domingo, 30 de outubro de 2011

Ver a cidade

Poços de Caldas completará 139 anos de vida em 06 de novembro próximo. Redundante proclamar as belezas desta ainda jovem estância, expressões da natureza nas matas que nos rodeiam, nas fontes naturais e sulfurosas que suavizam a existência. Mas, se tamanha dádiva nos encanta, é necessário ir além do perfume. Claro, é natural se inebriar com a beleza das flores. Todavia, não se deve perder a consciência de cuidar muito bem do jardim. E como estamos fazendo isto? Quais sementes estão sendo plantadas? Que frutos realmente desejamos colher? Que presentes estamos oferecendo ao município buscando preservar este “paraíso escondido entre as montanhas?”
Importante ver a cidade com veracidade. Ir além da embalagem e pensar no conteúdo. Para isto, a premissa de que “jardineiros” somos todos nós. Cada um tem sua parcela de responsabilidade refletida nos atos simples do cotidiano: é o lixo jogado no lixo, a água sendo consumida como bem finito, a não depredação dos bens naturais e do patrimônio arquitetônico. A tarefa de semear é complementada com atos de cidadania: respeitar as leis do trânsito, praticar a solidariedade e o voluntarismo, entre outros.
Mas, é preciso mais. É ver a cidade com olhos críticos de quem percebe o desenvolvimento, mas, que se preocupa como isto irá afetar a sustentabilidade e a qualidade de vida (já tão propagada) dos seus privilegiados moradores.
Voltamos novamente ao exercício do fazer político, que vai além de votar ou ser votado. Votar não é dar procuração irrestrita para que o prefeito, vereador, deputado ou presidente, façam o que bem entendem. É necessário ter amor exigente e fiscalizar, cobrar e exigir respostas às demandas da comunidade.
É ver o lixo que depositamos nas ruas, sem perder a noção de que são geradas mais de 120 toneladas de resíduos no município. E perguntar: quando teremos uma usina de Tratamento de lixo em acordo com as leis ambientais e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos?
É ver o crescimento crescente das indústrias e empresas e questionar: teremos, daqui há 10, 20 anos, água e energia elétrica para sustentar este avanço? O que estamos fazendo hoje para que esta estrutura seja suficiente? O Plano Diretor, que precisa ser revisto, está sendo a bússola a nos orientar?
É ver o crescente número de veículos e indagar: quando teremos um planejamento macro de mobilidade urbana? Que estudos estão sendo feitos atualmente para que o transporte coletivo seja realmente prioritário? Quando teremos ações efetivas para se reduzir à mortalidade no trânsito, principalmente, no que se refere a acidentes envolvendo motocicletas?
É ver o turismo como verdadeira essência de nossa cidade e fonte de receita para os cofres públicos e refletir: quando teremos um planejamento turístico a médio longo prazo que realmente nos prepare com toda a infraestrutura para alcançarmos novos patamares no mercado?
De novo, é preciso ver a cidade com veracidade em todos os setores: educação, cultura, saúde, habitação, transporte público, meio ambiente, turismo. O privilégio de viver aqui, não pode ser a venda que nos impeça de enxergar e comprar tudo o que nos tentam vender: a nossa beleza natural, o nosso clima, a nossa qualidade de vida.
Vale refletir: quando teremos tempo e vontade política para planejar ao invés de improvisar? Inovar ao invés de repetir? Conversar muito (mas não somente entre nós) antes de fazer? Somar esforços coletivos ao invés de dividir interesses partidários e individuais?
Ver a cidade com veracidade em seu aniversário é dizer:
Obrigado Poços de Caldas. Você é o nosso maior presente.
Que saibamos realmente cuidar do seu futuro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário