terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Poços: diabolicamente angelical

Ao andar por Poços de Caldas, difícil não enxergar o que a janela descortina.
A beleza das ruas, dos jardins, dos recantos que a natureza criou.
A majestade das Thermas, a imponência do Palace Casino, a perfeita sintonia das mãos do homem, no Cristo Redentor, com a Serra de São Domingos, escultura do criador.
Contudo, inexorável é o crescimento. Novos prédios surgindo, na verticalização que segrega ainda mais a horizontalidade dos que se sabem iguais. Avenidas se ampliando como veias de asfalto a percorrer o teu corpo. A velocidade dos passos, contrastando com a mansidão dos que se aposentam nos bancos na praça. O trafegar das charretes e o bilhete eletrônico no transporte coletivo.
É Poços, tu crescestes muito, e os trilhos da Mogiana são hoje linhas amareladas no livro da tua história.
Mas, nessa pororoca entre o passado e o presente é que vemos surgir uma cidade diferenciada. É na junção do que é visto como antagônico, a indústria e o turismo, a calma e a pressa, o antigo e o novo, a criança e o velho, das águas que brotam das tuas fontes e do fogo que, no subterrâneo, aquece as tuas águas, que te fizeram assim, Poços, democraticamente divina.
Abre teus braços e, hospitaleiramente, acolhe os que buscam apenas a tranqüilidade em um final de semana.Tu és bucólica e artesanal.
Agasalhas também os que apostam aqui suas fichas no futuro, quer nas universidades que se proliferam em teu solo, quer nas empresas que se instalam em teus bairros.
Tu és desenvolvimento e modernidade.
Tens a sabedoria de que os opostos não se dividem. Eles se somam, se complementam, se integram como o sol e a lua, o dia e a noite, a rosa, símbolo da tua beleza, e os espinhos, representação das tuas deficiências.
Tens a beleza de menina, na maturidade da mulher.
És Caldense! És Vulcão!
És Mcdonalds, és Vagão!
És Casa da Cultura, és Manhattan!
És rua Assis Figueiredo, és rua Padre Henri Mothon!
Poços, tu és, por assim dizer, diabolicamente angelical!

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