente afetivo. É desligar o automático e ativar a cumplicidade positiva. É vivenciar os conflitos do que nos é antagônico na certeza do aprendizado mútuo.
Humanizar não é ser “bonzinho” seguindo regras mecânicas de comportamento buscando o interesse próprio, mas, espontaneamente, sentir-se igual com medos e aspirações, com fraquezas e potencialidades, com as dúvidas e incertezas de quem é simplesmente humano.
Por último, vale roteirizar as atitudes no que disse o psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961): “aprenda todas as teorias, conheça todas as técnicas, mas, quando se encontrar de frente com uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

TV Poços 21 anos - (21/07/2011)

A TV POÇOS mostra todos os dias uma VISÃO PANORÂMICA da vida de Poços de Caldas e região. É uma TV MIX, já que tem programas para todas as idades, um CANAL ABERTO com muita notícia e ENTERtenimento para você, na VISITA AO SEU LAR . Uma CAMERA VERDADE de todos os fatos que acontecem e isto já há 21 anos. A TV POÇOS atinge hoje cerca de 30 cidades e através de profissionais capacitados e equipamentos de ultima tecnologia mostra que está com a SAÚDE EM DIA na SABATINA diária para acompanhar a vida da cidade e da região, quer na NOITE PONTO COM ou mesmo em um DOMINGO FELIZ.
PARE E PENSE: Poços é uma cidade múltipla para quem quer VIVER FELIZ. Tem FESTA NA ROÇA e AMIGOS DA PESCA que sempre são manchetes na MÍDIA RURAL. Por outro lado, Poços é também a capital do Sul de Minas na ROTA BR. Um município que tem um forte e ESPECIAL TURISMO, indústrias, um MERCADO DE IMÓVEIS atuante e que, com tanto desenvolvimento, se tornou um verdadeiro GUIA DE NEGÓCIOS para você COMPRAR BEM. A qualidade de vida é destaque: aqui é sempre TEMPO DE ESPORTE num BATE BOLA na CONEXÃO ESPORTE e Vida e no PIQUE DA PUC. As ruas de grande movimento se tornaram um verdadeiro SHOPPING DE VEICULOS, onde o MOTOR E CIA convivem com um comércio dinâmico através de lojas modernas e de restaurantes onde se pode apreciar gastronomia variada, da COZINHA CRIATIVA da comida mineira até O PRAZER DA CARNE. A TV Poços vive a cidade e as suas emoções, mostrando também a vida de poços caldenses que vivem em NEW YORK- UM SONHO BRASILEIRO. A HORA DA VERDADE sempre chega através do TELEFATOS e do JORNAL DO SUL DE MINAS. Por tudo, todos nós que trabalhamos aqui, QUEREMOS DEUS nos abençoando dia a dia para fazer da TV POÇOS uma emissora cada vez melhor, com a cara de Poços de Caldas e região.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Menor: o problema maior

Não é simplesmente um jogo de palavras. O maior, ou um dos maiores problemas nacionais, é o menor, principalmente, a criança ou adolescente que se encontra em condições de risco. A frase milenar do sábio Pitágoras “educai as crianças e não será necessário punir os homens” se torna a cada dia mais atual. A situação do menor passa por vários ambientes: econômicos, sociais, políticos, culturais, psicológicos, daí, a complexidade na busca por soluções. Na atualidade, como um dos agravantes mais determinantes, os problemas dos pais com a dependência química (leia-se drogas e álcool) têm afetado um número maior de crianças, além de resultar em um índice crescente da gravidez na adolescência. A abordagem de como tratar ou minimizar os impactos que uma criança pode sofrer demanda a participação do poder público e de toda a sociedade.
Refletindo sobre como resolver ou atenuar situação tão ampla e abrangente, nos veio à lembrança uma história que diz o seguinte. Dois pescadores estavam em um rio e de repente um deles viu uma criança se afogando. Mais que depressa, o pescador saltou no rio para salva-la. No mesmo instante, o outro pescador viu outra criança se afogando e fez o mesmo, pulou no rio para salva-la. Nem bem eles já estavam salvando as crianças, notaram que outras também estavam se afogando. E mais uma vez pularam no rio para salvá-las. E isto continuou a acontecer, até que um deles disse ao outro:- Tente salvar as crianças que puder que eu vou lá em cima ver quem está jogando as crianças no rio.
Assim, metaforicamente, como saber quem está jogando as crianças no rio, ou seja, como tentar interromper ou atenuar o grave problema do menor no Brasil? Entre outras analises, uma das soluções parece ser através do planejamento familiar. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 120 milhões de mulheres no mundo desejam evitar a gravidez, porém, nem elas, nem seus parceiros estão fazendo uso dos métodos contraceptivos. Entre outras causas, está à falta de informação que não chega principalmente nas classes de menor poder aquisitivo. Faltam orientação e acesso aos métodos para se evitar a gravidez, preservando, é claro, a saúde da mulher. O resultado é o nascimento cada vez maior de crianças em famílias que não possuem condições adequadas para cuidar da criança e do adolescente com tudo o que estes necessitam para se tornarem adultos preparados a enfrentar os desafios da sobrevivência.
Todo menor ou adolescente com fome, sem cultura e educação, sem estrutura física e psicológica é um problema nosso na consciência de que pertencemos a uma só família, como filhos de um único Pai.

