sábado, 27 de fevereiro de 2016

Quanto de nós?

 
 
Quantos de nós, pela sede das nossas carências, não aceitamos, por vezes, as poucas gotas do sentimento alheio?
E por ser tão pouca a água que nos umedece a boca, sentimos a nossa sede aumentar ainda mais.
Quantos de nós, na fome das nossas ausências, acolhemos, por vezes, as migalhas das presenças de outros?
E por ser tão pouco o alimento que nos chega à boca, percebemos nossa fome se tornar ainda maior.
Quantos de nós, não vivemos as horas, mendigando olhares, gestos e frases que nos possa validar a existência?
Quantos de nós, não morremos todos os dias, pela debilidade dos nossos relacionamentos, pela fraqueza dos nossos gestos, pela inanição do toque e do carinho?
Quanto de nós, verdadeiramente, não morre todos os dias, subnutrido de amor?
Quantos e quanto de nós?

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