Acompanhamos
as prisões dos condenados no processo do “Mensalão”. Entre muitas reflexões em
um país onde a dúvida sobrepõe-se a qualquer certeza, onde fazer o que é certo,
nem sempre dá certo, onde o erro muitas vezes é até enaltecido e valorizado,
temos que, acima da insanidade que acometem os fanáticos, refletir que a
Justiça como pilar de sustentação de um país, deve ser sempre soberana.
Pode-se até
discordar de uma sentença judicial, mas o que não se pode aceitar é que, em nome
de corporativismos partidários ou pessoais, haja a tentativa de desmoralizar ou
descaracterizar o que foi sentenciado pelos tribunais. É de se estranhar, se
não de causar estarrecimento, que aqueles que alegam terem sidos no decorrer de
suas histórias políticas, detentores da moralidade, da honestidade e da
legalidade, de um momento para outro, busquem agora, quando a Justiça não lhes
favorece, desqualificar a ação judiciária se auto intitulando como presos
políticos, bodes expiatórios ou qualquer outro eufemismo.
Se ao povo,
no momento do voto, cabe o julgamento de um político, é nesta mesma régua, sob o
mesmo diapasão, nesta mesma ótica, é que cabe à Justiça em seus preceitos
legais, determinar o veredicto sobre as ações de todo homem público no exercício
de sua função ou mandato. Aqui não estamos falando de Josés ou Joãos, de siglas
partidárias de direita ou esquerda, de governo ou de oposição. Estamos nos
referindo à impunidade, que somada à corrupção generalizada, são os principais
males que afetam a nossa sociedade.
Tentar jogar a população contra a Justiça é
ato que deve ser refutado por todos os que desejam realmente ver esta nação
mais fortalecida na credibilidade de suas instituições.
No caso
citado no início deste artigo, foram anos de discussões e investigações,
milhares de páginas analisadas, centenas de horas dos mais importantes juristas
deste país nas suas mais diversas instâncias para se chegar ao veredicto. Os
réus tiveram ao seu lado, o acompanhamento técnico de seus advogados, no direito
democrático de defesa. Neste sentido, cabe
lembrar que democracia é um sistema de governo, respaldado principalmente pela
legalidade das ações e não pelo que determinado grupo, a seu bel prazer, considera
certo ou errado. Democracia é a proposta que vem consolidar a convivência entre
os opostos e acatar, não aquilo que privilegia interesses particulares, mas o
que tenha como norte o interesse público.
Se os condenados querem verdadeiramente
fortalecer a sua dignidade, que ajam condignamente.
Ano last
but not least, please, não se declarem vítimas, nem heróis, nem perseguidos
pela ditadura, muito menos mártires.
De verdade e
infelizmente, presos estamos todos nós brasileiros, nesta cadeia de corruptos
que de forma endêmica atingiu a todos os setores desta nação acorrentada por
anos de desmandos e mazelas.