domingo, 17 de julho de 2011

Marchas e Paradas

Está virando moda realizar paradas e marchas que abordem alguma reivindicação, ou que demonstre a força de determinada entidade de classe ou religiosa, ou mesmo de um movimento corporativista. Todas elas, com certeza, justas e democráticas. As marchas e paradas não solucionam, mas, são instrumentos importantes para chamar a atenção sobre algum problema que não recebe a devida atenção (Marcha a favor da maconha) e outras que servem também para chamar à atenção, a atenção, a atenção (Parada gay). E , antes que os plantonistas da moral e do politicamente correto se manifestem, quero esclarecer que sou totalmente a favor de qualquer tipo de marcha: nupcial, atlética, fúnebre, eqüina, militar, olímpica, marcha rancho e até marcha soldado cabeça de papel, exceto apenas a marcha à ré. Quanto às paradas, também não tenho nada contra, a não ser a parada cardiorrespiratória. Acredito ainda, que este “sintoma” que acontece não somente no Brasil, é uma prova de que o organismo social está reagindo da sua aparente apatia. Contudo, vamos combinar: temos muitas marchas e paradas que embora legítimas, nos fazem refletir em outras de maior importância sobre o ponto de vista social, que não acontecem com a mesma força e comprometimento da comunidade. Por exemplo, a corrupção. Há tempos convivemos com a corrupção generalizada notadamente na esfera política brasileira e o que acontece? Apenas algumas iniciativas pontuais em alguns Estados do nordeste, verdadeiras marchas lentas em relação à rapidez com o que o problema se espalha no país, atingindo todas as instituições públicas. E vale lembrar, com pouquíssima divulgação na mídia nacional. Quer outro assunto que poderia entrar nas paradas de sucesso? A carga tributária. Temos sabidamente uma das maiores cargas tributárias do mundo que dificultam (ou impedem) o desenvolvimento do país e o assunto não mobiliza, como deveria, toda a sociedade, notadamente os empresários brasileiros. Outras marchas e paradas possíveis: Marcha dos professores, Parada dos Aposentados, Passeata a favor da Reforma Política etc. Em Poços de Caldas, poderíamos ter a Marcha do Monotrilho (por uma solução para o problema), Passeata contra o aumento do número de vereadores, Parada dos Turistas (pela melhoria da qualidade de serviços na rede hoteleira) e tantos outros assuntos que, com certeza, merecem a mobilização quer de uma classe, quer abordando um problema específico, muitos que o próprio leitor poderia sugerir.
Tempos atrás, usava-se a expressão “sociedade civil organizada” quando se desejava exprimir a força de uma coletividade no exercício da cidadania. Com o tempo, o termo caiu em desuso, pois, temos hoje o “crime organizado” de um lado e, de outro, uma sociedade cada vez menos coletiva e mais individualista.
Finalizando, tomara que estes movimentos cresçam.
Somos tão favoráveis às marchas e paradas, que ousamos propor: que tal uma marcha ou parada contra as marchas e paradas?
Afinal, elas atrapalham muito o trânsito.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Morreu Marcos Antonio

Morreu em Poços de Caldas, aos 44 anos, Marcos Antonio. No anonimato, assim como diariamente nos deixam Josés, Marias, Pedros, Aparecidas, Sebastiãos e tantos outros. Com certeza, a morte de Marcos será sentida principalmente pelos familiares e amigos mais próximos e, a eles, nosso respeito e solidariedade. Só que Marcos Antonio não era uma pessoa tão comum assim. Ele era singular e marcou (com o perdão do trocadilho) sua presença na vida de centenas de pessoas, notadamente, dos jovens que viveram a década de 1980 em Poços. Marcos era uma figura popular, destas de personalidade diferenciada por sua autenticidade e veracidade em atitudes, vestuários e comentários. Assim, com seu alto astral fazia a alegria e a descontração das rodinhas que se formavam em bares e boates da noite poços caldense.
Nesta manhã de inverno de céu cinzento e triste, acordamos com a notícia da morte de Marcos Antonio Ferreira, o popular “Pé na Cova”. Leva com ele um pouco da história de cada um que vivenciou a Poços daquela época. A sua ausência, nos traz presente na memória, pessoas que são “enterradas” e esquecidas nesta cidade que cresce a cada dia e se expande por todos os lados.
A história de um município é construída por homens ilustres, por prédios ilustres, por fatos ilustres que registram o desenvolvimento e o crescimento de uma comunidade. Mas, é na gente mais simples, naqueles que por um diferencial humano e, por vezes, folclórico, é que a cidade escreve suas páginas mais significativas. Como esquecer José Domingos de Alcântara e Silva, o Zé Biri? Pessoa de grande popularidade e que, de acordo com a historiadora Nilza Megale, “ao final da Segunda Guerra, cada pracinha que voltava a Poços de Caldas, era levado para casa carregado nos ombros por Zé Biri”.
Como não lembrar o “Seu Margarido” que subia a rua Rio Grande do Sul, com seu carrinho de mão e que, diziam, fazia comida com carne de gato? E da “Inocência” que gritava sempre contra “a pulicia”? Na década de 80 também, o inesquecível e ainda vivo “TKR”- um verdadeiro show man que cantava em várias línguas na Praça Pedro Sanches imitando um locutor de rádio, com um copinho de iogurte (“microfone”) nas mãos? E da “Ximbica”, da Maria Borsuda, João Gamela, Bebé Chorão, Onofre e Cacilda? Por onde anda (se é que está vivo?) o “Pacência”? Nos dias atuais, o nosso amigo “Armoço” e, além dele, o ‘Palmeirense” e o “50 centavos”.
Todos eles, pessoas que fizeram (e fazem) a vida mais humana e sensível e que nos mostraram (e mostram) que “loucos” somos nós, personagens “lúcidos” do século XXI, correndo atrás do vil metal, em frente à tela de um computador.