sexta-feira, 2 de novembro de 2012

AS MIL E UMA MORTES



A gente, pra nascer, só existe um jeito,

Mas pra morrer, meu irmão, não existe preceito


Morre-se de câncer ou então, de canseira

Morre-se com ciência, ou então, de bobeira



Morre-se queimado e também afogado

Assim e assado, assaltado, assassinado



Morre-se esquisito na esquistossomose

Morre-se lépido na leptospirose



Morre-se pela bolinha, ou pela Ébola

De sarampo, varíola e também catapora


Morre-se no carro, no mar e na moto

Na terra e no ar, furacão, maremoto



Magro ou gordo, não importa a caloria

Enterra-se com AIDS e com disenteria



Meningite, diverticulite e até apendicite

Morre-se assim, ali e aqui, lá em New York City



Morre-se pelo tóxico, ou pela toxoplasmose

Morre-se de anemia e também de overdose



Morre-se de infecção hospitalar, a septicemia

De enfisema pulmonar em pleno ar do dia



Ninguém sabe o dia ou a hora exata

É um dengoso mosquito que pica e que mata


Morre-se do coração que parou de repente

Ou no ataque de um cão que parecia inocente



Morre-se ao nascer ou pelo muito viver

Morre-se de rir, ou de tanto sofrer



Morre-se de amor, diz o romântico poeta

Morre-se no ódio da religião do profeta 



Enfim, a gente morre por tudo, com tudo, ou por nada

De doença fatal, ou por uma unha encravada



Mas não se descobrindo a causa quando a morte convida

- Morreu de quê?

- Ah! Morreu de morte morrida.

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