quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Deu na telha

O amianto provoca ou não danos à saúde das pessoas? Representantes do setor industrial ligados ao setor dizem que não. Ambientalistas e profissionais da saúde afirmam que o amianto, ao longo do tempo, pode sim, provocar inúmeras doenças ao homem. Dezenas de países no mundo já o proibiram o amianto, outros ainda continuam a utilizá-lo. No Brasil, alguns Estados da federação já vetaram o seu uso, porém, a maioria ainda não o fez. Em Poços, a Câmara, em votação secreta, por sete votos a cinco, resolveu dar consistência ao veto do Executivo no projeto que visava impedir a utilização do amianto em obras da administração direta ou indireta.
O amianto, usado principalmente na fabricação de telhas e caixas d água, é um material de baixo custo e, em razão disso é que talvez se justifique a sua utilização, principalmente, em países em desenvolvimento como o nosso. Não sejamos ingênuos. Existem interesses comerciais, industriais, de viabilidade econômica que norteiam os dois lados: tanto daqueles que são favoráveis ao amianto, quanto aos contrários à sua utilização.
Porém, na construção democrática das opiniões divergentes, não vamos ficar em cima do muro. Em nossa modesta opinião, com a decisão dos vereadores, a cidade se coloca fora do prumo. Pois, se acreditamos que a saúde (não a financeira) é pilar de sustentação de qualquer sociedade, melhor não deixar vazamentos no abrigo da lei. Na dúvida entre os malefícios à saúde e os benefícios econômicos, melhor não construir em terreno arenoso buscando evitar trincas no edifício social. Entre a obra e a mão de obra, melhor optar sempre pela segunda opção. Na engenharia social, qualquer projeto, qualquer obra deveriam ter como prioridade o ser humano. Nunca é demais lembrar que o maior custo é quando a vida está em risco.
Sejamos utópicos. Ousamos propor uma placa a ser afixada em todos os setores públicos onde as decisões interferem diretamente na vida do cidadão. Nela, os seguintes dizeres: “Se você veio a este órgão público, apresentar alguma idéia ou discutir a proposta de algo que traga melhorias ao ser humano, seja muito bem-vindo.“
Sabemos: isto é poesia. O mundo é concreto.

domingo, 21 de agosto de 2011

Novela brasileira

Pátria Minha. Te Contei? Apesar dos Cambalachos e do Vale Tudo existente neste nosso País Tropical, o Insensato Coração de todo brasileiro, ainda tem Esperança. Isto porque, sabemos , existe ainda muita Gente Fina que De Corpo e Alma nos ensina diariamente a Começar de Novo. Gente humilde que nesta Selva de Pedra, ainda valoriza os Laços de Família e que faz Renascer em nós, um Sonho a Mais de ver, quem sabe, o Final Feliz de nossas mazelas sociais.
Sim, estamos cansados de engolir Cobras e Lagartos e, por vezes, nos dá vontade de enfiar o Pé na Jaca. Estamos cansados do político que diz “Eu Prometo”, que se acha O Salvador da Pátria, O Dono do Mundo, o Semideus, e que na sua Escalada do poder, mostra suas Duas Caras. Aquele que no Corpo a Corpo com o cidadão, Morde e Assopra e que destila o seu Suave Veneno por se ver como O Astro, uma Celebridade. O Outro é apenas a Próxima Vítima, pois, o Anjo Mau faz Caras e Bocas iludindo as pessoas com o seu Tititi e, daí, o Jogo da Vida se torna um verdadeiro Deus nos Acuda.
Contudo, para todos aqueles que querem tirar O Direito de Nascer uma nova nação, um Sinal de Alerta. Por Amor a esta Terra Nostra vamos retomar A Viagem na busca permanente de encher de Felicidade as nossas Páginas da Vida. A Fera Ferida existente em cada Bravo cidadão brasileiro está, aos poucos, Como uma Onda, preparando a sua própria Redenção.Em Tempos Modernos, como um Cordel Encantado está se escrevendo, silenciosamente, Pedra sobre Pedra, um novo capítulo em nossa história.
Assim, o Sonho Meu e de milhões de brasileiros de Viver a Vida em um país melhor, com maior dignidade, não será mais um Desejo Proibido. O roteiro estará nas mãos de cada cidadão que será enfim, o protagonista de sua própria história, O Profeta de um novo Brasil.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Siga as Siglas


Você já pagou o IPVA? E o seu IPTU?Caso seja autônomo, não se esqueça do ISS ou mesmo de pagar o RPA. Para evitar que seu nome vá para o SPC lembre-se dos outros carnês e, se estiver “correndo atrás do prejuízo” e, se possível, utilize seu FGTS. Caso seja empresário, olha o ICMS ou o IPI, o COFINS, o PIS e o INSS e mais: atenda bem seus clientes e fornecedores para não ter reclamações no PROCON.
Se estiver desempregado, lembre-se da importância de um bom currículo e dos documentos como a CTPS, o CPF, e a RG sempre nas mãos. Mantenha-se atualizado e capacitado. Faça cursos técnicos. Estão aí o SENAC, o SESC, o SESI, além do SEBRAE e do SEST /SENAT para auxiliá-lo. Se já estiver em um grau universitário, faça um MBA ou mesmo um curso superior via EAD. Ou se for ingressar em uma faculdade, utilize, se possível, o Prouni, ou mesmo o Fies. Ah! Não se esqueça do Enem e Enade. Outra oportunidade interessante é buscar oportunidade em uma ONG ou mesmo em uma Oscip.
Cuidar da saúde é importante. Fique atendo para o stress da vida moderna que pode levá-lo a ter um AVC e precisar chamar o SAMU, além de ser atendido pelo SUS e ser internado em uma UTI. Não se preocupe demais para não ficar com TOC. Se utilizar muito o computador, no acesso à Internet, faça exercícios para não ter LER. Fique atento para a sua vida sexual, pois as DST estão aí. Se pertencer a um grupo de risco (GLS) lembre-se que a AIDS ainda é uma doença perigosa e letal. No ambiente de trabalho, cuidado com a sua segurança. Utilize os EPIs necessários à sua função. Faça parte da CIPA, ou mesmo, participe ativamente da SIPAT.
E se, depois de tudo isto, caso seja casado, ao chegar em casa, sua mulher reclamar que está de TPM, não se faça de rogado: chame a PM e emita um BO.

domingo, 14 de agosto de 2011

Círculo Vicioso

Existem problemas estruturais no Brasil que a gente convive há tanto tempo que até já fazem parte do nosso cotidiano. Infelizmente, nem nos indignamos mais ao ver tanto desmando, tanto descaso, falta de vontade para resolver ou minimizar os graves problemas nacionais. E como um problema gera outro, este circulo vicioso e maléfico acaba por afetar todas as instituições públicas.
Por não priorizarmos o setor da educação, por exemplo, acabamos por gerar graves problemas na saúde. O excessivo número de pessoas doentes resulta em uma demanda acima do suportável ao Sistema Único de Saúde e também ao sistema previdenciário. Mais pessoas doentes, menor número de pessoas nas escolas, no comércio e nas fábricas. Resultados? Menor produtividade, menor capacitação, desemprego e prejuízos na qualidade de vida da sociedade.
Quer outro exemplo? Uma justiça ineficaz com um sistema judiciário sem estrutura que acaba por afetar a credibilidade das leis e favorecer a corrupção e a impunidade. Geramos com isto mais violência e maior numero de criminosos a serem capturados e acolhidos pelo sistema penal. O resultado? Celas superlotadas favorecendo a “escola do crime”, sem a menor capacidade de recuperação e de retorno do indivíduo ao convívio social.
Um sistema político retrógrado e obscuro acaba por resultar em partidos políticos de ideologias inconsistentes, gerando governantes ineficientes sugados pela areia movediça do poder e dos interesses escusos. O resultado? Corrupção, ausência de planejamento e de prioridades, insensibilidade social e o pior deles: o desinteresse e a apatia dos cidadãos com a política, retroalimentando o sistema.
Vamos, ao longo do tempo, convivendo com as conseqüências, e jogando a sujeira para debaixo do tapete. Combatemos a metástese, mas, não eliminamos as causas das nossas doenças sociais.
No país do faz de conta, estamos mal na tabela dos campeonatos da educação, da saúde e da infraestrutura.
Mas, tudo bem, vem aí o Campeonato Mundial de Futebol.

