sábado, 26 de março de 2016

Páscoa em nós

Morremos dias atrás e renascemos há pouco. 
Entre o que foi e o que virá, existe o intermezzo, a passagem, a transição. Encerramos uma frase com um ponto final e iniciamos outra sem saber ainda o que escreveremos.
Existe o imperativo de atravessar o rio, deixar a margem já conhecida e enfrentar a correnteza, buscando chegar ao outro lado.
Levamos nesta viagem roupas já surradas e algumas que revelam nosso novo vestuário.
Não somos o que fomos e nem ainda o que seremos. Coexistem duas faces que já não revelam o mesmo rosto.
Sozinhos em nosso quarto, abrimos a gaveta da memória e um álbum com cenas, gestos e falas é o filme de um passado recente. A nossa frente, os olhos percebem a janela semiaberta descortinando o futuro em névoas de incerteza.
Alguns hábitos parecem não nos querer deixar e desejamos, por vezes, ser acolhidos pelos braços do conhecido. Mas, sabemos, não há volta em nossa ressurreição, em nossa nova escritura.
Seguimos. O sol aparece entre nuvens. Revivemos.

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