sábado, 7 de maio de 2016

PIRLIMPIMPIM

 
Sou daqueles que defendem a tese de que o Partido dos Trabalhadores tem sim importante papel na história do país. Nascido pela ideologia de intelectuais ditos de “esquerda” e tendo como ícone um operário (Lula), o PT contribuiu durante algum tempo para o equilíbrio social perante um sistema capitalista que caminhava para ser “selvagem”. 
Um pouco desta trajetória se deve, não há como negar, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que plantou as sementes dos denominados programas de transferência de renda como o Bolsa Escola (2001), posteriormente incorporado ao Programa Bolsa Família (2003). 
Contudo, ao longo do tempo, o PT foi se encantando não só com as benesses do poder (e a corrupção veio a galope), mas também com a ideia de que os tais “programas sociais” eram a “salvação da lavoura e da pátria”. O que o país precisava era ter igualdade de oportunidades para todos e que bastava um decreto presidencial, um novo programa de assistência e pronto: acabou-se o que não era lá muito doce. 
Um exemplo disso é o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) criado em 2010 e “destinado a financiar a graduação na educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores não gratuitos”. Tudo certo até o segundo semestre de 2015 quando se descobriu que não havia “caixa” para sustentar tal financiamento. Ou seja, se descobre a vacina para determinado mal, contudo, tempos depois, descobre-se também a inexistência de quantidades do princípio ativo que possa atender ao número de pacientes. Em outra analogia, é como uma pessoa se encantar com a compra de uma Ferrari e tempos depois descobrir que não tem dinheiro para pagar o IPVA. 
Fala-se hoje nos crimes de responsabilidade do governo Dilma. À parte tal discussão, o que se observa é que, para dizer o mínimo, houve crime de irresponsabilidade com o dinheiro público. Não dá para financiar qualquer tipo de programa social, por mais que os objetivos sejam meritórios, sem que haja fonte de custeio adequada e legalizada para cumprir com os objetivos propostos. Não é criando uma lei que em seu teor afirme que “a partir de amanhã seremos todos felizes” que no outro dia todo mundo irá acordar sorrindo. Assim, não é “matando” os empresários com altas cargas tributárias, processos trabalhistas sem o mínimo embasamento, aumentos sucessivos no valor dos insumos, entre outras coisas, que estaremos colaborando com o bem estar dos colaboradores. Hoje, como resultado, entre outras causas, da incompetência governamental, temos mais de 14 milhões de desempregados no país, pois as empresas estão fechando suas portas ou reduzindo sua produção. 
A lição de casa é básica: qualquer sistema que se crie, qualquer programa social precisa ter o equilíbrio necessário entre despesas e receitas para a sua viabilidade. 
Enfim, definitivamente, não se faz justiça social por decreto. Não se administra uma nação viajando no “´pó de pirlimpimpim”.

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