terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Prontuário

O que mata o homem não é o alimento.
É a cabeça cheia, o tormento.
Não é por ser magro, ou pelo excesso de peso.
O que o mata, não é a fome, é o desprezo.

Não é o trabalho, Mas, a luta insana pelo dinheiro.
O que mata o homem, não é a idade
É não ser tratado com dignidade
Na impossibilidade de ser inteiro.

O que mata mais o homem, não é a bala perdida
Mas, não encontrar um sonho que lhe motive a vida
Não é a doença que apaga a chama acesa,
É a falta da riso, do humor, morre-se é de tristeza.

É essa dor civil que aperta o peito
A falta de perspectiva, o amor desfeito
É não ter a certeza de onde veio, nem para onde vai
É não saber ao certo se pode confiar no Pai

O que para o coração do homem não é o enfarte
É a ausência da poesia, ou qualquer forma de arte
É o olhar para os céus e não enxergar a luz
É não ter alguém que o ajude a carregar sua cruz

O que mata o homem não é o tóxico, a bebida, o fumo
É antes o viajar sem leme, o navegar sem rumo
É saber que ao morrer ninguém vai chorar sua ida
Enfim, a morte, quase sempre chega, onde antes, já não existia vida

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