terça-feira, 5 de novembro de 2013

Alô, é do 141?


Dizem que o mundo é feito de coincidências. Pode ser. Dizem que os números têm sempre uma resposta. Pode ser. O fato é que ao pensar sobre os 141 anos de Poços de Caldas me lembrei que, coincidentemente ou não, 141 é o telefone do Centro de Valorização da Vida- um local onde um grupo de voluntários recebe ligações de todo o país de gente que necessita de ajuda ou simplesmente quer fazer um desabafo. Bingo! Há males que vem para bens, refleti.  Imaginei que o “meu parabéns pra você pra Poços” seria uma ligação para o 141 que aconteceria mais ou menos assim:
- Alô, é do 141? Queria falar sobre Poços... posso?
- Me desculpe senhor, mas não estou entendendo. O senhor chegou ao fundo do poço e está precisando de ajuda, é isto?
- Não, exatamente. Aí não é do Centro de Valorização da Qualidade de Vida? Pois, então, eu gostaria de fazer um desabafo sobre a qualidade de vida de Poços de Caldas que está completando 141 anos...
- Olha, meu senhor, o 141 é um telefone para que as pessoas reencontrem a felicidade e entendam que a vida se faz no presente...
- Muito bem lembrado. Poços é verdadeiramente uma feliz cidade, porém, o que preocupa não é tão somente o presente, e sim, o futuro.
- -Mas, ouvi dizer que Poços de Caldas é uma cidade muito bonita. Andei de bodinho e de bondinho aí quando eu era criança. Poços, a terra da saúde e da beleza!
- É verdade. Porém, a gente se encantou por demais com as nossas decantadas belezas que a saúde ficou um pouco no desencanto.
- Mas me lembro que a cidade era muito tranqüila, muito segura...
- É, ou era. Já não falamos mais com tanta segurança sobre isto. O que preocupa é a sensação da cidade estar crescendo, porém, sem saber como, onde e nem por quê. A percepção é que não temos uma bússola a indicar se estamos realmente no caminho certo. Estamos no Sul, sem um norte.
- O senhor está me parecendo muito ansioso, está precisando relaxar um pouco...
- Relaxamento.  Talvez seja esta a palavra. Verdadeiramente relaxamos em muitos pontos importantes, improvisamos por demais e, hoje, pagamos um preço alto pelo “fazejamento” sem o devido planejamento. 
 - Olha, sinceramente, não sei como ajudá-lo. O senhor me parece muito impaciente...
- Impaciente? Penso é que estamos virando pacientes. Verdadeiros “tubos de ensaio” para experiências das administrações que se sucedem no poder.
- O senhor precisa ter calma, sair um pouco. Que tal dar uma voltinha de carro com a família...
- Nem me fale nisto. O trânsito aqui se complica a cada dia. O único lugar que tenho quase certeza de achar uma vaga para estacionar é no meu prédio e olha lá...
- Bem, o senhor me desculpe, mas, tenho muitos outros “incêndios mais sérios para apagar” e vou ter que desligar.
- É isto!  O senhor acaba de me dar uma grande ideia.
- Pera  aí.  Não entendi.
- O senhor disse “apagando incêndio” e resumiu com propriedade o que tem acontecido em Poços nos últimos anos: estamos “apagando incêndios” na cidade das águas...
- Mas, e daí?
- Ué, vou ligar agora mesmo para o 193. Quem sabe eles não encontram uma saída... nem que for  a de emergência.


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