domingo, 28 de março de 2010

"Jeitinho" ou Maracutaia

Parece não ter jeito: no Brasil, estamos todos sujeitos ao “jeitinho”. Seja na atividade pública ou na privada (oops), sempre tem alguém propondo uma maneira de driblar as regras, de economizar uns “trocados”, de pegar um atalho, “de quebrar um galho” para resolver determinada situação. Alguns, no início, ficam meio “desajeitados”, pois a consciência lhes diz que cometeram um suborno, um ato de sonegação. Mas, eufemisticamente se auto convencem ou são convencidos por algum “sujeitinho” e daí realmente só negam: - “De jeito nenhum, não subornei ninguém, apenas deram um “jetinho” e as coisas se resolveram...”
Os exemplos são muitos. O cara recebe uma multa no trânsito e meio na cara de pau pergunta ao policial:- “Seu guarda, não tem jeito do senhor dar um “jeitinho”?”.
Para tirar ou renovar a carteira de habilitação então, nem se fala. Muitas autoescolas no país inventaram “mil jeitos” de burlar as normas do Detran dando verdadeiras aulas de criatividade, incluindo até uma espécie de “robô”( ou será roubou?), que nas provas digitaliza as respostas pelo candidato.
Furar fila é outro exemplo clássico. Para que enfrentar a fila, se tem sempre alguém que você conhece bem no início da mesma? Neste caso a situação é teatral: o furão vai chegando, dá uma de “migué” e puxa um papo com o suposto amigo: “Me atrasei muito? Aqui estão os documentos...”
Outro exemplo? Atualmente, com a quantidade de engarrafamentos nas rodovias, principalmente aquelas próximas ao litoral, se formam duas filas: a da rodovia e a do acostamento. Existe sempre alguém arrumando um “jeitinho” de encostar...
O “jeitinho” é considerado até um ato de esperteza, uma “habilidade de se dar bem” para quem gosta de levar vantagem em tudo, cerrrto? a famosa “Lei de Gerson”(e pensar que Gerson, ex-jogador da seleção brasileira, era por direito, ótimo na esquerda).
A eficiência do “jeitinho” é alarmante. Existem casos de pessoas (pasmem, senhoras e senhores) que para atravessar a rua fingem que são deficientes físicos. Ao término da travessia, elas voltam ao seu estado normal. Impressionante!
Tudo o que é inventado ou regulado no Brasil, a principal questão não é a norma ou o invento em si, mas, como dar um jeito de impossibilitar o “jeitinho”. Ou seja, criamos os softwares preocupados simultaneamente com os possíveis vírus e hackers.
Cada vez fica mais difícil rejeitar o “jeitinho” e só não se dá jeito mesmo é para a morte. Quer dizer, não se dava. Atualmente existem no Brasil inúmeros casos de funerárias contando com o envolvimento de médicos que emitem atestados de óbitos falsos.
É isso. O “jeitinho” no Brasil parece ser imortal, assim como a corrupção, os desmandos, os subornos, as falcatruas...

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