sábado, 13 de agosto de 2011

Carta ao meu pai

Pai,

Esta carta poderia (deveria) ter sido escrita há vários anos.
Nem eu, nem você, pensamos nisto. Ou, quando pensamos, a vida nos interrompeu e ficaram palavras sem dizer, muitos abraços sem se trocar, desculpas sem pedir, perdão sem se dar.
Mais que isto, pai, não escrevemos quase nada juntos. Eu gosto muito de música e o senhor tinha a música como profissão e paixão, mas, nem uma nota entoamos. O senhor sempre foi muito espirituoso, porém, nem uma piada contamos juntos.
Eu queria tantas vezes lhe relatar meus sonhos, mas o senhor estava longe, pensando nos seus que foram desfeitos. O senhor querendo contar suas apreensões, suas angústias. Querendo contar o seu passado e os seus motivos, e eu querendo falar do meu presente, do meu futuro, dos meus medos e inseguranças.
O senhor vivia me olhando como se perguntasse: “O que este meu filho pensa de mim”. E eu lhe olhando e questionando o que “meu pai quer de mim?”
Pai, eu vi seu corpo definhando aos poucos e tentava de alguma maneira testar o “seu computador”, que o senhor dizia que nunca falhava. ”Qual o número da senha do banco?” “Qual o número do meu telefone” “Qual o dia do nascimento de tal filho”?
O senhor estava muito próximo, mas, nossas vidas moravam muito distantes uma da outra.
Por vezes, sentia que o senhor iria me contar algo muito importante,pai. Alguma coisa que definisse ou que unisse nossas vidas tão dispersas.
Mas, o dia-a-dia interrompia as nossas verdades e o que sobrava eram apenas frases de um cotidiano meu e seu. “O que o senhor comeu hoje?” “Amanhã eu vou trazer minha mãe aqui”. E nas despedidas: “Deus lhe abençoe meu filho e lhe abra os caminhos”
Escrever esta carta está sendo muito difícil, pai. Para onde vou remetê-la?
Pai, saiba que eu sempre senti no fundo do meu coração que o senhor me fazia muita falta. Quantas vezes chegava da rua querendo contar algo que tinha acontecido comigo. Mas, minha mãe dormindo, os meus irmãos já com as suas vidas e eu apenas com o travesseiro como confidente. O que fazer? Para onde ir? Como resolver tal problema? Será que ela gosta de mim? Devo ou não tomar tal decisão?
Pai, sei que sabe que contei muito com a minha mãe, que sempre foi o que o senhor não pode ter sido. Mas, o senhor também sabe que não é a mesma coisa. Voz de mãe soa diferente, assim como uma pequena onda que chega cansada ou descansada à praia. E, quantas vezes, precisamos daquela onda forte que se arrebenta nas pedras. Voz de mãe lembra canção de ninar, mas quantas vezes precisamos é de um toque de alvorada a nos acordar para a vida, a nos preparar para a batalha.
Os nossos abraços lembra pai? Sempre foram muito rápidos e tímidos. Na verdade era como se tivessem que ser interrompidos para não permanecerem indefinidamente.
Minha mãe sempre nos olhando, nos observando e eu, em meio a ambos, correndo de ambos, querendo deixá-los a sós, porque, vocês também ficaram muito tempo sem dizer nada um para o outro. E como nos faz falta dizer, como faz falta um gesto, como faz falta... a falta sua, pai.
Hoje tento me agarrar ao que vivo. Dia após dia, pai, sigo o meu caminho. Mas, quase sempre sinto a vontade de perguntar: aonde essa estrada vai me levar?
Pai, aqui embaixo, a minha luta continua.
A banda e o coreto que o senhor tantas vezes tocou também continuam.
E as suas lembranças e sua falta também permanecem em mim.
Fique em paz, pai.
Seu filho!

domingo, 7 de agosto de 2011

Doze é a dose?

Está em discussão em Poços de Caldas, bem como em municípios do país, o número de vereadores que devem compor a Câmara Municipal. Audiência pública realizada recentemente em Poços manteve a polêmica: mantém-se 12 vereadores, ou amplia-se este número para 15, 17 ou o máximo de 19, conforme delimita a legislação federal?
Se a questão é numérica e representativa, vamos refletir. A maior cidade do país, São Paulo, tem 11.244.369 habitantes, com 55 vereadores, o que resulta em cerca de 0,244 habitante por vereador. Poços de Caldas tem 152.435 habitantes e 12 vereadores, o que resulta em aproximadamente 12.702 habitantes por vereador. Então, São Paulo tem uma Câmara bem menos representativa que Poços de Caldas?
Continuando com os números comparativos entre as mesmas cidades. O salário bruto (sem as verbas adicionais de gabinete) de um vereador em São Paulo é de R$ 9.288,00. Em Poços de Caldas, um vereador tem um salário de R$ 8.109,87, ou seja, R$ 1.178,13 a menos. Então, o vereador em São Paulo ganha mais que o de Poços de Caldas?
Agora, continuando com os números, vamos comparar as remunerações dos vereadores com o atual o salário mínimo (R$ 545,00) e com as sessões que os vereadores têm durante o mês em relação aos dias trabalhados por um comerciário.
- Espera aí – dirão muitos- estamos comparando “alhos com bugalhos”. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
É verdade. Números absolutos são apenas referências e devem ser enxergados em um contexto muito mais amplo. Quantidade realmente não quer dizer qualidade e nem representatividade. O argumento de que o aumento no número de vereadores implica em maior representatividade é analisar apenas o concreto e não avaliar o subjetivo. Um vereador pode representar, em seu trabalho, apenas os interesses de um segmento, contrariando, por vezes, os de uma comunidade inteira. E daí, ele estará sendo representativo ou não?
Em meio a esta discussão, o que pensaria o cidadão comum, aquele que tem no vereador, um legitimo representante das suas necessidades e reivindicações?
Não temos procuração para responder pelos munícipes, porém, nos parece que a maioria não deseja o aumento no número de vagas na Câmara. Qualquer atitude que implique no crescimento dos gastos públicos é naturalmente refutada, alicerçada na consciência comum de que tal ampliação na quantidade não implica necessariamente na melhoria da produtividade legislativa. Nunca é demais lembrar que o investimento a ser feito, não pertence à Câmara e sim, a população. Esta deve ser ouvida, antes de qualquer decisão. Daí, até a audiência pública, louvável em sua realização, não tem a representatividade necessária pelo número de cadeiras existentes no plenário atual e o número de habitantes do município. Mais uma vez: números são indicadores, mas, necessitam de uma leitura muito mais ampla.
Finalizando, se o vereador realmente representa os anseios da população e para isto foi eleito, a melhor justificativa para a manutenção dos atuais 12 vereadores, seria acatar a vontade popular.
Além disso, são apenas discussões políticas e partidárias, nada mais.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Super hiper mega

Vivemos a era do super hiper mega.
Buscamos ser insuperáveis e nossa meta diária é a superioridade.
Lemos, ouvimos e assistimos somente o que nos é superinteressante.
Somos super legais e necessitamos ser super conhecidos.
O momento é ser big, brother.
Vamos ao hipermercado, participamos de megaliquidação,
compramos o supérfluo e vendemos nosso superávit.
Idolatramos os superstars e o Guiness é nosso livro de cabeceira.
“We are the champions, my friend”.
Nossos esportes são super radicais.
Voamos em um ultraleve e pulamos no big jump.
Fazemos dieta super saudável , ultra balanceada
e comemos um Big Mac.
Somos supersticiosos, megalomaníacos e moramos em megalópoles.
Somos superdotados e nossos filhos, hiperativos.
Estamos hiper agressivos, hiperglicêmicos e hipertensos.
Os nossos super-heróis morreram de overdose.
O nosso ego é super.
Somos, no mínimo, o máximo.