Vemos as
luzes dos celulares nas mãos, olhos fixos nas telas e poucos abraços e
conversas nas ruas.
Toques de
dedos rápidos nas relações com as teclas e enorme ausência de tato nas relações
pessoais.
Muitos se
mostrando corajosos em selfies e se escondendo no irrevelável medo nos quartos.
Somos peixes
Beta neste imenso aquário denominado Terra.
O nosso
endereço é virtual e nesta imensa “família” ganhamos o mesmo sobrenome: arrouba
(@).
Temos
milhares de amigos no facebook, contudo, verdadeiramente, o cão é nosso único
amigo e a coleira agora está no pescoço do homem.
Estamos passivos
em inúmeros aplicativos. Mais livres para nos expressar e presos na escravidão
da última mensagem que chega pelo WhatsApp.
As
“carinhas” nas infovias substituem nossas emoções e palavras, enquanto
robóticos apressados nos matamos nas rodovias.
Na era da
pós-verdade acumulamos nossas pré-mentiras.
Nossos vizinhos
residem nos portais e fechamos nossas portas para quem mora ao nosso lado.
Vociferamos
na web nossa indignação contra a corrução, com palavras e frases que corrompem valores
de educação, ética, respeito e dignidade.
Comemoramos
nossa liberdade sexual em correntes de vídeos pornográficos. Falamos muito
sobre sexo e pouco sobre sexualidade. Discutimos gênero e desconhecemos o
humano.
Contratamos
arquitetos de fachadas, carecendo de engenheiros de interiores.
Sozinhos no
escuro com celulares nas mãos, qual bichos-do-mato nesta selva de pedra, sem
teogonia, sem baleia azul para nos levar a ilha da poesia, nós navegamos, José!
José, para
onde?
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