quarta-feira, 2 de novembro de 2011

As mil e uma mortes

A gente pra nascer, só existe um jeito,
Mas pra morrer, meu irmão, não existe preceito

Morre-se de câncer ou então, de canseira
Morre-se com ciência, ou então, de bobeira

Morre-se queimado e também afogado
Assim e assado, assaltado, assassinado

Morre-se esquisito na esquistossomose
Morre-se lépido na leptospirose

Morre-se pela bolinha, ou pela ébola
De sarampo, varíola e também catapora

Morre-se no carro, no mar e na moto
Na terra e no ar, furacão, maremoto

Magro ou gordo, não importa a caloria
Enterra-se com Aids e com desinteria

Meningite, diverticulite e até apendicite
Morre-se assim, ali e aqui, lá em New York City

Morre-se pelo tóxico, ou pela toxoplasmose
Morre-se de anemia e também de overdose

Morre-se de infecção hospitalar, a septcemia
De enfisema pulmonar em pleno ar do dia

Ninguém sabe o dia ou a hora exata
É um dengoso mosquito que pica e que mata

Morre-se do coração que parou de repente
Ou no ataque de um cão que parecia inocente

Morre-se ao nascer ou pelo muito viver
Morre-se de rir, ou de tanto sofrer

Morre-se de amor, diz o romântico poeta
Morre-se de ódio por uma bomba incerta

Enfim, morre-se por tudo, com tudo, ou por nada
De uma doença fatal, ou por uma unha encravada

Mas, não descobrindo-se a causa quando a morte convida
- Morreu de quê?
- Ah! Morreu de morte morrida.

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