sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Fantasias


Apesar de tudo o que vem ocorrendo no cenário político com a recente condenação de Lula, não podemos tirar o mérito do ex-presidente e do Partido dos Trabalhadores quando, em sua nascente, dezenas de anos atrás, encantaram a muitos, com um discurso de justiça social e a possibilidade de reduzir o fosso entre ricos x pobres.
Havia um “sonho”, um ideal de que o Brasil seria um país muito melhor e que o “olhar” dos governantes se voltaria finalmente para as classes menos favorecidas.  A esperança venceria o medo. Acreditou-se que a justiça social se faria  com o acesso aos bens de consumo (celulares, TVs, casas, motos, carros...) e o acesso à educação viria através de políticas de cotas e Fies, para citar apenas dois exemplos.
Contudo, o acesso ao celular, não garantiu o pagamento da conta que chega ao final do mês. O acesso a TV permitiu apenas que as novelas dissimulassem e “dopassem” a consciência do cidadão para a triste realidade do cotidiano.
A política de cotas garantiu verdadeiramente que muitos chegassem até a universidade pública, o que antes não ocorria. Porém, sem o mesmo nível cultural de outros alunos oriundos de escolas particulares e nível de renda superior, os cotistas se tornaram “diferentes” em um mesmo espaço.
O Fies assegurou verdadeiramente em sua fase inicial o acesso ao nível superior. Contudo, sem uma fonte de custeio concreta e sustentável veio a frustrar milhões de estudantes que viram seus ideais de um futuro melhor serem interrompidos.
Chegamos hoje na era Temer e, pelo trocadilho providencial, há muito o que temer.
O país pós-PT está assim: milhões de desempregados nas ruas com milhões de empresas fechando suas portas.  
A classe rica continua rica, a classe média mais pobre e os pobres endividados com carnês, cartões de crédito e contas de celular.
O Brasil antes do PT era verdadeiramente um país para poucos, onde os sonhos demoravam demais para acontecer.  
 O Brasil pós-PT é um país sem norte, sem rumo, onde o medo está vencendo nossa esperança.

Como antes e depois do PT, no país do carnaval, continuamos a viver de fantasias e os sonhos continuam sendo vendidos na padaria da esquina.