domingo, 18 de agosto de 2013

A doença crônica de uma política anacrônica


Existe algo de extremamente nocivo na Política já há muito comentado e que não se altera ao longo do tempo. Não raro ouvimos discursos inflamados com palavras infeccionadas pela retórica com um único objetivo: a permanência quer seja de um indivíduo ou de partidos nas esferas públicas. Assim, a busca não é, como ainda nos tentam convencer, de alcançar as melhorias na sociedade através dos aparelhos governamentais, mas tão somente ficar, permanecer, continuar a exercer o poder, arquitetando maquiavelicamente os meios para que isto se concretize. Um destes, o tráfico de influência. Fulano conhece beltrano que conhece sicrano e, por intermédio desta quadrilha, cargos são ocupados, leis são aprovadas ou reprovadas, benefícios são repartidos entre amigos, e o poder continua a ser exercido, não em nome do povo, mas em nome de um grupo, quer seja ele político ou empresarial.  Assim, o voto nas urnas acontece apenas para validar um sistema que tem em sua formação, o conluio, as tramas, o jogo de cartas marcadas, que ocorreu muito tempo antes, nos corredores dos palácios, nos gabinetes políticos e nos escritórios das empresas. 
A eleição, denominada eufemisticamente de livre e democrática, é o ato final, o palco teatral para que os atores representem e a plateia valide a atuação. O voto é tão somente o ingresso ou o reingresso do político ao poder. Até as manifestações nas ruas são utilizadas como bandeira por aqueles que tentam ludibriar a população se autodenominando defensores dos interesses públicos.
A maioria dos cidadãos já não se sente mais representado, muito menos respeitado, quer seja por políticos, partidos ou instituições. Há certa descrença coletiva inoculada nas veias dos cidadãos que não creem mais na transfusão das suas necessidades para as veias daqueles que deveriam representá-lo.
Ironicamente e antropofagicamente, o desejo e a busca insana pelo poder tiraram do político aquilo que deveria ser a essência de sua missão: ser o representante legítimo do cidadão e não aquele que está no cargo apenas para representar os sórdidos interesses particulares, empresariais ou partidários.

Difícil enxergar cura, quando a doença é crônica nesta política anacrônica.  
Difícil enxergar tratamento eficaz para o mal causado por anos de corrupção e impunidade. 
Difícil enxergar luz, após anos vividos na escuridão do poder. 

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